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Sala de aula virtual e campus virtual

3. Do Ensino/Aprendizagem à Distância à Utilização de Trabalho Cooperativo no Ensino/Aprendizagem Distribuída

3.7. Contextos recentes de utilização de cursos à distância

3.7.3. Sala de aula virtual e campus virtual

O conceito de campus virtual pode ser implementado com base na utilização de diversos fora de discussão ou conferências por computador, cada uma funcionando como uma sala de aula dentro da qual ocorre um determinado tipo de actividade, com sentido no contexto do ensino/aprendizagem à distância. Poderemos encontrar, assim, fora ou conferências para implementar seminários, trabalhos em grupo, áreas públicas de discussão informal ( cafés ), áreas de ajuda ( help desk ), etc. Os utilizadores podem deslocar-se de uma conferência para outra ( de uma sala para outra ), de acordo com os seus interesses específicos de cada momento. Uma sala de aula virtual é, assim, um espaço não físico onde os estudantes partilham uma experiência de aprendizagem com os

seus colegas. O professor, nestes casos, desempenha fundamentalmente um papel de incentivador de aprendizagem, em vez transmitir os seus próprios conhecimentos.

Relembra-se neste momento uma outra tecnologia já abordada na secção 2.5.5 desta dissertação, relativa a MOOs ( Multiuser Dungeon Object Oriented ). Também nesse caso se referia a possibilidade da criação de espaços virtuais e da possibilidade de movimentação dentro dos mesmos, simulando a visita às diversas áreas que implementam as salas de aula, o bar, a biblioteca, etc. Nesses casos é até possível a definição de um conjunto de recursos virtuais associados a cada um dos espaços que constitui o sistema. Por exemplo, um atributo ou recurso de uma sala de aula pode ser um quadro negro onde o professor escreve mensagens que todos os elementos que se encontrem nessa sala ( e apenas esses ) podem ler. Por outro lado, o átrio virtual de tal sistema, uma área pública, pode possuir um recurso que seja um quadro de afixação de avisos, visível por todos os utilizadores que tenham chegado ao sistema ( ao campus ). Os próprios participantes ( no papel de alunos, por exemplo ) podem ter associados recursos do tipo bloco de apontamentos, que apenas eles próprios podem ver.

Em implementações de mundos virtuais via MOOs, é também possível associar regras de comunicação aos diversos espaços que os constituem, às utilizações específicas que deles se fazem em cada momento e ao perfil dos participantes. Por exemplo, simulando uma aula teórica num auditório, onde apenas é possível a comunicação um para muitos ( do professor para os alunos ), qualquer intervenção de um participante com perfil de aluno estaria vedada em termos das primitivas associadas à comunicação em

voz alta ( Evard, 1995 ).

Num contexto de ensino/aprendizagem à distância, usando um campus virtual, é possível identificar um conjunto de entidades que se relacionam entre si e são caracterizadas por um conjunto de regras ou actividades específicas ( Paquette, 1995). A tabela da fig. 3.5 resume essa realidade.

Entidades Actividades Desempenhadas Aluno Navegação Exploração Actividades de aprendizagem Actividades de avaliação Auto-avaliação Comunicação Actividades sociais Trabalho em equipa Teleconferência

Tutor Suporte técnico

Suporte pedagógico Avaliação de progresso Animador de grupo Incentivador de progresso Aconselhador

Recolha de informação para o gestor Perito Transmissão de conhecimento

Organização do conhecimento Actualizador de conhecimento Aconselhador de conhecimento Gestor Planificação da transmissão

Decisão de implementação Controlador dos grupos criados Direcção de operações

Organização do sistema de validação Organização de revisões

Gestão da avaliação de progresso

Direcção da avaliação do sistema de aprendizagem Administração da rede

Designer Criação de cenários pedagógicos Planificação pedagógica

Integração de media

Produção de instrumentos didácticos Construção de modelos de conhecimento Planificação do sistema de aprendizagem Produção do apoio interactivo

Produção da base de documentos e de ferramentas Escolha das ferramentas colaborativas

Fig. 3.5 - Intervenientes e actividades num contexto de ensino/aprendizagem à distância, usando

A utilização de recursos telemáticos na implementação de ambientes de ensino/aprendizagem à distância ou de espaços virtuais onde esse fenómeno ocorre, arrasta consigo alguns problemas potenciais ou aspectos críticos que deverão ser cuidadosamente tidos em conta quando se pensa na criação/disponibilização de cursos à distância. Milner ( Milner, 1995 ) afirma que é fundamental que aspectos tão variados como a avaliação, o número de horas de contacto e as formas como devem ocorrer, os planos de curso ou linhas mestras de aprendizagem, a indução, a interacção estruturada entre os alunos, a utilização dos recursos, a escolha do aluno e a flexibilidade, todos estes aspectos devem ser considerados integrada e balanceadamente no seio de qualquer curso.

Talvez que a melhor solução passe por conjugar todos os aspectos referidos com a experiência que se tem da realidade, colhida em ambientes de ensino/aprendizagem tradicionais. Esta hipótese é partilhada por Milner ( Milner, 1995 ), ao afirmar que:

"A chave do sucesso está em identificar e aplicar a experiência que já possuímos relativamente a situações reais de ensino/aprendizagem, a situações que utilizam TIC, para viabilizar esse processo à distância".

Nestes ambientes de aprendizagem, tem que ser possível flexibilizar a participação dos alunos, quer no que toca ao início da aprendizagem, quer no que diz respeito aos instantes de avaliação.

A flexibilização da aprendizagem não só atrai os alunos que desejam ter mais oportunidades mas também tipos de estudantes diferentes daqueles que tradicionalmente procuram a universidade. Por exemplo, pessoas que possuem uma vida profissional activa, que com esquemas mais rígidos não teriam hipóteses de compatibilização de horários ou ainda, pessoas com deficiências motoras impeditivas de fácil movimentação entre as suas casas e as instalações tradicionais de ensino.