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7 DELINEAMENTO DA PESQUISA

7.2 As etapas da pesquisa

Ao longo desta pesquisa, discutimos os pressupostos teóricos sobre avaliação educacional e biblioteca universitária. Refletimos sobre as abordagens avaliativas de Perrenoud, Luckesi e Hoffmann, como também, os documentos nacionais e internacionais que regem a biblioteca no âmbito do ensino superior, relacionando esses assuntos ao nosso tema de investigação. A justificativa para as reflexões mencionadas decorre do objetivo central desta tese: estabelecer a inter-relação das concepções de avaliação do ensino-aprendizagem com a concepção de avaliação de biblioteca universitária, a fim de propor um modelo integrativo de avaliação.

Para tanto, dividimos a proposta metodológica em duas etapas correlacionadas: a primeira conta com a apresentação do campo teórico desta pesquisa, apresenta assim a análise histórica-conceitual das bibliotecas universitárias desde a Idade Média até os dias atuais; a evolução e contextualização da avaliação educacional e avaliação do ensino- aprendizagem, e continua com as análises da biblioteca universitária, desta feita no âmbito das políticas governamentais que regem sua atuação. Ainda na esteira do campo teórico, apresentamos os elementos inspiradores desta pesquisa, a biblioteca universitária das Ciências Humanas da UFC. Nesta fase, o intuito é circunscrever a biblioteca, destacar seus usuários, seus serviços e produtos montados na teia do seu processo histórico. Em composição, apresentamos o Centro de Humanidades e a Faculdade de Educação.

A segunda versa sobre a concepção do modelo de avaliação aqui proposto, para isso, buscamos além do referencial teórico já descrito, cotejar dos seus usuários elementos que saíssem do campo teórico e que se apresentasse como uma tradução da percepção da biblioteca no cotidiano da sala de aula. Investimos, assim, num questionário com os professores do Centro de Humanidades e numa entrevista com bibliotecários atuantes na biblioteca das Ciências Humanas. As análises do questionário e da entrevista se juntaram ao arcabouço teórico dos autores e documentos selecionados para a construção do modelo numa

condição de refletor, em outras palavras, surge como uma embrionária tentativa de validação do referido modelo.

Por fim, partimos para a concretização do modelo que desde o início está direcionado à avaliação do ensino-aprendizagem no contexto universitário. É importante ressaltar o princípio condutor para a sua construção, quais sejam: o aparato teórico sobre avaliação e os instrumentos organizacionais avaliativos que versam sobre bibliotecas universitárias. As análises advindas do questionário e da entrevista nos oportunizaram uma aproximação e um entendimento mais prático do modelo. O quadro 10 representa a correlação dos objetivos propostos para esta tese com as etapas mencionadas.

Quadro 10 – Correlação dos objetivos propostos com as etapas

ETAPAS OBJETIVOS RELACIONADOS PROCEDIMENTOS

1ª - Revisão de literatura

a) Analisar a gênese de biblioteca universitária relacionando suas questões históricas e sociais com ênfase na educação superior;

b) Analisar a evolução histórica da avaliação educacional Revisão de literatura Análise dos pressupostos teóricos e construção do modelo integrativo

c) Relacionar as abordagens avaliativas de Jussara Hoffmann, Cipriano Luckesi, Philippe Perrenoud;

d) Analisar o Instrumento de autorização dos cursos de graduação presencial e a distância do INEP identificando os pontos de convergência entre Biblioteca e ensino-aprendizagem

Revisão de literatura Análise documental

e) Delinear, com base nas concepções teóricas estudadas, os aspectos que devem ser considerados para a construção de um modelo integrativo de avaliação;

f) Construir um modelo de avaliação integrativo à luz dos documentos avaliados e das teorias estudadas.

Análise de conteúdo da entrevista e do

questionário.

Fonte: elaborado pela autora (2019).

Tencionamos, nesta seção, conduzir passo a passo o desvelamento do fenômeno proposto, isto é, a biblioteca universitária e seus entrelaçamentos com as práticas avaliativas para o ensino superior. As escolhas metodológicas, segundo Prodanov e Freitas (2013), traduzem as decisões tomadas para a investigação do fenômeno eleito e devem ser justificadas à luz da razão, em virtude da função da relatividade do que consideramos ciência na atualidade, buscamos não propriamente “a verdade”, mas uma dentre várias e possíveis verdades.

Figura 3 – Etapas da pesquisa

Fonte: elaborada pela autora (2019).

Quanto à sua abordagem, esta pesquisa define-se como qualitativa, pois

[...] se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado; ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, processos e fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (MINAYO, 2004, p. 21-22).

Podemos argumentar ainda que não somente o controle metodológico, mas também as demais características mencionadas se aplicam a qualquer tipo de pesquisa. Ao conceber o processo de pesquisa como um mosaico que descreve um fenômeno complexo a ser compreendido, é fácil entender que as peças individuais representem um espectro de métodos e técnicas, que precisam estar abertas a novas ideias, perguntas e dados. Ao mesmo tempo, a diversidade nas peças deste mosaico inclui perguntas fechadas e abertas, implica em passos predeterminados e abertos, utiliza procedimentos qualitativos e quantitativos. O importante é que a análise desta pesquisa seja interpretativa, apesar de que alguns de seus dados possam ser quantificados (STRAUSS; CORBIN, 2008). No confronto com a

objetivação surge a subjetivação, assimilação, compreensão e num processo dialético torna subjetivas as objetivações da realidade.

Trata-se, também, de um estudo exploratório que, conforme Lakatos e Marconi (2017), na pesquisa exploratória não se encontraram informações cientificamente produzidas que atendam as necessidades da pesquisa proposta. Em outras palavras, a pesquisa exploratória, ou estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere.

Antes de prosseguir com os demais esclarecimentos sobre a pesquisa, cabe uma breve alusão a um momento crucial à sua consecução, a entrada da pesquisadora no campo da pesquisa. Tal momento foi facilitado por sua atuação profissional, tendo em vista ser professora na UFC, especialmente como docente de um departamento pertencente ao Centro de Humanidades e que, portanto, utiliza a mesma biblioteca locus da pesquisa. As relações estabelecidas a partir dessa condição colocam a pesquisadora em situação privilegiada quanto à coleta de informações. Entretanto, uma preocupação surge advinda dessa condição, a aproximação da pesquisadora com o fenômeno investigado, disso decorre uma posição de alerta constante no sentido de evitar, ao máximo, conclusões tendenciosas e passionais. A seguir apresentaremos a biblioteca de Ciências Humanas da UFC que, por sua importância e credibilidade, serviu de campo teórico e empírico para a realização desta pesquisa.