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A Conquista do Mercado de Trabalho

No documento agdadia (páginas 68-74)

Um problema da sociedade da nova ambiência denunciado pela personagem é a diferença de remuneração entre homens e mulheres. Na já citada história A Mulher- Âncora, Margarida viveu a experiência de apresentar o Jornal das Oito, principal noticiário da TV Patinhas. Como sempre, a proposta parte dela porque a Margarida da sociedade da informação tem atitude e é proativa. Também como é de se esperar, a reação dos homens, ou melhor, dos patos foi a de sempre (Figura 36). Nada que – como no mundo real – a mulher não contorne aceitando uma proposta de salário menor, para poder provar que também é capaz (Figura 37).

Figura 36. Fonte: B 870116 MG 40/1. Discriminação no mercado de trabalho.

Figura 37. Fonte: B 870116 MG 40/1. Salários mais baixos que dos homens: o problema permanece.

E já que estamos falando de profissão, a procura de Margarida por um emprego começou no número quatro de seu gibi. Ela foi até o Tio Patinhas pedir uma oportunidade e a primeira reação dele? Adivinhem! Todos os empregos são para homens! Como não poderia deixar de ser, Margarida ficou indignada com a resposta

(Figura 38) e nesse dia começou a provar para a sociedade machista de Patópolis que ela pode realizar qualquer trabalho muito melhor do que qualquer homem (Figura 39).

Figura 39. B 860057 MG 4/1. Mulher tem que provar sua competência a todo instante.

A partir de então, não recusou nem temeu nenhum tipo de tarefa. Por isso devemos destacar aqui as outras atuações profissionais de Margarida, que como mencionado anteriormente, são esporádicas, vigorando em uma história apenas, e sempre demonstrando que a mulher é capaz de exercer qualquer atividade que um homem realize.

Depois do seu emprego, em Pra Mau Pagador, Ótima Cobradora (B 860057 MG 4/1) – no qual ela foi responsável em fazer todas as pessoas, que deviam para o Tio Patinhas, pagarem suas dívidas – Margarida já apareceu nas mais diferentes situações como, por exemplo, na revista de número 14, na qual ela se tornou uma espiã; ou na de número 21, na qual ela se transformou em atriz de cinema. Em Trabalho Para Machão... Onde? (B 870014 MG 29/1), assumiu o posto de guarda-florestal e na edição especial de aniversário 28-A, trocou de lugar com o prefeito por uma semana, colocando ordem em Patópolis. Além disso, já exerceu a função de xerife, arqueóloga, taxista, caminhoneira, entre outras.

Além da diferença salarial, a mulher pós-moderna também sofre com a discriminação e o machismo existente no mercado de trabalho. Inúmeras situações colocam Margarida tendo que provar que no campo profissional é capaz de realizar qualquer trabalho que na era moderna era atribuído apenas aos homens. Em Paixão das Cavernas, o Professor Pardal tenta convencer Donald a ser seu assistente em uma viagem no tempo. Donald não quer ir e sugere que Margarida vá em seu lugar, imediatamente Pardal diz que atividade não é trabalho para mulher e isso atinge o ego de Margarida (Figura 40) que reage ao comentário.

Figura 40. Ponto-fraco: ser tratada com

uma mulher moderna Figura 41. Fonte: B 870009 MG 28/1. Apesar da resistência masculina.

Na história Com Quantas Arrobas se Faz um Boi (B 870009 MG 28/1), Donald recusa- se a ser capataz da fazenda de Tio Patinhas e Margarida, sempre em busca de novidade, se oferece para ocupar o cargo. A reação de Tio Patinhas é imediata: capataz não pode ser mulher. Mas como acontece na maioria das histórias, mesmo não concordando com o discurso da pata sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres (Figura 41), aceita a proposta de Margarida por não ter alternativa.

Em Trabalho pra Machão... Onde?, a situação se repete. Cansada da rotina da redação (busca do novo), Margarida resolve ocupar o posto de guarda-florestal e como de costume enfrenta o preconceito de uma mentalidade ainda voltada para os parâmetros estabelecidos na modernidade (Figura 42). O objetivo de Margarida é sempre o mesmo, provar que as mulheres são capazes de realizar qualquer atividade que um homem realiza e quebrar os paradigmas impostos pelo pensamento conservador da modernidade. Isso fica claro na passagem em que ao insistir para ocupar a vaga de guarda-florestal, Margarida é questionada a respeito do motivo pelo qual deseja o cargo (Figura 43). Nessa passagem, Margarida demonstra também mais uma característica da pós-modernidade, o pertencimento a uma tribo. Ela busca as melhorias para um grupo de pessoas, que no caso são as mulheres (Figura 44).

Figura 43. Fonte: B 870014 MG 29/1. Causa feminista.

Figura 44. Fonte: B 870014 MG 29/1. A importância do grupo.

O preconceito enfrentado pelas mulheres que resolveram encarar o mercado de trabalho não se limita apenas à reação dos homens em perderem espaço para as mulheres. Outras mulheres também reagem mal a uma mulher bonita que tem uma carreira de sucesso. Para se livrar de preconceitos deste tipo, Margarida na história A Mulher-Âncora mostrou que obtém o sucesso através da sua competência - e não por ser jovem e bonita - ao aparecer no Jornal das Oito de bobes, roupão e creme no rosto (Figuras 45 e 46).

Devido às múltiplas tarefas assumidas pela mulher pluralista da pós-modernidade, a falta de tempo tornou-se um problema. As histórias Problemas de Beleza (B 870035 MG 33/1) e Beleza Tecnológica retratam a situação da mulher que trabalha fora e tem dificuldade em arrumar tempo para ficar bonita, devido à correria cotidiana. A nova mulher, que se divide entre a vida profissional, amorosa, doméstica, social e ainda

assim, tem que cuidar da aparência, é o assunto em pauta na história. O discurso, como sempre, em nenhum momento critica essa identidade plural do sujeito e pelo contrário apresenta uma condição de superioridade feminina, devido ao fato da mulher conseguir dar conta de todas as suas atribuições.

Figura 45. Fonte: B 870116 MG 40/1. Competência profissional.

Figura 46. Fonte: B 870116 MG 40/1. Ousadia e espetacularização

A história Problemas de Beleza (B 870035 MG 33/1) trata da importância da aparência e da falta de tempo da mulher pós-moderna, que trabalha fora e precisa estar sempre bem-arrumada. O desenrolar dos quadrinhos mostra a mulher da terceira onda, que trabalha fora, tem inúmeros compromissos agendados e por este motivo acaba tendo problemas com a falta de tempo para cuidar da aparência (Figura 47).

Figura 47. Fonte: B 870035 MG 33/1.Falta de tempo na pós-modernidade.

Chamada para uma reunião urgente, Margarida acaba saindo do salão de beleza sem terminar de se arrumar - com bobes na cabeça - e por esse motivo causa transtornos na

cidade. Todos se assustam com a sua aparência. O discurso da história mostra a rotina da mulher pós-moderna que tem dupla e às vezes, tripla jornada de trabalho (Figura 48).

No documento agdadia (páginas 68-74)

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