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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.2. A Função do Professor na Qualidade do Ensino das Ciências

2.2.2. A Abordagem Inquiry-Based Science Education (IBSE)

Em abril de 2013, ocorreu uma mesa redonda sobre “Educação em Ciências baseada no IBSE” e um fórum sobre "O Futuro da Educação Científica - Desafios e oportunidades”, no Sudão, organizados pelo ISTIC (International Science, Technology and Innovation Centre) onde se destacou a presença de representantes de Associações/Conselhos/Academias, Ministros de Educação e de Ciência de vários países, exceto de Portugal. Entre outros pontos, foram destacados os seguintes:

Desenvolver os curricula para capacitar os alunos e dotá-los de competências para construir atitudes investigativas e criativas, open-minds;

 Usar exemplos de histórias de sucesso da abordagem IBSE, incluindo as implementadas na Malásia, Singapura, Taiwan, China, Japão e Finlândia.  Iniciar o ensino das ciências na educação pré-escolar: dar relevância aos

aspetos éticos e comportamentais inerentes à abordagem científica. Neste seminário a Diretora da UNESCO, Irina Bokova, proferiu:

Porque e como ensinar ciência às crianças é um ponto crucial na educação em ciências, mas surgiu um outro ponto de dignidade vinculada à compreensão pública da ciência, a dignidade do saber. Ciência consiste em olhar para o mundo e contemplação. Se a ciência é ensinada às crianças desde tenra idade, ele abre suas mentes à contemplação. (ISTIC, 2013)

No debate, destacam-se que os alunos devem estar no centro das prioridades da educação e se eles não estão a aprender terá que haver uma necessidade de descobrir o porquê. Muitas vezes, existe uma resistência à mudança e à introdução de novas ideias, nomeadamente através das ações de formações ou outras para professores e educadores, de diferentes países, mas os profissionais deverão ser encorajados a ter uma visão equilibrada e coerente. A Excelência nas escolas primárias deve permanecer na vanguarda com a necessidade de estimular uma concorrência construtiva e transparente.

Concordamos, pois que não existe uma fórmula perfeita para a educação, mas que uma das coisas mais importantes é desenvolver um pensamento crítico e criativo,

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estar aberto à inovação e a novas ideias, ser curioso, ambicioso e construir exemplos de jovens cientistas inovadores no mundo inteiro.

O ensino das ciências baseado no questionamento, indagação, inquérito, desde o início dos anos de escolaridade, é vital para fortalecer as crianças entender o mundo ao seu redor; a aprender a obter e organizar informação; a desenvolver maneiras de descobrir; a testar as suas ideias e a usar evidências; e desenvolver atitudes positivas em relação à ciência (Harlen, 2007; Eshach & Fried, 2005).

Por outro lado, esta abordagem também pode ajudar os alunos a desenvolver diferentes habilidades de pensamento desde o início (Cuevas, Lee, Hart & Deaktor,

2005), por exemplo, o pensamento científico, o pensamento criativo, resolução de problemas autónoma e habilidades metacognitivas, que são suscetíveis de ser transferidos e aplicados a outros contextos e situações de aprendizagem (Dyasi, 1999; Dyasi, 2006). Finalmente poderiam dizer que as atividades de inquérito, nas práticas pedagógicas de ciências, também oferecem um contexto privilegiado para uso e desenvolvimento de outros campos do conhecimento, em especial por via da linguagem oral e escrita e da matemática (Harlen, 2007;Sá, 2002).

A abordagem Inquiry-Based Science Education (IBSE) é sugerido pelas diretrizes curriculares de ciência de muitos países e a sua utilização nas aulas de ciências é recomendada por vários estudos e relatórios internacionais (NRC,2007, 2011; Rocard et al., 2007; Osborne & Dillon, 2008). Por exemplo, os National Science Education Standards (NSES) foram desenvolvidos pelo National Research Council (NRC), para promover uma cidadania cientificamente alfabetizada. Estas normas incentivam o uso frequente da abordagem por questionamento, de método científico, nas aulas de ciências, definindo-o como:

"...uma atividade multifacetada que envolve a realização de observações; fazer perguntas; examinando livros e outras fontes de informação para ver o que já é conhecido; investigações de planeamento; revendo o que já é conhecido à luz da evidência experimental; o uso de ferramentas para coletar, analisar e interpretar dados; propor respostas, explicações e previsões; e comunicar os resultados " (NRC, 2000, p. 23).

Esta mensagem também pode ser definida como o "processo intencional de diagnosticar problemas, criticar experiências e alternativas de distinção, planear

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investigações, pesquisando conjeturas, em busca de informações, construção de modelos, debatendo com os colegas e formando argumentos coerentes "(Linn, Clark & Slotta, 2003, p. 518).

O termo inquiry possui uma variedade de definições. Numa recente revisão da literatura realizada entre 1984 e 2002, (Minner, Levy & Century, 2010) o termo inquiry depende do que se quer focar. Refere-se pelo menos a três distintas categorias de atividades distintas o que os cientistas fazem; como os alunos aprendem; e a abordagem pedagógica utilizada pelos professores.

Em 2000, o NRC identifica cinco requisitos essenciais para o inquiry em sala de aula:

 os alunos estão envolvidos por questões orientadas cientificamente;  os alunos dão importância às evidências;

 os alunos formulam explicações para as evidências;  os alunos avaliam as suas explicações;

 os alunos comunicam e justificam as explicações.

Estas dimensões podem variar de acordo com as orientações apresentadas pelos professores. Assim, pode haver diferentes abordagens inquiry, dependendo do nível que o professor pretende que o aluno alcance.

Na educação em ciências, o ensino por questionamento reflete as preocupações de Dewey, que, como logo no início do século passado, considerou que existia muita ênfase dada aos factos e não o suficiente ênfase na ciência, enquanto desenvolvimento do pensamento e das atitudes mentais. Para Dewey (2010), o aluno deverá estar ativamente envolvido no processo de aprendizagem e o professor deverá ter um papel de facilitador e de guia.

De acordo com Drayton e Falk (2001),

The inquiry-based approach to science education [...] introduces students to science contents, including the process of investigation, in a context of reasoning, which gives science its dynamic nature and provides the logical framework that enables the understanding of scientific innovation and the evaluation of scientific claims. Inquiry is not process versus content; it is rather a way of learning content (p.25).1