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O nosso compromisso de trabalhar com a Educação de Jovens e Adul-tos teve como base estudos e reflexões desenvolvidos nesse campo e na relação com o mundo do trabalho, consolidando os princípios da inclusão e o trabalho como princípio educativo. Portanto, foi necessário criar uma proposta pedagógica que visasse minimizar as desigualdades e a exclu-são social, por meio da qualificação profissional e da assistência a jovens e adultos em situação de baixa renda e com falta de escolaridade no período regular. O objetivo da proposta foi oferecer um curso que propor-cionasse a inclusão desses jovens e adultos no mundo do trabalho, favo-recendo sua empregabilidade, por meio da formação nas áreas de produ-ção e serviços.

A IMPLEMENTAÇÃO DO PROEJA NA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA:...

A finalidade da proposta era integrar o ensino profissional ao ensino médio na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, procurando pro-porcionar uma educação básica sólida vinculada à formação profissional que contribua para a integração social do educando no mundo do trabalho e forme cidadãos-profissionais capazes de compreender a realidade soci-al, econômica, política e cultursoci-al, para nela inserir-se e atuar de forma competente, técnica, política e ética, a fim de transformar a sociedade em que vive.

A pesquisa de campo foi realizada em várias cidades: Ceres, Carmo do Rio Verde, Itapaci, Rialma, entre outras. Com os resultados dessa pes-quisa e do seminário que ouviu os diferentes setores da sociedade, ficou estabelecido o curso que seria oferecido.

No primeiro semestre de 2006, a comissão criada pelo diretor geral da EAFCe, para coordenar este projeto, buscou repensar e criar os princí-pios educacionais e o currículo desse novo curso. Primeiramente, foi pen-sado o público alvo, que se diferenciava do público dos cursos regulares já oferecidos pela instituição, portanto não poderíamos manter o currícu-lo tradicional que já era desenvolvido. Foi fundamental definir os novos conteúdos a serem ministrados, o que nos levou a convidar uma consulto-ra na área de currículo paconsulto-ra ampliar nossos estudos, discutir e refletir conosco sobre este novo modelo curricular. Realizamos, além desse mo-mento, outros encontros de reflexão e debate com professores, servidores e gestores. Desse fluxo de ideias, foram criados eixos que estruturaram a base do currículo (Agroindústria e Sustentabilidade), interligados entre si e ao eixo principal.

O currículo propõe um trabalho objetivando a construção de com-petências centradas na aprendizagem e no trabalho do sujeito que apren-de, desencadeada por desafios, problemas e/ou projetos propostos, orien-tados e monitorados pelos professores. “O currículo globalizado e interdis-ciplinar converte-se em uma categoria capaz de agrupar uma ampla va-riedade de práticas educacionais desenvolvidas na sala de aula contribu-indo para melhorar os processos de Ensino Aprendizagem.” (SANTOMÉ, 1998, p. 35)

Assim, foram levantados princípios básicos que norteiam o currículo:

• Valorização dos saberes/potencialidades dos educandos.

• Abordagem centrada nos elementos da vida cotidiana.

• Estruturação de conhecimentos e alternativas de sobrevivência.

• Desenvolvimento de atividades que promovam a autovalorização do indivíduo.

• Currículo desenvolvido a partir de eixos norteadores vinculados à produção.

• Conteúdos e metodologias contextualizadas.

• Valorização da experiência de trabalho dos educandos na relação trabalho-educação.

• Sistematização do conhecimento coletivo.

Além da construção dos eixos e princípios, a matriz curricular foi orga-nizada pelo grupo de professores em conjunto com a equipe pedagógica, assim como as ementas das disciplinas, pelos professores de cada área, a partir dos eixos temáticos.

As atividades de apropriação de conteúdo, organizadas nas discipli-nas, e de acompanhamento e avaliação do processo de ensino convergi-ram para a construção de uma aprendizagem significativa, não fragmenta-da, que proporcione ao aluno uma formação ativa e crítica. Além disso, foi criado um ambiente de troca de experiências entre os docentes e a equipe pedagógica, em reuniões quinzenais, que ocorreram sistematicamente durante um período do curso, o que possibilitou ajustes no processo ensi-no-aprendizagem e buscou analisar e confrontar as diferentes metodologias aplicadas e os seus resultados nos diferentes campos do saber.

