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período de transição, ou seja, no período de baixa luminosidade (Ginther et al., 1994; LeBlanc, 2005).

Apesar de não ocorrer o bloqueio reprodutivo em fêmeas eqüinas lactantes, o período lactacional parece ser prejudicial à fertilidade, principalmente, no que se refere ao maior número de reabsorções embrionárias no cio do potro (17%) em relação ao segundo cio pós-parto e cios subseqüentes (11% e 7%), e às éguas solteiras (2%), segundo Merkt (1966). Este estudo está de acordo com um resultado de cinco anos, obtidos por Merkt e Gunzel (1979), que observaram taxas de morte embrionária superiores para éguas lactantes (9,41%), em relação às vazias (2,83%) e às potras (0,70%). Das éguas lactantes que reabsorveram, a maior percentagem (74,8%) foi composta por éguas cobertas no cio do potro (38,6%) e no cio subseqüente (36,2%).

Alguns estudos demonstram serem os índices de fertilidade superiores quando as concepções ocorrem após o 10° dia pós-parto, no “cio do potro”, devido ao tempo necessário de 14 dias para reparação do endométrio uterino (McKinnon e Voss, 1993; Blanchard et al., 2003; Volkmann, 2006).

El-Wishy et al. (1990), trabalhando com éguas árabes em regime de monta natural, observaram taxa de nascimento de 33% para as éguas cobertas nos primeiros oito dias pós-parto, inferior em 11% (p<0,05) à das cobertas acima de nove dias pós-parto. Além disso, observou-se uma taxa de perda gestacional de 4,3%, presente somente naquelas éguas cobertas nos primeiros 10 dias pós-parto. Mattos et al. (1991) obtiveram resultados similares em seus estudos. Assim, taxas de gestação superiores ocorreram nas éguas com maior intervalo parto-ovulação, sendo os valores de 35% para ovulações até o 10° dia pós- parto, de 42% para ovulações entre o 11° e o 14° dia pós-parto e de 50% para ovulações ocorrendo após o 15° dia do parto. Também Kurtz Filho et al. (1996) encontraram superioridade para os ciclos subseqüentes ao cio do potro, com índices de concepção para éguas no 1° (“cio do potro”), 2°, 3° e 4° cio pós-parto, de 35,1%; 51,7%; 42,3% e 30,3%, respectivamente. Ainda, observaram diferenças significativas (p<0,05)

entre o 2°cio pós-parto, comparativamente ao 1° e ao 4° cios, que não diferiram entre si.

Morris e Allen (2002) não observaram diferenças significativas quanto às taxas de concepção, entre as éguas cobertas no “cio do potro” (57,6%) e no estro subseqüente (65,9%), sendo o diagnóstico de gestação realizado 15 dias pós- ovulação. No entanto, quando cobertas no segundo ciclo pós-parto, observaram-se taxas de gestação superiores às dos próximos ciclos (65,9% vs 58,5%). Vale salientar, entretanto, que devido às perdas gestacionais, as taxas de potros nascidos vivos foram de 45,2% para o “cio do potro”, 52,1% para o segundo cio pós-parto e de 67,5% para os cios subseqüentes, sendo a última superior às demais. Quanto ao número de montas/ciclo e taxas de concepção/ciclo e perdas embrionárias, respectivamente, foram de 1,12; 61,2% e 3,8% para as potras, de 1,12; 55,3% e 8,2% para as éguas solteiras e de 1,13; 61,4% e 12,4% para as éguas paridas. Apenas os dados referentes às perdas das éguas paridas diferiram entre as categorias estudadas.

Para Chevalier-Clément (1989) a categoria reprodutiva não influenciou as taxas de reabsorção embrionária, que foram de 4,5%, 5,4%, 4,4% e de 7,5% para potras, éguas vazias, paridas e no “cio do potro”, respectivamente. Em contraste, a taxa de perda gestacional foi influenciada pela categoria reprodutiva, com as éguas no “cio do potro” respondendo pela maior ocorrência (11,1%; p<0,001) em relação às potras, éguas vazias e éguas paridas (4,9%, 5,4%, 7,6%, respectivamente).

Os dados do acompanhamento de éguas PSI e Standardbred, analisados por McKinnon (2007), nos anos de 1994-1995, demonstraram que a fertilidade no “cio do potro”, para fêmeas PSI, não diferiu do resto da população da mesma raça (64,5% vs 70,6%); no entanto, a taxa de gestação/ciclo das fêmeas Standardbred foi inferior no “cio do potro”, em relação aos demais ciclos (53,7% vs 67,7%; p<0,0001). A maior atuação do veterinário nas propriedades de PSI pode ser um dos fatores a ter contribuído para as diferenças de fertilidade observadas entre as raças, como relatado pelo autor.

