• Nenhum resultado encontrado

4.3 Procedimentos metodológicos

4.3.6 Vulnerabilidade sociohidrológica

Para aferição dos graus de vulnerabilidade hidrológica das populações inseridas nos municípios da bacia hidrográfica do rio Una, foram empregados três conjuntos de indicadores/variáveis selecionadas de acordo com a conceituação de vulnerabilidade socioambiental apresentada no item Revisão bibliográfica. Foram eles: variável hídrica; variável hidrogeológica e a variável sócio-sanitária.

Os dados de cada variável foram segmentados em cinco classes de vulnerabilidade: muito alta; alta; média; baixa e muito baixa. Para cada classe foi atribuída uma nota conforme a tabela 5, o qual foi empregada no cruzamento dos

dados através da técnica de álgebra de mapas a ser explicada a posteriori. As notas foram aferidas no intervalo de 2 a 10 para todas as variáveis. Esta estratégia fez com que, após os cruzamentos dos dados para obtenção da vulnerabilidade sociohidrológica, os valores ficasse na faixa de 0 a 10.

Tabela 5: Notas para cada classe de vulnerabilidade empregada no estudo Graus de vulnerabilidade Notas Muito Alto 2 Alto 4 Médio 6 Baixo 8 Muito Baixo 10 Fonte: autor, 2015.

Para enquadramento dos valores de cada variável foi empregada a amplitude estatística (AM). Para isto, foi utilizada a equação 15.

AM = (Maior Valor – Menor valor)/QClss (15)

Em que: QCLss corresponde ao número de classes adotada no estudo. Para o presente estudo o quantitativo de classe adotada foi de 5, descrita na Tabela 5.

A variável hídrica foi representada pela disponibilidade hídrica por indivíduo populacional. Ela é oriunda do processo de modelagem hidrológica relacionada com os cenários de mudanças climáticas e a projeção populacional. Neste contexto, foram utilizados três panoramas para esta variável. O panorama 1 com as projeções do baseline dos modelos CCSM3 e PRECIS sobre a vazão média observada com a população atual do censo do IBGE (2010). O panorama 2 projetado para o ano de 2030 dentro dos cenários de mudanças climáticas B1 (CCSM3) e B2 (PRECIS) com população projetada para o referido ano e, o terceiro panorama projetado para 2050 com os mesmos atributos do panorama anterior, porém, com os dados atualizados para o referido ano.

A variável hídrica é de fundamental importância porque ela apresenta o quantitativo atual e estimado de água disponível para os mais variados fins seja ele consultivo ou não consultivo. A Tabela 6 apresenta as classes de vulnerabilidade e as notas adotadas para os valores de disponibilidade hídrica.

Tabela 6: Notas e graus de vulnerabilidade para a variável disponibilidade hídrica Graus de vulnerabilidade Disponibilidade hídrica (m³/hab/ano) Notas Muito Alto < 500 2 Alto Entre 500 e 1.000 4 Médio Entre 1000 2000 6 Baixo Entre 2000 e 10.000 8 Muito Baixo > 10.000 10

Fonte: Hespanhol (2008); adaptado pelo autor, 2015.

Em relação a variável hidrogeológica esta foi representada pelos domínios hidrogeológicos da bacia. Para isto, foi confeccionado um mapa hidrogeólogico com base nos dados vetoriais disponibilizados pela CPRH (2011). A partir daí, foram aferidas notas para os domínios levando em consideração o potencial de acúmulo de água que os mesmos apresentam. Para isto, foi utilizada a distribuição de notas apresentadas na Tabela 7.

Tabela 7: Notas e graus de vulnerabilidade para a variável hidrogeologia Graus de

vulnerabilidade Domínios hidrogeológicos Notas Muito Alto Domínio hidrogeológico fissural 2

Alto 4

Médio 6

Baixo 8

Muito Baixo Domínio hidrogeológico Intersticial 10 Fonte: CPRM (2011); adaptado pelo autor, 2015.

Para o conjunto das variáveis sóciossanitária foram empregados três atributos: escolaridade; renda e tratamento do esgoto doméstico e industrial no âmbito, ambos na escala municipal disponível pelo IBGE. A escolaridade foi representada pelo percentual mínimo de 5 anos de estudo para cada indivíduo. Ou seja, neste atributo quando maior o quantitativo de anos de estudo menor a vulnerabilidade populacional. O uso do tempo de estudo da população é bem conhecido nos estudos de vulnerabilidade ambiental, assim como, dos recursos hídricos. Cita-se como exemplo os estudos de Mendonça (2007) e da ANA (2011).

