• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III. A FORMAÇÃO CONTINUADA COMO ESTRATÉGIA

3.5. A CONTRIBUIÇÃO DO GESTOR

Um dos grandes desafios que se impõe, hoje, para o desenvolvimento da gestão educacional é certamente a formação do gestor. A sociedade mudou, o mundo mudou, as pessoas vivem em outra época e as instituições educacionais precisam acompanhar essas mudanças para que possam atender de maneira adequada às novas demandas dos novos tempos. Nesse caso, o gestor tem importância fundamental como elemento que vai propor novas formas de organizar o trabalho. Por isso, ele precisa estar preparado para encarar os desafios que se impõem à educação e à instituição escolar.

A transformação pretendida exige nova visão da gestão: mais criativa, menos acomodada, mais participativa, mais ética, mais democrática e, tecnologicamente, mais exigente. Requerem, assim, a preparação de profissionais dinâmicos, gestores escolares capazes de promover e conduzir as mudanças necessárias (Alonso, 2003, p. 30).

Nesse caso, as agências formadoras têm grande responsabilidade no processo de formação do gestor capaz de incentivar a transformação.

Para Giancaterino (2010, p. 32–33), as universidades têm papel fundamental na formação dos gestores, sobretudo porque são responsáveis pelo embasamento teórico necessário para a capacitação desses profissionais, que atuam como facilitadoras desse processo. Entretanto, ressalta-se que as instituições de ensino fornecem visão global, mas não de forma abrangente, sobre as várias áreas da gestão. Nesse aspecto, a conclusão de um curso de graduação, por si só, não garante o sucesso de um profissional. Muito pelo contrário, é apenas o início de longa caminhada, que tem como pressuposto básico a educação continuada. Afinal, as organizações estão procurando profissionais cada vez mais especializados, com uma visão generalista, capazes de conectar fatos, acontecimentos em vária

Em se tratando da gestão educacional, segundo Hora (2015, p. 53), a principal função do administrador escolar é realizar uma liderança política, cultural e pedagógica, sem perder de vista a competência técnica para administrar a instituição que dirige isso demonstra que o diretor e a escola contam com possibilidades de, em cumprimento com a legislação, usar sua criatividade e colocar o processo administrativo a serviço do pedagógico para facilitar a elaboração de projetos educacionais resultantes de uma construção coletiva dos componentes da escola.

Nessa perspectiva, torna-se evidente a importância das instituições de ensino superior ao encarar o grande desafio da formação de gestores como tarefa a ser realizada urgentemente, porque a escola não pode mais esperar. Com todas as modificações verificadas no ambiente escolar e no ambiente externo à escola surge a demanda por um perfil de gestor que, segundo Libâneo (2012), seja um profissional com conhecimentos e habilidades para exercer liderança, iniciativa e utilizar práticas de trabalho em grupo para assegurar a participação de alunos, professores, especialistas e pais nos processos de tomada de decisões e na solução de problemas.

O mesmo autor aponta outros motivos que reforçam a necessidade das instituições de ensino superior investir na formação continuada do gestor, tendo em vista, a relevância do seu papel diante de situações, tais como, o crescimento da população e a urbanização da sociedade têm levado à instalação de escolas maiores, tornando mais complexas as tarefas de organização e gestão; as mudanças na sociedade envolvendo uma ligação maior da escola com outras realidades tais como os meios de comunicação e informação, automação, implicando uma ligação mais explícita da escola com outros organismos da comunidade; e a necessidade de vínculo maior com as famílias, uma vez que responsabilidades que antes correspondiam aos pais e mães, conferidas às escolas: orientação sexual, orientação psicológica, orientação para novas necessidades da vida urbana, educação para o trânsito, educação para o lazer, educação ambiental etc.

A formação do gestor educacional e escolar, portanto, precisa ser pensada e efetivada a partir da complexidade da realidade social, educacional, econômica etc.

É de fundamental importância inserir na formação oportunidades e vivências de situações que, de forma intencional, induzam à problematização do trabalho pedagógico e não apenas da gestão. A postura investigativa do gestor deverá ser marcante nesse processo, contribuindo para o alargamento do conhecimento na área da gestão (Aguiar, 2000, p. 208).

O gestor qualificado, preparado, é um elemento chave na complexa engrenagem chamada gestão escolar, pois a ele cabe incentivar e executar práticas que resultem na efetivação da gestão democrática.

Nessa direção, o estudo realizado por Fiorini Filho (1996) leva a uma reflexão sobre a emergência de um novo padrão de gestão que destaca a figura do gestor escolar com um novo papel, ou a busca de uma nova atuação, como o articulador das relações e interações com a comunidade e como o facilitador da participação desta nas tomadas de decisão na escola.

Depreende-se então, que o gestor tem inúmeras responsabilidades na realização do seu trabalho, desde uma nova postura até a definição de possibilidades de mudanças para que a escola tenha qualidade e efetive-se enquanto instituição democrática e autônoma.

Segundo Schnecknenberg (2009, p. 119), a gestão do trabalho educativo, com participação, diálogo coletivo e autonomia, é prática que pressupõe uma gestão democrática e, consequentemente, uma escola coerente, planejada.

Esses princípios remetem a uma questão que se configura como muito relevante para compreender o papel do gestor enquanto líder na gestão democrática e participativa porque, segundo Lück (2012, p. 23):

O trabalho dos gestores escolares se assenta sobre sua capacidade de liderança, isto é, de influenciar a atuação de pessoas para o trabalho, a aprendizagem e construção de conhecimentos e, tem em vista que a gestão se constitui em processos de mobilização e organização do talento humano para atuar de forma compartilhada na promoção dos objetivos educacionais.

Considerando que a complexidade da educação demanda um trabalho em equipe, colaborativo e integrado, torna-se necessário também considerar o desdobramento da liderança em espaços e momentos de co-liderança, vale dizer, o compartilhamento com outros profissionais do espaço e oportunidade de influência sobre todos os membros da comunidade escolar.

Além disso, entende-se que a liderança corresponde também a um saber fazer a gestão. É necessário que o gestor reconheça a escola como instituição complexa, de múltiplas facetas e que traz em seu bojo problemas e necessidades de diferentes instâncias que precisam ser resolvidas e/ou atendidas.

Sobre isso, Boccia (2011, p. 46) afirma que na realização de seu trabalho, o gestor hoje precisa gerir problemas que envolvem questões burocráticas referentes ao atendimento das solicitações dos órgãos centrais, como o cumprimento de prazos, o acatamento das determinações legais e, para além delas, a responsabilidade de administrar, gerenciar, coordenar os interesses do setor público e do setor privado, colocados não só pelo Estado, pela legislação, mas também pela sociedade e pela comunidade do entorno da escola. Tudo sem deixar que a escola seja "empacotada" e sim que o atendimento a todas essas solicitações, faça com que a escola caminhe.

Portanto, o desempenho do gestor como se vê, é tarefa difícil e complexa, segundo as palavras de Santos (2002, p. 46), “ser diretor, hoje, é um desafio para grandes, uma tarefa para

educadores compromissados, uma função humana gratificante, mas terrível e difícil, dadas as condições em que ocorre”.

Por tudo isso, entende-se que a boa formação do gestor poderá contribuir para o desenvolvimento de novos modos de educar de uma escola em que o conhecer, o fazer e o ser se entrelaçam de forma dinâmica.

Nesse sentido, o Curso de Especialização em Gestão Escolar da UEPA organizou-se de modo a atender aos princípios da formação continuada, orientado pela concepção de gestão democrática, tendo no horizonte a formação consistente de gestores de escolas, para a promoção de um processo educativo crítico e criativo.

CAPÍTULO IV. UNIVERSIDADE E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: SUBSÍDIO À