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A avaliação e as bibliotecas universitárias na perspectiva do SINAES

6 POLÍTICAS PARA BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: PARÂMETROS

6.5 A avaliação e as bibliotecas universitárias na perspectiva do SINAES

Tratarmos do diálogo entre avaliação e biblioteca é concebê-las como partes interdependentes, visto que ambas participam, mesmo em posições diferentes, do processo de ensino-aprendizagem. Esse raciocínio parte da premissa de que a biblioteca surge no momento inicial da concepção de escola, portanto ela perpassa por toda a trajetória da educação formal. Nesta interdependência, duas abordagens se articulam, a primeira refere-se à biblioteca universitária enquanto elemento participativo e constitutivo no ensino- aprendizagem; a segunda refere-se à sua avaliação para fins de aferição da qualidade do ensino superior.

No que tange à primeira abordagem, sua inserção se manifesta no cotidiano escolar, na concretude do ensino, apresentando-se aos seus usuários como outra possibilidade de mediação do conhecimento. Seus produtos e serviços são desenvolvidos e disponibilizados numa proposta de conjunção com os objetivos na formação discente. Neste contexto, podemos inferir que a biblioteca universitária não se exclui do momento avaliativo, visto que seus produtos e serviços são avaliados cotidianamente tendo assim o mesmo princípio avaliativo do ensino-aprendizagem.

Compreendemos que a centralidade da biblioteca universitária no ensino- aprendizagem não prescinde dos mecanismos de aumento dos níveis de qualidade de seus serviços e na disseminação de um conjunto diversificado de recursos indispensáveis à comunicação com os usuários. A biblioteca materializa-se, obviamente, num conjunto de objetivos que orientam sua atividade na busca e descoberta de novas inserções para o desenvolvimento dos usuários.

Leite (2014) considera que a biblioteca universitária concentra suas responsabilidades atualmente: a) no apoio ao ensino e à pesquisa e na eficácia do acesso à informação de qualidade, independentemente do suporte em que se apresentem e onde quer que eles se encontrem; b) na concepção, promoção, disponibilização de novos serviços que respondam com rapidez e eficácia às solicitações da comunidade da qual faz parte; c) na contribuição da melhoria dos processos de comunicação, gestão e transmissão da informação e registo do conhecimento; d) no estímulo para novas necessidades de pesquisa; e) no estabelecimento de relações de cooperação com organismos externos no âmbito de projetos e programas nas áreas da informação e do conhecimento; f) numa intervenção ativa na sociedade da informação, através da gestão, promoção e difusão do conhecimento.

A partir das responsabilidades da biblioteca universitária defendidas por Leite, é válido considerar que existem pontos de convergência entre os fenômenos estudados (BU e avaliação) que se aproximam em menor ou maior grau, levando-nos a refletir na perspectiva de que ambos mantêm o mesmo modus operandi no processo avaliativo (LEITE, 2014).

A segunda abordagem refere-se à avaliação da biblioteca universitária no âmbito institucional regulamentada pelos instrumentos organizacionais que tratam da qualidade do ensino na educação superior, mais especificamente, o instrumento de avaliação de cursos de graduação presencial e a distância, elaborado pelo INEP órgão pertencente ao MEC. O instrumento baseia-se na filosofia do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior SINAES que tem como finalidade a melhoria da qualidade da educação nos cursos de graduação e instituições de educação superior.

O referido instrumento acompanha o fluxo processual desde a autorização para funcionamento das IES até a autorização dos cursos de graduação em qualquer modalidade que se apresente. A operacionalização das avaliações ocorre mediante as prescrições desse instrumento que está dividido em três dimensões. Cada dimensão é composta por uma quantidade de indicadores. Essa quantidade de indicadores não é uniforme, ou seja, há uma variação que inferimos ser decorrente do nível de comprometimento de cada dimensão na melhoria da qualidade do ensino.

A dimensão 1 corresponde à Organização Didático-Pedagógica e contém 24 indicadores; a dimensão 2 corresponde ao Corpo Docente e Tutorial com 15 indicadores, e a dimensão 3 correspondendo à Infraestrutura, com 16 indicadores. A relevância de trazer estes dados para a tese é no intuito de fazermos uma equivalência dos indicadores que dialogam de forma direta e indireta com a biblioteca universitária e o ensino-aprendizagem, sendo assim, não elegemos para análise nenhuma dimensão na sua completude, visto que, nosso interesse recai somente nos indicadores que identificamos direta ou indiretamente o alcance da biblioteca universitária no ensino como vemos no quadro 7.

Quadro 7 – Dimensão 1 – Organização Didático-Pedagógica

INDICADORES RECOMENDAÇÃO

1.1 Políticas

institucionais no âmbito do curso

As políticas institucionais de ensino, extensão e pesquisa constantes no PDI estão previstas no âmbito do curso e claramente voltadas para a promoção de oportunidades de aprendizagem.

