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A defesa civil brasileira é, conforme já visto anteriormente, o órgão responsável pela coordenação e volta à normalidade social em território brasileiro após os desastres.

Para tanto, segue o padrão já estabelecido de atendimento aos desastres, dividindo estas funções visando a não ocorrência, e sua minimização separando basicamente em subfases como as de prevenção, preparação; resposta e reconstrução.

A resposta aos desastres, é uma fase de administração do desastre, correspondente ao período pós desastre, em que o evento adverso ou fenômeno causador já ocorreu. Nos casos em que o evento adverso é esperado, esta resposta é intercalada com uma fase designada como preparação, anterior a esta dita resposta, aonde se tomam medidas dispostas a atenuar suas conseqüências, e diminuir os problemas gerados.

Normalmente esta preparação é feita utilizando-se de planos de emergências ou de contingência, onde se busca aumentar o nível de segurança para o desastre, e a redução da vulnerabilidade dos cenários de desastre, e das populações e comunidade envolvidas.

A fase de resposta, ainda segundo a defesa civil brasileira é realizada levando-se em conta três aspectos: o 1) socorro aos envolvidos; 2) a assistência às populações vitimadas e 3) a reabilitação dos cenários, e, recorrendo-se para isso, a uma gestão corretiva apoiada em medidas remediadoras procurando limitar os danos e prejuízos causados pelo desastre.

Nas atividades de socorro deverão ser desenvolvidas as atividades de “localizar, acessar e estabilizar as vitimas com sinais de doenças e agravos ameaçadas pelo desastre” (GEAD/UFSC,2005, p.58). No setor saúde estas medidas são atualmente identificadas como a fase de “atenção às emergências”. As outras medidas são: a) assistência às populações vitimadas, que engloba as ações de logística, assistenciais e de promoção social; b) ações de promoção, de proteção e de recuperação da saúde e finalmente c) a reabilitação dos cenários de desastre onde se desenvolvem as ações de avaliação de danos, desmontagem de estruturas ou de ecossistemas danificadas, sepultamento, limpeza, descontaminação e reabilitação de serviços essenciais e das áreas deterioradas. (GEAD/UFSC, 2005).

No caso em foco, o estudo de caso do descarte de produtos químicos da via cascalheira, a preparação como medida de prevenção não pôde existir visto que no cenário produzido pela “ameaça tecnológica” o impacto foi o ponto de identificação do desastre “súbito” (início do desastre), onde e quando medidas emergenciais são necessárias da forma mais rápida possível para a minimização deste referido desastre (o não alastramento ou crescimento dos danos e prejuízos).

Na resposta aos desastres, em relação às atividades de socorro podemos dividir em 2 tipos de ações.Uma inicial que é o efetivo combate ao sinistro, tentando com isso debelar e

diminuir a magnitude do evento causador, ou ainda conforme a defesa civil “desenvolvem-se “ações de combate ao sinistro”(GEAD/UFSC, 2005), ao tempo em que também se desenvolve “ações de socorro às vitimas ou às populações afetadas.

Estas ações deverão ocorrer no menor período possível vez a gravidade das situações de desastre. Nas ações de combate ao sinistro devem-se conter os efeitos do evento adverso;

isolar as áreas criticas ou de riscos intensificados, assim seja o caso; atuação direta sobre o

evento, segurança da área sinistrada e outras medidas cabíveis.

Nas ações de socorro às populações deve-se realizar as buscas e salvamento, atendimento pré hospitalar e médico-cirúrgico de urgência (GEAD/UFSC, 2005).

Na fase de assistência às populações deve-se realizar: ações de logística; ações de assistência e promoção social; ações de promoção, e proteção e de recuperação da saúde; atividades de reabilitação dos cenários (GEAD/UFSC, 2005 pp57- 60)

Vale observar que as fases e subfases listadas acima não são excludentes nem seguem uma ordem hierárquica, e são sim integradas e com o objetivo final de volta a normalidade no mais curto espaço de tempo possível e diminuindo assim os danos e prejuízos à população afetada pelo desastre.

Os danos provocados pelos desastres deverão ser limitados nesta fase de socorro. A própria conceituação dos desastres leva em conta essa necessidade de identificado o dano, quantificá-lo e limitá-lo. A Secretaria Nacional De Defesa Civil- conceitua e classifica os danos conforme apresentado abaixo:

Os danos causados por desastres classificam-se em: danos humanos, materiais e ambientais:

a) Danos Humanos. Os danos humanos são dimensionados em função do número de pessoas: desalojadas; desabrigadas; deslocadas; desaparecidas; feridas gravemente; feridas levemente; enfermas; mortas. Em longo prazo também pode ser dimensionado o número de pessoas: incapacitadas temporariamente e incapacitadas definitivamente. Como uma mesma pessoa pode sofrer mais de um tipo de dano, o número total de pessoas afetadas é igual ou menor que a somação dos danos humanos.

b) Danos Materiais. Os danos materiais são dimensionados em função do número de edificações, instalações e outros bens danificados e destruídos e do valor estimado para a reconstrução ou recuperação dos mesmos. É desejável discriminar a propriedade pública e a

propriedade privada, bem como os danos que incidem sobre os menos favorecidos e sobre os de maior poder econômico e capacidade de recuperação. Devem ser discriminados e especificados os danos que incidem sobre: instalações públicas de saúde, de ensino e prestadoras de outros serviços; unidades habitacionais de população de baixa renda; obras de infra-estrutura; instalações comunitárias; instalações particulares de saúde, de ensino e prestadoras de outros serviços; unidades habitacionais de classes mais favorecidas.

c) Danos Ambientais. Os danos ambientais, por serem de mais difícil reversão, contribuem de forma importante para o agravamento dos desastres e são medidos quantitativamente em função do volume de recursos financeiros necessários à reabilitação do meio ambiente. Os danos ambientais são estimados em função do nível de: poluição e contaminação do ar, da água ou do solo; degradação, perda de solo agricultável por erosão ou desertificação; desmatamento, queimada e riscos de redução da biodiversidade representada pela flora e pela fauna.