Uma professora e uma profissional da equipe pedagógica que participa-vam da implantação do Proeja nesta instituição realizaram, concomitante-mente, o curso de especialização na área do Proeja oferecido pelo Cefet/MG, trazendo experiências do curso e repassando-as nos encontros coletivos.

Um dos grandes desafios encontrados pelos docentes foi a questão dos conteúdos a serem trabalhados e o processo de avaliação. Uma ementa extensa para um curto tempo. Como ministrar tantos conteúdos em pouco tempo e como avaliar essa aprendizagem, levando em consideração o público jovem e adulto, sua volta à escola e suas dificuldades de adapta-ção? Que estratégias e métodos utilizar para alcançar resultados positivos?

Essas foram algumas questões levantadas pelos professores que começa-ram a buscar meios e ações pedagógicas que viabilizassem o estudo das disciplinas, desenvolvendo uma relação dos conhecimentos teóricos e prá-ticos, ampliando o ato do pensar, do fazer, de maneira que a aprendiza-gem fosse mais eficiente e prazerosa.

Desse modo, algumas atividades foram realizadas, como: a) diagnos-ticar as expectativas dos alunos quanto ao curso e quanto aos conteúdos a serem ministrados, sua aplicabilidade e adequação à prática profissional que estavam cursando; b) identificar o grupo heterogêneo existente, ida-de, gênero, vivências e experiências dos alunos, diferenças sociais,

econô-A IMPLEMENTeconô-AÇÃO DO PROEJeconô-A Neconô-A REDE FEDEReconô-AL DE EDUCeconô-AÇÃO PROFISSIONeconô-AL E TECNOLÓGICeconô-A:...

micas e culturais; c) compartilhar e acordar com os alunos as estratégias e métodos a serem aplicados no processo de avaliação, constituindo por-tanto um espaço de diálogo entre professor e aluno.

Foi interessante observar que os estudantes apreciavam os diferentes instrumentos utilizados pelos docentes, mas cobravam avaliações tradici-onais, provas marcadas com horários determinados pela supervisão. Veri-ficou-se que, apesar de os procedimentos avaliativos serem mais abertos, mais questionadores e priorizarem atividades do cotidiano e experiências dos alunos com os conhecimentos científicos (atividades de laboratório, relatórios, visitas técnicas), os alunos preservavam os hábitos tradicionais relacionados ao processo de avaliação.

Foram então estabelecidos processos contínuos de avaliação visando a uma aprendizagem eficiente e de qualidade, no intuito de garantir o desen-volvimento de competências, tais como: autonomia intelectual, pensamento crítico, iniciativa e capacidade para articular os conhecimentos e saberes ad-quiridos com as atividades no trabalho e a vivência do dia-a-dia.

Em determinados momentos, observou-se que, para ocorrer melhor desenvolvimento na aprendizagem, faltava articular as áreas de ensino.

Não se cogitava descaracterizar as disciplinas, mas sim promover uma ação interdisciplinar, possibilitando a integração dos conteúdos por meio de projetos coletivos, articulando os conhecimentos nas diferentes áreas.

Essa reflexão possibilitou a criação de atividades conjuntas de áreas afins, utilizando a informática como instrumento que facilitou acesso maior à informação e integração de linguagens, por meio de projetos integrados nas disciplinas de matemática, geografia, língua portuguesa, educação ambiental e introdução a agroindústria. Esse trabalho foi compartilhado dentre as diferentes disciplinas, o que permitiu estabelecer competências e desenvolver temáticas e métodos comuns, conseguindo transpor os obs-táculos da fragmentação disciplinar.

Diferentes atividades pedagógicas do ato de ensinar/aprender e da avaliação foram realizadas a partir da vivência e da criatividade do profes-sor, buscando soluções para uma avaliação contínua, por meio de diferen-tes estratégias (debadiferen-tes, seminários, trabalhos em grupo, exposição e re-gistro de experiências práticas, exercícios individuais e em grupos, proje-tos e visitas técnicas).

Como afirma Freire (1996), ensinar exige apreensão da realidade, por-tanto o processo da educabilidade torna-se um permanente movimento de busca e a capacidade de aprender deve superar a perspectiva de adaptação ao meio rumo à transformação da realidade. Aprender é construir,

recons-truir, constatar para mudar, o que torna o educando um cidadão, profissio-nal competente, atuante e participativo na realidade em que vive.