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1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA INTEGRAÇÃO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA

3.5 A APROVAÇÃO DO PACOTE CLIMA/ENERGIA NO CONSELHO

O Conselho aprovou o Pacote Clima/Energia em reunião realizada em 12 de dezembro de 2008. A reunião foi liderada pelo presidente francês a época, Nicolas Sarkozy.186                                                                                                                

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COUNCIL OF THE EUROPEAN UNION. Council adopts climate-energy legislative package. Disponível em:

Em Gdanzk, Polônia, no dia seis de dezembro, uma semana antes da reunião do Conselho, Sarkozy reuniu-se com os chefes de governo de países do Leste Europeu (Polônia, República Tcheca, Eslovênia, Bulgária, Eslováquia, Romênia, Estônia, Lituânia e Letônia) para tentar chegar a um acordo, uma vez que esses países são extremamente dependentes de combustíveis fósseis e solicitavam recursos oriundos do comércio de licença de emissões de CO2 e maior flexibilidade do EU-ETS para que a suas economias não entrassem em

colapso.187 Houve também a necessidade de negociar com a Alemanha a revisão do EU-ETS, pois a Chanceler Angela Merkel sofria pressões internas do setor industrial (aço, química e cimento), que objetivavam continuar recebendo as licenças de emissão de forma gratuita, ao invés do sistema de leilão conforme proposto pela Comissão.188

Na ocasião da aprovação definitiva, estiveram presentes os ministros de Justiça e Assuntos Internos dos Estados-membros. A reunião foi liderada pelos ministros da Justiça e dos Assuntos Internos da República Tcheca, respectivamente Jiri Pospisil e Ivan langer. O texto aprovado abarca os seis relatórios aprovados pelo Parlamento, apresentados a seguir.

3.5.1 Armazenagem geológica de dióxido de carbono

O texto aprovado pelo Conselho prevê que a definição de captura e de armazenamento de dióxido de carbono fica a critério dos Estados membros. O objetivo da diretiva é regulamentar tais atividades para aqueles Estados-membros que optarem pela captura e armazenamento de dióxido de carbono.

A Comissão ficará responsável por rever as autorizações de abertura, fechamento e operação concedidos pelas autoridades nacionais, com o objetivo de manter um padrão de segurança europeu. Os Estados-membros ficam obrigados a internalizar a diretiva para o ordenamento nacional em no máximo dois anos da sua publicação.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          http://europa.eu/rapid/press-release_PRES-09-77_en.htm. Acesso em: 16 de janeiro de 2017.

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LE MONDE. Plan climat: pas d'accord, mais des progrès. Disponível em:

http://www.lemonde.fr/planete/article/2008/12/06/plan-climat-pas-d-accord-mais-des- progres_1127922_3244.html. Acesso em: 16 jan. 2017.

188

LE MONDE. Plan climat : Paris et Berlin d'accord pour l'adopter à Bruxelles. Disponível em:

http://www.lemonde.fr/planete/article/2008/12/07/plan-climat-paris-et-berlin-d-accord-pour-l-adopter-a- bruxelles_1128055_3244.html. Acesso em: 16 jan. 2017.

3.5.2 Esforço coletivo de redução das emissões de gases com efeito estufa

O Coselho aprovou a decisão de estabelecer um esforço coletivo que estabelece metas vinculantes para setores que não estão contemplados no EU-ETS. Fica estabelecido a meta de redução de 20% das emissões até 2020.

O documento prevê um mecanismo de solidariedade entre os Estados-membros. Esse mecanismo permite que Estados com baixo Produto Interno Bruto (PIB) e com potencial de crescimento econômico possam aumentar as emissões em 20% e que aqueles Estados- membros com alto índice de renda per capita deverão cortar as emissões em até 15%.

Além disso, a Diretiva, objetivando tornar a redução de emissões economicamente atrativa e eficiente, prevê uma série de mecanismos flexíveis que permitem a comercialização das reduções de emissão entre os Estados-membros e entre Estados membros e não membros da UE, como, por exemplo, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A decisão passou a vigorar após a data de sua publicação.

4.5.3 Energia produzida a partir de fontes renováveis

A Diretiva que promove a utilização das energias provenientes de fontes renováveis estabeleceu a meta de 20% de inserção das energias renováveis na matriz energética da UE até 2020. Previa, no setor de transportes, um acréscimo de 10% até 2020. O texto também determinava metas nacionais de inserção das renováveis, uma vez que há uma enorme discrepância dos pontos de partida dos Estados-membros. Para isso, os Estados-membros ficaram obrigados a adotar um Plano Quadro que visasse alcançar as metas nacionais, e a apresentar para Comissão até junho de 2010.