O emprego deste atributo está na importância que a escolaridade tem no processo de enfretamento de crises hídricas. Uma população bem informada e escolarizada é capaz de lidar com os mecanismos de conservação dos mananciais existentes e o uso racional dos recursos hídricos antes e durante as possíveis crises hídricas (MENDOÇA, 2007). A Tabela 8 apresenta a divisão das notas com base na amplitude de classes entre o maior e o menor valor encontrado nos munícipios da bacia, e dos graus de vulnerabilidade populacional só para o atributo escolaridade empregado no enquadramento dos resultados.

Tabela 8: Notas e graus de vulnerabilidade para o atributo escolaridade Graus de

vulnerabilidade

Cinco ou mais anos

de estudo (%) Notas Muito Alto 29 – 35 2 Alto 35,1 – 42,1 4 Médio 42,11 – 48,6 6 Baixo 48,61 – 55,2 8 Muito Baixo 55,21 – 61,8 10

Fonte: BDE (2010); adaptado pelo autor, 2015.

Ainda no leque da variável social foi empregado, também, o atributo renda. A seleção deste elemento é de fundamental importância nas discussões frente aos estudos de vulnerabilidade que envolve elementos naturais e sociais. De acordo com a Organização das Nações Unidas-Água (ONU-ÁGUA, 2013) a renda é um instrumento importante nos momentos de escassez e indisponibilidade hídrica. Isto por que, o grupo populacional com maiores aportes financeiros terão maiores

possibilidades de obterem água em comparação com o grupo populacional com menores condições econômicas. Ou seja, o poder financeiro fará uma pequena, mas importante, diferença na obtenção de água em períodos de crise hídrica.

Neste contexto, com base nas informações do BDE (2010) foi empregado neste estudo à renda média por domicílios (famílias) em cada municípios. A partir daí, foram aferidas notas para cada classe de renda levando em consideração com a amplitude de classes entre o maior e a menor renda média, associando as aos graus de vulnerabilidades selecionados para este estudo (Tabela 9).

Tabela 9: Notas e graus de vulnerabilidade para o atributo renda média familiar por município

Graus de vulnerabilidade

Renda média por

família (R$) Notas Muito Alto 862,26 2 Alto 1001,52 4 Médio 1140,78 6 Baixo 1280,04 8 Muito Baixo 1419,31 10

Fonte: BDE (2010); adaptado pelo autor, 2015.

O atributo tratamento de efluentes (esgoto) municipal faz parte do sub-eixo sanitário embutido na variável sócio-sanitária. Fazem parte destes efluentes os dejetos domésticos residenciais, hospitalares e industriais inseridos em cada unidade territorial municipal. O uso deste atributo no mapeamento da vulnerabilidade sociohidrológica decorre de sua importância na contaminação dos corpos hídricos (lagos; lagoas; rios; açudes, entre outros).

Em uma crise hídrica (redução da disponibilidade hídrica) o aumento ou a intensificação do despejo de dejetos in natura nos corpos hídricos culminará ainda mais na redução de acesso a água. Isto por que, as fontes restantes nos períodos de redução hídrica serão contaminadas decaindo, ainda mais, a disponibilidade.

Os dados referente ao tributo dejetos (esgoto) municipais tratados foram coletados dos bancos de dados do BDE (2010) e do IBGE (2010) representados por

valores percentuais de efluentes tratados. A Tabela 10 apresenta o as classes de vulnerabilidade para o referido atributo com as notas empregadas para cada uma.

Tabela 10: Notas e graus de vulnerabilidade para o atributo tratamento de esgoto por município

Graus de vulnerabilidade

Quantitativo de esgoto tratado por

município (%) Notas Muito Alto 0 – 20 2 Alto 22 – 40 4 Médio 42 – 60 6 Baixo 62 – 80 8 Muito Baixo 81 - 90 10

Fonte: BDE (2010) e IBGE (2010); adaptado pelo autor, 2015.

Depois de atribuídas as notas para cada classe de vulnerabilidade, as variáveis foram cruzada para obtenção dos valores e classes de vulnerabilidade sociohidrológica seguindo a equação 16. Este método é bastante utilizado em estudo que trabalham com cruzamentos de dados numéricos a exemplo do estudo de susceptibilidade e vulnerabilidade ambiental de Crepani et al., ( 2008), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do PNUD (1993; 2003), este último com fórmula matemática adaptada.            5 ADH AHG ASANT AR AE VSH (16)

Em que: AE representa o atributo escolaridade; AR é o atributo renda; ASANT representa o atributo sanitário; AHG representa o atributo hidrogeológico e ADH compõem o atributo disponibilidade hídrica.

O cruzamento dos dados foi realizado no ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica) é o resultado foi à carta de vulnerabilidade sociohidrológica das populações da bacia hidrográfica do Una frente aos cenários de mudanças climáticas.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO