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2 ITINERÂNCIAS INVESTIGATIVAS: SOBRE O LUGAR E AS ESCOLHAS PARA CAMINHAR COM A PESQUISA

2.3 O ESPAÇO E OS SUJEITOS: CONTEXTO DA PESQUISA

2.3.3 A busca pelos sujeitos colaboradores da pesquisa

Para compreender quem e porque são os sujeitos colaboradores deste estudo faz- se necessário entender, a priori, o contexto que fez evidenciar o interesse em aproximar- me desses professores, daí a necessidade de fazer um breve histórico do Curso de Extensão, que conseguiu agregar professores interessados em conhecer mais sobre processos de Avaliação da Aprendizagem no contexto da aula universitária.

O Projeto de curso de Extensão foi aprovado no Conselho do Departamento de Educação, na Câmara de Extensão e no CONSEPE (Resolução CONSEPE Nº 168/2006) e entrou em vigor na data de sua aprovação: 21 de Novembro de 2006.

O referido projeto foi uma proposta da Professora Lucile Ruth, professora pesquisadora do NEPPU, com o objetivo de no contexto do Departamento de Educação contribuir na reflexão da Pedagogia no Ensino Superior. O objetivo era dar oportunidade aos docentes da UEFS de refletir sobre sua prática educativa e avaliativa com colegas de outros Departamentos, ocasião em que os participantes pudessem diagnosticar os caminhos de melhoria do processo ensino e aprendizagem do qual a prática avaliativa era parte integrante. O referencial teórico a ser abordado pretendia apresentar aos docentes, as discussões mais recentes sobre avaliação da aprendizagem, não perdendo de vista uma visão sua.

A ideia teve a intenção de contribuir com o Plano de Desenvolvimento Institucional: PDI UEFS – 2006- 2010 que indicava como meta ―Fortalecer a constituição de um quadro docente capacitado para contribuir com a missão institucional‖ (UEFS, 2006, p.20), atentando, especialmente aos objetivos:

- Definir prioridade das áreas de conhecimento (nos Departamentos) para capacitação docente;

- Atualizar o Programa de Capacitação Docente;

- Promover atualização didático-pedagógica para docentes, a partir das demandas;

- Priorizar contratação de doutores em concursos públicos; - Implementar a avaliação do desempenho docente.

(UEFS, 2006, p. 20, grifo nosso)

Além disso, houve uma solicitação de alguns Colegiados de cursos novos, ao Departamento de Educação, no sentido de propor formação aos seus docentes, na área de Educação, inclusive, pela especificidade da metodologia de alguns destes, como o PBL - Problem Based Learning14 - Ensino Baseado em Problemas.

14Na UEFS, existem duas propostas pedagógicas de ensino: a Disciplinar (comum) e o PBL (Problem

O curso de extensão conseguiu ser ofertado em cinco edições (2007, 2008, 2009, 2010 e 2011), mas acabou sendo descontinuado por conta de algumas dificuldades, entre estas, a dos participantes manterem regularidade na participação, visto que precisavam conciliar as atividades do curso com outros encargos na universidade, além da própria logística para funcionamento desta atividade na universidade. A sua participação junto aos estudos e pesquisas do NEPPU, atrelados a essas outras possibilidades foi o disparador que promoveram a germinação do Curso, segundo a Professora Lucile Ruth (MEMÓRIA PEDAGÓGICA I).

Abertas as inscrições para a primeira turma no ano de 2007, o número de professores que se inscreveram, e os que queriam participar, ultrapassaram as vagas previstas inicialmente. A intenção não era de realização de palestras, mas sim, de reflexão com muita discussão do ato pedagógico e das dificuldades dos docentes em efetivá-las. Foram ofertadas cinco turmas deste curso como apresentado no quadro a seguir:

Quadro 1 – Professores inscritos no Curso de Extensão em Avaliação da Aprendizagem nos anos de oferta

ANO INSCRITOS CONCLUINTES (60h)

1ª turma - 2007 22 1

2ª turma -2008 18 6

3ª turma -2009 12 12

4ª turma -2010 15 3

5ª turma -2011 18 7

Fonte: MEMÓRIA PEDAGÓGICA I

O Curso destinado aos professores da Universidade Estadual de Feira de Santana tinha como proposta de participantes o máximo de vinte (20) professores, com duração de 60 horas aula, com três horas semanais, no turno vespertino (os dias alternavam a cada oferta de nova turma) a serem desenvolvidas no semestre.

De acordo com os dados expressos no Relatório de Memória do Curso, dos docentes que integralizaram as 60 horas de atividade temos, por Departamento, o número a seguir

Quadro 2 – Concluintes do Curso de Extensão em Avaliação da Aprendizagem por Departamento DEPARTAMENTO CONC LUINT ES DEPARTAMENTO CONCL UINTES Departamento de Ciências Biológicas (DBIO) Colegiados:

Ciências Biológicas; Agronomia

2

Departamento de Letras e Artes (DLETA) Colegiados:

Lic. em Letras Vernáculas;

2

Disciplinar. Apenas os cursos de Engenharia da Computação e Medicina são baseados no PBL (Problem Based Learning).