Além disso, a diretiva estabelece regras para levantamento de dados estatísticos, para elaboração de projetos conjuntos tanto entre Estados da UE quanto extra-bloco, para certificados de origem, para treinamento e formação, para acesso à rede de energia. Por fim, o texto determina critérios de sustentabilidade para biocombustíveis para que estes se enquadrem como energia proveniente de fontes renováveis.

Os Estados-membros ficam obrigados a internalizarem a Diretiva em até 18 meses a contar da data da publicação.

3.5.4 Normas sobre as emissões de automóveis novos de passageiros

O regulamento estabelece normas e metas vinculantes com inuito de reduzir os níveis de emissões de CO2 provenientes dos automóveis de passageiros. O texto prevê a redução de

130g de CO2/Km mediante avanço da tecnologia dos motores, e uma redução adcional de 10g

de CO2/Km mediante tecnologias incorporadas aos veículos mais eficientes.

O regulamento determina metas vinculantes e progressivas para os fabricantes de automóveis. A produção de automóveis deverá obedecer as seguintes metas:

a) 2012 – 65%; b) 2013 – 75%; c) 2014 – 85%; d) 2015 – 100%

O Conselho e o Parlamento também acordaram uma redução futura de 95 gramas de CO2/Km até 2020, tendo 2013 como ano-base. O objetivo é encorajar os investimentos e

garantir uma previsibilidade para indústria automobilística.

O texto prevê sanções, a partir de 2012, que levam em conta carro registrado e grama de emissão excedente. Desta forma os produtores deverão pagar 5 euros por carro registrado que exceda 1 grama de emissão, 15 euros em caso de 2 gramas de emissão excedentes, 25 euros em caso de 3 gramas excedentes. Caso excedam as 3 gramas de emissão, o pagamento 95 euros. A partir de 2019, independente do excedente, a multa foi fixada em 95 euros. O regulamento passa a vigorar após a sua publicação.

3.5.5 Redução de gases com efeito estufa

O Conselho adotou também a diretiva que visa melhorar a qualidade do ar, estabelecendo novos critérios para os combustíveis. Essa diretiva determina que os distribuidores de combustíveis reduzam em 6% a emissão de gases de efeito estufa em toda a sua cadeia produtiva. Fica a cargo dos Estados-membros estabelecerem uma redução de 4% das companhias que produzam combustíveis. Tal meta deverá ser atingida por meio de veículos elétricos, créditos de carbono, ou outras tecnologias ecossustentáveis.

O texto determina, também, uma mistura de etanol no petróleo de 10%, a partir de 2011. Os critérios que estabelecem o padrão de qualidade ambiental dos combustíveis passam a valer a partir de 2011 e os Estados-membros devem internalizar a diretiva a partir de 2010.

3.5.6 Revisão do comércio de licenças de emissão de gases com efeito estufa

A Diretiva que revisa o Comércio de Licenças de de Emissão de Gases com Efeito Estufa prevê que os leilões serão um mecanismo de comercializar as unidades de emissão de emissão. Fica estabelecida a seguinte progressão para as empresas eletrointensivas: a partir de 2013, 20% das licencas serão comercializadas; em 2020 o percentual sobe para 70% e, em 2027, para 100%.

As companhias geradoras de energia serão obrigadas a comprar suas permissões de emissão nos leilões. Ficam isentos da obrigação Bulgária, Chipre, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e Romênia, por não possuírem interconexão suficiente com a rede elétrica de distribuição europeia e por serem altamente dependetes da importação de combustíveis fósseis. Os Estados-membros supracitados também receberam 12% a mais de créditos de emissão para que possam comercializá-los e investir em novas tecnologias de geração e distribuição de energia. A aplicação dos lucros provenientes do comércio de licenças de emissão de carbono fica a critério dos Estados membros.

Caso não fosse alcançado um acordo climático em Copenhague (COP-15)189, o Conselho introduziria um dispositivo que possibilitaria que os leilões fossem obrigatórios aos setores que não estão expostos à fuga de carbono190. A lista dos setores excluídos dos leilões seria publicada até 31 de dezembro de 2009.

Em contrapartida, caso fosse alcançado um acordo em Copenhague, também seriam incluídos dispositivos que permitssem uma adaptação que possibilite a redução além dos 20% estabelecidos como meta para 2020.

Os Estados membros ficam obrigados a internalizar a diretiva até de 31 de dezembro de 2012 e as novas regras do Comércio de Licenças de Emissão de Carbono passam a valer a partir de 1o de janeiro de 2013.