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2.2. DESASTRES TECNOLÓGICOS E TOXICIDADE

2.2.3 A TOXIDADE DOS PRODUTOS QUIMICOS PERIGOSOS

A toxidade dos produtos perigosos tem como já dita anteriormente um alto poder nocivo à saúde humana. “Na União Européia, para a maioria dos produtos químicos utilizados, não há ainda estudos de avaliação de risco padronizados. Já nos Estados Unidos, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA), em 1998, “apenas 7% das 3.000 substâncias químicas utilizadas no país possuíam estudos básicos de toxicidade” (BROWN, 2003).

Pode ser cancerígeno quando não demonstra efeitos imediatos sendo, portanto necessário acompanhamento e monitoramento de seus efeitos. Algumas considerações contidas nos manuais expedidos pela secretaria de saúde do estado de São Paulo referente á toxidade desses materiais de natureza perigosa.

Atuam como venenos e um elevado potencial de toxicidade geral para o homem e para os animais e plantas úteis e podem desencadear quadros de intoxicações exógenas: Agudas, algumas das quais rapidamente fatais; crônicas e de evolução progressiva. [...] “Na formulação dos pesticidas, também os solventes devem ser considerados como potencialmente tóxicos e perigosos” (MI 2004).

No Brasil, o registro de um agrotóxico passa minimamente por três órgãos reguladores: o Ministério da Saúde, mediante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que faz a avaliação toxicológica da substância para humanos; pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que avalia a eficácia agronômica ou veterinária; e o Ministério do Meio Ambiente, através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) que avalia os efeitos ecotóxicos e a poluição ambiental (GRISOLIA, 2005).

[...] processo de registro de agrotóxico no Brasil apontando a emissão dos relatórios técnicos da ANVISA e IBAMA para que o MAPA libere ou não o registro dos produtos. A ANVISA solicita os testes toxicológicos: DL 50 para a toxicidade aguda, dérmica, inalatória e ocular; teste de irritação e sensibilização cutânea; toxicidade dérmica 21/28 dias; toxicidade de curto prazo (duas espécies de animais, uma das quais, não roedora); toxicidade de longo prazo; potencial carcinogênico; efeito sobre reprodução e prole (em 3 gerações sucessivas); efeitos teratogênicos,

mutagênicos e neurotoxicidade retardada; testes de metabolismo e vias de excreção; meia vida biológica em animais de laboratório e a toxicidade dos metabólitos e ensaios sobre resíduos. (BEDOR, 2006, p39)

Há diversas técnicas de avaliação e gerenciamento de risco, que buscam estabelecer limites de exposição humana aos agrotóxicos. De modo geral, se baseiam na dose tóxica capaz de causar dano à saúde e estabelece-se um limite de referência. (CRA, 2004)

Estas técnicas se baseiam em geral na toxicologia e nos chamados limites de exposição, limites de tolerância e na DL 50. Para todos estes indicadores há uma questão crítica relacionada a inversão de complexidade, que coloca a saúde, que é complexa, subordinada a um valor da química que se baseia no cálculo da concentração (massa/ volume), (CRA, 2004).

Esta subordinação do mais complexo ao menos complexo leva a um processo de confusão na compreensão do indicador e condiciona a tomada de decisão no sentido da não proteção da saúde e não prevenção de riscos. (CRA, 2004)

Podem ser absorvidos pelo organismo humano, por intermédio de: Ingestão; Inalação; contato direto com a pele, conjuntivas, mucosas e semimucosas; Inoculação. (MI, 2004)

Nos estudos para a avaliação clinica da saúde dos afetados por produtos químicos, ou da toxidade do ambiente, estudos médicos e agronômicos dão uma boa indicação de seus procedimentos, especialmente os de natureza tóxica (provocados por POP’s7) e aos que estão ligadas aos problemas de câncer em humanos, assim temos que:

A associação entre exposição e agravo à saúde pode ser estudada: a) segundo estratégias experimentais (in vitro, in vivo, estudos com animais); b) quase experimentais (ensaios clínicos, estudos de caso) e c) epidemiológicas, em grupos populacionais.

Para o desenvolvimento desses estudos, em geral, são utilizadas pelo setor saúde quatro grupos de dados ou informações: 1 – Dados de poluentes ambientais em períodos de tempo, em áreas geográficas, nas quais vivem ou trabalham grupos populacionais onde ocorrem os agravos à saúde; 2 – Dados de exposição ambiental integrados com outros dados

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POP- Também designado por PQP Produto Quimico Persistente, é a substância ou produto químico que resiste aos processos naturais de depuração, como as reações oxidativas e outras relacionadas com a biodegradação e que , por esses motivos motivos tendem a se acumular no meio ambiente provocando , em longo prazo, graves prejuízos para a biosfera (MI, 2007)

que contenham informação de doenças em estudos de casos individuais, em geral clínicos; 3 – Dados de estudos descritivos de tendência seculares e de caráter ecológico; 4 – Dados de exposição ambiental em estudos epidemiológicos analíticos do tipo seccionais ou longitudinais; (BEDOR, 2006).

