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CAPÍTULO 2 A COMPOSIÇÃO DE UM SISTEMA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

2.2 Sobre o físico, a cultura física e a educação física: os saberes e as práticas da

2.2.2 Sobre ginástica: entre calistenia e esportes

2.2.2.1 A calistenia

Presente nas aulas de ginástica ministradas no Departamento Físico da Associação no Rio, a calistenia também fez parte do aprendizado de brasileiros formados fora do país, bem como esteve presente em iniciativas produzidas em diferentes experiências de escolarização da Educação Física no Brasil.

Durante o processo de investigação, foi mobilizado um conjunto de obras que apontam como a calistenia, quando assumida como prática pela YMCA nos Estados Unidos, constituiu- se a partir de um exercício de circulação e apropriação cultural. A investigação indiciária tomou como referência inicial as indicações de Inezil Penna Marinho (s/d) sobre Os sistemas e métodos de Educação Física, quando afirma a presença da calistenia na ACM, bem como seu trânsito por intermédio de mediadores acemistas ao redor do mundo. A partir daquela obra, foi possível localizar o livro de A. Wood, Calistenia: la fuerza armoniosa por el ejercicio, publicado em 1938160. As fontes sugerem que o autor trata-se de Alfredo Wood, argentino, nascido em 1900, que entrou para a Asociación Cristiana de Jóvenes de Buenos Aires no ano de 1921 e cursou estudos no Instituto Técnico da Federação Sul-Americana das Associações Cristãs de Moços. Ainda teve passagens pela ACM no Brasil161. No referido livro, a dedicatória de Wood é destinada a James Summers e Felipe Conard, diretores do Instituto Técnico à época, a quem o autor chamava de bons amigos e mestres. A publicação de Wood parecia então ter um local de interlocução para a emissão de suas ideias. No decorrer do texto, o destaque ao papel assumido pela ACM no tocante à circulação da calistenia pelo mundo162.

La Asociación Cristiana de Jóvenes en los Estados Unidos, por intermedio de William Wood y Robert Jeffries Roberts, adoptó para su programa de educación física lo que Lewis había denominado “la nueva gimnasia” y que se popularizó rápidamente, no sólo en el Norte, sino que, gracias a la

160 No livro de Inezil Penna Marinho, em tópico intitulado Leitura indicada, consta o livro Calistenia do prof. A.

Wood.

161 INSTITUTO TÉCNICO DE LAS ASOCIACIONES CRISTIANAS DE JÓVENES. Graduados de 1925 y 1926. 162 Inezil Penna Marinho cita fragmentos de tal resenha histórica presente no livro de Alfredo Wood.

influencia que la institución desarrolla en todo el mundo, pronto se vió desparramada por los cinco continentes, llevada por los Secretarios y Directores de Educación Física graduados en las escuelas de Springfield y Chicago. En alguna forma se le adjudicó a la “nueva gimnasia” el título de Calistenia y en esa forma llegó a la América del Sur por intermedio de la Asociación Cristiana de Jóvenes (WOOD, 1938, p. 22, grifos do autor).

