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3. Do Ensino/Aprendizagem à Distância à Utilização de Trabalho Cooperativo no Ensino/Aprendizagem Distribuída

3.6. Problemática da disponibilização de cursos à distância

3.6.1. A ênfase na aprendizagem

Segundo Thorpe ( Thorpe, 1995 ), aqueles que têm tido a responsabilidade de conceber cursos, têm ao longo dos últimos 20 anos utilizado a abordagem cognitiva para encontrar formas de fazer com que os estudantes possam mobilizar os seus conhecimentos e possam criar enquadramentos que integrem conhecimentos anteriores com novo conhecimento, derivando novas formas de compreensão.

Contudo, o modelo cognitivo está em permanente mudança, já que se sabe que o processo de aprendizagem envolve mais do que a construção e manipulação de modelos mentais. O contexto social, as regras e os relacionamentos são fundamentais para o que se aprende e para a forma como a aprendizagem se processa ( Thorpe, 1995 ).

A mesma autora refere Winn ( Winn, 1990 ) que concluiu após pesquisa aprofundada, que a forma como as pessoas resolvem os problemas é muito dependente do

contexto, e que o raciocínio humano não se limita aos modelos lógicos incluídos na análise matemática ou lógica.

Um dos principais objectivos a atingir ao tornar mais fácil o acesso à aprendizagem é permitir o desenvolvimento independente dessa capacidade, baseada no facto de se pensar que os alunos se podem tornar professores de si mesmos ( Thorpe, 1995 ). Este é sem dúvida um objectivo louvável, principalmente ao nível universitário. Contudo, pode correr-se o risco de se estar apenas a desviar a responsabilidade, de quem ensina para quem aprende.

Lisewski (Lisewski, 1994) chama a atenção para o facto de no contexto de aprendizagem autónoma poder correr-se o risco de os resultados não serem os melhores já que o aluno é, por assim dizer, abandonado à sua sorte, não havendo garantia de que o mesmo possua as características, os pré-requisitos necessários para poder evoluir sozinho no seu processo de aprendizagem.

Laurillard (Laurillard, 1993) propõe um modelo de aprendizagem que requer interacção e reflexão por parte do aluno e a existência de feedback de um professor que se encarregará de redefinir continuadamente os conteúdos a ensinar, de acordo com as matérias e o desempenho do aluno.

Winn (Winn, 1990) argumenta que a imprevisibilidade da aprendizagem requer que os cursos sejam disponibilizados de forma a serem adaptados em função das reacções dos alunos às suas versões originais.

Em ambientes de aprendizagem deste tipo, os professores devem monitorizar o progresso dos alunos e intervir para a alteração das estratégias de ensino/aprendizagem, quando se observam dificuldades inesperadas.

Thorpe ( Thorpe, 1995 ) refere que os estudantes devem eles próprios identificar activamente as suas dificuldades específicas de aprendizagem e tomar as suas próprias medidas no sentido de manter o seu processo de aprendizagem vivo e efectivo. Por outro lado, no mesmo trabalho, a autora afirma que a identidade do estudante e a sua autogestão têm sido deixadas no esquecimento por parte dos designers de cursos.

Segundo Harasim ( Harasim et all 1997 ), existem sete modelos ou abordagens mais comuns, no âmbito do ensino/aprendizagem com utilização de TIC:

1. Exposição de assuntos em formato electrónico ( envolvendo vídeo-conferência )

2. Interacção com especialistas 3. Orientação inicial

4. Suporte por parte de tutores 5. Acesso a informação relevante 6. Interacção entre colegas

7. Actividades de grupos estruturados

Os primeiros quatro implicam a existência de recursos humanos de suporte aos alunos, em tempo real.

Os três últimos, são modelos centrados no aluno, estando portanto o trabalho mais dependente deles próprios e podendo ser implementados em modo assíncrono.

Apresenta-se de seguida uma breve descrição de cada um deles, de acordo com a autora referenciada.

