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2.2.4 A Cidade Linear de Arturo Soria

No documento Habitação mínima (páginas 54-58)

Arturo Soria (1844-1920), foi um engenheiro espanhol, contemporâneo de Howard, que se dedicou a vários estudos técnicos, dos quais extraiu projectos e invenções e a numerosas iniciativas industriais, frequentemente derivadas dos seus estudos.

De entre as suas propostas teóricas destacou-se a da Cidade Linear, exposta pela primeira vez em 6 de Março de 1882, num artigo no jornal El Progresso de Madrid. Impressionado pelo congestionamento da cidade tradicional, desenvolvida concentricamente em torno de um núcleo, Arturo Soria propôs uma alternativa radical, que consistia numa faixa viária de largura limitada, percorrida por uma ou mais faixas ferroviárias eléctricas (ferrocarril) ao longo do seu eixo, de comprimento indefinido.

Esse tipo de cidade deveria ser construído partindo-se de uma ou mais cidades punctiformes, formando-se posteriormente uma série de triangulações que faziam a união entre estas.

A rua central deveria ter a largura de pelo menos 40 metros, arborizada e percorrida no eixo pela linha ferroviária eléctrica; as vias transversais, teriam um comprimento de cerca de 200 metros e 20 de largura. Relativamente ao edificado, este deveria cobrir apenas 1/5 do terreno e o lote mínimo seria de 400 metros quadrados, dos quais apenas 80 seria para a moradia e os restantes 320 para jardim. Soria idealizava uma cidade extensível feita de pequenas casas isoladas em que, para cada família uma casa e em cada casa, uma horta e um jardim [figura 13].

Posteriormente, na última década do século XIX, Soria tentou pôr em prática o seu projecto, projectando para tal, uma Cidade Linear em forma de ferradura em torno de Madrid. Esta cidade extendia-se num comprimento de 58 Km entre a Vila de Fuencarral e Pozuelo de Alarcón. Uma das condições para esta iniciativa era a construção de uma linha ferroviária que partia de Alarcón e era começada em 1890.

Soria defendeu que tal iniciativa devia permanecer particular e independente de qualquer controlo ou subvenção pública, o que provocou alguns entraves na compra de terrenos, visto que não pode recorrer à expropriação. A parte da cidade que conseguiu realizar era apenas 1/4 do previsto, perdendo assim o carácter de regularidade impostos pela teoria. Para além disso, a destinação dos lotes não podia ser controlada nem mantida constante, sofrendo desta forma as investidas do crescimento da periferia ordinária de Madrid.

Soria intuiu pela primeira vez a relação entre os novos meios de transporte e a cidade. Contudo, ele pensava unicamente nas funções tradicionais, ou seja, na residência e nos seus serviços e não fazia com que as actividades produtivas interviessem no raciocínio.

A ideia do urbanista seria desenvolvida pela geração seguinte partindo exactamente da relação residência-trabalho, a qual, repetindo-se sempre no mesmo sentido daria lugar à forma linear da cidade. Este método ocorre nos estudos teóricos dos alemães nos anos vinte, desenvolvidos e parcialmente aplicados na década seguinte na Rússia e na Cité Linéaire de Le Corbusier [figuras 14,15 e 16].

14. Desenho esquemático da Cidade Linear de Le Corbusier 13. Perfil transversal de uma rua principal da Cidade Linear

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2.2.4- A Cidade Linear de Arturo Soria

Arturo Soria (1844-1920), foi um engenheiro espanhol, contemporâneo de Howard, que se dedicou a vários estudos técnicos, dos quais extraiu projectos e invenções e a numerosas iniciativas industriais, frequentemente derivadas dos seus estudos.

De entre as suas propostas teóricas destacou-se a da Cidade Linear, exposta pela primeira vez em 6 de Março de 1882, num artigo no jornal El Progresso de Madrid. Impressionado pelo congestionamento da cidade tradicional, desenvolvida concentricamente em torno de um núcleo, Arturo Soria propôs uma alternativa radical, que consistia numa faixa viária de largura limitada, percorrida por uma ou mais faixas ferroviárias eléctricas (ferrocarril) ao longo do seu eixo, de comprimento indefinido.

