• Nenhum resultado encontrado

De acordo com os objetivos propostos e conforme os resultados obtidos conclui- se que:

1) A criação de dois índices de mudanças climáticas baseados na quantidade de dias e no número de períodos (dias consecutivos) nos quais a umidade relativa do ar ficou abaixo de 30% evidenciou que anualmente, a região Centro-oeste apresenta um maior número de dias (UR30) e períodos (DCUR30) com umidade relativa do ar abaixo de 30%. Sazonalmente, este mesmo padrão foi observado, especialmente no inverno (estação do ano, onde climatologicamente está compreendida a estação seca da região) e na primavera (estação do ano que corresponde à transição entre o término do período seco e início do período chuvoso); No caso pontal de Brasília-DF, o aumento anual no número de dias com umidade relativa do ar abaixo de 30% foi de 26,4 dias/ano (ao longo dos 50 anos da série histórica de dados), enquanto que do número de períodos foi de 4 períodos/ano. Seguindo o comportamento observado nas demais localidades da região, sazonalmente observou que em Brasília-DF, tanto no verão quanto no outono não há tendências estatisticamente significante dos índices UR30 e DCUR30. Já no inverno e na primavera essas tendências foram significativas e correspondem a 16,1 dias/estação e 14,4 dias/estação, respectivamente. Isto possivelmente é decorrente do aumento da temperatura do ar sem um aumento da umidade real o que produz uma diminuição da unidade relativa.

2) Em relação aos índices de mudança climática baseados nas temperaturas mínimas e máximas, observou-se que:

2.1) Anualmente e sazonalmente tanto as médias temperaturas mínimas (Tmin) quanto às médias temperaturas máximas (Tmáx) apresentaram um padrão de elevação; Em Brasília-DF, observou-se elevação na temperatura mínima média anual e sazonal com significância estatística. Enquanto que na temperatura máxima média observou-se diminuição, mas sem significância estatística;

2.2) Anualmente e sazonalmente tanto as máximas quanto as mínimas temperaturas máximas (TmáxX e TmáxN) e temperaturas mínimas (TminX e TminN) apresentaram um padrão de elevação. Pontualmente, observou-se que em Brasília-DF, esse comportamento ficou evidência apenas nos índices TminX e TminN;

2.3) Observou-se que há um padrão de elevação no número de dias nos quais as temperaturas mínimas diárias ficaram acima de 20°C (TR20) tanto anualmente quanto sazonalmente. Em Brasília-DF também se verificou tal elevação, com exceção do inverno, aonde não foi observada significância estatística ao nível de pelo menos 90%; Com relação ao número de dias nos quais as temperaturas máximas diárias ficaram acima dos 25°C (SU25), também observou-se um padrão anual e sazonal (exceto no verão e no outono) de elevação em toda a região Centro-oeste. Pontualmente, observou-se que Brasília-DF este mesmo padrão é seguido, embora apenas no verão e na primavera apresentem- se com significância estatística;

2.4) Ao analisar os índices TN10p (Noites Frias) e TX90p (Dias Quentes) observou-se que tanto anualmente quanto no outono, há tendência de elevação (especialmente no sul do Tocantins, sul e leste de Goiás e na divisa entre dos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais; Esses resultados, podem ser um indicativo de que, anualmente, os eventos de “onda de frio” e “onda de calor” estejam se tornado mais intensas; Além disso, a combinação entre a elevação no número de dias com TN10p e TX90p possivelmente é decorrente do elevado grau de desmatamento (ao longo das BR’S 163 e 040) e da ocupação e uso desordenado do solo nas áreas urbanas; No caso pontual de Brasília- DF, apenas anualmente e no outono foi observado tendência de aumento com significância estatística dos índices Noites Quentes(TN90p) e Noites Frias (TN10p). Já nos índices TX90p (Dias Quentes) e TX10p (Dias Frios) tão comportamento foi observado apenas anualmente.

2.5) Em relação ao índice de Amplitude térmica (DRT), observou-se que tanto anualmente quanto sazonalmente não foi identificado um único padrão homogêneo na distribuição espacial das tendências positivas/negativas (aumento/diminuição). Mas, sim padrões de tendências positivas/negativas restritos a determinados partes da área de estudo. Pontualmente, verificou-se que em Brasília-DF o DRT apresentou tendências negativas em ambas as análises anual e sazonal. Embora não se tenha um índice específico para as temperaturas máximas e mínimas diárias, mas sim para as médias dessas, este resultado é bastante coerente com os observados em outros índices, como, por exemplo, relacionados com as temperaturas médias máximas e mínimas.

3) De forma geral, pode-se concluir que, diferentemente dos índices de mudanças climáticas baseados na umidade relativa do ar e nas temperaturas mínimas e máximas, a quase totalidade dos índices de mudanças climáticas baseados na precipitação não apresentou homogeneidade na distribuição espacial das tendências positivas/negativas (aumento/diminuição) tanto anualmente quanto sazonalmente. Mas, sim em algumas partes específicas da área de estudo, observou-se certa uniformidade. Anualmente, apenas o PRCPTOT, R10, R20, R95p, R99p e RX1day apresentaram predomínio de tendências positivas (aumento) em grande parte da área de estudo. Estes resultados implicam que a precipitação total anual, o número de dias com precipitação acima de 10 e 20 mm, as precipitação acima dos percentis 95º e 99º e as máximas precipitação registradas em apenas um dia apresentam uma padrão anual de elevação em praticamente toda a região Centro-oeste do Brasil. Sazonalmente, observou-se que apenas no outono os índices CDD, PRCPTOT, RX1day e RX5day apresentam tendências de elevação em grande parte da área de estudo. Conclui- se então que o aumento dos índices de precipitação diária, possivelmente, seja decorrente do aumento da temperatura do ar, pois a atmosfera tem uma capacidade maior de absorver umidade e de acordo com as condições sinóticas e dinâmicas pode produzir chuvas intensas.