Pistas sobre Lewis e a nova ginástica foram encontradas em A guide of the History of Physical Education, de Fred Leonard (1923). Em sua proposta, Dio Lewis163 preocupava-se com um conjunto de sujeitos que não pareciam ser atenção prioritária de outros métodos ginásticos. Dizia ele que a ginástica alemã, tão comum nos Estados Unidos, não estaria adaptada para aqueles que mais precisavam de treinamento. “Homens velhos, homens gordos, homens fracos, meninos, e mulheres de todas as idades – as classes que mais precisam de treinamento físico – não foram atraídos para o antigo ginásio” (LEONARD, 1923, p. 255, tradução livre). Novo na filosofia e também nos detalhes práticos, o sistema por ele desenvolvido dispensava todo o aparato “embaraçoso” do ginásio comum, seria de fácil gestão e projetado com o propósito de dar flexibilidade, agilidade e graça aos movimentos e menos preocupado em dar mera força ao músculo. No conjunto dos benefícios do “novo sistema de cultura física”, uma permanente comparação com a ginástica alemã, que Lewis denominava como velha, antiga. “O impulso centrífugo da série predominante assegura a integridade e graça alcançada por nenhum outro meio, enquanto o caráter centrípeto do método antigo ou alemão tem sido o opróbrio da cultura física”. A nova ginástica estaria aberta à participação de todas as pessoas, de ambos os sexos, de variadas idades, enquanto que o “velho ginásio” falhava por não incluir tal diversidade. O atendimento às necessidades e características individuais dos sujeitos ao invés da subordinação às performances difíceis do “antigo” sistema era uma aposta da nova ginástica. Música e coletividade eram consideradas atrativos. “Sem a apatia pode resistir o estímulo delicioso. As cem pessoas no chão participam das evoluções inspiradas por um impulso comum. No sistema antigo, cada indivíduo trabalha por si mesmo, privado de simpatia e energia evocada por música e o movimento associado”. Ainda sobre os benefícios, a dimensão da eficiência que comumente esteve presente no discurso sobre os exercícios físicos promovidos pela ACM e nas apropriações produzidas em experiências brasileiras com a Educação Física: “O objetivo fisiológico de todo o treinamento muscular é para aperfeiçoar o casamento entre nervos e

163 Dioclesian Lewis nasceu nos Estados Unidos, em 1823 e faleceu no ano de 1886. Foi considerado como o

sujeito que “deu a ginástica na América um impulso maior do que qualquer homem antes dele tinha feito, que seria suficiente para ele merecer a gratidão de todos os interessados em treinamento físico. Mas ele fez mais. Ele despertou pela primeira vez o público americano à apreciação do fato de que o mero desenvolvimento de músculos enormes não é a verdadeira ideia de treinamento físico” (LEONARD, Fred Eugene. A guide to the History of Physical Education. Philadelphia and New York: Lea & Febiger, 1923, p. 263) (tradução livre).

músculos. A habilidade exigida pelas linhas precisas, a mudança de atitudes e combinações difíceis dos novos métodos obriga a interação mais completa entre alma e corpo” (LEONARD, 1923, p. 261, tradução livre).

A referência à novidade que comumente acompanhava as proposições de Lewis não permite ser lida a partir da ideia de pureza de invenção. Nas fontes consultadas, a indicação de que a sistematização da “nova ginástica” dialogava inclusive com aspectos da ginástica alemã, mas não aquela dos ginásios e grandes aparatos, por ele criticada. Ao contrário, uma sistematização alemã que parecia sintonizada com alguns elementos enfatizados pelo autor. Leonard (1923) cita o livro de Lewis, The New Gymnastics for Men, Women, and Children, publicado pela primeira vez em 1862, e indica que a parte intitulada Ginástica livre é composta por exercícios selecionados da obra de Daniel Gottlob Moritz Schreber. A análise realizada por Diogo Puchta (2015) sobre a obra Gymnastica domestica, medica e hygienica produzida por Schreber em 1855, indica proposições de uma ginástica “para os dois sexos e para todas as idades, para uso contínuo e em qualquer local, tanto pelos médicos, como por homens, mulheres, crianças e ‘velhos’ de mais de sessenta anos, além de professores e pais de família, sem a exigência de nenhum aparelho ou auxílio ‘estranho’” (p. 96-97, grifos do autor). Características das formulações de Schreber que parecem afinadas com os anseios de Dio Lewis.

A análise da constituição da “nova ginástica” é também um alerta para o risco de classificação das práticas culturais em grandes arranjos. Uma compreensão generalizada da “ginástica alemã” como uma prática una, não deixa ver singularidades que marcaram diferentes ‘maneiras de fazer’ os exercícios físicos naquele país. Dessa maneira, o entendimento sobre o perigo das generalizações implica em um esforço para tentar ler nas fontes vestígios que possam desvendar a pluralidade presente nas práticas culturais. As proposições de Lewis parecem ser expressão de um processo que rejeitou aspectos de uma determinada ginástica alemã – aquela praticada nos ginásios, com grande aparelhagem, realizada por sujeitos com o corpo bem treinado –, mas aderiu a feições de outra sistematização produzida também na Alemanha – preocupada em alcançar uma variedade de sujeitos, e mais leve.