Tais estudos envolvem abordagens indiretas ou diretas utilizando respectivamente, indivíduos expostos ocupacionalmente através de atividades agrícolas, e trabalhadores com conhecida exposição a esses produtos.

Especialmente no caso do câncer, é mais difícil fazer a correlação de agravos à saúde com exposição a fatores de risco, principalmente pelo longo período necessário para a indução da neoplasia maligna e pelos problemas na obtenção de dados precisos sobre exposições anteriores a substâncias tóxicas BROUWER (1994) apud BEDOR (2006).

As técnicas utilizadas para as medidas ambientais de resíduos de agrotóxicos são realizadas na água, no solo, no ar e nos alimentos, em áreas produtivas ou distantes delas. Já as técnicas utilizadas para mensurar níveis de exposição humana são aquelas que utilizam bioindicadores de exposição e de efeito.

As bases de dados são organizadas, de modo geral, independentes e sem uma estratégia de articulação, dificultando o diálogo entre elas, sendo esta mais uma limitação para os estudos de correlação e associação. (SILVA I, 2007&BEDOR, 2006).

Os biomarcadores, categorizados em três tipos principais, têm sido utilizados nos estudos de carcinogenicidade (WÜNSCH FILHO; GATTÁS, 2001) são eles:

Os bioindicadores de exposição são medidas da concentração das substâncias, sangue, urina, plasma, ar expirado, e outros. Podem ser usados na avaliação da ligação entre a exposição externa e a quantificação de exposição interna em um indivíduo ou grupos expostos a uma substância química.

Os bioindicadores de suscetibilidade que indicam indivíduos mais ou menos propensos a desenvolver câncer quando expostos a substâncias cancerígenas. São aqueles que indicam alterações presentes em tumores;

Os bioindicadores de efeito são tardios e permitem avaliar o prognóstico da doença, uma vez que são utilizados para documentação das alterações pré - clínicas. (CRA 2004)

Segundo, (AMORIN, 2003 apud BEDOR, 2006) a ligação dos biomarcadores de exposição e efeito contribui para a relação da dose - resposta, refletindo a interação de

substâncias químicas com os receptores biológicos. Os ensaios biológicos “in vitro” e “in vivo” para avaliar o potencial carcinogênico de determinadas substâncias vêm sendo realizados mediante análise genotóxica e carcinogênica dos agrotóxicos, com identificação de efeitos decorrentes de mutações gênicas, cromossômicas, de lesões na estrutura bioquímica do DNA humano.

Estas alterações no DNA humano implicam na obrigação de acompanhamento por parte da população e do estado protegendo os atingidos. “No entanto, em países em desenvolvimento, essas análises são pouco disponíveis na rotina da vigilância da saúde de grupos humanos expostos a agrotóxicos, por insuficiência ou precariedade laboratorial e de pessoal qualificado” (GRISOLIA, 2005). Refletindo assim diretamente os poucos investimentos realizados na saúde.

A avaliação de risco de substâncias potencialmente cancerígenas, principalmente quando se trata de proteção a saúde e seguridade química, devem ser norteadas pelo Princípio da Precaução. (AUGUSTO; FREIRE, 1998 apud CRA 2004).

O Conselho da Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos, adota um processo de avaliação de risco com cinco etapas que culminam em estratégia de gerenciamentos dos riscos, para a redução ou eliminando dos efeitos adversos identificados (OLIVEIRA, 2005).

Trata-se de uma abordagem restrita a um modelo linear de causa – efeito com as seguintes etapas operacionais: 1) Identificação do perigo (Entende-se por perigo a propriedade inerente de uma fonte de risco potencialmente causadora de conseqüências ou efeitos adversos (OLIVEIRA, 2005); 2. Avaliação da dose-resposta; 3.Avaliação da Exposição Humana; 4.Caracterização dos riscos; 5.Programa de gerenciamento / Redução dos riscos.

