• Nenhum resultado encontrado

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Nota 1-Está na língua original para não perder sentido.

3.1. Opções Metodológicas

O objetivo do estudo é estimular, nos educadores da educação Pré-escolar e nos professores dos 1º e 2º ciclos, o uso de um método de ensino e aprendizagem, a abordagem IBSE, em que o aluno participa mais ativamente na construção do conhecimento. A metodologia adotada foi de cariz qualitativa de orientação interpretativa. Para concretizar o objetivo, a investigadora desenvolveu a conceção, a implementação e a avaliação de uma oficina de formação intitulada por Despertar

para as Ciências Práticas e Experimentais, nos anos Pré-Escolar, 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico Experimental das Ciências”. Uma vez que o estudo se realizou com

educadores/professores já profissionalizados considerou-se que esses profissionais já têm um determinado conhecimento, que é fruto da sua experiência de ensino e que

72

detêm uma série de valores, crenças e expetativas, acerca de si próprios, do ensino das ciências, da aprendizagem dos alunos, que influenciam a sua prática pedagógica (Erickson, 1986; Grows, Good & Dougherty, 1990; Nóvoa, 1995; Oliveira & Pires, 2010).

Para Erickson (1986), os modelos de investigação chamados: etnográfico, qualitativo, de observação participante, construtivista, fenomenológico e interpretativo são diferentes, mas têm fortes semelhanças entre si. O aspeto chave da semelhança entre estes modelos de investigação, a que Erickson chama interpretativos, é o facto da investigação se centrar no significado que os indivíduos dão às diversas coisas e na sua clarificação e exposição por parte do investigador. Segundo Serrano (1990), na metodologia qualitativa o investigador “vê o cenário e as pessoas numa perspetiva holística. As pessoas, os cenários e os grupos não são reduzidos a variáveis, tudo é considerado como um todo” (p.23).

Autores como Miles e Huberman (1994) descrevem os dados qualitativos com ênfase nas experiências de vida dos sujeitos que são fundamentais para procurar os significados nos diversos acontecimentos, as suas perceções, assunções, pré- julgamentos e suposições, permitindo, desta forma, conhecer esses significados no mundo que os rodeia.

Segundo Bogdan e Biklen (1994) a investigação qualitativa apresenta cinco características básicas, as quais passamos a descrever. Em primeiro lugar o ambiente natural é a fonte da recolha de dados e o investigador, o seu principal instrumento, é descritiva, porque privilegia os dados pormenorizados que descrevem pessoas, ações e situações. Neste sentido, para o investigador qualitativo, um aspeto que à partida poderá parecer banal, poderá revelar grande importância. Além disso, este tipo de investigação considera o processo mais importante que o produto final. Existe, ainda um interesse especial em capturar a perspetiva dos participantes, os significados e as interpretações que atribuem a determinada situação ou ação. Por último, a análise dos resultados segue em processo indutivo, onde não se pretende comprovar hipóteses colocadas à priori. Este tipo de investigação, também é interpretativa, pois a compreensão é o conceito central da investigação interpretativa que procura interpretar os fenómenos. Neste estudo, o significado é de importância vital na abordagem qualitativa. Esta compreensão não se fundamenta nas perspetivas e categorias do investigador mas nos significados que os participantes do estudo

73

outorgam. Os registos interpretativos são assim, baseados na linguagem, isto é, nos conceitos e nas palavras dos participantes.

No entanto, esta investigação é, possivelmente, censurada pelos defensores da investigação quantitativa, que preconizam instrumentos que consideram fiáveis,

objetivos e válidos, e restringem a influência do fator humano. Contudo, estes defensores esquecem que é o homem quem elabora esses mesmos instrumentos.

Maxwell (2002) afirma que desde sempre que a validade foi um aspeto questionado por inúmeros discursos sobre a legitimidade da investigação qualitativa. Ressalta o autor que os dados adquiridos, por si só, não podem ser julgados válidos ou inválidos, contudo as inferências que se extraem desses dados é que são passíveis de serem classificadas. Assim, na investigação qualitativa são os próprios investigadores que determinam os seus próprios critérios atendendo à transferência, segurança e credibilidade dos resultados e possibilidade de ratificação dos mesmos.

Ao considerar o investigador como o principal instrumento de recolha de dados, a investigação interpretativa impõe da sua parte uma reflexão cuidadosa, uma elevada ética profissional e uma atitude de neutralidade. Esta situação proporciona, ao investigador, captar as diferentes realidades e a capacidade de se adaptar a cada uma delas, com o intuito de compreender os significados e as razões emergentes.

Autores como Maykut e Morehouse (1994) asseveram que, entre o investigador e os sujeitos da investigação, os participantes, existe uma relação de partilha de significados e que esta relação está em sintonia com um pressuposto ontológico da investigação interpretativa, que menciona a interdependência de ambos, investigador e sujeito de investigação, respetivamente.

Neste estudo a investigadora, professora e simultaneamente formadora, também participará enquanto sujeito de ação; como impulsionadora e na implementação de uma situação real, um curso de formação, e, portanto, como sujeito reflexivo, tem um pensamento sobre o ensino das ciências, a aprendizagem, a formação e o desenvolvimento profissional, mas também sobre a profissionalidade docente e a cultura das organizações onde esta atividade decorre- a escola- e sobre a qual incide, as pessoas e o currículo. A investigadora deste estudo utilizará alguns dos seus relatos escritos, elaborados em momentos que necessitava de alguma forma de

74

mostrar os seus pensamentos sobre o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Segundo Holly (2000), os “educadores que optarem pela elaboração de diários profissionais e pessoais escolheram observar-se a si próprios, tomar a experiência em consideração e tentar compreendê-la” (p.101).

Em síntese, em virtude das finalidades do presente estudo, do problema, dos objetivos e das questões de investigação, considerou-se a metodologia qualitativa de orientação interpretativa como a mais adequada.

As técnicas de recolha e de análise de dados são de natureza qualitativa, mais precisamente a análise de narrativas da formadora professora antes de promover a formação e o seu relatório avaliativo da formação; a análise de inquéritos por questionário antes da formação e depois da formação; a observação participante, a análise de planificações de atividades práticas e experimentais realizadas pelas formandas; a análise de conteúdo dos relatórios críticos realizados pelas formandas, de forma a conhecer e a compreender as potencialidades do curso de formação, onde se se valoriza a abordagem de aprendizagens ativas, o IBSE, no ensino das ciências.