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Com o advento das discussões referentes às degradações dos recursos hídricos em meados do século passado foram desenvolvidos e/ou aperfeiçoados índices que apontam os graus da disponibilidade hídrica de determinada região. Para Maranhão (2007) os mais variados índices de disponibilidade hídrica podem ser uma importante ferramenta que atua como indicadores da realidade hídrica de determinadas regiões favorecendo intervenções políticas e científicas em favor de um uso racional e conversacional dos recursos hídricos.

Os indicadores utilizados para aferir os graus de disponibilidade hídrica são essenciais para traçar um diagnóstico dos mais variados níveis relacionados à escassez e a abundância dos recursos hídricos tendo como principal variante as vazões dos rios atrelada à retirada de água para o consumo humano e demais utilidades. Atualmente, muitos estudos não se limitam aos cálculos relacionados à disponibilidade, acrescentando, também, parâmetros como: qualidade das águas; impactos ambientais no ambiente aquático, entre outros (LAWRENCE et al., 2002; PÉREZ-BRANCO & GÓMEZ, 2012).

Um dos índices mais utilizados é o indicador de Falkenmark. Desenvolvido e difundido no ano de 1989, este índice trabalha diante do quantitativo de água disponível por indivíduo populacional de um determinado local. Ou seja, com base na vazão de uma bacia hidrográfica divide-se este quantitativo pelo número de habitantes da mesma ou de área administrativas menores que somadas representam toda bacia. A partir deste indicador outros foram sendo desenvolvidos levando em consideração as justificativas de seus formuladores (FALKENMARK, 1989; BROWN & MATLOK, 2011).

Aplicando o índice de Falkenmark (1989) uma região sem estresse hídrico apresenta valores menores que 1700m³ per capita. Valores entre 1700 a 1000m³ per capita classificam as áreas sobre estresse hídrico. O grau de escassez hídrico compreende os valores entre 1000 a 500m³ e as áreas com alto estresse hídrico apresentam valores inferiores a 500m³ per capita.

As reflexões frente ao indicador de Falkenmark apontam os pontos preponderantes e que precisam de ajustes futuros da referida proposta. Como pontos positivos destacam-se a praticidade da aplicação matemática, a qual não requer expressivas quantidades de informações para modelação dos dados. Por

outro lado, devido a sua simplicidade, o uso das médias pluviométricas na escala anual mascara as analises sazonais das chuvas no decorrer de 12 meses. Outra crítica feita ao modelo de Falkenmark é o não uso de variáveis sociais. Porém, o indicador em sua base de formulação foi pensado para obter a distribuição per capita de água para grupos populacionais organizados em províncias, regiões, municípios, países entre outras organizações (RIJSBERMAN, 2005; VOROSMARTY et al., 2005; JUWANA, MUTTIL & PERERA, 2012).

Atualmente, o índice de Falkenmark vem sendo adotado, com algumas adaptações, por várias agências governamentais incumbidas no planejamento e a gestão dos recursos hídricos. Um dos exemplos a serem citados corresponde a European Environment Agency (EEM, 2011), a qual publicou um mapeamento indicando os graus de estresses hídrico de toda Europa corresponde ao anos de 1971 a 2000 e, projetou dentro do cenário de mudanças climáticas A2, o estresse hídrico para os próximos 60 anos.

Outro indicador que deve ser destacado é o Índice de escassez de água de Gleick (1996). Este foi formulado visando obter os graus da disponibilidade de água para os usos básicos de grupos populacionais de determinadas regiões. Os usos básicos listados são: higiene humana; serviços de saneamentos; preparação de alimentos, entre outros. Para atingir o mínimo dos usos básicos, de acordo com a proposta do índice de Gleick são necessários no mínimo 50 litros de água por pessoa por dia. Este valor é aceito por várias organizações mundiais que discutem sobre os problemas socioambientais decorrentes da escassez de água planetária. Sua base é o índice de Falkenmark (GLEICK, 1996; GLEICK, 1998).

Pensando em uma correlação social diante do quantitativo hídrico foi desenvolvido por Ohlsson (2000) o Índice Social de Estresses Hídrico. Este indicador tem sua base no índice de disponibilidade hídrica de Falkenmark (1989). O diferencial pensado por Ohlsson (2000) diante do índice de Falkenmark (1989) é o uso da capacidade dos grupos populacionais em lidarem com os indicadores negativos da disponibilidade hídrica. Para isto, usa-se o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) como medida ponderada.

A disponibilidade hídrica para os mais variados fins torna-se tema de extrema preocupação para o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos no âmbito internacional. Isto porque, a demanda pelo uso da água cresceu e tende a aumentar nas próximas décadas segundo a FAO (2013). Consequentemente, a ciência com auxílio dos setores de planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos pensam e desenvolvem mecanismos técnicos para compreender o que vem ocasionando a crescente demanda, os conflitos pelos usos múltiplos da água e a elaboração de mecanismo que busquem facilitar a distribuição equitária dos recursos hídricos entre os setores usuários.

Para Rocha et al., (2013) o desenvolvimento de métodos e técnicas que auxiliem na identificação de áreas prioritárias para atuações de conservação dos recursos hídricos torna-se importante dada situação crítica da disponibilidade de água no contexto atual mundial.

Para conhecer o ambiente hídrico, atualmente, há no seio científico uma série de base estruturais, tanto do ponto de vista teórico, quanto metodológico. Uma delas está atrelada as mudanças climáticas globais, pauta de discursão, principalmente, quando se planeja executar o gerenciamento dos recursos hídricos.

No Brasil, assim como, vários países da América Latina, o crescimento das cidades vem proporcionando conflitos pelos usos das águas. No México, Perú, Jamaica, Bolívia a crescente demanda ligada ao crescimento populacional e econômico proporcionaram aumentos dos conflitos nos últimos 20 anos entre os setores agrícolas, industrial e os usuários urbanos. Situação que tende a se agravar com os atuais cenários de mudanças climáticas (FAO, 2013).

No Brasil, a circunstância não é diferente e se percebe a situação agravante quando ocorre um olhar apurado sobre a região Nordeste. Em cidades como Recife, Fortaleza já é visível às políticas de racionamento de água, as quais, segundo dados da Brasil (2013) atingem também cidades de médio e pequeno porte, tanto na região semiárida quanto na área de clima subúmido e úmido. Para Marengo (2009) os cenários de mudanças climáticas tende a ampliar a crise hídrica em várias regiões do Brasil, e desenvolver crises em regiões que ainda não experimentaram.