Na abordagem dos desastres químicos e tecnológicos, mundialmente a identificação dos compostos e substâncias químicas é um problema que só agora encontra uma solução, através da criação de um programa de unificação de identificação de produtos químicos denominado GHS - Sistema Harmonizado Globalmente para a Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (ABIQUIN/DETEC, 2005) desenvolvido pela ONU em conjunto pelo Centro Internacional de Formação da Organização Internacional do Trabalho - OIT, Organização para a Cooperação Económica -OECD e a Comité das Nações Unidas de Peritos sobre o Transporte de Mercadorias Perigosas-UNCETDG.

No Brasil, segundo, Oliveira (2005), “as informações sobre o tema estão apresentadas de maneira truncada, dispersas e não atualizadas. A tomada de decisão fica dificultada em razão de no processo de avaliação de risco não haver, em geral, procedimentos padronizados para substâncias químicas”. Só agora otimizadas com a unificação realizada no âmbito do GHS.

No Brasil o GHS nasce como parte do Programa Nacional de Segurança Química- PRONASQ sendo desenvolvida pela Comissão Nacional de Segurança Química- CONASQ, acompanhada e participada pela Associação Brasileira da Indústria Química -ABIQUIM, e outros atores como os da Saúde, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial -INMETRO, Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos -ABIPHEC, Associação Brasileira dos Distribuidores de Produtos Químicos e Petroquímicos- ASSOCIQUIM, Sociedade Brasileira de Toxicologia- SBTOX, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho FUNDACENTRO, Conselho Regional de Química- CRQ desde 2001. Não foi possível encontrar registro da participação da defesa civil Brasileira na confecção do GHS (UNITED NATIONS, 2005).

Basicamente o GHS é composto de uma definição dos perigos dos produtos químicos e da criação de processos de classificação que usem os dados disponíveis sobre os produtos químicos que são comparados a critérios de perigo já definidos; e também a comunicação da informação de perigo em rótulos e o FISPQ8 (ABIQUIN/DETEC, 2005).

O documento do GHS, também conhecido como “Purple Book9”, é composto por requisitos técnicos de classificação e de comunicação de perigos, com informações explicativas sobre como aplicar o sistema. (ABIQUIN/DETEC, 2005)

2.3. A INCLUSÃO DOS RISCOS NO PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Segundo Cardona, riscos e desastres são componentes da problemática do desenvolvimento. Sua afirmação no artigo “LA GESTIÓN DEL RIESGO COLECTIVO: Un

marco conceptual que encuentra sustento en una ciudad laboratório” considera essa situação:

“Paulatinamente se tem chegado a conclusão de que o risco mesmo é o problema fundamental e que o desastre é um problema derivado. Risco e os fatores de risco se tem convertido nos

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FISPQ (Fichas de Informação de Segurança para Produtos Químicos) 9

conceitos e noções fundamentais no estudo e na práctica em torno da problemática dos desastres (Lavell 2000& Cardona 2004).

A transformação nas bases paradigmáticas do problema tem sido acompanhada por um crescente énfase na relação que os riscos e os desastres guardam com os processos e a planificação do desenvolvimento e, em consequencia, com a problemática ambiental e o carácter sustentável (ou não) do desenvolvimento. “Riscos e desastres já se visualizam como componentes da problemática do desenvolvimento e não como condições autónomas geradas por forças exteriores a sociedade.” (Cardona, 2001)

Existem 3 aspectos a considerar que são fundamentais, para uma analise critica numa abordagem sobre os desastres e riscos: 1) O crescimento demográfico da população, 2) a urbanização; 3) o uso e a ocupação do solo (PNUD, 2004).

O crescimento demográfico se justifica pelas razões da quantidade de pessoas afetadas pelo desastre em função de seu numero crescente influenciar na magnitude do desastre, ou seja: quanto menos pessoas e bens estiverem envolvidos na situação de desastres, menor será o próprio desastre, menores os danos e prejuízos. Pode-se afirmar que esta relação é diretamente proporcional.

Quanto ao processo de urbanização, transformação do ambiente natural em urbano, grande influenciador nas ocorrências dos desastres é também fato que este dito processo pode adquirir diversas formas até que o território considerado torne-se um local com parâmetros sustentáveis e com segurança individual e segurança coletiva (ou segurança social).

Por sua vez o desenvolvimento sustentável, objetivo maior a ser alcançado, pode-se sintetizar como um avanço ou melhora na qualidade de vida de uma sociedade de maneira contínua, sem afetar o meio ambiente e sem retrocessos bruscos que possam ser causados por desastres naturais intensos no mundo e em especial nos países em vias de desenvolvimento (MI/SEDEC, 2004).

