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2.3 TIPOS DE INVESTIMENTOS

2.3.8 Ações

De forma simples, uma ação pode ser definida como a menor parcela do capital próprio de uma empresa que está constituída em forma de S/A e é através do mercado de ações que estas sociedades captam os recursos necessários para o seu desenvolvimento através da venda direta da participação em seu patrimônio líquido, assumindo um compromisso de remunerar os seus acionistas, assim chamado aquele que adquire as ações de uma determinada empresa, em função do capital nela aplicado e sobre seus resultados futuros.

No mercado atual existem dois tipos principais de ações negociadas: as

ações ordinárias, que são aquelas que conferem direito de voto em assembleia ao

acionista participante; e as ações preferenciais, que dão preferência sobre os lucros a serem distribuídos entre os acionistas, seja na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio.

Quando falamos nas formas de negociação das ações este mercado pode ser dividido em dois segmentos: o mercado primário, onde as ações de uma empresa são emitidas diretamente ou através de uma oferta pública de ações, os chamados IPO (sigla em inglês para Initial Public Offering); e o mercado secundário, que é o mercado onde as ações já emitidas têm a sua comercialização, ou seja, as ações que já fizeram parte de uma oferta pública ou venda direta, são renegociadas neste mercado.

A precificação de uma ação segue as condições do mercado através da lei da oferta e da demanda e na maioria dos casos é reflexo das condições estruturais e comportamentais da economia de um país e também de condições específicas da empresa e seu setor de atuação (FORTUNA, 2015).

Historicamente, as ações seguem tendências na formação de seus preços e estas tendências são estudadas por duas escolas e suas análises irão se conjugar para uma possível tomada de decisão.

A Escola Gráfica ou Escola Técnica, que como seu nome já diz, baseia-se na análise de gráficos, sejam eles de barras ou de ponto figura e tem como base para sua análise os volumes e os preços pelos quais as ações foram comercializadas em pregões anteriores. Esta escola tem como premissa básica o fato de que uma boa análise técnica não necessita pesquisar os fundamentos de uma empresa, pois no gráfico estão representados todos os movimentos de uma determinada ação e ele reflete o preço que o mercado está disposto a pagar por determinada ação naquele momento e através de suas técnicas irá indicar uma tendência futura.

O resultado apresentado em suas análises é fundamental para a escolha do momento certo de comprar ou vender a ação de uma determinada empresa, pois muitas vezes os gráficos mostram o movimento que a ação deve fazer no curto prazo, sendo contrário ao provável movimento no longo prazo.

Esta escola utiliza-se de uma ferramenta ou indicador interessante em suas análises. É o IFR que compara movimentos de compra e de venda de uma ação, o que permite identificar os períodos de maior intensidade de comercialização tanto de compra quanto de venda, o que indicará em que momentos a realização de um bom negócio poderá ser realizado.

A Escola Fundamentalista baseia-se na análise fundamentalista dos resultados setoriais e específicos de cada empresa e dentro do contexto da economia nacional e internacional.

Os resultados de suas análises são fundamentais para a escolha da empresa cuja ação será ou deverá ser adquirida e também determinará qual ação deverá ser vendida em um intervalo de tempo (stock picking).

Como referência para sua análise, a Escola Fundamentalista tem como principais indicadores diretos, o preço da ação no mercado e o lucro por ação apresentado. No entanto, como mencionado, estes indicadores servem como

referência, mas isoladamente não servirão para fundamentar uma decisão de negociação.

Neste sentido, existem outros indicadores, os chamados múltiplos, que irão influenciar os investidores na decisão de compra ou venda de uma ação, que conforme Assaf Neto (2005) são os principais: o índice preço da ação no mercado/lucro por ação; o índice preço da ação no mercado/valor patrimonial da ação; o índice ROE; o índice dividendo pago pela ação/preço da ação no mercado; o índice dividendo pago pela ação/lucro por ação; o índice preço da ação no mercado/fluxo de caixa operacional; o índice FV/EBITDA que indica a capacidade de geração de caixa da empresa; o beta com o índice da bolsa, representado pelo movimento da ação em relação ao movimento do índice e que representa a parcela de risco não diversificável de uma ação e o índice PIB/valor de mercado.

O mercado de ações apresenta quatro tipos básicos de investidores: as pessoas físicas, as pessoas jurídicas, os investidores externos e os investidores institucionais. Estes investidores estão sempre presentes no mercado. Sendo que suas aplicações compulsórias e, de acordo com as normas de composição e diversificação de suas carteiras, tem o objetivo duplo de reduzir o risco de seus investimentos e direcionar recursos para aplicações consideradas prioritárias para o governo e que devido a sua representatividade no mercado a sua atuação é fundamental, pois garante o nível de estabilidade do mercado acionário.

Além dos investidores citados, temos ainda a figura clássica do especulador, que tem como objetivo apenas o investimento para ganho imediato, não sendo desta forma figura atuante como regulador de mercado e sim, de certa forma, um garantidor da liquidez do mercado.

A evolução tecnológica e a globalização mundial, proporcionadas pelo advento da internet, também tiveram seus reflexos no mercado acionário e ao final do ano de 1999 foi implantado no Brasil o Home Broker e o After Market.

O Home Broker proporciona ao investidor a possibilidade de realizar suas negociações eletronicamente, via internet através dos sites das corretoras de valores. O After Market estende o horário de funcionamento do pregão que passa a funcionar após as 18 horas e vai até às 22 horas. Além da extensão do horário algumas regras iniciais de operação do After Market foram estabelecidas:

- só podem ser negociadas ações no mercado à vista e no mercado de opções;

- as ações são negociadas na plataforma eletrônica de negociações; - o limite de ordens é de R$ 100.000,00 por investidor;

- todas as variações de preço do dia seguinte são calculadas com base no último preço registrado no pregão regular;

- a cada intervalo de 15 minutos a bolsa controla o limite operacional de cada corretora.