Esse tipo de cidade deveria ser construído partindo-se de uma ou mais cidades punctiformes, formando-se posteriormente uma série de triangulações que faziam a união entre estas.

A rua central deveria ter a largura de pelo menos 40 metros, arborizada e percorrida no eixo pela linha ferroviária eléctrica; as vias transversais, teriam um comprimento de cerca de 200 metros e 20 de largura. Relativamente ao edificado, este deveria cobrir apenas 1/5 do terreno e o lote mínimo seria de 400 metros quadrados, dos quais apenas 80 seria para a moradia e os restantes 320 para jardim. Soria idealizava uma cidade extensível feita de pequenas casas isoladas em que, para cada família uma casa e em cada casa, uma horta e um jardim [figura 13].

Posteriormente, na última década do século XIX, Soria tentou pôr em prática o seu projecto, projectando para tal, uma Cidade Linear em forma de ferradura em torno de Madrid. Esta cidade extendia-se num comprimento de 58 Km entre a Vila de Fuencarral e Pozuelo de Alarcón. Uma das condições para esta iniciativa era a construção de uma linha ferroviária que partia de Alarcón e era começada em 1890.

Soria defendeu que tal iniciativa devia permanecer particular e independente de qualquer controlo ou subvenção pública, o que provocou alguns entraves na compra de terrenos, visto que não pode recorrer à expropriação. A parte da cidade que conseguiu realizar era apenas 1/4 do previsto, perdendo assim o carácter de regularidade impostos pela teoria. Para além disso, a destinação dos lotes não podia ser controlada nem mantida constante, sofrendo desta forma as investidas do crescimento da periferia ordinária de Madrid.

Soria intuiu pela primeira vez a relação entre os novos meios de transporte e a cidade. Contudo, ele pensava unicamente nas funções tradicionais, ou seja, na residência e nos seus serviços e não fazia com que as actividades produtivas interviessem no raciocínio.

A ideia do urbanista seria desenvolvida pela geração seguinte partindo exactamente da relação residência-trabalho, a qual, repetindo-se sempre no mesmo sentido daria lugar à forma linear da cidade. Este método ocorre nos estudos teóricos dos alemães nos anos vinte, desenvolvidos e parcialmente aplicados na década seguinte na Rússia e na Cité Linéaire de Le Corbusier [figuras 14,15 e 16].

16. Cidade Linear Industrial de Le Corbusier

15. Cidade Linear Industrial de Le Corbusier: uma unidade "de tamanho conforme"

1. Habitar 2. Trabalhar 3. Cultivar

A) Cidade-jardim horizontal B) Cidade-jardim vertical C) Prolongamento das habitações

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Desta forma, o ferrocarril de Soria era somente uma parte do complexo sistema de artérias necessárias para a cidade contemporânea, no entanto, a ideia da relação rua-cidade já estava perfeitamente clara no início do Período Moderno, denotando-se a importância do seu contributo para a formação e organização das cidades actuais e como consequência as tipologias das habitações, inclusive das habitações mínimas.

16. Cidade Linear Industrial de Le Corbusier

15. Cidade Linear Industrial de Le Corbusier: uma unidade "de tamanho conforme"

1. Habitar 2. Trabalhar 3. Cultivar

A) Cidade-jardim horizontal B) Cidade-jardim vertical C) Prolongamento das habitações

Desta forma, o ferrocarril de Soria era somente uma parte do complexo sistema de artérias necessárias para a cidade contemporânea, no entanto, a ideia da relação rua-cidade já estava perfeitamente clara no início do Período Moderno, denotando-se a importância do seu contributo para a formação e organização das cidades actuais e como consequência as tipologias das habitações, inclusive das habitações mínimas.

No documento Habitação mínima (páginas 54-58)