Os primeiros a socorrer as vitímas dos desastres tecnológicos devem ser profissionais preparados e treinados a executar essas tarefas sem, contudo, transformarem-se em vitimas dos próprios desastres a que vêm prestar o socorro.

Esses profissionais devem conhecer as características dos diferentes tipos de desastres químicos; medidas de proteção como roupa de proteção; riscos de contaminação, procedimentos de descontaminação; medidas de primeiros socorros, e conhecimento das atitudes e efeitos psicológicos de profissionais ou não que iniciam a lidar com desastres especialmente as emergências químicas.

Sendo que “É de responsabilidade que na coordenação da resposta de emergência seus funcionários sejam totalmente treinados. No entanto, os profissionais de saúde terão necessidade de estar preparado para aconselhar e ajudar sempre que possível.” (OPAS/OMS, 1998)

A informação é elemento básico, por isso devem dispor detalhadamente “de informação detalhada sobre: a-cadeia de comando local do acidente; como trabalham em conjunto juntos as várias organizações e as autoridades de emergência e identificação, seleção, inicial e tempo de processamento das vitimas”. (OPAS/OMS, 1998)

Devem incluir exercícios regulares cticos em níveis diferentes que abrangem aspectos como os primeiros socorros e procedimentos de descontaminação e de exercícios, por exemplo, acidentes químicos e bloqueio de larga escala. [...] Os

exercícios de treinamento por simulação devem enfocar situações que envolvam substâncias específicas produzidas, transportadas ou Armazenadas. [...] Deve também esses profissionais que atendem aos desastres dispor de um capacitor regular a fim de manter atualizada esta informação e ministrar orientações especifica sobre os procedimentos de operação local. (OPAS/OMS, 1998)

Os grupos que necessitam tomar parte nos treinamentos e simulações em desastres são os de: “pessoas da comunidade que vive perto de indústrias produtoras de produtos químicos e outros com locais de trabalho próximos onde eles têm o direito de conhecer os riscos colocados por essas substâncias, também devem receber treinamento sobre como reagir em situações de emergência”.

Estas pessoas precisam ser orientadas sobre o que fazer em caso de emergências químicas, por exemplo, derrames, roturas de grandes recepientes de produtos químicos, ou fugas de gás e vapor (OPAS/OMS, 2005) & (PAHO/OPS, 1998).

A CETESB tem no seu site instruções detalhadas para as situações de socorro ao derramamento de produtos químicos, na qual selecionamos algumas de suas observações úteis para aprofundamento em ações de respostas.

Independente das ações de prevenção, os acidentes podem ocorrer. Por essa razão equipes de atendimento de emergência devidamente treinadas e com disponibilidade de recursos apropriados, são essenciais para o sucesso das operações de resposta.

Devido à grande diversidade de substâncias químicas existentes, e considerando que os acidentes podem ocorrer em qualquer atividade (transporte rodoviário, marítimo, ferroviário, postos de serviços, indústrias, parques de estocagem, laboratórios, dutos e outros), é necessário que o atendimento a emergências com produtos perigosos, seja realizado por “equipes multidisciplinares, compostas preferencialmente por profissionais com formação nas áreas de química, biologia, toxicologia, geologia, engenharia e segurança do trabalho”. (CETESB, 2010)

Os profissionais de segurança que atendem essas emergências deverão ter conhecimentos específicos sobre: riscos químicos, toxicologia, equipamentos de monitoramento, segurança, primeiros socorros e meio ambiente.

De uma forma geral, a eficiência na resposta a um atendimento de emergência envolve fatores como: Rapidez e Eficiência no acionamento das equipes;· Avaliação correta e

desencadeamento de ações compatíveis com a situação apresentada; Disponibilidade de recursos humanos e materiais e capacidade para a sua mobilização. (CETESB, 2010)

Ainda recomenda que em casos de emergência alguns aspectos básicos são essenciais. Os procedimentos de resposta devem ser periodicamente testados, avaliados e aprimorados; ”O controle de um vazamento não pode nunca sacrificar os requisitos de segurança dos atendentes”.

Todos os envolvidos nas ações de campo devem estar capacitados em sua área de atuação, além de possuir os conhecimentos mínimos necessários para sua segurança;· As medidas de controle, só deverão ser desencadeadas após o pleno conhecimento dos riscos envolvidos e quando os recursos básicos estiverem disponíveis. É essencial a avaliação rápida das possíveis conseqüências ambientais associadas ao evento para que medidas imediatas de proteção possam ser efetivamente adotadas. (CETESB, 2010)

Independentemente das ações a serem tomadas em campo durante o atendimento emergencial, faz-se necessária a realização de planejamentos anteriores aos sinistros, de forma a estarem devidamente estabelecidas às responsabilidades e respectivas áreas de atuação dos participantes, visando agilizar os trabalhos; ou seja, é essencial a elaboração de planos locais e regionais de emergência para o atendimento a acidentes envolvendo substâncias químicas (CETESB, 2010).