Lic. Letras com Espanhol; Lic. Letras com Francês; Lic. Música Departamento de Ciências Exatas (DEXA) Colegiados: Lic. Matemática; Lic. Química 2

Departamento de Saúde (DSAU) Colegiados:

Lic. Educação Física; Enfermagem; Odontologia; Medicina; Farmácia 12 Departamento de Ciências Humanas e Filosofia (DCHF) Colegiados: Lic.Geografia; Lic. História Lic. Filosofia; Psicologia 0

Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCIS) Colegiados: Administração; Ciências Contábeis; Ciências Econômicas; Direito 5 Departamento de Educação (DEDU) Colegiados: Pedagogia 1

Departamento de Tecnologia (DTEC) Colegiados:

Engenharia Civil; Engenharia de Alimentos; Engenharia de Computação

1

Departamento de Física (DEFIS) Colegiados:

Lic. Física

0 SERVIDOR/TÉCNICO 1

Fonte: MEMÓRIA PEDAGÓGICA I

Pelo Quadro 2 podemos perceber que a maior permanência no curso são dos docentes nas áreas do Bacharelado, possivelmente porque para aqueles que atuam nas Licenciaturas, que tiveram ao longo da formação inicial disciplinas do campo pedagógico, sentem-se ―apoiados‖ nessas referências para o exercício das atividades docentes.

O motivo de ter selecionado esses professores para colaborar com a pesquisa justifica-se por uma questão que, para mim, é fundamental: os professores ao longo dos cinco anos de oferta da proposta buscaram inscrever-se e participar do Curso por livre iniciativa. Não foi uma atividade vinculada aos encargos docentes, nem mesmo proposta por nenhuma instância da universidade. O compromisso foi assumido pelo próprio professor com seu processo de desenvolvimento profissional. Esses aspectos para mim se constituem no que há de singular em relação aos sujeitos da pesquisa.

Marcelo Garcia (1999/2013, p. 53) denomina atividades como esta de aprendizagem autônoma, na qual a pessoa ou grupo toma a iniciativa de planificar, desenvolver e avaliar suas próprias atividades de aprendizagem. Chama atenção, entretanto, o autor, que a aprendizagem autônoma não é um processo isolado; mas exige

um ambiente estimulante e colaborativo de pessoas e companheiros de trabalho.

A divulgação do Curso era feita por distribuição de cartazes pelas áreas comuns, assim como no Portal da universidade. Em um universo de novecentos e quarenta e oito professores (948) professores que compõem o quadro de docentes da UEFS (ANEXO 5), oitenta e cinco (85) destes professores buscaram - ao longo dos cinco anos de oferta - compartilhar e refletir de forma teórico-prática sobre os pressupostos epistemológicos, políticos e ideológicos, a natureza, o sentido e as formas de avaliação no processo de ensino-aprendizagem na universidade.

Por motivos diversos, concluiu o Curso um total de vinte e nove (29) professores. Ou seja, esses driblaram todas as intempéries: conciliar os encargos docentes, greves, paralisações, entre outros motivos desconhecidos, com este momento escolhido por ele para investir no seu processo formativo, e conseguiram integralizar a carga horária de 60 horas.

Foram estes professores que chamaram a minha atenção por todos os aspectos citados. Desse modo, pela especificidade da pesquisa que se propôs a abordar a experiência na docência, e sabendo que esta se constitui primeiramente na individualidade do sujeito, não poderia trabalhar com a qualidade e profundidade que exige a abordagem de questões da subjetividade, com este número de colaboradores, por isso estabeleci como critério que o grupo seria formado no máximo por nove (9) professores, um por Departamento, pelo menos, que todos deveriam ser do quadro efetivo da universidade e ter como regime de trabalho o mínimo de 40 horas semanais de atividade.

Dos nove Departamentos, conforme apresentado no Quadro 2, apenas sete tiveram professores inscritos no Curso. Antes de estabelecer contato com os professores, realizei uma consulta na Plataforma Lattes, um por um, para traçar o perfil destes professores e identificar aqueles que ainda permaneciam na instituição. Descobri que 4 professores não mais integravam o quadro de docentes da universidade por serem na época professores contratados em Regime Temporário, eram professores substitutos e seus contratos já estavam finalizados.

Enfim, com vinte e cinco (25) nomes confirmados no quadro permanente da universidade, enviei por e-mail uma carta proposta (APÊNDICE A) informando sobre a pesquisa, seus objetivos e procedimentos, convidando-os para participar da pesquisa. Recebi doze (12) respostas de aceitação. Das outras treze (13) não obtive retorno, mesmo com reenvio da mensagem por e-mail. Dos professores que sinalizaram aceitação ao convite seis (6) acabaram não conseguindo compatibilizar tempo para que nos

encontrássemos: alguns estavam afastados para cursar pós-graduação ou por outras licenças, ou mesmo, pela dinâmica do cotidiano de atividades profissionais. Insisti por algumas vezes na tentativa de concretizarmos o encontro, mas compreendendo que a particpação em uma pesquisa desta natureza só faz sentido se o colaborador está aberto a esse processo de abrir-se para o outro e voltar-se para si, respeitei o silêncio. Neste sentido, tive a confirmação de seis (6) professores que não pouparam esforços para contribuir com a concretização desta pesquisa. Com estes realizei a entrevista narrativa. Vale salientar que outras vozes aparecem ao longo da pesquisa. São os docentes que compuseram as cinco turmas do Curso, concluintes e não concluintes. Estas vozes estão presentes nos diários reflexivos que eles produziram no decorrer do Curso de Extensão e que compõem o relatório/memória que também foi fonte de análise neste estudo. Eles não são identificados porque no relatório não consta a identificação, por isso os nomeei de Professores Cursistas.

A identificação dos professores colaboradores que cederam a entrevista narrativa foi mantida em sigilo conforme acordado previamente e explicitado no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE B). Para estes foram atribuídos pseudônimos.