Não tem sido demonstradas diferenças entre a fertilidade no “cio do potro” e em cios subseqüentes (Almeida et al., 1995). Em seu

estudo, não houve diferença estatística entre a taxa de concepção e a de perda embrionária (60,0%; 16,6%), respectivamente, para éguas cobertas no “cio do potro” até o 18° dia pós- parto (grupo controle), e éguas paridas, tratadas com prostaglandina F-2 alfa (52,3%; 27,2%), progesterona injetável (66,6%; 11,1%) ou oral (75,0%; 11,1%).

Também Loy (1982), em um estudo de três anos, observou taxas de concepção e de perdas gestacionais similares entre éguas cobertas no “cio do potro” (84,1%; 12,7%) ou no segundo ciclo pós-parto (88,6%; 11,4%).

O intervalo entre o parto e a ovulação, segundo Loy et al. (1982), foi superior (p<0,01) para as éguas tratadas com progestágeno e estradiol (15,6 dias), em relação às éguas apresentando “cio do potro” natural (10,3 dias). No entanto, o tratamento levando ao atraso da ovulação não implicou em melhora na taxa de concepção ao primeiro serviço (58,5%), em relação à cobrição no “cio do potro” (53%). Sendo assim, este estudo está de acordo com Loy (1982) em que a diminuição do intervalo parto-concepção (período de serviço) é uma clara vantagem da utilização do “cio do potro” em relação aos demais ciclos pós-parto (25,3 dias vs 43,8 dias).

Segundo Reiner et al. (1988), desde que o parto não tenha complicações e que a égua esteja sadia, é vantajoso utilizar a cobrição de éguas no “cio do potro”, visto que se poupa tempo, além de se evitar que as fêmeas possam entrar em anestro. Seus resultados, para taxa de gestação e morte embrionária precoce em 1982, foram de 54% e 12,2%; em 1983 de 48% e 7,1%; em 1984 de 37% e 26,3%; em 1985 de 47% e 13,5% e em 1986 de 51% e 8,5%, respectivamente.

Alguns trabalhos demonstraram maior similaridade no que se refere ao desempenho reprodutivo, quando compararam diferentes categorias reprodutivas. Assim, Blanchard et al. (2004) observaram efeito do macho, da idade da égua, do método de reprodução (taxa de gestação de 66% para éguas em monta natural x 83% para éguas em IA), do tratamento uterino (menor naquelas éguas tratadas com oxitocina e irrigação uterina) e na fertilidade das éguas no “cio do potro”. Neste estudo, não observaram diferença significativa, quanto à diferentes parâmetros reprodutivos entre as éguas cobertas no “cio do

potro” (taxa de gestação - 72%; número de ciclos/gestação - 1,28; perdas gestacionais - 11,6%) e as éguas cobertas no pós-parto, porém em um estro tardio (taxa de gestação - 76%; número de ciclos/gestação - 1,22; perdas gestacionais - 9,0%).

Em um trabalho realizado por Mattos et al. (1996), observou-se, com o uso da monta natural e IA com sêmen a fresco, taxas de gestação de 63,6% e 71,4%; de 52,9% e 92,8%; e de 71,7% e 79,2%, para éguas virgens, éguas falhadas e lactantes, respectivamente, encontrando-se diferenças entre as técnicas utilizadas, apenas na categoria de éguas falhadas (p<0,05). Para éguas no “cio do potro” a taxa de gestação também foi superior quando do uso da inseminação, em relação à monta natural (79,2% vs 54,5%, respectivamente).

A eficiência reprodutiva de 1255 éguas PSI, segundo Fernandes et al. (1995), foi avaliada durante cinco temporadas reprodutivas. As taxas de gestação e as de gestação/ciclo, respectivamente, não diferiram (p>0,05) entre as diferentes categorias: lactantes (80% e 52%), éguas solteiras (84% e 49%) e potras (85% e 49%). No entanto, a taxa de reabsorção embrionária para a categoria lactante foi maior (6,2%) no primeiro ciclo (“cio do potro”), em relação às demais (2,8% para as solteiras e 0% para as potras). Em cinco ciclos, verificou-se declínio significativo da taxa de gestação (p<0,01) a partir do terceiro ciclo (50%; 43%; 28%; 16% e 1%), sem que houvesse diferença (p>0,05) entre as categorias.

Camillo et al. (1997) inseminaram éguas no “cio do potro”, com sêmen a fresco diluído, em diluidor a base de leite desnatado, obtendo uma taxa de gestação ao primeiro ciclo, taxa de gestação/ciclo e número de ciclos/concepção, respectivamente de 71,9%, 69,3% e 1,4, similares aos das éguas inseminadas pela primeira vez no segundo cio pós-parto (84,6%, 76,5% e 1,3) e àquelas não lactantes (77,8%, 73,2% e 1,4).

2.2.4. Efeito da Idade da Égua

Na espécie eqüina, diferentemente de outras espécies criadas para abate precoce, muitas vezes, os animais são selecionados pelo seu potencial atlético nas pistas, mantendo-os por

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