Por se tratarem de operações escriturais, as negociações realizadas na bolsa de valores têm a sua liquidação realizada por uma caixa de liquidação ou

clearing, que são os sistemas elaborados pelas bolsas com o objetivo de garantir o

fiel cumprimento de todos os negócios realizados em seu ambiente.

Clearing pode ser tanto um departamento interno da instituição quanto uma

organização independente, podendo ser controlada ou não pela bolsa de valores, a qual tem ligação e seus principais serviços são o registro das operações e controle das posições, a compensação dos ajustes diários e liquidação física e financeira dos negócios incluindo-se ainda a administração das garantias vinculadas às operações.

O mercado de negociação de ações apresenta várias formas de realização das negociações, sendo que as duas principais são:

- O mercado à vista: neste mercado as operações de compra e venda de

ações realizadas durante o pregão são para liquidação imediata, sendo a liquidação física, que é a entrega ao comprador dos títulos adquiridos, feita em dois dias úteis após a operação; e a liquidação financeira, que se refere ao crédito em reais dos valores envolvidos na negociação ao vendedor dos títulos, feita em três dias úteis após a negociação.

No mercado à vista é permitida a realização das chamadas operações day

trade, que são aquelas operações de compra e venda realizadas envolvendo uma

mesma ação em um mesmo pregão, por uma mesma corretora em benefício de um mesmo investidor.

- Mercado a termo: as operações no mercado a termo envolvem o

compromisso do investidor em comprar ou vender uma determinada quantidade de ações por um preço fixado dentro de um prazo predeterminado que na maioria das negociações é de trinta dias. No entanto, as operações podem ser liquidadas em

prazos diferentes daquele acordado, sendo esta uma solicitação feita por qualquer uma das partes envolvidas na transação, ou por ambas, através de acordo mútuo.

Com a finalidade de garantir o compromisso assumido no momento da negociação será exigido do investidor o depósito junto à bolsa de valores de uma margem de garantia, podendo ser em ações ou em dinheiro e composta por dois elementos: a garantia inicial, que corresponde a no mínimo 20% do valor contratado e no máximo a 100%, dependendo da ação objeto da negociação e sua volatilidade de preço apresentada com base nos últimos seis meses; e a garantia adicional, que relaciona-se com a diferença de preço entre o valor contratado no mercado a termo e o valor no mercado à vista da referida ação objeto da negociação.

Um investidor pode optar pelo mercado a termo de ações, tendo como principais motivos a possibilidade de comprar uma ação pelo seu preço atual, mesmo não possuindo os recursos para tal aquisição no momento, como forma de alavancar seus investimentos, pois mesmo dispondo dos recursos para aquisição no mercado à vista o investidor poderá adquirir as ações no mercado a termo e disponibilizar os recursos para outra finalidade e também como estratégia para fazer caixa, vendendo suas ações no mercado à vista e com posterior recompra destas mesmas ações no mercado a termo.

O mercado a termo apresenta-se ainda subdividido em três modalidades:

- Mercado a termo em pontos: assim como na modalidade tradicional,

representa o compromisso de compra ou venda de determinado volume de ações por um preço dentro de um prazo predeterminado. O que irá diferenciá-lo do mercado tradicional é a conversão do preço por ação acordado entre as partes em pontos, que serão reajustados de acordo com indicador estabelecido entre as partes e que estão autorizados pela bolsa de valores.

- Mercado a termo referenciado em dólar: apresenta características

idênticas ao mercado tradicional contratado em reais, sendo sua diferença a correção do contrato pela variação entre a taxa de câmbio média em reais por dólar norte-americano.

- Mercado a termo flexível: operação idêntica ao mercado a termo

tradicional diferenciando-se pela possibilidade de o comprador sem a necessidade de encerrar o seu contrato, substituir as ações-objeto vendendo-as no mercado à vista e adquirindo outras ações e até mesmo deixar seus recursos retidos junto à

Como mencionado no início deste tema, as empresas que captam recursos através da negociação de suas ações em mercado assumem o compromisso de remunerar seus acionistas em função do capital nela aplicado e de seus resultados futuros.

Desta forma, as ações podem remunerar o investidor através de direitos e proventos incidentes sobre cada uma delas, sendo que os principais retornos ao investidor podem ser na forma de:

- Distribuição de dividendos: distribuição dos lucros de uma empresa de

forma igualitária aos acionistas detentores de uma mesma classe de ações feita em moeda e na proporção de participação do acionista no capital da empresa.

- Juros sobre o capital próprio: refere-se ao pagamento de juros sobre o

capital investido por parte do investidor tendo como indexador o valor da TJLP.

- Subscrição: é o direito de o acionista preferencialmente adquirir novas

ações em função do aumento do capital da empresa.

- Bonificação: é a distribuição gratuita de novas ações aos acionistas pelo

aumento de capital ou incorporação de reservas.

- Desdobramento ou split: a diluição do capital da empresa em um número

maior de ações com o objetivo de dar liquidez aos títulos no mercado proporciona a distribuição de forma gratuita de novas ações aos acionistas.

- Agrupamento ou inplit: ao contrário do desdobramento, o agrupamento

de ações com o objetivo de buscar o aumento do valor de mercado da empresa irá diminuir a quantidade de ações em posse do investidor, porém com maior valor em cada uma delas.

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