Lélio Bringel na sua publicação (MI./SEDEC, 2002) aponta o que na sua concepção considera os principais problemas atuais sobre o atendimento às emergências e desastres no país, são eles:

a) A inércia, ou seja, o fenômeno da indiferença no tatamento às questões dos desastres e riscos;

c) A ideologia que o controle dos desastres deva ser feito apenas na iminência do desastre ou após seu acontecimento gerando um descaso com a prevenção e a preparação;

d) Pouca coordenação dos órgãos setoriais e instituições, incluindo-se aí as universidades (que também faz parte do SINDEC), Esta debilidade existe também nos níveis dos estados e municípios;

e) Ausência ou estudos insuficientes na identificação de vulnerabilidades. e estudos de risco;

f) Falta de recursos em geral, tais como recursos humanos; materiais; para a saúde; sobrevivência; equipamentos, maquinaria pesada; busca e salvamento; treinamento de pessoal;

g) Falta ou ausência nas instituições das áreas setoriais de unidade especifica “responsável pela atuação dos órgãos nas diferentes etapas e no processo de coordenação do Sindec;

h) A pequena ou inexistente atividade de treinamento de pessoal para as devidas intervenções e a “falta de oportunidade para o treinamento de voluntários e a ausência das universidades neste longo processo”.

A evolução social dos indivíduos possibilitou que o homem visse de forma sistêmica seu entorno e o próprio universo de moradia (Cardona, 2001). É certo que a evolução do planeta tem o seu destino predeterminado. Infelizmente a Terra tornar-se-á Ferro e Níquel num ambiente longínquo (TEIXEIRA et all, 2008). Seguindo esta trajetória o homem interferiu, especialmente pós revolução industrial com o desenvolvimento tecnológico, auxiliado pelas guerras e conflitos vividos, neste caminho inevitável.

Exemplo desta dinâmica referida acima são as recentes mudanças climáticas, só agora estudadas mais profundamente resultando nos acordos de Montreal e de Quioto, e em dezembro de 2009, a reunião mundial em Copenhague sobre o clima terrestre, numa tentativa de restabelecer um equilíbrio dinâmico da própria natureza. (TERRA NOTICIAS (2009) (a),(b))

O controle e gestão dos riscos dos desastres tecnológicos é um dos elementos principais na busca de um desenvolvimento sustentável e de uma sustentação planetária. A reunião mundial de 2005 em Kobe sobre a redução dos desastres, especialmente marcada pela tragédia de tsunamis na Ásia aonde faleceram estimativamente mais de 250 mil pessoas é uma resposta à necessidade de controlar os impactos dos desastres na organização social.

Esta reunião resultou na concretização da elaboração do marco de Hyogo (MAH) e na plataforma mundial de redução dos desastres a nível mundial compatibilizando com os planos do milênio e o de controle do clima já comentado e mostrado no ítem 2.1.1 desta dissertação. Sua conclusão primordial é a introdução dos riscos no planejamento dos planos de desenvolvimento rumo a um desenvolvimento sustentável através da aplicação do MAH (NACIONES UNIDAS, 2005).

Segundo a estratégia seguida e formulada pela EIRD “a visão da EIRD se pode obter através de: 1) a conscientização pública; 2) O compromisso por parte das autoridades públicas; 3) O estabelecimento de sociedades e redes intersetoriais; e, 4) O conhecimento científico.”. Este marco foi recentemente ressaltado e reafirmado em comunicação da secretaria da ONU (NACIONES UNIDAS, 2005, p7).

Chaux na sua publicação “La Gestión Del Riesgo Hoy” referenciado neste documento comenta a dinâmica natural existente no planeta terra de suas características morfológicas, geológicas, biológicas, hidrometeorológica e outros componentes, e a compatibilidade com a presença humana (fator humano, nesta citada publicação), e concluindo que a interação entre a natureza e a cultura humana compõe esta dita dinâmica (EIRD/IDRC-NACIONES UNIDAS, 2008, p. 26) impondo uma nova ordem que não é só ditada por esta natureza, mas sim um equilíbrio “novo” entre esses dois componentes (natureza & cultura). Compreendendo-se como Cultura o produto do trabalho realizado pelas civilizações através do Estado e da Sociedade Civil.

As mudanças climáticas sintetizam a dinâmica atual de equilíbrio entre o meio ambiente terrestre e as atividades antrópicas realizadas pelo homem neste mesmo ambiente e refletidas na natureza, e hoje elementos de estudo para esta adaptação climática como “o desenvolvimento de planos de estudo sobre as mudanças climáticas e a redução de riscos” (EIRD/IDRC-NACIONES UNIDAS, 2008p3)

Diversas outras situações de risco e equilíbrio territorial são destacadas como as de: deslizamento de terras e inundações que são atualmente consideradas como desatres socio- naturais (EIRD/IDRC-NACIONES UNIDAS, 2008 p38).

