• Nenhum resultado encontrado

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2. Análises Espaciais e Temporais das Tendências Observadas de Cada Índice

5.2.2 Índices das Temperaturas Mínimas do Ar

A análise do comportamento anual e sazonal do índice baseado na temperatura mínima média diária (Tmin) é mostrada na sequência de Figuras 9a a 9e. No caso específico da região Centro-oeste, observou-se que, anualmente (Figura 9a) na maioria das localidades ocorreram tendências positivas (aumento) com significância estatística de no mínimo 90% (p≤0,1). As únicas exceções foram observadas em Padre Ricardo Remetter (sul do Mato Grosso), Corumbá (noroeste do Mato Grosso do Sul) e em Rio Verde (sudoeste de Goiás), onde as tendências foram negativas (diminuição) e nas duas últimas sem tendência. Notar que apenas a primeira localidade, observou-se tendência com significância estatística ao nível de 90% (p≤0,1). No verão (Figura 9b) todas as localidades apresentam tendência positiva (aumento), a única exceção foi à localidade de Padre Ricardo Remetter (sul do Mato Grosso), onde a tendência foi negativa (diminuição), mas sem significância estatística. Vale ressaltar que, de forma geral, as tendências positivas (aumento) apresentaram significância estatística ao nível de 99% (p≤0,01), especialmente no sul do Tocantins, Goiás, oeste de Minas Gerais, centro e leste do Mato Grosso do Sul e no leste do Mato Grosso. No outono (Figura 9c), o Índice Tmin apresentou um comportamento similar ao do verão (Figura 9b). Porém, nessa estação do ano, quatro localidades apresentaram tendência negativa (diminuição): Corumbá (noroeste do Mato Grosso do sul), Votuporanga (noroeste de São Paulo), Diamantina e Padre Ricardo Remetter (ambas no sul do Mato Grosso). Já em Pirenópolis (centro-oeste de Goiás) o índice não apresentou tendência. Observa-se ainda que, similarmente ao ocorrido no verão, grande parte das tendências positivas (aumento) apresentou significância estatística ao nível de 99% (p≤0,01), especialmente no Mato Grosso do Sul, leste e centro-oeste de Goiás, oeste de Minas Gerais e no sul do Tocantins. Também no inverno (Figura 9d), grande parte das localidades apresentaram tendências positivas (aumento) com significância estatística de no mínimo 90% (p≤0,1). Neste caso, apenas três localidades apresentaram tendência negativa (diminuição): duas no Mato Grosso (Matupá e Padre Ricardo Remetter, norte e sul do estado respectivamente) e a outra no sul de Goiás (Rio Verde), destacando que nenhuma apresentou significância estatística. Já na primavera (Figura 9e), o comportamento do índice foi bastante similar ao observado no verão, ou seja, a maioria das localidades apresentou tendências positivas (aumento) e com significância estatística. As únicas exceções foram uma localidade no sul do Mato Grosso (Padre Ricardo Remetter) e

outra no leste do Mato Grosso do Sul (Três Lagoas), as quais apresentaram tendências negativas (diminuição), porém sem significância estatística.

Figura 9 - Índice de Temperatura Mínima Média (Tmin): (a) anual; (b) verão; (c) outono; (d) inverno e (e) primavera.

(a)

(b) (c)

Em relação ao índice de mudança climática baseado na máxima temperatura mínima (TminX), verificou-se que anualmente (Figura 10a) praticamente todas as localidades apresentaram tendências positivas (aumento) ao nível de significância de pelo menos 90% (p≤0,1). Tendências negativas (diminuição) foram observadas apenas em três localidades: Matupá (norte do Mato Grosso), Campo Grande (centro-oeste do Mato Grosso do Sul) e em Votuporanga (noroeste de São Paulo), sendo que nessas localidades as tendências não foram estatisticamente significantes.

Quanto ao comportamento sazonal do índice TminX (Figuras 10b a 10e), observou-se que no verão (Figura 10b) todas as localidades apresentaram tendências positivas (aumento). Nessa estação do ano verificou-se claramente um padrão homogêneo de elevação das máximas temperaturas mínimas. Vale destacar também que, apenas oito localidades de um total de 33 não apresentaram significância estatística ao nível de pelo menos 90% (p≤0,1). As referidas localidades e as respectivas tendências são apresentadas e podem ser verificadas no Apêndice C- Tabela 14. No outono (Figura 10c) observou-se um comportamento similar ao do verão (Figura 10b), isto é, a maioria das localidades apresentou tendências positivas (aumento) com significância estatística. Mas, nessa estação do ano, duas localidades apresentaram tendências negativas (aumento), porém, sem significância estatística: Ipameri (sul de Goiás) e Votuporanga (noroeste de São Paulo). No inverno (Figura 10d), similarmente ao observado no verão (Figura 10b) e no outono (Figura 10c), uma grande parte das localidade apresentou tendências positivas (aumento) com significância estatística. As únicas exceções foram: Cuiabá (sul do Mato Grosso), Matupá (norte do Mato Grosso) e Campo Grande (centro-oeste do Mato Grosso do Sul). Salientando que, nesses casos não houve significância estatística. Por fim, na primavera (Figura 10e), notou-se um padrão praticamente igual ao observado no verão (Figura 10b), só que neste último caso, apenas a localidade de Arinos (oeste de Minas Gerias) apresentou tendência negativa (diminuição) do índice TminX, embora, sem significância estatística.

