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2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA

2.1. A Chapada do Araripe

“Araripe ... De longe o vemos azulado, dando-nos a impressão de um encontro do céu com o mar. “Lugar das Araras” é o significado do seu nome “Araripe”, originário da língua Tupi“.

LIMAVERDE (2007). A área de Proteção Ambiental do Araripe foi criada pelo Decreto federal s/nº de 04.08.1997. Compreende 38 municípios, abrangendo os seguintes Estados: Ceará (15 municípios), Pernambuco (12 municípios) e Piauí (11 municípios). Está inserida na Mesorregião do Complexo do Araripe, com uma extensão de 10.630 km2 e um perímetro de 2.658,55 km. Compreende uma forma tabular, cujo topo tem cerca de 7.500 km2 com altitude variando de 700 a 1.000 metros e, se constitui em um divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Jaguaribe (CE) ao norte, São Francisco (PE) ao sul e Parnaíba (PI) a oeste (BRASIL, 1996).

Ressalte-se que ainda merecem destaque e atenção especial para as áreas de preservação permanente - APP, que correspondem às encostas da chapada do Araripe, bem como as nascentes e olhos d’água, entre outros ecossistemas como os pertinentes ao bioma Caatinga (FUNCEME, 2006).

A APA do Araripe, situada no bioma caatinga tem por finalidade proteger a fauna e flora, especialmente as espécies em extinção, e garantir a conservação dos remanescentes de mata aluvial, dos leitos naturais das águas pluviais e das reservas hídricas, bem como a proteção dos sítios cênicos, arqueológicos e paleontológicas do Cretáceo Inferior, do Complexo Araripe (FUNCEME, 2006).

Segundo LIMAVERDE (2007), seu território envolve em termos geográficos dois espaços do Nordeste:

 A bacia sedimentar do Araripe é constituída de uma zona comprida, alta, que é o topo da chapada, e de uma zona mais limitada, que é o sopé das encostas da chapada. Esta zona limitada é mais ampla ao norte, no Estado do Ceará.

 Os setores em volta da bacia: ao norte, a depressão sertaneja setentrional; ao sul, parte da depressão sertaneja meridional; ao oeste, parte do complexo Ibiapaba.

Em termos ambientais, a Chapada do Araripe envolve três tipos de territórios:

 A Área de Proteção Ambiental do Araripe (APA- 1997) no centro com uma vegetação mais abundante: a Floresta Nacional do Araripe (FLONA- 1946).

 Áreas extensas no entorno da APA, semi-áridas, que devido à ação antrópica estão passando por um processo de desertificação parcial.

 Áreas urbanas, em processo de modernização.

Ao norte, a natureza do subsolo dessa bacia sedimentar torna a Chapada do Araripe um grande reservatório de água (aqüíferos), dando origem às inúmeras fontes de pés de serra: O Cariri Cearense.

Foi realizado um inventário das fontes naturais, identificando-se um total de 344, conforme a distribuição por Estado (Figura 1): o Ceará representa um total de 293 fontes (85,1%), o Pernambuco compreende 43 fontes (12,5%) e o Piauí um total de 8 fontes (2,4%). Assim, os volumes de água liberados por essas fontes também são mais elevados no Ceará, com vazão média em torno de 18 m3/h; 2 m3/h em Pernambuco e 0,1 m3/h no Piauí (BRASIL, 1996).

VERGOLINO (2006) faz uma síntese dessa região e afirma existir a ocorrência de dois espaços naturais distintos; um onde se centraliza diversos municípios com vales úmidos, abundância de mananciais de água, com regime de chuvas estável e solo fértil; e outro, um conjunto de municípios situados em áreas do semiárido, sujeitos à ausência, escassez relativa de água, estiagens prolongadas, e ainda prevalecendo à agricultura de autoconsumo e a pecuária extensiva.

ACCIOLY et al. (2002) enfatizam que a Chapada do Araripe é caracterizada pela diversidade de tipologias da vegetação, encontrando-se áreas cobertas por carrasco, cerrado, cerradão e mata úmida. A exploração dessa vegetação vem se processando na região por um período de aproximadamente 60 anos, principalmente na vertente sul da Chapada. As causas principais da degradação têm sido atribuídas às crescentes demandas por lenha com finalidade de uso industrial (principalmente as indústrias de gesso), para consumo doméstico, como também, por terra, para lavouras de subsistência e para a pecuária.

Nos limites da Chapada, as cidades de Juazeiro do Norte e Crato, no Estado do Ceará, se apresentam como pólo de maior destaque, em seguida, os municípios de Araripina e Salgueiro em Pernambuco e, numa segunda escala em importância econômica, os municípios de Paulistana e Jaicós, no Piauí. Outro ponto destacado por este autor, fazendo referências à dinâmica econômica e global da mesorregião da Chapada do Araripe, é que esta vem apresentando um novo enfoque de desenvolvimento, principalmente a partir da década de noventa, estando as atividades voltadas para o setor industrial e de serviços e não mais alicerçados em bases históricas, binômio gado-algodão, onde perdurou por anos a paisagem dessa região (VERGOLINO, 2006).

Dessa forma, toda essa região que compõe a APA Araripe tem inspirado por sua beleza exuberante, por suas riquezas naturais, entre outras, os poetas populares locais,

Figura 1. Distribuição das fontes por Estado na Bacia Sedimentar do Araripe. Fonte: BRASIL (1996).

principalmente aqueles dedicados à literatura de cordel, a cantarem esses recantos do Nordeste, e assim em poesias, Cacá Lopes, em Nativos da Chapada descreve:

Vinte anos de pesquisa E uma constatação, Vinte Aldeias Indígenas

Existiram no Sertão, Na Chapada do Araripe, Marcas ficaram no chão.

Teve a aldeia Sauhén Talvez a mais conhecida

Virou nome de um sítio Homenagem merecida Os tapuias residiram No local, história vivida

Vinte Sítios Pré históricos, Arqueológicos vão estar

A disposição de todos Que aqui vem pesquisar Muitos chegam de outras terras

Como é rico esse lugar.

Pesquisadores da USP Já fizeram escavação, Gente lá da Califórnia Estiveram na Região, Até mesmo da Inglaterra

Pisaram no nosso chão.

Fonte: LOPES (2009)

VIANA; NEUMANN (2002) afirmam que o Membro Crato da Formação Santana compõe-se basicamente de estratos horizontalizados de rocha calcária e, junto com o Membro Romualdo, constituem um dos mais importantes sítios paleontológicos do País – a Formação Santana da Bacia Sedimentar do Araripe, além de também representar igualmente notável sítio geológico. As áreas aflorantes deste sítio bordejam a Chapada do Araripe e pertencem principalmente aos municípios de Porteiras, Barbalha, Crato, Nova Olinda e Santana do Cariri, no Estado do Ceará. Ainda, o mais agravante, o comércio de fósseis, tem favorecido a exploração ilegal desse patrimônio cultural da humanidade, exercida principalmente nas minas para extração de rochas ornamentais.