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CAPÍTULO IV. UNIVERSIDADE E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: SUBSÍDIO À

4.1. A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

A avaliação institucional é um processo para o contínuo aperfeiçoamento do desempenho acadêmico, além de constituir-se em elemento fundamental para prestar contas à instituição e à sociedade em geral constituindo-se em valiosa ferramenta para o planejamento da gestão e do desenvolvimento da educação superior.

A avaliação institucional é ainda o processo global que requer a revisão do que foi planejado e visa a construir, continuamente, na instituição de ensino superior, o processo de autoconhecimento, considerando principalmente sua missão institucional e seu contexto, bem como sua história.

Nessa perspectiva, torna-se imprescindível citar Sobrinho e Ristoff (2002, p. 11) para quem a avaliação institucional é

Um processo de autoconhecimento, de aprendizado contínuo, permanente, global, democrático, legitimado politicamente, consolidado tecnicamente e capaz de identificar os pontos fortes e fracos e as potencialidades da instituição no tempo e no espaço.

Nessa direção, Ristoff (2005, p. 51) deixa claro que é necessário avaliar a instituição não só a partir de suas atividades, mas em todos os elementos que compõem a vida universitária, que é preciso vê-la como um conjunto de princípios e critérios que lhes servem de fundamentação conceitual, política e também de justificação para a operacionalização dos processos.

Desde a década de 1980, as universidades públicas brasileiras percebem a imperiosa necessidade de promover a avaliação institucional, motivada pelo imperativo ético de transparência em relação à sociedade, bem como pela ideia de que a avaliação é importante

mecanismo de luta política pela salvaguarda da universidade pública que, hoje, vive ameaçada por ideias privatizantes e por concepções utilitaristas, como afirma Sobrinho e Ristoff (2002).

No Brasil, as mudanças ocorridas na economia, nos últimos dez anos, contribuíram para elevar a consciência sobre o papel da universidade e isso tem resultado em pressão externa, principalmente considerando os princípios da administração pública, destacando a questão ética de que é necessário prestar contas à sociedade, afinal, em maior ou menor escala muito dinheiro e sonhos são investidos no seu desenvolvimento e todos esses recursos fazem com que a própria universidade lute pelo fortalecimento deste patrimônio social.

A avaliação institucional da educação superior, no Brasil, tem como referência as orientações do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB) e do sistema Nacional de Avaliação Superior (SINAES).

As primeiras iniciativas aconteceram na década de 1990, com a finalidade de institucionalizar o processo de avaliação nas universidades brasileiras, quando foi criada a Coordenação Geral de Análise e Avaliação Institucional e a Comissão Nacional de Avaliação Institucional coordenada pelo então Departamento de Política de Ensino Superior da Secretaria de Ensino Superior (SESU).

Para efetivar esse intento convidaram as instituições a enviarem suas propostas de avaliação institucional, pois era tudo muito novo, inclusive para a direção central.

As propostas de programas de avaliação foram enviadas por entidades de classes como Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM) e pelos Fóruns de Pró-Reitores de Graduação e Planejamento que encontraram eco na equipe ideologicamente plural do MEC, que exerce o papel não de condutor do processo, mas de articulador, de viabilizador e, por fim, de financiador, pois durante a realização de um seminário em novembro de 1993, as propostas foram amplamente discutidas dando origem ao Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB, em 1993 – ao instalar a Comissão Nacional de Avaliação (CONAES), pelo Decreto nº 5.773, de 09 de maio de 2006.

O PAIUB teve grande importância no processo de avaliação das universidades brasileiras por possibilitar a livre adesão das IES, incentivando a concorrência de projetos com princípios avaliativos marcados por pressupostos emancipatórios e avaliativos. Neste sentido,

o PAIUB sugeria como etapa primeira, a autoavaliação envolvendo toda a instituição, proporcionando, a partir de então, subsídios para realização da avaliação externa.

O programa apresentava características que evidenciavam o caráter institucional e o compromisso social das IES. O objetivo geral do programa era avaliar o desempenho das universidades para rever e aperfeiçoar o projeto acadêmico e sociopolítico da instituição, uma forma de promover a permanente melhoria da qualidade e pertinência das atividades desenvolvidas. Os recursos humanos utilizados pela universidade de forma eficiente se traduzem em compromissos científicos e sociais, assegura a qualidade e a importância dos seus produtos e sua legitimação junto à sociedade.

O PAIUB adquiriu credibilidade ao relacionar o conhecimento à formação, ao mesmo tempo em que, por meio da relação entre a comunidade acadêmica e a sociedade traçaram objetivos. Apesar disso, no início do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Educação (MEC) adotou novas políticas de avaliação do ensino superior. Dessa forma, o PAIUB passou a ser utilizado apenas como processo de avaliação interna, e desde então sua prática não é mais comum nas IES. Após o PAIUB, institucionalizou-se o Exame Nacional de Cursos (ENC), conhecido como provão. Atualmente, as instituições utilizam o SINAES por força da lei.

