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A Administração Interna

No documento Tese Mónica Santos (páginas 143-146)

Capítulo IV – Metodologia

13. A Polícia Nacional Angolana

13.2. A Administração Interna

Depois de um longo e conturbado período de Guerra Civil a República de Angola tem conhecido a estabilidade política e, com ela, um acentuado crescimento económico que se traduz na abertura ao capital estrangeiro, atraindo, para o país, milhares de cidadãos de diversos pontos do mundo, designadamente portugueses.

As quase três décadas de guerra desviaram a atenção das entidades responsáveis para os assuntos militares e em consequência os outros âmbitos de atuação do Ministério do Interior de Angola foram ficando para segundo plano, tal como podemos ver na página de Internet que nos serviu de fonte à realização do presente item, da responsabilidade da Direção Geral da Administração Interna portuguesa e onde este organismo aborda descritivamente o sistema de segurança interno angolano (www.dgai.mai.gov.pt).

Durante as quase três décadas de guerra civil os sectores produtivos e as principais infra-estruturas de Angola foram sendo destruídos paulatinamente e com eles também foram sendo agravados os problemas ao nível da qualificação das pessoas, dos meios técnicos, das instalações e da logística do Ministério da Administração Interna (MININT) assim como de várias outras áreas da sociedade Angolana. Até á assinatura do Scordo de Paz o MININT dirigia todos os seus recursos, principalmente os recursos humanos, para o esforço da guerra civil, alheando-se, por via das circunstâncias, das funções normais de uma instituição responsável pela segurança interna de um Estado de Direito e Democrático.

A Paz veio ditar a estabilidade e dar conta da necessidade de adequar as funções do MININT ao estágio atual de desenvolvimento de Angola, bem como aos novos desafios internos e regionais, o que fez com que este Ministério tenha começado a promover o funcionamento de instrumentos de gestão que favorecesse o seu desenvolvimento estratégico, com vista à promoção de uma mudança qualitativa da Instituição. Para atingir esses objectivos, que acentuam a importância da valorização do factor humano, da formação profissional e da dotação de equipamentos nas Forças e Serviços de Segurança, a cooperação bilateral e multilateral na área da segurança interna e protecção civil tem-se revelado essencial.

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Todavia, os desafios não se esgotam numa perspetiva interna. O franco crescimento do comércio interno, e sobretudo externo, do país está a contribuir para que Angola se torne numa potência em diferentes domínios e a Segurança Interna não está afastada deste caminho, tendo vindo a dar conta da vontade de absorver o know how dos seus parceiros históricos.

O MININT é o Órgão da Administração Central do Estado ao qual compete, em geral, promover, de acordo com as diretrizes do Governo, a formulação, coordenação e execução da ordem e da segurança interna. A este organismo competem as seguintes funções:

•Garantia da segurança interna, respeito da legalidade democrática, e defesa dos direitos e garantias constitucionais dos cidadãos;

•Prevenção e repressão da criminalidade;

•Fiscalização das atividades de importação, fabrico, comercialização e licenciamento de armas, munições e explosivos de armas, munições e explosivos, bem como do respetivo uso;

•Organização, preparação, direção e controlo da atividade de auxiliares de polícia e da Defesa Civil;

•Controlo da entrada, permanência, residência e saída de estrangeiros;

•Prevenção e extinção de incêndios, bem como prestação de auxílio à população e socorro aos sinistrados em matéria de catástrofe, calamidades, sinistros e cataclismos;

•Fiscalização da execução das penas e medidas de segurança privativas de liberdade cominadas pelos tribunais, bem como realizar o trabalho de reeducação dos condenados e delinquentes sujeitos a medidas de segurança;

•Garantia da realização, com segurança dos processos eleitorais; •Segurança das fronteiras;

•Execução de outras funções, nos termos da lei de Segurança Nacional e as que lhe forem superiormente cometidas pelos órgãos de soberania.

