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Duas ações realizadas pelo IF Goiano campus Rio Verde deram nova dinâmica à reflexão sobre o sentido da Educação de Jovens e Adultos: o curso de especialização em Proeja e a organização do trabalho de direção e de ensino visando ao currículo integrado e à perspectiva do trabalho como princípio educativo.

Em 2009, o instituto iniciou a oferta por vagas do curso de especializa-ção em Proeja, mantendo e aprofundando, dessa forma, o debate sobre o sentido do Proeja. Tendo em vista as inúmeras novidades e os desafios políticos, didático-pedagógicos e metodológicos constantes no Proeja – entendido como política pública voltada para a formação de jovens e adultos vítimas de processos históricos que os cercearam do direito à conclusão da educação básica e de uma formação profissional de qualidade –, é imprescindível a consolidação de uma política de formação continuada de profissionais – docentes, técnicos administrativos e gestores

educacio-Gráfico 2: Matrículas dos alunos no ano de 2009

Fonte: as autoras, com base em dados fornecidos verbalmente pela Secretaria de Registros Escolares do IF Goiano campus Rio Verde, 2008.

nais – como uma das maneiras fundamentais para se mergulhar no uni-verso das questões que compõem a realidade desse público, de investigar seus modos de aprender de forma geral, buscando compreender e favore-cer lógicas e processos de sua aprendizagem no ambiente escolar.

Tal exigência fundamenta-se na escassez, na formação superior, nos cursos de licenciatura, da abordagem de temas que contemplem as ques-tões que permeiam a EJA, tais como a relação trabalho-educação, a ges-tão democrática participativa, os currículos integrados na direção da for-mação unitária, as especificidades da educação do campo; os direitos hu-manos, a diversidade e a inclusão.

O curso de Especialização possui três turmas de 35 alunos, sendo que uma turma foi ofertada na unidade descentralizada de Iporá. No quadro de alunos da pós-graduação, há discentes das cidades de Rio Verde, Montividiu, Santa Helena, Iporá, Amorinópolis, Quirinópolis, Caiapônia e Doverlândia. Isso demonstra a possibilidade de um resultado em que este-ja implicado o desenvolvimento de toda a região no âmbito de práticas, metodologias e diálogos específicos do EJA e do Proeja.

O curso de pós-graduação envolveu todos os professores do Instituto, tanto na condição de professor como na condição de aluno, pois dez de seus professores estão cursando a pós-graduação, e um grande número está ministrando disciplinas da especialização. O envolvimento do Institu-to com o curso de especialização colocou em pauta o Proeja, que passou a ser pensado em termos de busca da compreensão da modalidade de ensi-no e do público que ele atende.

A diferença mais importante entre a experiência inicial e a nova pro-posta de currículo integrado é a relação que é estabelecida entre a forma-ção geral e a formaforma-ção profissionalizante. Nas relações de sala de aula (aluno/aluno e professor/aluno) e no processo de ensino e de elaboração dos métodos de produção do conhecimento, hoje se busca sobretudo a autonomia do aluno. A perspectiva do trabalho integrado implica o inves-timento na capacidade do aluno, como construtor da sua formação, visualizando também o trabalhador que se está formando.

Grandes barreiras e preconceitos em relação ao público de EJA come-çam a ser superados, e o desafio de oferecer um ensino que alie a forma-ção cultural com o sentido da formaforma-ção para o trabalho é hoje uma reali-dade em nosso instituto. Não avançamos muito em termos práticos, mas a importância de um trabalho interdisciplinar é uma evidência para a maio-ria dos professores e começam a surgir projetos coletivos de ação pedagó-gica. Um grande passo em relação ao trabalho dos professores e da

coor-A IMPLcoor-ANTcoor-AÇÃO DO PROEJcoor-A NO IF GOIcoor-ANO, Ccoor-AMPUS RIO VERDE

denação é que, antes, ocorria de forma isolada, e agora, paulatinamente, começa a ser coletivo.

Atualmente o IF Goiano campus Rio Verde conta com uma equipe educacional formada por três pedagogos e um psicólogo, que se encarre-gam de acompanhar junto aos alunos e professores o desenvolvimento dos discentes e o processo de ensino-aprendizagem. As principais ações da equipe educacional são:

• acompanhar os motivos de faltas dos alunos;

• acompanhar os motivos das desistências do curso e, quando possí-vel, fazer o convite para retorno às aulas;

• propor intervenções para discutir conflitos em sala de aula,

• orientar os estudos;

•coletar os nomes dos alunos que apresentam maior dificuldade em aprender os conteúdos ministrados.

A partir dessa coleta dos nomes dos alunos, realizamos uma primeira entrevista com o objetivo principal de verificar, junto ao aluno, se a dificul-dade relatada pelo professor também é percebida pelo aluno durante o processo de aprendizagem. Nesse momento, realizamos, também, uma anamnese com o aluno a fim de obter dados da vida atual, contato do aluno, dados sobre o desenvolvimento e práticas de estudo (rotina em realizar atividades, espaço apropriado, etc.). Posteriormente, convidamos os alunos a realizarem um teste de habilidades cognitivo-linguísticas, para avaliarmos como desenvolvem os seguintes aspectos:

• atenção;

• memória de longo prazo;

• processamento auditivo;

• memória de curto prazo;

• compreensão auditiva;

• produção escrita;

• leitura (nos aspectos decodificação e compreensão);

• processamento visual;

• raciocínio lógico.

Esse teste tem como principal objetivo avaliar quais são as competên-cias necessárias para a aprendizagem em que o aluno apresenta uma maior defasagem, para que seja possível orientar o aluno e o professor no senti-do da melhor forma de proceder durante o processo de aprendizagem.

Caso seja necessário, encaminhamos o aluno para uma análise com a equipe de saúde do Instituto, composta por médico, enfermeiro, odontólogo, psicólogo e fisioterapeuta.

Essa atividade de acompanhamento psicopedagógico das dificulda-des apresentadas pelos alunos começou a ser implantada no Instituto no meio do semestre de 2009. Ainda estamos entrevistando os alunos, e já realizamos alguns testes, mas ainda não temos nenhum dado conclusivo de como esse acompanhamento pode contribuir com a melhoria do pro-cesso ensino-aprendizagem.