Já incorporada pela ACM, a calistenia presente na Associação do Rio era praticada de formas diferenciadas: “os exercicios calisthenicos são de duas especies: por vozes de commando, (...) e rythmados”164 anunciava Sims. O diretor físico ainda demarcava as diferenças

que subsidiariam o ensino de uns e outros. Benefícios dos primeiros, a correção da postura; dos segundos, o desenvolvimento da circulação, músculos e órgãos vitais.

A atenção à bibliografia mobilizada por autores que tematizaram a calistenia em suas obras, nos permitiu recorrer a Staley (1926)165. Em seu livro Calisthenics – modern methods of free-exercise instruction166 o autor explicita com mais detalhes os diferentes métodos dos exercícios calistênicos, e é possível perceber pontos de contato com as proposições emitidas por Sims. O método por comando consistiria em expor para a classe o movimento a ser realizado e o seu comando de direção. As posições deveriam ser mantidas por alguns segundos e, nesse momento, o instrutor faria as correções. Para caracterizar o método, um exemplo de procedimento: “Mãos lateralmente – Lugar. Instrutor inspeciona a classe, faz uma ou duas correções gerais, diz, ‘abdômen para dentro’, faz uma correção individual ou duas, então, após a posição mantida por um longo tempo comparativamente – 5-8 segundos – fala a próxima posição” (STALEY, 1926, p. 91, tradução livre). Valores disciplinares, porque exigiria atenção; precisão na execução dos exercícios; e desenvolvimento de uma boa postura são benefícios conquistados à custa de algumas objeções ao método como menor estimulação orgânica; alto grau de tensão; e exercícios laboriosos e desinteressantes.

Familiarizar a classe com os exercícios a serem utilizados. Essa era a primeira tarefa do instrutor de calistenia pelo método ritmado. Aprendidos por descrição ou demonstração, os movimentos eram realizados por meio de contagem ritmada – regular e uniforme. Palmas e batidas no chão ajudavam a marcar os tempos. O piano foi também utilizado para dar o ritmo de trabalho. Prazer pela exercitação rítmica; maior aumento da frequência cardíaca e capacidade respiratória – aspecto considerado por Staley como higiênico –, aliado ao que o autor considerava fisiologicamente correto.

A contração ritmicamente alternada e o relaxamento dos músculos auxiliam o fluxo de sangue facilitando assim o metabolismo e a remoção de resíduos, enquanto as contrações prolongadas interferem seriamente neste procedimento e produzem resultados prejudiciais. Contrações prolongadas são fatigantes e contrações intermitentes e relaxamentos não são. Daí o exercício rítmico ser preferível (STALEY, 1926, p. 100, tradução livre).

Da obra de Staley (1926) destaquem-se outros vestígios para a compreensão da dinâmica de apropriação de diferentes referências que produziu a calistenia, bem como, outras sistematizações sobre a ginástica. O autor cita Clias, um professor suíço que trabalhou também

165 Agradeço a Luciana Bicalho da Cunha a cópia do referido livro.

na França e na Inglaterra, e, em 1829, publicou o livro Kallisthenie. A versão produzida por Staley (1926) destaca a apropriação da obra de Clias por um professor alemão de ginástica. “Spiess não usou o termo calistenia, embora preferisse o título ‘A Ginástica das meninas’, o trabalho era essencialmente o mesmo que aquele usado por Clias”. Ao enfatizar, em seguida, o papel de Dio Lewis para a produção da “nova ginástica”, Staley (1926) comenta que “por um tempo ele pretendeu que as atividades utilizadas fossem novas e originais, mas verificou-se que a maior parte de seu material foi retirada do programa de ginástica leve dos alemães, e não era essencialmente diferente da calistenia usada anteriormente” (p. 3, tradução livre).