Portanto, pode-se afirmar que tanto anualmente quanto sazonalmente o índice TminX apresentou tendências positivas (aumento), isto indica que um padrão de elevação das máximas temperaturas mínimas é notado na região do Centro-Oeste do Brasil.

Figura 10 - Índice de Máxima Temperatura Mínima (TminX): (a) anual; (b) verão; (c) outono; (d) inverno e (e) primavera.

(a)

(b) (c)

O comportamento anual e sazonal do índice TMinN é observado na sequência das Figuras 11a a 11e. Anualmente (Figura 11a), observou-se que a quase totalidade das localidades estudas apresentou tendência positiva (aumento) com significância estatística de no mínimo 90% (p≤0,1). As únicas exceções foram: Diamantina (centros sul do Mato Grosso), Capinópolis (oeste de Minas Gerais), Jataí e Rio Verde (ambas no sudoeste de Goiás), onde as tendências observadas foram negativas (diminuição), mas sem significância estatística. Sazonalmente (Figuras 11b a 11e), verificou-se praticamente o mesmo padrão do anual, ou seja, tendências positivas (aumento) do índice TMinN em quase todas as localidade em todas as estações do ano. No verão (Figura 11b), apenas quarto localidades apresentaram tendências negativas (diminuição), foram elas: Diamantina (centros sul do Mato Grosso), Padre Ricardo Remetter (sul do Mato Grosso), Cáceres (oeste do Mato Grosso) e Ponta Porã (sul do Mato Grosso do Sul). No entanto, todas essas tendências não apresentaram significância estatística de pelo menos 90% (p≤0,1). No outono (Figura 11c), observou-se que um número bem maior de localidades, em comparação com as demais estações do ano, apresentou tendências negativas (diminuição), contudo, na grande maioria predominou tendências positivas (aumento), especialmente no leste de Goiás, oeste de Minas Gerais e sul do Tocantins. A lista contendo as localidades, suas respectivas tendências e nível de significância estatística, é apresentada no Apêndice C- Tabela 20. No inverno (Figura 11d), estação do ano, aonde climatologicamente são registradas as menores temperaturas mínimas, notou-se que o índice TMinN apresentou um padrão predominantemente de aumento, ou seja, tendências (positivas), especialmente no centro-oeste e leste de Goiás e no sul do Tocantins. As únicas exceções foram: Matupá (norte do Mato Grosso), Rio Verde (sudoeste de Goiás) e Capinópolis (oeste de Minas Gerais), onde as tendências forma negativas (diminuição), mas sem significância estatística. Já na primavera (Figura 11e), a maioria das tendências observadas também foi positiva (aumento), no entanto, poucas localidades apresentaram significância estatística de pelo menos 90% (p≤0,1). A lista com as localidades, tendências e nível de significância pode ser observado no Apêndice C-Tabela 22.

Figura 11 - Índice de Mínima Temperatura Mínima (TMinN): (a) anual; (b) verão; (c) outono; (d) inverno e (e) primavera.

(a)

(b) (c)

A análise anual e sazonal do índice de mudança climática baseado na quantidade de dias em que a temperatura mínima diária foi maior do que 20°C (Noites Tropicais- TR20) é mostrado na sequência de Figuras 12a a 12e. Anualmente (Figura 12a), observou-se um padrão homogêneo de aumento das temperaturas mínimas diárias acima dos 20°C, ou seja, praticamente todas as localidades apresentaram tendências positivas (aumento) com significância estatística de pelo menos 90% (p≤0,1). A única exceção foi observada em Diamantino (centros sul do Mato Grosso), onde a tendência foi negativa (diminuição), porém, sem significância estatística. Das trinta e três localidades estudadas, com exceção de Diamantino-MT, as únicas que apresentaram tendências positivas sem significância estatística foram: Cuiabá (sul do Mato Grosso), Cáceres (oeste do Mato Grosso), Padre Ricardo Remetter (sul do Mato Grosso), Corumbá (noroeste do Mato Grosso do Sul) e Rio Verde (sudoeste de Goiás).

Sazonalmente (Figuras 12b a 12e), o padrão de aumento nas temperaturas mínimas diárias acima de 20°C também pode ser observado, com exceção do inverno (Figura 12d), estação do ano na qual o padrão de aumento não ficou tão evidente quando comparado com as demais estações do ano, especialmente no leste de Goiás e no oeste de Minas Gerais. No verão (Figura 12b) e no outono (Figura 12c), estações do ano nas quais climatologicamente são registradas as maiores temperaturas mínimas diárias na área de estudo, observou-se que apenas três localidades não apresentaram tendências positivas (aumento), mas sim tendências negativas (diminuição): Diamantino (centros sul do Mato Grosso) e Cuiabá (sul do Mato Grosso) no verão; Diamantino (centros sul do Mato Grosso) e Corumbá (noroeste do Mato Grosso do Sul) no outono. Nesses casos, tais tendências não foram estatisticamente significantes ao nível de pelo menos 90% (p≤0,1). Também na primavera (Figura 12e), observou-se que apenas duas localidades não apresentaram tendências positivas (aumento), mas sim negativas (diminuição) sem significância estatística: Diamantino (centros sul do Mato Grosso) e Padre Ricardo Remetter (sul do Mato Grosso). A lista contendo as localidades e suas respectivas tendências e significâncias estatísticas encontram-se no Apêndice C- Tabelas 23 a 27.

