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Outras Normas REFER aplicáveis às obras de arte

2. A CONSTRUÇÃO DE PONTES FERROVIÁRIAS

2.1. O Projecto

2.1.2. A Normalização na Construção de Pontes Ferroviárias

2.1.2.3. Outras Normas REFER aplicáveis às obras de arte

No caso de passagens superiores rodoviárias e pedonais, a Norma de catenária IT.CAT.034.04, Linhas áreas para tracção eléctrica 25 kV-50 Hz. Especificações Técnicas estabelece que devem ser montados dispositivos que impeçam contactos acidentais com equipamentos em tensão eléctrica da catenária, bem como o vandalismo sobre esses equipamentos e sobre o material circulante. Sempre que possível esses painéis devem ser verticais.

No sentido de minimizar o efeito de retorno das correntes de tracção da catenária, na aceleração da corrosão das armaduras, foi publicada em 2003, a Norma IT.GER.002-7.05 – Retorno da Corrente de Tracção, Terras e Protecções. Esta norma define nomeadamente a forma como deve ser feita a ligação à terra das estruturas de betão.

É referido nesta norma, relativamente a elementos estruturais paralelos à via, que deve ser adicionada uma armadura de aço de 200 mm ² de secção transversal, em cada secção de um elemento estrutural, que será integrada nas armaduras normais da estrutura. No princípio e no fim de uma secção e a cada 50 metros, deve ser soldada uma placa de terra à armadura adicional. Essas placas de terra são ligadas ao sistema geral de terras.

Em Abril do corrente ano, vai entrar em vigor a Instrução de Exploração Técnica nº 77 – Normas e Procedimentos de Segurança em Trabalhos na Infra-Estrutura Ferroviária, Publicada pelo Instituto Nacional do Transporte Ferroviário, que substitui anterior regulamentação de segurança para a execução de trabalhos na via férrea.

Esta Instrução estabelece nomeadamente para os diversos trabalhos de inspecções, manutenção, conservação, fundações e substituição de tabuleiros de pontes as medidas de segurança a impor em função da velocidade de circulação nessa via.

São definidas duas categorias de risco: a categoria de risco I, para velocidade inferiores a 140 km/h e a categoria de risco II, para velocidades de circulação superiores a 140km/h.

2.1.2.4. As Fichas da UIC

Nas normas da REFER, são mencionadas como documentos de referência as Fichas da União Internacional dos Caminhos de Ferro, (UIC) quando se revelem de interesse para o assunto em causa e não colidam com a regulamentação portuguesa em vigor.

Vamos fazer referência às Fichas UIC, que são mais utilizadas no dimensionamento das obras de arte ferroviárias.

A Ficha UIC 702 “Modelos de Carga a adoptar no calculo de obras ferroviárias em linhas Internacionais”.

A Ficha UIC 702, “Modelos de Carga a adoptar no cálculo de obras ferroviárias em linhas Internacionais”, define e estabelece as regras de aplicação dos chamados Modelos de carga 71, SW/O e 2000. O modelo de carga 71, (figura 2.3) é igual ao modelo previsto no Regulamento de Segurança e Acções em Edifícios e Pontes.

Figura 2.3 - Modelo de carga 71 da UIC

Segundo a UIC, no caso de vigas contínuas e estruturas semelhantes, deve ser seguido o modelo SW/O, apresentado na figura 2.4, em detrimento do modelo 71.

O modelo de carga 2000, (figura 2.5), destina-se a ter em conta o crescimento futuro das sobrecargas ferroviárias nos traçados internacionais. Este modelo cobre os modelos de carga anteriores. Este diagrama de cargas deve ser colocado na posição mais desfavorável, na estrutura em causa. Para as futuras construções na rede de mercadorias ferroviária internacional, em lugar da aplicação deste modelo recomenda-se a aplicação do modelo 71, afectado de um coeficiente no valor de 1,33.

Figura 2.5 - Modelo de carga 2000 da UIC

A Ficha UIC 776-1R , “ Cargas a considerar no cálculo de pontes ferroviárias”

Esta ficha define combinações de cargas que devem ser tomadas em consideração no cálculo das pontes, determinação das próprias cargas, combinações de cargas e factores de carga aplicáveis.

Permite a determinação de coeficientes dinâmicos, em função do comprimento característico dos diferentes elementos da ponte, sendo apresentados três tipos de coeficientes, que dependem da qualidade de manutenção que é exigida à via e do tipo de esforço a que se aplica, momento flector ou esforço transverso.

Através desta ficha é também possível determinar os coeficientes dinâmicos que devem ser aplicados, aos esforços em função da velocidade de circulação sobre a ponte. Este cálculo é utilizado sobretudo em situações de construção de pontes, utilizando “estruturas de suspensão de via” em que os comboios passam a velocidades baixas, da ordem de 10 a 40 km/h, em que os efeitos dinâmicos sobre a estrutura são inferiores às condições de serviço para as quais a ponte é dimensionada.

A determinação de acções de acidente pode também ser efectuada por esta ficha, nomeadamente, a verificação às acções de acidente provocadas por um descarrilamento.

A Ficha UIC 777-1R

A Ficha UIC 777-1R, estabelece medidas para prevenir os efeitos do choque de veículos rodoviários sobre pontes ferroviárias bem como para impedir a entrada desses veículos na via férrea.

São definidas as cargas estáticas equivalentes que devem ser consideradas para o cálculo dos elementos de apoio, quando não for possível a aplicação de medidas passivas de protecção. Definem-se também as cargas estáticas equivalentes que devem ser consideradas no cálculo do tabuleiro, quando a altura livre for inferior a 6,00 m.

A Ficha 777-2 R

A Ficha 777-2 R faz recomendações de medidas que permitam reduzir os efeitos do choque acidental de um veículo ferroviário contra as construções situadas nas proximidades da via, nomeadamente elementos de apoio de obras de arte.

A Ficha 774-3R

A Ficha 774-3R, trata da interacção entre a via e a ponte, ou seja as consequências do comportamento de um deles sobre o outro, o qual se manifesta devido às ligações que existem entre os dois, quer se trate de uma via balastrada ou de uma via aplicada directamente sobre o tabuleiro.

Esta interacção traduz-se pela existência de esforços sobre os carris, bem como sobre o tabuleiro, os seus apoios e, claro, por deslocamentos de uns em relação aos outros.

Esta ficha fornece os métodos de cálculo que permitem calcular os esforços e os deslocamentos ligados aos fenómenos de interacção.