Ao trazer para a narrativa fragmentos de históricos produzidos pelos autores aqui mobilizados, não intencionamos estabelecer as origens da calistenia, mas buscar sentidos para o estabelecimento dessa prática na ACM. A constituição da trama que produziu a calistenia sugere que tal prática foi composta pela apropriação de diferentes sistematizações para os exercícios físicos. Parece ter sido a partir de um imbricado de referências que se propôs a calistenia para trabalhar com uma diversidade de sujeitos, inclusive, os menos treinados; essa prática estabeleceu-se a partir de exercícios rijos, mas também aqueles que comportavam uma fluidez, porque ritmados; configurou finalidades que combinaram correção dos corpos e eficiência dos gestos167.

A afirmação de nomenclaturas diferenciadas não necessariamente forjava ginásticas inteiramente distinguidas umas das outras. Entre calistenia, ginástica das meninas, nova ginástica, e ginástica livre, parecia haver pontos de contato. O que quero sugerir é que se tem mostrado mais fecundo compreender a calistenia menos como uma produção pura do que o resultado de um conjunto de apropriações. Um dos aspectos que indicam uma nova produção de sentido em relação a outros exercícios físicos é a presença do ritmo, já destacada na obra de Staley (1926), aspecto que também Alfredo Wood (1938) demarcou para explicitar distinções entre os termos ginástica e calistenia.

Gimnasia se entendía lo que practicaban las escuelas alemana, sueca y dinamarquesa, es decir, ejercicios sin aparatos y con y sobre aparatos; aparatos de mano e aparatos pesados. Mientras que Calistenia dejaba sentado que los ejercicios eran completamente sin aparatos, es decir, ejercicios “libres”; pero no libres en el sentido que lo entendían los suecos e alemanes, sino que en el sentido de ser también ejercicios rítmicos (WOOD, 1938, p. 21, grifos do autor).

167 Estou adotando aqui argumentos utilizados por Tarcísio Mauro Vago (2002) quando investigou “Educação

A partir de referências específicas, a calistenia foi forjada por sujeitos que também nos Estados Unidos produziram sentidos particulares para ela. Entendida como caixa de ressonância168, a Associação Cristã de Moços disseminou a circulação de tal prática pelos diferentes países em que esteve presente, inclusive, em cidades de uma ‘outra’ América.

Figura 7: Exercícios calistênicos na praça de esportes em Montevidéu.

Fonte: YMCA. Reglamentos Oficiales de juegos atléticos. New York: American Sports Publishing Co. 1921, p. 121.

168 Tomo de empréstimo o termo usado por Sevcenko (1998) ao se referir ao Rio de Janeiro como uma “capital

irradiante” na transição do século XIX para as primeiras décadas do XX. O autor discorre que “o Rio passa a ditar não só as novas modas e comportamentos, mas acima de tudo os sistemas de valores, o modo de vida, a sensibilidade, o estado de espírito e as disposições pulsionais que articulam a modernidade como uma experiência existencial e íntima” (p. 522). Parece ser possível afirmar que existia por parte da ACM a expectativa de tornar-se referência para valores a serem incorporados pelos sujeitos, práticas de exercícios físicos para a formação de diferentes públicos, modos específicos de experimentar os jogos, os esportes, a ginástica. Entendo a circulação da modelagem cultural ali forjada como um importante indício de tal expectativa.

Figura 8: Uma classe praticando exercícios calistênicos, sob a direção de H. Sims, na ACM do Rio de Janeiro. Fonte: YMCA. Reglamentos Oficiales de juegos atléticos. New York: American Sports Publishing Co. 1921,

p. 131.

Figura 9: Classe da Escola Nacional Preparatória, praticando exercícios calistênicos sob a direção de líderes do Departamento de Educação Física. Asociación Cristiana de Jóvenes da Cidade do México.

Fonte: YMCA. Reglamentos Oficiales de juegos atléticos. New York: American Sports Publishing Co. 1921, p. 134.

Figura 10: Crianças de escolas públicas, fazendo exercícios calistênicos sob a direção de líderes da Associação. Asociación Cristiana de Jóvenes de Monterrey, México.

