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A competitividade da Roménia

No documento A Roménia e a integração na União Europeia (páginas 119-122)

A Roménia após a adesão

V.3. A competitividade da Roménia

É expectável que de entre dois parceiros comerciais as vantagens vão para aquele com a economia mais desenvolvida. É o caso da UE.

Um baixo nível de desenvolvimento pode significar exportações dominadas por matérias-primas, produtos processados ao nível primário ou mercadoria barata que não traz montantes significativos ao orçamento de um país. Este é o caso da Roménia, contrariamente à UE, cuja estrutura dos produtos vendidos no mercado romeno mostra que as economias de proveniência são altamente desenvolvidas, e o ganho é elevado. A Roménia perdeu, em 2004, 2.164 milhões de euros por ter vendido produtos baratos na UE, mas também por ter comprado produtos caros, ou seja, altamente e tecnologicamente processados. Motivo: foram exportados produtos com pouco valor acrescentado, tais como recursos naturais, matérias-primas etc. Mas, a venda de produtos baratos pode ser um lucro apenas quando o país o faz a preços progressivos maiores para deter uma vantagem comparativa e promover a especialização de produtos. Portanto, não se respeita a teoria da vantagem absoluta de Adam Smith, que argumentava que, se a um país estrangeiro pode fornecer mercadorias mais baratas do que este está a produzir, é melhor comprá-los daquele país, e não ao contrário. Muito menos respeita-se o princípio apoiado por David Ricardo, o de vantagem comparativa: um país especializa-se na produção e exportação dos bens que produzem com um custo relativamente mais baixo do que o outro, e importa aqueles bens que os produzem a um custo maior, e cuja eficiência é portanto relativamente baixa, comparada com a de outros países.

A inclusão da Roménia como país membro, não traz apenas dinheiro do comércio, mas é parte da solução dos graves problemas sociais que a UE-27 está tentando resolver. A perspectiva não é muito optimista porque, com apenas duas excepções, França e

120 Irlanda, em 2050 as populações dos antigos países membros serão tão envelhecidas que a mão-de-obra activa naquele momento não poderá sustentar o sistema de segurança social, oprimido pelo número enorme dos reformados. As Nações Unidas, através do departamento competente, calcularam que, para evitar o colapso financeiro ter-se-ia que proceder à renovação da população activa. A Itália precisa de 12,6 milhões de pessoas com idade entre 20 e 40 anos, a Alemanha de 24 milhões de pessoas etc. Os imigrantes não são uma alternativa para a crise, porque, uma vez reformados, tornam-se um “peso” para os sistemas de segurança social, porque, uma vez reformados, tornam-se um “peso” para os sistemas de segurança social dos próprios países de origem, que irão sustentar a sua protecção social. Os cidadãos dos Estados-Membros, por sua vez, são uma solução. A livre circulação de trabalhadores e a aplicação da directiva do interior da UE (a directiva Bolkenstein) permitem a importação da mão-de-obra, sem importar também as obrigações sociais para os trabalhadores, que ficam “pendurados” nos sistemas nacionais de segurança social.

A directiva estabelece o quadro jurídico para a eliminação dos impedimentos no que refere a liberdade do estabelecimento dos fornecedores de serviços, a livre circulação entre os Estados-Membros. Esta foi adoptada em 12 de Dezembro de 2006, com prazo de implementação final em 28 de Dezembro de 2009. Desde o início dos anos 90, os antigos Estados-Membros têm visto na expansão da UE com os Estados ex-comunistas a solução a longo prazo da crise estrutural profunda que estava a aproximar-se e não se enganaram. Mas perderam de vista que devem dar também algo em troca, quer dizer implicar-se mais activamente, nas bases vantajosas recíprocas (no primeiro lugar económica) e no desenvolvimento dos novos países recebidos na UE.

Os principais sectores já são controlados por grandes empresas da UE, uma vez que as empresas europeias estão presentes em cada passo da vida dos romenos. O simples facto de se passar as portas de uma loja pode significar transacções com uma empresa da zona de UE. Se entramos no “METRO” (hipermercado), temos que lidar com investimento alemão, se entramos no Carrefour ou no Cora – os accionistas são franceses. Além das empresas de retalho, a maioria dos produtos nas prateleiras fazem parte também da pasta de empresas europeias. A regra generaliza-se se nos referimos aos

121 principais sectores de actividade económica. A construção, os imóveis, os carros ou os telefones são áreas onde as empresas europeias controlam o mercado.

Os produtos europeus desempenham um papel importante no mercado romeno. Isso vê-se independentemente do ramo de actividade. Por exemplo, da indústria do leite até à dos telefones ou construção, as principais empresas romenas são subsidiárias de grupos europeus. As maiores quantidades de leite e iogurtes comprados pelos romenos são produzidos pela Danone e Friesland, sendo o primeiro produtor francês e o segundo, holandês. Também no que diz respeito ao açúcar, as mais conhecidas marcas pertencem a companhias europeias, os austríacos da Agrana detém 33% das vendas, seguidos pelos franceses da Cristal Union.

Mas, além dos produtos de consumo, nos telefones ou nas construções os mais conhecidos são também as companhias da UE. No mercado dos telefones temos dois grandes nomes, partilhando mais de 96% do mercado. Atrás da Orange (empresa telefónica), está o operador francês France Telecom e a britânica Vodafone. Mesmo os agentes mais pequenos têm a sua origem nos Estados-Membros.

Os sectores da indústria pesada chegaram às mãos dos investidores da EU, mais frequentemente através de privatizações. Praticamente, tudo o que significa distribuição de gás na Roménia é gerido por alemães e franceses. O mesmo se verifica no que se refere à electricidade, tendo sido as privatizações ganhas por empresas da zona da UE. Embora a maioria das grandes marcas já estejam presentes na Roménia, o mercado interno não foi suficientemente atraente para algumas das maiores empresas europeias. Assim, no sector do petróleo, o grande ausente é a British Petroleum, o terceiro produtor mundial.

Após 10 anos de telefone móvel, o mercado atingiu, no final de 2005 mais de 13 milhões de utilizadores, e as empresas arrecadaram quase 2 biliões de euros na conta dos minutos falados por romenos.

Depois das grandes privatizações ganhas por investidores estrangeiros – como nos bancos BRD, Bancpost, o Banco Agrícola e BCR, a maioria do capital dos bancos romenos chegou às mãos de instituições financeiras da UE. Dos quase 35 biliões de euros que representam a actividade bancária na Roménia, três quartos são realizados por bancos estrangeiros. Os austríacos mantêm o primeiro lugar entre os investidores sobre o país de

122 origem, sendo accionistas maioritários da Raiffeisen, BCR (através Erste), Volksbank e HVB Tiriac. De seguida surgem os gregos, que participam em bancos como Bancpost, Alpha Bank, Piraeus Bank e o Banco Romeno.

A privatização das redes de distribuição de energia eléctrica, iniciadas em 2004, fez com que, das oito empresas regionais, cinco ficaram nas mãos de agentes europeus. Actualmente o mercado está “feito” por empresas da UE. Os italianos da Enel ganharam os processos de privatização da Eléctrica Muntenia Sud, Eléctrica Banat e Eléctrica Dobrogea.

Mais de 75% do mercado da cerveja está dividido entre os quatro melhores agentes: os Holandeses da Brau Union, os ingleses da Ursus, os belgas da Interbrew e os dinamarqueses da Tuborg. Entre as marcas romenas, a mais vendida é a Burger, mesmo se o nome soe mais a uma cerveja alemã e é produzida pela European Drinks.

Se no início dos anos 90 a presença de um carro estrangeiro era considerado um luxo, agora, em vez dos antigos Dacia 1300, apareceram carros semelhantes aos encontrados nas estradas dos Estados-Membros da UE. Mas, enquanto a marca é local, a empresa que detém a Dacia, a Renault, tem as suas origens na França. As seguintes marcas no top das preferências dos romenos são as alemãs – Volkswagen e Skoda, este último sendo um produtor de origem Checa patrocinado por alemães.

No documento A Roménia e a integração na União Europeia (páginas 119-122)