Exposição de assuntos em formato electrónico

Idealmente, se for necessário apresentar grande quantidade de textos, o sistema além de incluir funcionalidades síncronas de simulação da aula expositiva tradicional ( através de vídeo-conferência ) deve integrar software capaz de permitir um fácil

download para o PC do aluno, para que os mesmos possam ser lidos ou impressos.

Melhor do que isso será a possibilidade de ter integrado no sistema CMC, capacidades de manipulação de hipertexto e hipermedia, dando assim a possibilidade ao aluno de procurar e seleccionar a informação que melhor sirva os seus interesses específicos.

Interacção com especialistas

Esta abordagem envolve interacção entre os participantes na aula, com a moderação de um professor que pode ter previamente apresentado determinada matéria.

O professor pode posteriormente responder a questões e gerar discussões em torno de determinado tópico.

Os alunos enviam as suas perguntas ao professor ou tutor e obtêm as respostas em tempo útil. O rápido acesso à informação mais actual e relevante, bem como o que de positivo representa para o aluno ver a resposta atempada à sua pergunta, são as principais vantagens deste modelo.

Orientação inicial

Trata-se de uma técnica que assenta na interacção inicial entre o aluno e o tutor, até que este descubra que o aluno passa a dominar o assunto em causa. A partir desse momento o aluno continua os seus estudos autonomamente.

Suporte por parte de tutores

A tutorização complementa o ensino, quer presencial, quer à distância. O suporte por parte de um tutor é essencial em abordagens um para um entre aluno e tutor, apesar de as redes permitirem interacções um para muitos e muitos para muitos. O tutor é fundamental na orientação do trabalho autónomo do aluno, estando disponível quando este sente dificuldades e intervindo se identifica que o aluno está a seguir pelo caminho errado.

Acesso a informação relevante

Redes de computadores como o caso da Internet possibilitam o acesso a informação armazenada em milhares de computadores em todo o mundo. Estes recursos informacionais podem ser incluídos na concepção de cursos online por forma a beneficiar os currriculos.

A utilização de sistemas hipermedia ou hipertexto, dado o carácter não obrigatóriamente sequencial do acesso à informação, leva a que os alunos possam

aprofundar as suas leituras ou apenas fiquem com ligeiras ideias sobre os assuntos, de acordo com os seus interesses e necessidades.

Interacção entre colegas

Esta abordagem, mais informal, consiste no estabelecimento de contactos iniciais no seio de áreas públicas de discussão electrónica ( fora de discussão ), dando lugar, posteriormente, a contactos privados, via e-mail, entre pessoas que evidenciaram interesses numa mesma área.

Actividades de grupos estruturados

Trata-se de uma abordagem baseada num currículo conhecido que estabelece metas bem definidas e prazos para entrega de trabalhos ou respostas. Nestes contextos também está prevista a interacção entre colegas e a orientação de um tutor, sendo possível encontrar-se implementações várias para esta abordagem. Um caso é o dos seminários em tempo real. Como nos seminários tradicionais, também neste caso, após terem sido lidos os documentos de base, os alunos entram numa fase de discussão e debate, por via electrónica, utilizando dispositivos de conferência por computador ou fora de discussão.

Numa primeira fase, as sessões podem ser iniciadas pelo instrutor mas, tão cedo quanto possível, este deve transmitir a responsabilidade da condução das discussões para os alunos.

Uma outra implementação possível é a de parceiros ou pares de aprendizagem. Esta abordagem revela-se útil como forma introdutória ao trabalho cooperativo. Por exemplo, em situações de escrita conjunta de artigos ou relatórios.

Um caso muito vulgar e de grande aceitação é aquele que se baseia em apresentações em equipa e ensino pelos próprios alunos. Segundo Harasim ( Harasim et all, 1997 ), diversas pesquisas e trabalhos de investigação têm levado à conclusão de que se trata de uma das formas mais produtivas de aprendizagem.

As apresentações em equipa podem implicar a pesquisa, a escrita e a apresentação posterior de um artigo ou relatório, presencialmente ou numa conferência por computador, para discussão por parte dos colegas.