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A privatização do sistema bancário na Roménia

Dimensões económicas do processo de adesão da Roménia à UE (1995-2007)

III.5. A privatização do sistema bancário na Roménia

A reestruturação do sistema bancário romeno começou no final dos anos 90, após o surgimento dos problemas que abalaram o ambiente financeiro, levando a várias falências, algumas dessas instituições de crédito tendo uma posição bastante importante naquele momento no mercado. Outros bancos em dificuldade foram salvos depois de terem sido comprados por investidores estrangeiros ou absorvidos por outras instituições de crédito, como aconteceu com o Bancorex. A aquisição do BCR pelo grupo austríaco Erste foi concluída no Outono de 2006, embora o vencedor já tivesse sido anunciado desde Dezembro de 2005.

O Erste Bank transferiu em Outubro de 2006 o dinheiro para o pacote de acções comprado, participação que tem aumentado ulteriormente. O montante que o Estado romeno recebeu foi de 2,2 biliões de euros, o resto do dinheiro voltando para o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) e International Finance Corporation (IFC), que detinham pacotes de acções representando 12,5% do capital social do banco.

O sector bancário romeno tem experimentado também outros movimentos importantes. Alguns destes foram determinados pela evolução da situação ao nível global, pelas oportunidades que apresenta o mercado romeno na posição do novo Estado- Membro da UE. Um impacto importante foi a fusão em 2006, da HVB Bank com que o BC Ion Tiriac, juntamente com a UniCredit, que formaram um dos melhores jogadores no sistema bancário romeno em 2007.

O ano 2006 foi marcado pela entrada no mercado de jogadores internacionais, que compraram bancos romenos. Assim, em Março, o banco C.F. Firenze assumiu por 30,5 milhões de euros o pacote de 56,23% das acções Daewoo Bank Roménia, o nome alterou-se em Maio de 2006 para CR Firenze Roménia. Mais tarde, os italianos anunciaram investimentos de dois milhões de euros e projectos para o desenvolvimento do sector de retalho. Além disso, o ATEbank, o quinto maior banco na Grécia, pagou

88 32.06 milhões de euros para 50,94% das acções do Banco para a Pequena Indústria e Livre Iniciativa Mindbank.

No final de 2006, no sistema bancário romeno encontravam-se activas 38 instituições de crédito, das quais sete eram filiais de sucursais de bancos estrangeiros. Das 38 instituições, cinco têm capital maioritário romeno. O peso dos activos líquidos dos cinco bancos romenos cresceu em Dezembro de 2006, segundo os dados do BNR, aproximadamente 11,4% o valor dos activos sendo de 19,6 biliões de lei (5,8 biliões de euros).

Os principais investidores no sistema bancário romeno eram, em 2006, os austríacos. A participação destes no capital dos bancos era de 2,25 biliões de lei, o equivalente a uma quota de 23,9%.

Fortes agentes económicos internacionais entraram na Roménia quer através da compra de uns bancos já existentes, quer criando as suas próprias estruturas, atraídos pelas perspectivas e oportunidades do mercado romeno decorrentes tanto pela adesão à UE, bem como pelo potencial de desenvolvimento oferecido pela Roménia. (ver o Quadro nº 8, 9, 10 e 11)

Os primeiros anos após a Revolução significaram, para o sistema bancário romeno, como para toda a economia, um período de busca, caracterizado pelo surgimento de um grande número de jogadores. Alguns conseguiram sobreviver até agora por conta própria, outros fundiram-se e alguns, e não poucos, chegaram à falência. Logo após os anos 90, vimos um apetite extremamente elevado dos investidores privados, interessados em investir em novas instituições de crédito. A Roménia era um país em desenvolvimento, com um grau de risco relativamente alto, mas simultaneamente com ganhos elevados. Desde 1997, começou um amplo processo de melhoria do sector bancário, o período 1997-2003 foi marcado por uma série de escândalos e falências. Seis bancos, alguns deles colocados entre as maiores instituições de crédito na Roménia, naquele momento, foram para a falência, o Banco Albina, Bancop, Banco Internacional de Religiões, Banco Turco- Romeno, o Banco Romeno de Scont e o Banco Columna. Até ao ano de 2000, o sistema bancário romeno foi caracterizado por uma efervescência extrema, as instituições de crédito entravam e saíam do mercado a um ritmo impressionante, mas compreensível para um país que ainda busca uma direcção. Após o ano de 2000, as coisas começaram a

89 se estabelecer. Mesmo se depois do ano de 2000 foi pronunciada a falência da maioria dos bancos, foi apenas o efeito dos anos em que o sistema funcionou de forma caótica. Após o ano de 2000, o número dos jogadores do mercado continuou a flutuar, mas a um ritmo um pouco mais calmo. A percentagem dos activos em PIB oscilou de ano para ano, dependendo das condições do mercado, embora o nível registado na Roménia continuasse a ser inferior à média da UE.

Com a adesão da Roménia à UE em 1 de Janeiro de 2007, entrou em vigor “a nova lei bancária”, representada pelo artigo n º 99/2006 sobre as instituições de crédito (OUG99/2006). OUG99/2006 revogou a antiga lei bancária número 58/1998, que ajudou ao longo dos anos para o desenvolvimento do sector bancário. Uma evolução que, através da adesão à UE, devia ser prosseguida nas bases duma nova lei. OUG99/2006 faz uma distinção clara no que se refere à regulação da maneira em que tem acesso no mercado da Roménia, as instituições da UE tal como as de fora da UE.

As instituições de crédito da UE podem usar duas maneiras através das quais podem chegar a executar actividades na Roménia, nomeadamente seja através duma sucursal, seja pela prestação de serviços directamente. Estes dois métodos reflectem o princípio comunitário segundo o qual no interior da UE as empresas comerciais devem ter o poder para escolher entre seja prestar serviços directos num outro Estado-Membro, seja ter o direito de estabelecer uma entidade no território de outro Estado-Membro. Quando se trata de instituições de crédito que optam por “permanecer” na Roménia, esta entidade assume a forma de uma afiliada.

Segundo as informações publicadas pelo BNR, até agora um total de 58 instituições de crédito dos Estados-Membros da UE notificaram a sua intenção de exercer actividades directamente na Roménia. Além disso, é importante notar que a maioria das instituições de crédito da UE notificaram a intenção de realizar todas as actividades realizadas por OUG99/2006, o que confirma uma vez mais o interesse para o mercado bancário na Roménia.

Em conclusão, no período de transição de 1995-2007, no plano económico, foram feitos progressos em toda a economia romena. Ao nível das principais actividades económicas os progressos foram evidentes, embora desiguais, e muitas vezes realizados

90 de forma inadequada, especialmente devido ao financiamento recebido da UE (através fundos de pré-adesão) e dos agentes económicos externos privados (através os IDE). No entanto, é importante para analisar também avaliar a contribuição dos fundos estruturais recebidos da EU, após 1 ano, como país membro com plenos direitos.

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A segunda parte

Capítulo IV: