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CAPÍTULO III. INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO E TURISMO

III.4. O SETOR DO TURISMO PORTUGUÊS E O INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO

III.4.1. A COMPETITIVIDADE DO SETOR DO TURISMO PORTUGUÊS

A competitividade de um destino turístico depende da capacidade da sua indústria para inovar e melhorar permanentemente a qualidade (Baptista, 1997). Tomando por base o Diamante de Michael Porter, pode concluir-se que as empresas ou indústrias de um determinado país, alcançam vantagem competitiva no mercado internacional quando têem a seu favor determinados condicionantes e estão rodeadas de um ambiente competitivo. Com base nesse modelo, e como verificado anteriormente, pode afirmar-se que as vantagens competitivas dos destinos turísticos emergem num sistema dinâmico, constituído por quatro determinantes independentes: (1) Condições de Fatores; (2) Estratégia, Estrutura e Rivalidade Empresarial; (3) Indústrias Relacionadas e de Suporte; (4) Condições da Procura. Duas variáveis adicionais podem influenciar a competitividade de um destino: o Acaso (fora do controlo do destino) e o Governo. Para o World Economic Forum (2007)14 os determinantes de atratividade dos destinos são as condições naturais, o clima, as características sociais e culturais, as infraestruturas gerais e infraestruturas básicas de serviços, as superestruturas turísticas de alojamento e restauração, as estruturas de acesso e transporte, as atitudes face aos turistas, os níveis de custos e preços, as relações económicas e sociais e a singularidade.

A figura III.1. apresenta os 14 fatores considerados determinantes na competitividade dos destinos turísticos, e os motores/alterações externas que podem afetar a competitividade desses fatores. Identificar os determinantes que mais contribuem para a posição competitiva depende do tipo de destino/país e do seu estádio de desenvolvimento sócio-económico, das especificidades topográficas, do clima, da cultura, entre outros.

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O World Economic Forum desenvolveu o Travel & Tourism Competitiveness Index que abrangeu 140 economias em 2013 e tem como objetivo providenciar uma ferramenta estratégica que permita medir “the factors and policies that make it attractive to develop the Travel & Tourism sector in different countries”.

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Figura III. 1. Fatores de Competitividade nas Viagens e Turismo

Fonte: World Economic Forum (2013)

No caso de Portugal a comparação entre o GCI e o Travel & Tourism Competitiveness Index (TTCI) permite concluir que Portugal apresenta uma posição bastante mais interessante relativamente ao segundo índice (Travel & Tourism). A análise destes relatórios ao longo dos anos permite concluir que em 2007 no GCI Portugal estava em 43º e no TTCI em 22º; em 2008 ocupava o 40º e o 15º lugar respetivamente, em 2009 o 43º lugar no GCI e o 17º no TTCI, em 2010/2011 o 46º no GCI e o 18º no TTCI e finalmente em 2012/2013 o 49º no GCI e no TTCI a 20ª posição em 140 economias. A tabela III.10. mostra que a atratividade de Portugal melhorou consideravelmente de 2007 para 2008 (passou de 22º para 15º), mas desde aí tem vindo a perder algumas posições (20ª em 2013). Em termos genéricos a melhor posição, no ano de 2013, refere-se ao subíndice Recursos Humanos, Culturais e Naturais (19ª) e a pior ao Ambiente de Negócios e Infraestruturas (27ª).

Tabela III. 10. Travel & Tourism Competitiveness Index 2007-2013 (Portugal) Ano Índice Geral

Quadro Regulamentar Ambiente de Negócios e Infraestruturas Recursos Humanos, Naturais e Culturais

Rank Score (1-7) Rank Score (1-7) Rank Score (1-7) Rank Score (1-7)

2007 22 5.05 11 5.40 22 4.50 30 5.23

2008 15 5.09 14 5.50 22 4.83 11 4.93

2009 17 5.01 15 5.52 24 4.74 16 4.78

2011 18 5.01 19 5.47 24 4,84 17 4.73

2013 20 5.01 20 5.47 27 4.78 19 4.84

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Analisando os itens do “Quadro Regulamentar” (tabela III.11.) os melhores resultados referem-se à Regulamentação Ambiental (15º) e os piores à Regulamentação do Governo (49º). Em termos de evolução ao longo dos anos, regista-se uma quebra em termos genéricos, em 2007 o quadro regulamentar português estava em 11º lugar e em 2013 surge em 20º. De referir que no item Regulamentação Ambiental houve uma melhoria de posição (de 26ª em 2007 para 15ª em 2013).

Tabela III. 11. TTCI: Quadro Regulamentar 2007-2013 (Portugal)

Ano Quadro Regulamentar Regulamentação do Governo Regulamentação Ambiental Proteção e Segurança Saúde e Higiene Prioridade Viagens e Turismo Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score

2007 11 5.40 28 5.23 26 5.05 11 5.82 17 6.13 26 4.78

2008 14 5.50 21 5.19 15 5.36 16 5.94 30 5.96 27 5.04

2009 15 5.52 29 5.09 18 5.33 22 6.01 32 5.97 26 5.20

2011 19 5.47 35 4.79 17 5.36 22 5.74 34 5.95 20 5.49

2013 20 5.42 49 4.72 15 5.38 19 5.77 25 6.07 29 5.16

Fonte: adaptado de World Economic Forum (2007, 2008b, 2009, 2011, 2013)

A tabela III.12. referente ao Ambiente de Negócios e Infraestruturas mostra que as Infraestruturas Turísticas ocupam a melhor posição (16ª) e a pior vai para a Competitividade dos Preços na Indústria das Viagens e Turismo (108ª). Em termos gerais, quando comparado o ambiente de Negócios e Infraestruturas do ano de 2007 com o de 2013 verifica-se uma descida de 5 lugares, passando de 22º para 27º, no entanto as Infraestruturas de Transporte Aéreo e de Transporte Terrestre registam uma pequena melhoria.

Tabela III. 12. TTCI: Ambiente de Negócios e Infraestruturas 2007-2013 (Portugal)

Ano Ambiente de Negócios e Infraestruturas Infraestruturas de Transporte Aéreo Infraestruturas de Transporte Terrestre Infraestruturas Turísticas Infraestruturas de TIC Competitividade Preços Viagens e Turismo Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score

2007 22 4.50 35 3.81 23 4.99 9 5.89 33 3.83 102 3.99

2008 22 4.83 31 4.19 24 5.03 13 6.32 30 4.24 86 4.36

2009 24 4.74 38 4.13 26 4.86 11 6.31 34 4.24 99 4.16

2011 24 4.84 38 4.15 24 5.11 14 6.34 33 4.61 116 4.00

2013 27 4.78 34 4.29 22 5.20 16 6.13 34 4.24 108 4.04

Fonte: adaptado de World Economic Forum (2007, 2008b, 2009, 2011, 2013)

Finalmente, a tabela III.13. Recursos Humanos, Culturais e Naturais apresenta a melhor posição no item Recursos Culturais (13ª) e a pior classificação surge nos Recursos Naturais (83ª). Em termos genéricos, os Recursos Humanos, Naturais e Culturais conseguiram obter uma melhoria de classificação entre 2007 e 2013, ao passarem da 30ª para a 19ª posição.

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Tabela III. 13. TTCI: Recursos Humanos, Culturais e Naturais 2007-2013 (Portugal) Ano Recursos Humanos, Naturais e Culturais Recursos Humanos Afinidades com Viagens Turismo Recursos Naturais Recursos Culturais

Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score Rank Score

2007 30 5.23 40 5.32 54 5.10 25 5.28 (a) (a)

2008 34 4.42 41 5.18 120 4.06 46 3.72 24 4.72

2009 16 4.78 34 5.40 39 5.05 86 2.85 12 5.81

2011 17 4.73 40 5.16 33 5.02 86 2.85 11 5.89

2013 19 4.84 32 5.27 32 5.03 83 3.35 13 5.71

Fonte: adaptado de World Economic Forum (2007, 2008b, 2009, 2011, 2013) (a) No ano de 2007 só eram contemplados os “Recursos Humanos e Naturais”.

Para a Confederação do Turismo Português (2005) os fatores de competitividade para Portugal são a qualidade dos recursos físicos; a qualidade dos serviços e infraestruturas associados; a envolvente política, económico-financeira e social; a maturidade tecnológica; a qualidade e know-

how de gestão; a qualidade e know-how de mão de obra; o nível de consolidação e articulação

dos agentes e o preço (binómio preço-qualidade). Por outro lado, no relatório do World Economic Forum (2007) são identificados por ordem de importância os fatores mais problemáticos para fazer negócios no setor do Turismo em Portugal: leis de trabalho restritivas, burocracia governamental, regulamentação fiscal, mão de obra inadequada, instabilidade política, acesso ao financiamento, elevadas taxas de impostos, corrupção, inadequada oferta de infraestruturas e por último instabilidade do Governo.

A competitividade do setor do Turismo de qualquer país assume uma extraordinária importância, especialmente em países como Portugal, fortemente dependentes deste setor. Para Costa e Vieira (2013) o Turismo tornou-se num setor estratégico para Portugal tendo em conta a sua capacidade de abertura ao mundo, a atração de novos investimentos e a transmissão de uma imagem renovada ao exterior.