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A AREA AFETADA, O LOTEAMENTO NA BACIA DO CAPIVARA

Figura 14- Mostra em perspectiva: a área afetada pelos produtos químicos despejados; Fonte: CETREL, (2006b)

O desastre provocado pelo derramamento dos produtos tóxicos, no loteamento Parque Real Serra Verde afetou totalmente a comunidade ali residente destacando as vulnerabilidades ali existentes (vulnerabilidades físicas, ambientais, institucionais e outras).

As ações desenvolvidas pelos órgãos controladores do espaço urbano levaram a população ao impasse de, ou vive-se com uma situação de total abandono, sem o saneamento básico e ambiental como os de abastecimento de água (as cacimbas e poços foram vedados), esgoto (que já não existia), coleta do lixo e controle dos vetores sanitários e epidemiológicos (confirmado através pesquisa sua inexistência80) além do monitoramento das águas superficiais (atualmente encontram-se inertes no IMA as providências para a descontaminação e monitoramento do local esperando continuidade do processo para recuperação ambiental); Ou encontra-se individualmente soluções outras como as de abandono, ou transferência da moradia deste local para outro, acrescido do processo inverso que é o da ocupação informal ali existente (confirmado pela fiscalização dos responsáveis por esta administração) aumentando o risco eminente de contaminação, e problemas daí derivados

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como os relativos à de saúde desses “novos” habitantes, especialmente os mais necessitados economicamente, que invadindo os terrenos de propriedade privada que se encontram abandonadas ou em processos judiciais e as terras públicas destinadas a implantação de equipamentos.

A esse respeito é interessante a valorização e desvalorização deste local (a contaminação dessas terras diminui seu valor aquisitivo e disponibilidade de moradia) como ponto central na sua aquisição , elementos que se encontram no cerne do processo de especulação imobiliária, e que já geram batalhas judiciais e processos de expulsão e apropriação não devida e até processos mal intencionados como os noticiados em “blog” como os de venda indevida atualmente dessas terras “desastradas”81. (RODRIGO, 2009)

A ocupação da área afetada aumenta dia a dia caracterizada por uma ocupação sem ordenamento incidindo numa progressão dos problemas aqui discutidos e analisados.

Segundo relato de funcionários da PMC, a área do loteamento Serra Verde, equivalente a área afetada pelo desastre químico, era no ano de 1964 (44 anos atrás), uma fazenda agropecuária de propriedade privada em que seu proprietário desmembrou em lotes destinado a moradias residenciais, com lotes equivalentes. Seus primeiros ocupantes eram pessoas de média renda, e tinham as ocupações de subsistência e destinação agrícola e pecuária, criando pequenos animais como porcos, galinhas, e outros animais de pequeno porte segundo apurado em pesquisa com os antigos moradores.

Este processo de ocupação foi mudado progressivamente tendo hoje uma característica mais voltada à utilização comercial com exploração de empreendimentos mistos de habitações ordenadas como a construção de condomínios, e outros tipos, e prevalecendo também a construção de galpões e construções destinadas a utilização semi industrial.

Concomitante à esta ocupação descrita, acontece uma outra que consiste na invasão dos terrenos abandonados por seus proprietários ou os de natureza publica destinado aos equipamento locais para regularização dos índices urbanísticos necessários à época.

Conforme pode ver em Sobral ( 2008), existiu uma defasagem muito grande de planos diretores municipais e regionais que regulassem a ocupação desta área de Camaçari, entre 83 e 2001 quando houve a confecção do 1º PDDU foram quase 20 anos!, 18 anos para ser mais exato. Esta defasagem foi fundamental para o arranjo sócio espacial da área enfocada

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de Camaçari, acrescido do fato influenciador que foi a falta da verdadeira participaçãp popular só ocorrida com o PDDU de 2008

Quadro3 Reconstituição dos planos municipais de ordenamento do solo urbano em Camaçari-Ba,SOBRAL (2008)

Assim todos os planos que envolveram o planejamento desta região ficam todas prejudicadas. Coincide com esta fase a implantação definitiva e asfaltamento da via cascalheira, local previsto ao desenvolvimento de zona comercial e de serviços servindo como ponto de apoio ao “continun metropolitano” formado por Salvador e adjacências como pode ser visto em mapa elaborado em Sobral (2008) mostrando uma das tendências de ocupação estudada deste segmento urbano.

“Descortina-se um cenário complexo de uma nova cidade do Litoral Norte do Estado da Bahia, com uma nova territorialidade – um contínuo metropolitano, linear, globalizado, competitivo, compartimentado, plurifuncional, complexo e sustentável.” (SOBRAL 2008, Cap. 3p125)

Figura 15 Comercio e serviços, em destaque a via Cascalheira, Fonte:(Sobral 2008)

A falta de uma organização dos moradores locais incentiva o descaso no atendimento aos serviços essenciais de saneamento e saúde publica, sendo, portanto outra vulnerabilidade também identificada nesta área em estudo, no caso comentado uma vulnerabilidade Social de cunho organizativo aí existente. Hoje, por força dos acontecimentos deste desastre químico, o saldo positivo de cunho organizativo, foi o agrupamento dos moradores locais em torno da associação de vitimas do desastre da cascalheira (como se autodenominam), confundindo-se com a associação dos moradores local, e que permite um poder maior de luta a essas pessoas que ali residem a alcançar melhorias na sua qualidade de vida e ambiental, exemplo são as atuais manifestações para o atendimento as suas reivindicações para solução do problema gerado pelo descarte de produtos químicos.

Na fase de resposta aos desastres, a defesa civil com objetivo principal de redução dos desastres atua sobre os componentes das ameaças e vulnerabilidade e divide essas ações em 2 segmentos realizando a consecução de medidas não estruturais e medidas estruturais.

Neste caso relatado para as medidas não estruturais e estruturais é possivel apontar algumas medidas necessárias a serem tomadas pelo poder público local:

-Abastecimento de água através da implantação da rede de abastecimento publica existente em Camaçari de forma a garantir o fornecimento de água potável ao local.

-Descontaminação urgente do solo contaminado

- Delimitação explicita da área contaminada com placas de sinalização da area contaminada dando indicações da condição ambiental existente (com alertas explicita de área e lotes contaminados, tipo e características da contaminação, e população afetada)

- Registro no cadastro nacional de zonas contaminadas (Como prevê o P2R2)

- Negociação da Prefeitura com os proprietários da área afetada para aquisição dos imóveis sob influencia de contaminação e destinação da área para utilização futura em atividades compatíveis a situação existente em relação à contaminação local e os Pop’s existentes. Uma sugestão é que esta área impactada, após tratamento adequado quanto aos riscos desta área contaminada seja transformada em um parque destinado a lazer da população do município (faltam terras públicas, especialmente próximas a sede urbana para implantação de equipamentos e empreendimentos públicos para o município) e construção de equipamentos sociais locais.