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A construção de passagens Inferiores por lançamento incrementado

2. A CONSTRUÇÃO DE PONTES FERROVIÁRIAS

2.2. CONSTRUÇÃO

2.2.1. A construção de passagens Inferiores por lançamento incrementado

O lançamento incrementado é um processo que permite a realização da obra sem interrupção das circulações ferroviárias, com perturbação controlada desse tráfego. Tem grandes vantagens relativamente a outros métodos construtivos, por se melhorar a segurança dos trabalhos, permitir a continuidade das circulações ferroviárias, reduzindo-se os prazos e optimizando-se os custos.

Nos Estados Unidos da América há registos de realização de obras com utilização de cravação horizontal de tubos nos finais do século XIX, sendo apenas nos finais da década de 1950 que esta técnica se desenvolve na Europa. Em paralelo com a evolução da técnica de cravação de tubos

horizontais desenvolveu-se a construção de passagens inferiores com utilização de deslize de quadros pré-fabricados de betão armado com o auxílio de macacos hidráulicos.

2.2.1.2. – Método “Keller”

A primeira obra de introdução de um quadro sob a via férrea teve lugar na Alemanha, em 1957, pela empresa Keller. Nessa altura o equipamento de cravação e o processo de escavação utilizados na cravação de tubos e no deslize eram praticamente idênticos.

Enquanto que no caso de tubos, são os mesmos justapostos e vão sendo introduzidos à medida que se avança, no caso das passagens inferiores há um único elemento, o quadro de betão armado, que é introduzido directamente sob a estrutura de suspensão da via.

Figura 2.24 - Sistema de Suspensão de Via "Keller" Figura 2.25 - Sistema "Keller" - Apoio no quadro de betão armado

Figura 2.26 - Sistema "Keller".Prolongas Figura 2.27 - Sistema "Keller". Macacos hidráulicos e prolongas

Em 1957, para um quadro de 3,20 x 3,20 m ², a velocidade de avanço era de apenas 16 cm/hora, sendo possível actualmente atingir velocidades de avanço da ordem de 120 cm/hora. Em relação a secções, a construção de quadros bi-celulares horizontais iniciou-se em 1977, enquanto que a partir de 1980 passou a ser corrente a construção de quadros bi-celulares verticais .

2.2.1.3. O Método da “Tecnimpulso”

Figura 2.28 - Quadro deslizante de passagem inferior de peões no troço Caíde- Livração da Linha do Douro

Figura 2.29 -Sistema de lançamento hidráulico (macacos hidráulicos e prolongas)

O “quadro deslizante” é construído ao lado do aterro da via férrea (figura nº 2.28) e é colocado na posição final através de deslize provocado por um ou dois conjuntos de macacos hidráulicos consoante se trate de uma passagem inferior de peões, como é o caso das figuras nº 2.28 e 2.29, ou de uma passagem inferior rodoviária.

Os macacos hidráulicos apoiam em “muros de reacção”, que mobilizam o impulso passivo do aterro que é construído no tardoz desses muros. Para cada conjunto de macacos é utilizada uma estrutura metálica constituída por várias peças denominadas “prolongas”, que são colocadas entre o sistema hidráulico e o quadro deslizante. A progressão do quadro é efectuada por avanços de 1,00 m.

O “quadro deslizante” é concebido de forma a permitir o seu avanço sem comprometer a estabilidade da via férrea, permitindo a consolidação do solo de fundação na sua dianteira.

Figura 2.30 - Sistema de suspensão de via Figura 2.31 - Sistema de Suspensão de via . Apoio das vigas mestras no quadro de betão armado

O sistema de suspensão de via utilizado pela Tecnimpulso é constituído por um conjunto de vigas metálicas ortogonais, com capacidade resistente para suportar a passagem dos comboios a velocidade reduzida, e com a rigidez horizontal necessária para evitar a deslocação lateral da via, durante a introdução, debaixo desta, do quadro deslizante. O sistema de fixação entre carlingas e longarinas é realizado através de parafusos de alta resistência, aplicados através de furação adequada nos banzos dos respectivos elementos.

Figura 2.32 - Esquema de Suspensão de via

O conjunto de vigas apoia-se no próprio quadro deslizante, que terá elementos complementares de apoio, se necessário, tais como cabos com tensores. Do lado oposto apoia-se na própria plataforma da via férrea que disporá, se necessário, também de estruturas provisórias de reforço.

Figura 2.33 - Laje e muretes de guiamento Figura 2.34 - Quadro de betão armado. Bisel de ataque

Antes da realização do quadro é construída uma laje com muretes de guiamento, que vai servir de guia base, para a progressão do quadro deslizante, de modo a evitar a ocorrência de assentamentos. Entre essa laje e o quadro é interposto um material que impede a aderência entre ambos. No caso ilustrado na figura 2.33, foi colocado uma placa de contraplacado tipo “platex”.

A frente do quadro (figura 2.34) tem duas lâminas de ataque, chamadas “bisel de ataque”, que facilitam o deslizamento do quadro, cortando e contendo o solo subjacente à via férrea.

Figura 2.35 - Aterro de reforço da zona de suspensão de via

Do lado da frente de ataque, quando o aterro da plataforma ferroviária é de fraca qualidade, recorre- se à colocação de um aterro ao lado da zona de suspensão da via e numa extensão de alguns metros de comprimento a montante e a jusante dessa zona, para evitar a instabilização da plataforma e, consequentemente, da própria via, (figura 2.35).

2.2.1.4. Método da “ATROS”

Este método utiliza roletes entre o quadro e as vigas mestras, para diminuir o atrito entre estes elementos, facilitando o deslize. A progressão do quadro deslizante faz-se de forma não uniforme, ou seja, a distância dos avanços nem sempre tem o mesmo valor, uma vez que o prolongamento do sistema de apoio é feito entre o muro de reacção e o sistema hidráulico.

O sistema de fixação das carlingas às longarinas é efectuado através de uma estrutura metálica, na qual a carlinga fica solidária com a longarina, sem se recorrer ao aparafusamento e portanto à furação de ambas.