2.3.1 - AS VULNERABILIDADES

As vulnerabilidades crescentes em nossa civilização e conjuntura atual é outro fator agravador dos desastres ou crises (como os franceses identificam os desastres) por que passa

nosso tempo atual principalmente com as atividades antrópicas como as dos riscos e ameaças tecnológicas, e agravadas especialmente agora com as mudanças climáticas.

Medidas para reduções dos desastres são utilizadas especialmente quando não se tem soluções definitivas de soluções do problema identificado ou estas soluções são muito onerosas. Reduções dos desastres são obtidas por adoções de medidas estruturais e não estruturais (lei ordenamento e uso do solo, por exemplo).

O crescimento acelerado das grandes cidades, o risco industrial tornando-se risco público vez que não fica restrito ao ambiente exclusivo da produção, afetando direta e indiretamente a comunidade de seu entorno ou de influencia, são fatores que influenciam diretamente sobre a capacidade gestora e a magnitude dos desastres.

Com relação à vulnerabilidade global (EIRD/IDRC-NACIONES UNIDAS, 2008p33), Maskrey apresenta uma classificação constituída de 10 tipos ou formas de vulnerabilidades, atribuindo uma função especifica a cada uma delas. Wilches-Chaux (Wilches-Chaux, 1989) propôs a classificação da vulnerabilidade em dez componentes. Estes componententes são expostos a seguir:

Vulnerabilidade física (ou locacional): Refere-se à localização de grandes contingentes da população em áreas de risco, condição física suscitada em parte pela pobreza e pela falta de opções para uma construção menos arriscada e em parte devido à alta produtividade (principalmente agrícolas) de um grande número destas áreas (encostas de vulcões, zona de inundação dos rios, etc.), que tradicionalmente tem levado a uma ruína do mesmo.

Vulnerabilidade econômica: Existe uma relação inversa entre a renda per capita nacional, regional, local ou populacional e o impacto dos fenômenos físicos extremos. Isto é, a pobreza aumenta o risco de desastre. Além do problema de renda, a vulnerabilidade econômica está correlacionada ao problema da dependência econômica nacional, a falta de adequados presupostos públicos a nível nacional, regional e local, a falta de diversificação da base económica, e outros.

Vulnerabilidade social: Refere-se ao baixo grau de organização e coesão interna das comunidades de risco que impede a sua capacidade de prevenir, mitigar ou responder a situações de desastre.

Vulnerabilidade política: No sentido do alto grau de centralização na tomada de decisões e a organização governamental e níveis fracos da decisão regional, a autonomia local

e da comunidade, o que impede uma maior adequação de ações para os problemas sentidos nestes níveis territoriais.

Vulnerabilidade técnica: Refere-se às técnicas de construção inadequadas utilizadas em edifícios e infra-estrutura básica nas áreas de risco.

Vulnerabilidade ideológica: Refere-se à maneira como os homens vêem o mundo e o meio ambiente em que habitam e com os quais eles interagem. A passividade, o fatalismo, a prevalência de mitos, e outros. Fazem aumentar a vulnerabilidade das populações, limitando sua capacidade de agir adequadamente aos riscos que se apresentam na natureza.

Vulnerabilidade cultural: Expressas na forma como as pessoas se vêem a si mesmo, na sociedade como um todo e nacionalmente. Além do papel desempenhado pela mídia na consolidação de imagens estereotipadas ou na transmissão de informações desviante sobre meio ambiente e de desastres (potenciais ou reais).

Vulnerabilidade educativa: No sentido de ausência, nos programas de educação, de elementos que instruem adequadamente sobre o meio ambiente ou os moradores do entorno, seu equilíbrio ou desequilíbrio, e assim por diante. Também se refere ao grau de preparação que recebe a população sobre formas adequadas de comportamento do indivíduo, famíliar e comunidade em caso de ameaça ou ocorrência de desastres.

Vulnerabilidade ecológica:.Relacionadas à forma como os modelos de desenvolvimento não se baseiam em "A convivência senão na domínação da destruição das reservas ambientais, o que necessariamente leva a um ecossistema, por um lado, altamente vulneráveis, incapaz de se auto-ajustar internamente para compensar os efeitos diretos ou indiretos da ação humana e, por outra parte, muito arriscado para as comunidades que exploram ou vivem. " (Wilches-Chaux 1988:3-39).

Vulnerabilidade institucional: Reflete-se na obsolescência e rigidez das instituições, especialmente as jurídicas, onde a burocracia, a prevalência de decisão política, o domínio de critérios pessoais e assim por diante. Impedem respostas adequadas e agéis