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importante, quando adequada, como barreira protetora às infecções. De acordo com Greenhoff e Kenney (1975), a comissura dorsal da vulva não deve estar a mais de 4 cm acima do assoalho da pélvis, pois pode predispor a vulva a assumir posição mais horizontal, favorecendo a ocorrência de pneumovagina.

Pascoe (1979), dando ênfase à extensão e ao ângulo de inclinação da vulva e sua relação com a fertilidade na égua, promoveu uma forma fácil de mensuração dessa relação, o “Índice de Caslick” (IC) que, em conjunto com a avaliação clínica do animal, fornece uma base mais científica para o uso da técnica cirúrgica proposta por Caslick (1937). Em seus resultados não foi encontrada relação entre a extensão total da vulva e fertilidade, embora a extensão projetada acima do assoalho pélvico aumentasse significativamente com o avançar da idade do animal (p<0,01), sendo que para éguas de três, 10 e de 20 anos de idade houve aumento da proporção de animais com essa extensão maior do que 4 cm (14%, 54% e 79%, respectivamente).

Reafirmando a necessidade de uma boa conformação do trato reprodutivo, Kossin (1996) obteve em seu estudo taxas de nascimento de 54,4% para éguas de fertilidade normal e sem alterações ao exame clínico, de 46,4% para éguas com conformação vulvar ruim e de 22,2% para éguas com endometrite.

Apesar de mudanças degenerativas estarem comprovadamente presentes em éguas de idade avançada, a fertilidade está reduzida antes mesmo da entrada do embrião no útero. Portanto, as patologias uterinas não parecem ser a razão primária para a baixa fertilidade em éguas velhas, sendo os oócitos defeituosos os principais responsáveis pelas perdas embrionárias (Carnevale e Ginther, 1994).

Em um estudo de Brinsko et al. (1995), verificou-se que oócitos de éguas com idade acima de 15 anos poderiam requerer um maior tempo de maturação in vitro para se desenvolverem e chegarem à metáfase II; já os de éguas mais jovens, abaixo de 15 anos, apresentaram desenvolvimento até esta fase quatro vezes mais rápido que o observado em éguas mais velhas. Concluiu-se que este atraso

na maturação meiótica poderia contribuir para uma maior taxa de perdas embrionárias, em éguas de idade avançada.

A habilidade para alcançar o estágio de blastocisto não dependeu da idade da égua, no entanto, os blastocistos provenientes de oócitos de fêmeas mais velhas foram inferiores aos obtidos de éguas jovens, no que se refere à qualidade visual, ao número de células e ao diâmetro, no sétimo dia de cultura. A taxa de fertilização e o número de embriões/número de ovulações foram superiores (p<0,01) em éguas jovens de 2-7 anos de idade em relação às de 17- 24 anos de idade. Os resultados do experimento indicaram que a alta taxa de mortalidade embrionária em éguas velhas, de baixa fertilidade, parece ser inerente aos defeitos no desenvolvimento embrionário (Brinsko et al., 1994). Este estudo está de acordo com Woods (1989), que relatou uma menor sobrevivência embrionária para os embriões de éguas de baixa fertilidade em relação às de fertilidade normal, quando transferidos para doadoras de boa fertilidade mostrando, novamente, estar o problema primário no embrião.

Em um estudo, conduzido por Aguilar et al. (2002), avaliaram-se oócitos oriundos de peças de matadouro das fêmeas recém ovuladas e abatidas, divididos quanto à origem em dois grupos etários: éguas jovens (3-8 anos de idade) ou de éguas de idade mais avançada (acima de 15 anos de idade). Neste estudo, não houve diferenças quanto às fases de desenvolvimento dos oócitos (metáfase I e II), nem na sua taxa de recuperação entre os grupos. No entanto, houve uma tendência de maior fragmentação das estruturas coletadas de éguas acima de 15 anos (46,7%) em relação às de éguas mais jovens (19,0%), sugerindo, assim, ovulação de maior número de estruturas defeituosas em éguas de idade avançada.

Para Rambags et al. (2006), no que se refere às organelas, o decréscimo da qualidade mitocondrial pode influenciar negativamente o desenvolvimento do oócito, contribuindo, assim, para a redução da fertilidade em éguas de idade avançada. Oócitos de éguas, obtidos de peças de matadouro, foram cultivados e apresentaram maior número de lesões mitocondriais no grupo de éguas mais velhas, de 12 ou mais anos de idade, em relação ao grupo de éguas mais jovens.