Oficializado pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 (Brasil, 2004a) e regulamentado pela Portaria do MEC nº 2.051, de 9 de julho de 2004 (Brasil, 2004b), o SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação superior; a expansão da sua oferta; o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública; da promoção dos valores democráticos; do respeito à diferença e à diversidade e da afirmação da autonomia e da identidade institucional.

O SINAES é coordenado pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) e promove a Avaliação das Instituições de Educação Superior (AVALIES).

Na aplicação do SINAES, o MEC utiliza três modalidades de avaliação, em três momentos distintos: Primeiro é a avaliação das Instituições de Educação Superior (AVALIES), desenvolvido em duas etapas: a) autoavaliação – coordenado pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada IES, em setembro de 2004; b) e a avaliação externa – realizada por comissões designadas pelo INEP; o segundo, a Avaliação dos Cursos de

Graduação (ACG) - com visitas in loco de comissões externas. A periodicidade desta avaliação depende diretamente do processo de reconhecimento e renovação do reconhecimento a que os cursos estão sujeitos; e avaliação do Exame Nacional deDesempenho do Estudante (ENADE) – aplica-se aos estudantes do final do primeiro e do último ano do curso, com procedimentos amostrais. Anualmente, o MEC, com base em indicação da CONAES, define as áreas do ENADE.

Esses momentos são muito importantes para que se tenha noção da grandeza da avaliação institucional, considerando os princípios de participação e integração propostas pelo SINAES. Outros tipos de avaliação estão previstos, porém um chama a atenção, de modo especial, a avaliação interna, cujo objetivo é compreender o que está ocorrendo na instituição mediante a interpretação de dados obtidos, bem como propor ações de melhoria, possibilitando correções imediatas para as situações problemas diagnosticadas.

Pela avaliação interna, as IES têm a oportunidade de, além de obter diagnósticos que as auxiliarão nas tomadas de decisão, externalizar seus pontos positivos ou pontos fortes bem como seus limites; deixando claras suas intenções por meio do seu trabalho diário que envolve o ensino, a pesquisa e a extensão. A avaliação interna resulta em um momento de reflexão, fundamental para o desenvolvimento da comunidade acadêmica. É o princípio da globalidade que permite “o autoconhecimento da instituição sobre si mesma, em busca de melhor adequação ao cumprimento de suas funções cientificas e sociais” (Belonni et al. in Balzan & Sobrinho, 1995, p. 101):

Bertelli (2007, p. 218) considera que o SINAES, por meio da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) ao focalizar a avaliação das IES apresenta um caráter formativo e visa ao aperfeiçoamento dos agentes da comunidade acadêmica e da instituição como um todo (Brasil, 2004b, p. 5), ao mesmo tempo em que conceitua a avaliação interna como um processo contínuo por meio do qual uma instituição constrói conhecimento sobre sua própria realidade, buscando compreender os significados do conjunto de suas atividades para melhorar a qualidade educativa e alcançar maior relevância social. E complementa, afirmando que a avaliação interna ou autoavaliação é, portanto, um processo cíclico, criativo e renovador de análise, interpretação e síntese das dimensões que definem a instituição.

A ideia é ter como foco dessa avaliação a qualidade educativa e, com isto, melhorar os processos de formação e de produção do conhecimento, as estruturas, os procedimentos e as condições administrativas, resultando em uma transformação qualitativa. Pode-se afirmar que, sendo assim, sua dinâmica é essencialmente pedagógica, construindo a qualidade com o auxílio dos processos de participação dos seus atores, buscando valorizar o indivíduo e integrá-lo, ao invés de sancioná-lo por eventuais faltas ou deficiências.

Dias Sobrinho esclarece que, em tal prática de avaliação,

Os sujeitos pertencem a mesma realidade que está sendo avaliada, às vezes com duplo estatuto de avaliadores e avaliados que dependendo das circunstâncias e das formas de organização, o processo interno se dá como auto avaliação, quando os avaliadores são não só sujeitos mas também parte do objeto, ou como hetero avaliação, no sentido de que especialistas da instituição são constituídos sujeitos de ações que tenham por finalidade a ampliação de conhecimentos e sobretudo a valoração do objeto de análise (Sobrinho, 2000, p. 128).

Não é objetivo deste estudo, aprofundar a discussão sobre avaliação institucional, mas utilizá-la como ferramenta capaz de contribuir para a compreensão dos caminhos percorridos pela instituição e os resultados dos processos produzidos no seu cotidiano. É com esse entendimento que se pretende utilizá-la para desvendar os resultados alcançados por um curso de especialização da Universidade do Estado do Pará.

4.2. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: UM OLHAR PARA ALÉM DO