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O MININT participa nos Programas de Desenvolvimento Económico e da Luta Contra a Pobreza que se tem revelado um elemento central na luta contra a violência e a criminalidade. Este organismo está, também, diretamente envolvido no Programa de Fomento da Produção Nacional (nomeadamente na produção agrícola e pecuária), e de Luta Contra a Pobreza, por estes serem tidos como instrumentos importantes para a manutenção e melhoramento da segurança das pessoas e bens, da prevenção da criminalidade e da redução da violência, através da integração de mais pessoas no tecido produtivo.

Organizacionalmente, o Sistema de Segurança da República de Angola assenta na existência de uma única força de segurança militarizada (Policia Nacional de Angola - PNA) e de um serviço de segurança (Serviço de Migração e Estrangeiros - SME), ambos na dependência do MININT. Deste Ministério também dependem o Serviço Nacional de Bombeiros e Proteção Civil (SBSNPC), bem como, os Serviços Prisionais. Visto de outra forma, o MININT está estruturado em cinco áreas operativas fundamentais e desconcentradas: a Polícia Nacional, O Serviço de Migração e Estrangeiros, os Serviços Prisionais e o Serviço de Bombeiros e de Proteção Civil.

A Polícia Nacional de Angola (PNA), funcionalmente e numa perspetiva integrada, desenvolve todas as valências da segurança interna, incluindo a componente de toda a investigação criminal. Pela sua importância, destacam-se as suas linhas programáticas que constam do Plano de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional de Angola (PMDPNA): racionalização e otimização do funcionamento interno da Polícia Nacional; elevação do nível de formação técnico - profissional (formação inicial e contínua) e cultural dos recursos humanos; modernização técnica, logística e infraestrutural; melhoramento das condições sociais dos efetivos; contenção da taxa de criminalidade; contenção da sinistralidade rodoviária.

O Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), face à natureza transnacional da criminalidade e face às debilidades organizacionais do continente africano, também assume um papel de primordial importância no sistema de segurança interna de Angola.

13.3. Segurança Interna: Maiores desafios

O controlo da criminalidade tem-se revelado um dos maiores desafios do Governo Angolano uma vez que neste país ainda se registam elevados índices de

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criminalidade, sobretudo em Luanda, e tudo isso traduz-se também no aumento do sentimento de insegurança por parte da população.

De um ponto de vista qualitativo a criminalidade verificada divide-se em dois grandes grupos: a pequena criminalidade e a criminalidade violenta, que importa o uso de armas e reforça esse sentimento de insegurança já referenciado.

A PNA reconhece publicamente que a situação face à criminalidade violenta tem contornos de alguma gravidade mas garante que tem desenvolvido vários esforços no sentido de colmatar o problema.

Associada a esta tendência de crescimento da criminalidade violenta, verifica-se um incremento da atividade criminal grupal, onde os jovens vão assumindo cada vez mais posições, e onde se recorre frequentemente às armas de fogo e de calibre de guerra o que dificulta a tarefa da PNA, mesmo que esta tenha reforçado a sua permanência constante na via pública.

Para além disso, em Angola ainda existem milhões de minas de guerra o que constitui, igualmente, um fator de insegurança de enorme gravidade. Existem indicadores, que apontam para a existência de 3.000 comunidades, distribuídas por todas as Províncias de Angola, diretamente afetadas pela existência de tal armamento, o que corresponde a aproximadamente 2.000.000 de habitantes sujeitos a potenciais deflagrações.

Apesar de tudo e por comparação à restante realidade africana, Angola apresenta um modelo de segurança interno que oferece várias garantias de eficácia. No entanto, a elevada extensão territorial do país, as dicotomias existentes entre o litoral e o interior a lentidão do processo de integração dos desmobilizados de guerra, potenciam o aparecimento de pequenos grupos organizados, suscetíveis de integrarem redes transnacionais do crime.

No documento Tese Mónica Santos (páginas 143-146)