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A Inspecção de Pontes nos Estados Unidos

3. A INSPECÇÃO DE PONTES FERROVIÁRIAS

3.3. A Inspecção de Pontes nos Estados Unidos

A rede ferroviária nos Estados Unidos da América, com cerca de 220.000 quilómetros, dispõe de cerca de 100.000 pontes. A segurança de um parque de pontes com esta dimensão é assegurada pela FRA, Federal Railroad Administration (Administração federal de caminho de ferro), através do

cumprimento de um programa de que protege os utilizadores dos riscos que podiam advir da ocorrência de deficiências nas pontes.

O objectivo deste programa é assegurar que as pontes mantenham a sua integridade estrutural, que não sofram roturas catastróficas, ou qualquer falha que possa causar danos em pessoas, acidentes com comboios ou danos ambientais.

As autoridades federais americanas utilizam os seguintes métodos, para garantir essa segurança:

i) As pontes são classificadas em vários níveis. Mantém-se ao corrente das práticas de gestão das redes estaduais de caminho de ferro. Grande parte dessa informação é obtida pela pessoal operacional das FRA através de contactos regulares com o pessoal do caminho de ferro que faz a gestão, inspecção e manutenção das pontes;

ii) Os inspectores de via férrea das FRA, têm oportunidade de observar regulamente as pontes ferroviárias, no decorrer das inspecções regulares à via férrea. Uma irregularidade na via férrea de uma ponte é sinal do desenvolvimento de um problema estrutural na ponte, que deve ser comunicado aos responsáveis da ponte, os quais poderão encontrar outros problemas na ponte a necessitar de correcção;

iii) Os Inspectores de via, vistoriam a via das pontes no decurso de inquéritos de conformidade ou de acidentes. Nesses casos os inspectores são requisitados para fazer uma rápida avaliação da gravidade das condições relatadas numa reclamação ou até sobre o possível envolvimento das condições da ponte nas causas de um acidente.

A FRA mantém um registo público dos processos de gestão e manutenção utilizados nas pontes ferroviárias.

Os elementos que devem ser obtidos e guardados pelos responsáveis do programa de gestão de pontes ferroviárias são os seguintes:

• Nomeação e qualificação dos inspectores;

• O modo como é efectuado o “inventário de pontes”, o seu nível de detalhe e a política de actualizações;

• Os tipos de relatórios que são elaborados para os vários tipos de inspecção;

• A utilização de processamento de informação automática, na inspecção e no inventário dessa informação;

• O processo de distribuição, revisão e avaliação dos relatórios de inspecção;

• O modo como é assumida a responsabilidade pelas decisões que afectam a integridade das estruturas: inspecção, avaliação, classificação, reparações e modificações.

Tendo presente o anexo C “Track Safety Standards”, que estabelece regras para a segurança das pontes, destacamos o seguinte relativamente a esta temática:

3.3.1. Compilação Técnica

A organização responsável pela segurança da ponte deve guardar registos do projecto, construção, manutenção e registos de reparação sempre acessíveis, de modo a permitir o cálculo das cargas de segurança.

A organização responsável pela rede ferroviária deverá ter disponível cópias dos desenhos e de todos os registos escritos, e proteger e ter conhecimento da localização dos respectivos originais. 3.3.2. Inspecções Periódicas

As inspecções periódicas são efectuadas por inspectores qualificados para determinar se a estrutura está em conformidade com o projecto, e a sua classificação em termos de estado de conservação, ou no caso de não estar para indicar o seu grau de não conformidade.

A prática existente nas empresas de caminho de ferro é proceder a inspecções pelo menos anuais. Dependendo da natureza da obra, do seu estado de conservação ou da própria intensidade dos níveis de tráfego pode ser conveniente efectuar inspecções com maior frequência.

3.3.3. Inspecções sub - aquáticas

Estas inspecções devem efectuar medidas e registos do estado das infra-estruturas de fundação que estejam sujeitas a erosão devido às correntes do rio.

O fundo do rio muitas vezes não é visível a não ser através de ensaios de ressonância ou sondagens. Registos frequentes do perfil do fundo, são a melhor informação para detectar alterações repentinas. Se através desses métodos não for possível aferir da integridade das fundações, devem ser feitas inspecções recorrendo a mergulhadores.

3.3.4. Inspecções Especiais

Devem ser conduzidas após qualquer ocorrência que possa ter reduzido a capacidade da ponte, como por exemplo uma cheia, um sismo ou um descarrilamento, ou uma acção de choque sobre a obra de arte.

É claro que, quando uma obra de arte sofre danos, são logo de imediato impostas restrições, por exemplo de velocidade, até que seja feita uma inspecção e avaliação das condições de segurança da ponte.

3.3.5. Relatórios das Inspecções

A informação obtida no relatório de inspecção deve alimentar o programa de gestão das obras de arte. Os vários relatórios, realizados em diferentes alturas, sobre a mesma obra, devem ser mantidos, dado que permitem verificar as tendências e as taxas de degradação dos vários componentes da ponte.

O relatório deve ser o mais claro e compreensível, de modo a estabelecer a comunicação entre o inspector e o engenheiro, que vai fazer a análise final da ponte, sem ser necessário recorrer à interpretação do inspector.

3.3.6. Inspectores e Engenheiros

As inspecções devem ser levadas a efeito por técnicos com experiência em detectar e registar indicações de problemas em pontes.

Os inspectores devem fazer medidas exactas e recolha de toda a informação que seja importante para determinar o estado de conservação da ponte, com o detalhe necessário, que permita ao engenheiro de estruturas, o qual tem a capacidade necessária para avaliar a resistência da ponte, possa proceder à avaliação da sua segurança estrutural. A qualidade desta avaliação depende muito da comunicação existente entre os dois técnicos.