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5.3.1 Modelo PRECIS (cenário de mudanças climáticas B2)

A figura 19a apresenta a distribuição da precipitação pluviométrica sobre a bacia hidrográfica do rio Una para o baseline do modelo PRECIS. Observa- se a distribuição das chuvas em diferentes épocas do ano. No seis meses

considerados os mais chuvosos na bacia hidrográfica, segundo Lacerda, Ferreira e Souza (2008) (março, abril, maio, junho, julho e agosto) a precipitação pluviométrica total mensal varia entre 125 a 350mm com maiores valores na região leste da bacia, próximo ao litoral. O destaque fica para os meses de junho e julho com índices pluviométricos entre 225 a 350mm. O mês de agosto é o menos chuvoso do período na modelagem do baseline.

A concentração das chuvas nestes meses, principalmente na região central e leste da bacia estão correlacionadas com a atuação das ondas de leste que, muitas vezes associadas a outros sistemas atmosféricos provocam o aumento de chuvas nesta região (NOBRE & MOLION, 1988).

Em relação aos seis meses considerados os menos chuvosos a precipitação pluviométrica total mensal apresenta seu pico com 125mm decaindo, a partir daí, até atingir valores abaixo de 25mm na região oeste da bacia. Setembro e fevereiro são os meses com os maiores índices pluviométricos por estarem nos limites entre o período de chuva e o seco sobre inicio e fim da atuação dos sistemas atmosféricos que proporcionam chuvas na bacia hidrográfica. Novembro apresenta a maior redução de chuvas atingindo na porção ocidental da bacia 17,5mm (>25mm) (Figura 19a).

Ao comparar os valores pluviométricos do basiline com os dados médios mensais dos últimos 30 anos das estações pluviométricas sobre a bacia do rio Una (Figura 20) é possível observar que a distribuição das chuvas na Figura 19a não distorce do encontrado na citada Figura. Observa-se que os seis meses mais chuvosos no gráfico da Figura 20 são os mesmos simulados pelo baseline. O mesmo se aplica para os seis meses mais secos.

Quanto à distribuição das chuvas no baseline (grande concentração pluviométrica na porção centro-leste e baixa concentração na porção centro-oeste) é possível observar esta dinâmica no mapeamento realizado por Lacerda, Ferreira e Souza (2008), validando, assim, os resultados apresentados no baseline do modelo. Diante do apresentado o baseline do PRECIS não apresenta distorções visuais na espacialização das chuvas sobre a bacia ao ser comparado com a média mensal para bacia (Figura 20) e com o mapeamento realizado por Pernambuco (2008).

A Figura 19b apresenta a projeção da precipitação pluviométrica mensal para o ano de 2030 simulado pelo modelo PRECIS. Observa-se que a dinâmica de distribuição da precipitação entre os seis meses mais chuvosos e os com menores índices pluviométricos permanecem semelhante à dinâmica espacializada no baseline (Figura 19a). A diferença está nos valores. Para os meses chuvosos a precipitação mensal total varia entre 125 a 275mm, sendo que o menor valor é projetado para o mês de abril e a maior pluviometria projetada concentra-se no mês de maio, junho e julho com 275mm cada.

Para o referido período, um erro foi identificado no mês de julho. Na porção oeste da bacia um valor não existente foi aferido por falha nos dados disponibilizados após simulações do PRECIS (Figura 19b). Logo na citada região a precipitação pluviométrica no valor de 25mm não corresponde a realidade projetada.

Os estudos desenvolvidos por Marengo (2009) e Santos, Galvíncio e Moura (2013) apontam para reduções das chuvas na região Nordeste do Brasil nos cenários de mudanças climáticas simulados pelo PRECIS. Ao comparar as projeções do baseline (Figura 19a) com as simulações para 2030 (Figura 19b) sobre a bacia hidrográfica do rio Una, encravada na citada região, observa-se reduções na precipitação pluviométrica, o que não distorce dos resultados apresentados pelos estudos referidos anteriormente.