Fonte: YMCA. Reglamentos Oficiales de juegos atléticos. New York: American Sports Publishing Co. 1921, p. 139.

Figura 11: Uma das classes da Escola McKay, fazendo exercícios calistênicos sob a direção de um dos líderes da Associação. Asociación Cristiana de Jóvenes de Valparaiso.

Fonte: YMCA. Reglamentos Oficiales de juegos atléticos. New York: American Sports Publishing Co. 1921, p. 149.

As imagens foram publicadas em 1921, nos Reglamentos Oficiales de juegos atléticos sob a intitulação La América Latina ilustrada na qual também estão apresentadas outras práticas presentes na Associação: basquete, boxe, exercícios com aparatos, pelota de mano, vôlei, entre outras. Atividades para crianças, jovens e adultos, presentes em diferentes espaços da cidade como praças, instituições escolares e a própria ACM. A diversidade de sujeitos abrangida pelas ações (não apenas os associados), a variedade de espaços envolvidos (não restritos à estrutura das sedes acemistas) possibilitam perceber a expectativa da Associação em tornar-se irradiadora de práticas e de significados culturais a elas atribuídos.

Na tentativa de acionar sentidos característicos assumidos pela calistenia no seu processo de configuração, Wood (1938) explicita os significados de tal prática no tempo de produção de sua obra. A calistenia seria um “sistema de ejercicios físicos, ejecutados principalmente sin aparatos y destinados a contrarrestar los efectos deprimentes que la vida moderna de las ciudades tienen sobre el organismo” (p. 15).

A vida moderna no clima cultural do Rio de Janeiro modificava jeitos de viver, sentir, de estar na cidade. Em texto publicado na Mocidade, em 1922, as impressões de Oswaldo Murgel Rezende169, derivadas de observações feitas na cidade, retratavam o Rio de Janeiro marcado por um quadro de mazelas: o analfabetismo, o alto índice de mortes decorridas de doença, as más condições de habitação, falta de higiene. Essa mostra de efeitos da vida

169 Formado em Educação Física, Oswaldo Murgel Rezende criou, junto com Paulo Lotufo, a Revista Educação

Physica. Produzido no Rio de Janeiro, o impresso foi veiculado entre 1932 e 1945 (SCHNEIDER; FERREIRA NETO, 2008).

moderna, que afetavam os sujeitos de forma deprimente, estava presente na seção intitulada Departamento de Educação Physica.

Não me consta haver nenhum estudo acerca deste palpitante assumpto, que concerne tão de perto á estructura da nossa raça. O que ahi segue é, assim, unicamente, juizo por mim formado com o pouco que tenho podia (sic) observar nesta cidade. Não representa isto, pois, o resultado de pesquizas especiaes, mas sim o transumpto do contacto diario com os meus pequenos patricios.

Em geral, é pessimo o estado physico dos meninos entre os 12 e 18 annos. Varias causas concorrem para esta situação, podendo-se citar entre ellas: o analphabetismo, as endemias e a falta completa de qualquer educação, encarada em todos os seus aspectos.

Veja-se, por exemplo, um destes pequenos vendedores de jornaes; sigamos- lhe o desenvolvimento e ficaremos assombrados com o atrazo e os defeitos delles.

Morando em casebres immundos e em porquissimas casas de habitação collectiva, onde não se percebe a acção da Saude Publica com alimento da peior especie, mourejando dia e noite expostos á inclemencia dos tempos, sem instrucção primaria, sem educação hygienica de especie alguma, pervertendo- se no meio em que vivem, resentem-se, naturalmente, estes infelizes e soffrem physicamente, com as mais graves repercuções na vida social.

Os pulmões se encarquilham e cedo os ganha a tuberculose, cujo indice de mortalidade é simplesmente phantastico no Rio, onde morrem por mez cerca de 400 pessoas!170.

Para enfrentar os efeitos da vida moderna, um novo modo de fazer ginástica – a calistenia, e as novas formas de jogar – as práticas esportivas. Combinando esses exercícios, a ACM buscava tanto promover a constituição física dos sujeitos como a formação do caráter e do “homem social”.