De forma geral, observou-se que há um padrão de elevação nas temperaturas mínimas diárias acima de 20°C tanto anualmente quanto sazonalmente, exceto no oeste do Mato Grosso do Sul, oeste e sul do Mato Grosso, onde tal padrão não ficou tão bem evidenciado quando comparado como nas demais localidades da região estudada.

Figura 12 - Índice das Noites Tropicais (TR20): (a) anual; (b) verão; (c) outono; (d) inverno e (e) primavera.

(a)

(b) (c)

Com relação ao índice de mudança climática baseado no número de dias em que a temperatura mínima diária ficou abaixo do percentil 10° (Noites Frias-TN10p), observou-se que anualmente (Figura 13a) existe tendência positiva (aumento) no número de dias no ano com temperaturas mínimas diárias abaixo do percentil 10°, especialmente no sul do Tocantins, sul e leste de Goiás e na divisa entre os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Tal resultado poderia ser um indicativo de que, anualmente, os eventos de “onda de frio” podem estar se tornado mais intensos. Outra interpretação pode ser devido às ações antrópicas, ou seja, o desmatamento destas áreas, ao longo do período estudado, possivelmente reduziu o conteúdo de umidade atmosférica próximo da superfície e este fato tende a produzir um número maior de madrugadas mais frias.

Na análise sazonal, do índice TN10p (Figura 13b a Figura 13e), verifica-se que não há um padrão tão bem definido quanto à distribuição espacial das tendências positivas/negativas (aumento/diminuição). No verão (Figura 13b), por exemplo, tal observação ficou bem evidente, especialmente no sul do Mato Grosso, centro-oeste e leste de Goiás e no oeste de Minas Gerais. Outro ponto importante e que merece destaque é o fato de que apenas duas localidades apresentaram tendências estatisticamente significantes ao nível de pelo menos 90% (p≤0,1): Padre Ricardo Remetter (sul do Mato Grosso) e Peixe (sul do Tocantins). No outono (Figura 13c), inverno (Figura 13d) e primavera (Figura 12e), observou-se que algumas localidades não apresentaram tendências (Ver Apêndice C- Tabelas 30 a 32). O maior número de localidades com tendências negativas (diminuição) foi observado no inverno (Apêndice C- Tabela 31) seguido do verão (Apêndice C- Tabela 29), ressaltando que em ambas as estações do ano, tais localidades não apresentaram significância estatística ao nível de pelo menos 90% (p≤0,1).

Figura 13 - Índice das Noites Frias (TN10p): (a) anual; (b) verão; (c) outono; (d) inverno e (e) primavera.

(a)

(b) (c)

Similarmente ao observado no comportamento anual do índice TN10p, o índice de mudança climática baseado no número de dias em que a temperatura mínima diária ficou acima do percentil 90° (Noites Quentes-TN90p), também apresentou tendência positiva (aumento) (Figura 14a). Porém, apenas em Goiás e no sul do Tocantins essas tendências tenham sido estatisticamente significantes. Observou-se ainda que, no oeste do Mato Grosso do Sul, centro e norte do Mato Grosso as tendências foram negativas (diminuição).

Quanto ao comportamento sazonal do TN90p, observou-se que no verão (Figura 14b), estação do ano na qual climatologicamente registra-se os maiores valores de temperatura mínima diária da região, as tendências foram na sua quase totalidade positivas (aumento), porém sem significância estatística ao nível de pelo menos 90% (p≤0,1). As localidades que apresentaram significância estatística foram: Peixe (sul do Tocantins), Goiás (centro-oeste de Goiás) e Presidente Prudente (noroeste de São Paulo). Nas demais estações do ano (outono-Figura 14c; inverno-Figura 14d e primavera-Figura 14e), observou-se que não há um padrão tão bem definido quanto à distribuição espacial das tendências positivas/negativas (aumento/diminuição). Fato também similar ao observado no comportamento sazonal do índice TN10p. No entanto, em algumas pequenas áreas da região de estudo, observou-se tendências positivas (aumento): no sul do Tocantins e no oeste de São Paulo (outono); centro-oeste, oeste de Minas Gerais e oeste de São Paulo (inverno) e no sul do Tocantins, sul do Mato Grosso e oeste de São Paulo (primavera). No Apêndice C- Tabelas 33 a 37 são apresentadas as tendências e significâncias estatísticas de cada localidade (anualmente e sazonalmente).

Figura 14 - Índice das Noites Quentes (TN90p): (a) anual; (b) verão; (c) outono; (d) inverno e (e) primavera.

(a)

(b) (c)