Nos seis meses chuvosos a redução pluviométrica em seus totais mensais chega ao máximo de 75mm levando em consideração toda bacia. Tomando como exemplo junho, o mês mais chuvoso, no baseline as chuvas totais variam entre 200 a 325mm, enquanto que, em 2030 as projeções indicam totais pluviométricos entre 175 a 250mm, reduções de 25mm no primeiro eixo e 75mm no segundo eixo correspondente a região leste da bacia (Figura 19b).

Para os seis meses secos a precipitação pluviométrica total mensal projetada para o baseline, presente na Figura 19a, varia entre <25 a 100mm, enquanto que, para o ano de 2030 (Figura 19b) a variação é de <25 a 75mm, ou seja, valores abaixo do baseline. Para o mês mais seco na escala anual, novembro, os totais pluviométricos para no baseline varia entre <25 a 50mm. As projeções para o referido mês, agora para o ano de 2030, apontam reduções de 25mm na porção leste da bacia, a qual anteriormente tinha como projeção 50mm.

Outubro, mês que só perde para novembro em relação à redução pluviométrica na escala anual, apresenta no baseline chuvas totais que variam entre 25 a 50mm. Para 2030 o PRECIS estima-se uma queda pluviométrica na porção leste da bacia de 13mm em comparação com o baseline o que coloca esta região na classe de <25mm. As demais regiões para o mês referido permanecem na mesma classe espacial.

No geral, entre o baseline e o ano de 2030, para os meses secos as reduções, quando ocorrem, são em média de 25mm. Valores menores que o período chuvoso na bacia, porém, segundo Laurent e Parey (2007) este valor pode representar impactos significativos na acumulação de água em um ambiente em que a chuvas são reduzida devido ao período de atuação de determinados fenômenos atmosféricos. No caso da bacia do rio Una este período é o mais seco, ou seja, atualmente as chuvas são reduzidas na região e uma diminuição de 25mm podem acarretar consequências na acumulação de água para os mais variados fins.

A Figura 19c apresenta as projeções do PRECIS referente aos totais pluviométricos para o ano de 2050. Semelhante ao que ocorre em 2030 ao ser comparado com o baseline às reduções continuam. Para os seis meses chuvosos a redução média dos totais pluviométricos mensais em comparação com as projeções para 2030 é de 25mm que somadas as reduções entre o baseline e o referido ano contabilizam em média 50mm.

Julho o mês mais chuvoso apresenta em 2050 (Figura 19c) precipitações que variam entre 125 a 200mm. Observando a porção leste da bacia hidrográfica entre os anos (2030–2050) a redução das chuvas totais projetada atinge 25mm.

Para os seis meses considerados secos na bacia hidrográfica do rio Una, na maioria dos mesmos ocorrerão reduções na casa dos 25mm ao comparar as projeções do PRECIS de 2050 com as simulações para 2030 (Figura 19b e 19c respectivamente).

Figura 19: (a) baseline da precipitação pluviométrica total do modelo PRECIS para bacia hidrográfica do rio Una (b) projeção da precipitação pluviométrica total do modelo PRECIS

para citada bacia hidrográfica para o ano de 2030 e (c) projeção da precipitação pluviométrica total do modelo PRECIS para citada bacia hidrográfica para o ano de 2030

a b

Fonte: autor, 2015.

Figura 20: Média mensal dos totais pluviométricos sobre a bacia hidrográfica do rio Una

Fonte: autor, 2015.

Novembro, mês que segundo a média histórica mensal para a área de estudo é considerado o mais seco não apresenta reduções na escala de classes de 25 mm, isto comparando 2030 com 2050. Já no mês de outubro a redução acentuada ocorre na região leste da bacia, se em 2030 as projeções indicam 50mm para 2050 o PRECIS apontam redução de 25mm.