1.2 Objetivos do curso

Considerando a estrutura curricular, o contexto educacional, práticas emergentes no campo do conhecimento relacionado ao curso.

1.4 Estrutura curricular Considera a estrutura curricular prevista no PPC, considera a flexibilidade, a

interdisciplinaridade, a acessibilidade metodológica.

1.5 conteúdos curriculares

Os conteúdos curriculares possibilitam o efetivo desenvolvimento do perfil profissional do egresso, considerando a atualização da área, a adequação da

bibliografia, a acessibilidade metodológica, a abordagem de conteúdos

pertinentes às políticas de educação e induzem o contato com conhecimento recente e inovador.

1.6 Metodologia

A metodologia prevista no PPC atende ao desenvolvimento de conteúdos, às estratégias de aprendizagem, ao contínuo acompanhamento das atividades, à acessibilidade metodológica e à autonomia do discente, coaduna-se com

práticas pedagógicas que estimulem a ação discente em uma relação teoria- prática, e é claramente inovadora e embasada em recursos que proporcionem aprendizagens diferenciadas dentro da área.

1.11 Trabalho de conclusão de curso (TCC)

Considera as formas de apresentação, orientação e coordenação, a divulgação de manuais atualizados de apoio à produção dos trabalhos e a disponibilização dos TCC em repositórios institucionais próprios, acessíveis pela internet. 1.16 Tecnologias de Informação e comunicação (TIC) no processo de ensino- aprendizagem

As tecnologias de informação e comunicação planejadas para o processo de ensino-aprendizagem viabilizam a acessibilidade digital e comunicacional e a interatividade entre docentes, discentes, asseguram o acesso a materiais ou

recursos didáticos a qualquer hora e lugar e propiciam experiências diferenciadas de aprendizagem baseadas em seu uso.

1.19 Procedimentos de acompanhamento e de avaliação dos processos de ensino-aprendizagem

Os procedimentos de acompanhamento e de avaliação, previstos para os processos de ensino-aprendizagem, atendem à concepção do curso definida no PPC, possibilitando o desenvolvimento e a autonomia do discente de forma contínua e efetiva, e implicam informações sistematizadas e disponibilizadas aos estudantes, com mecanismos que garantam sua natureza formativa, sendo planejadas ações concretas para a melhoria da aprendizagem em função das avaliações realizadas.

1.20 Número de vagas Adequa à dimensão do corpo docente às condições de infraestrutura física e

tecnológica para o ensino e a pesquisa Fonte: adaptado Brasil (2004b).

Quadro 8 – Dimensão 2 – Corpo docente

INDICADORES RECOMENDAÇÃO

2.1 Núcleo Docente Estruturante (NDE)

Verifica o impacto do sistema de avaliação de aprendizagem na

formação do estudante e analisa a adequação do perfil do egresso.

2.8 Experiência no exercício da docência superior

Demonstra e justifica a relação entre a experiência no exercício da docência superior do corpo docente previsto e seu desempenho em sala de aula, de modo a caracterizar sua capacidade para promover ações que permitem identificar as dificuldades dos alunos, elaborar atividades específicas para a

promoção da aprendizagem de alunos com dificuldades e avaliações diagnósticas, formativas e somativas, utilizando os resultados para redefinição de sua prática docente no período.

Fonte: Adaptado de Brasil (2004b).

Quadro 9 – Dimensão 3 – Infraestrutura

INDICADORES RECOMENDAÇÃO

3.5 Acesso dos alunos a equipamentos de informática

O laboratório de informática, ou outro meio de acesso a equipamentos de informática pelos discentes atende às necessidades institucionais e do

curso em relação à disponibilidade de equipamentos, ao conforto, à estabilidade e velocidade de acesso à internet, à rede sem fio e à adequação do espaço físico, possui hardware e software atualizados e passa por avaliação periódica de sua adequação, qualidade e pertinência

3.6 Bibliografia básica por unidade curricular

O acervo possui exemplares ou assinaturas de acesso virtual, de periódicos especializados que suplementam o conteúdo administrado nas (UC). O

acervo é gerenciado de modo a atualizar a quantidade de exemplares e/ou assinaturas de acesso mais demandadas, sendo adotado plano de

contingência para a garantia do acesso e do serviço.

3.7 Bibliografia complementar por unidade curricular (UC)

O acervo possui exemplares ou assinaturas de acesso virtual, de periódicos especializados que complementam o conteúdo administrado nas UC. O

acervo é gerenciado de modo a atualizar a quantidade de exemplares e/ou assinaturas de acesso mais demandadas, sendo adotado plano de

contingência para a garantia do acesso e do serviço. Fonte: adaptado de Brasil (2004b).

A lista de indicadores e suas respectivas recomendações, ao nosso ver, transcende a participação da biblioteca universitária nos indicadores de bibliografia básica e complementar, ela se insere a partir das políticas institucionais, seu nascedouro é coincidente com a criação das instituições de ensino desde sua concepção, visto que ensino e biblioteca são interdependentes, como já declarados anteriormente.