As éguas parecem ser um bom modelo para o estudo da reprodução feminina humana, visto que passam por transformações semelhantes com o envelhecimento, são monovulares e apresentam uma longa fase folicular. As falhas no crescimento folicular em éguas e mulheres idosas devem ser causadas, provavelmente, por uma depleção de folículos primordiais nos ovários, visto que as células gaméticas ficam paralisadas na fase de meiose desde o nascimento, sujeitas ao envelhecimento nas éguas por duas a três décadas e, em mulheres, por três a quatro décadas (Carnevale, 2008).

Assim, em um programa de transferência de embriões utilizando éguas doadoras da raça Mangalarga, inseminadas com 500 milhões de espermatozóides móveis, obteve-se uma menor taxa de recuperação embrionária nas éguas acima de 18 anos (p<0,02), quando comparadas às de menos de três anos e às de três a 18 anos de idade (24,1% vs 85% e 64,4%, respectivamente). Tal observação evidencia função ovariana mais intensa e melhor, no que se refere ao desenvolvimento dos oócitos, em éguas jovens (Fleury et al., 1989).

Em relação ao desempenho reprodutivo, Jordão e Gouveia (1950) estudaram o assunto no período de 1909 a 1945 e demonstraram uma baixa taxa de concepção para fêmeas de três anos (25%), que se elevou até os sete anos, tornando-se estável para éguas de oito e nove anos (55%- 60%), para então declinar, gradativamente. As matrizes com mais de 20 anos de idade apresentaram baixa fertilidade (chegando a menos de 20%) e as de 24-26 anos, não produziram nenhum potro.

McDowell et al. (1992) trabalharam em duas estações reprodutivas com éguas PSI de um a 30 anos de idade, e observaram uma redução do percentual de potros nascidos, acompanhando o envelhecimento das éguas (p<0,0001). A percentagem de potros nascidos estabilizou-se, sendo mais elevada, dos três aos 10 anos de idade, declinando a partir daí. De 32 éguas com 27 anos, apenas uma produziu um potro, e nenhuma égua, de um total de 28 fêmeas entre 28 e 30 anos de idade, produziu cria.

Buiten et al. (2003) observaram uma queda de fertilidade em éguas a partir de 12 anos de idade, sendo que apresentaram índices de não retorno,

aos 28 dias, inferiores quando comparados com os de éguas mais jovens.

Mattos et al. (1991) verificaram ser a taxa de gestação inversamente proporcional à idade da égua. Assim, para as fêmeas com menos de 8 anos, entre 9 e 12 anos, e acima de 13 anos, as taxas de concepção foram de 44,8%, 42% e de 34,3%, respectivamente.

O aumento da idade esteve associado à redução das taxas de gestação em um trabalho realizado por Woods et al. (1987). Neste estudo, a fertilidade manteve-se estável dos 2 aos 13 anos, declinando a partir dos 14 anos. As taxas de gestação e as perdas gestacionais foram de 56% e 12%; de 55% e 14%, de 60% e 9%; de 51% e 14%; de 45% e 24% e de 33% e 33% para as idades de 2-5; 6-9; 10-13; 14-17; 18-21 e acima de 21 anos de idade, respectivamente.

Éguas com 3-8 anos, segundo Morris e Allen (2002), produziram maior número de potros nascidos (86,6%) em relação às éguas mais velhas, de 14-18 anos. Já a taxa de perda gestacional foi menor para o grupo de 3-8 anos, sendo superior nas éguas mais velhas. Os grupos de 3-8 e de 9-13 anos, apresentaram menor número de ciclos utilizando tratamentos uterinos em relação aos grupos de 14-18 e com mais de 18 anos de idade. Como não foram observadas diferenças entre as categorias (potras, éguas solteiras e paridas) no que se refere às perdas gestacionais, este estudo suporta a conclusão de Ricketts e Alonso (1991), de que a idade, mais do que a ordem de parto, influencia a condição do endométrio.

Camillo et al. (1997) relataram também diferenças estatísticas para alguns parâmetros de fertilidade entre fêmeas de diferentes idades. Assim, para éguas acima de 15 anos a taxa de prenhez/ciclo foi de 55,5% e inferior às de éguas mais novas do que cinco anos (82,7%), às de 6 a 9 anos de idade (74,3%) e às éguas de 10 a 14 anos de idade (71,2%).

Em trabalho realizado por Chevalier-Clément (1989), vários fatores estiveram relacionados às maiores taxas de perdas gestacionais, merecendo ênfase a aparência anormal do concepto, cistos endometriais, avanço da idade e ordem de parto, concepção no cio do potro e ocorrência de gêmeos. Por outro lado, foram relatados alguns fatores não relacionados a essas perdas, como a

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