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A OIT, conforme visto alhures, é um organismo internacional que expede normas internacionais de trabalho através de instrumentos específicos, os quais vinculam os países aderentes, dentre estes mecanismos, cabe aqui destacar as Convenções e Protocolos, que podem ser compreendidos como:

[..] tratados internacionais que definem padrões e pisos mínimos a serem observados e cumpridos por todos os países que os ratificam. A ratificação de uma convenção ou protocolo da OIT por qualquer de seus 187 Estados-Membros é um ato soberano e implica sua incorporação total ao sistema jurídico, legislativo, executivo e administrativo do país em questão, tendo, portanto, um caráter vinculante.

(ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2018).

A Convenção nº 162 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, sobre a Utilização do Asbesto com Segurança, foi aprovada na 72ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra — 1986), entrou em vigor no plano internacional em 16.6.89, aprovada pelo Congresso Nacional brasileiro por meio do Decreto Legislativo nº 51, de 25 de agosto de 1989, vindo a ser ratificada em 18 de maio de 1990 e, finalmente, promulgada através do Decreto nº 126 em 22 de maio de 1991 (BRASIL, 1991a).

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (1989), a aplicação da Convenção nº 162, conforme estabelece seu art. 1º, abrange todas as atividades que impliquem a exposição de trabalhadores ao amianto durante o desempenho das suas tarefas.

Uma vez ratificada pelo Estado-membro, as definições estabelecidas na convenção passam a viger plenamente no ordenamento jurídico do país. De acordo com o art. 3º, da referida convenção: “1. a legislação nacional deve prescrever as medidas a serem tomadas para prevenir e controlar os riscos, para a saúde, oriundos da exposição profissional

ao amianto, bem como para proteger os trabalhadores contra tais riscos.”, e ainda, conforme preceitua o art. 5º, “2. a legislação nacional deverá prever as medidas necessárias, entre as quais a aplicação de sanções adequadas, para garantir a implementação efetiva da presente Convenção, bem como a observância das suas disposições.”. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1989).

No que tange à responsabilidade do empregador e do trabalhador, cabe aqui transcrever os seguintes artigos da Convenção n. 162, promulgada através do Decreto nº 126, de 22 de maio de 1991:

Art. 6º — 1. Os empregadores serão considerados responsáveis pela aplicação das medidas prescritas.

2. Toda vez que dois ou mais empregadores se encontrarem simultaneamente desenvolvendo atividades em certo local de trabalho, deverão colaborar no sentido da aplicação das medidas prescritas, sem prejuízo da responsabilidade de cada um concernente à saúde e à segurança dos trabalhadores que empregar. A autoridade competente deverá estabelecer as modalidades gerais dessa colaboração, desde que necessário.

3. Os empregadores devem, em colaboração com os serviços de saúde e de segurança no trabalho, e após consulta aos representantes dos trabalhadores interessados, elaborar os procedimentos a serem seguidos em situações de emergência.

Art. 7º — Os trabalhadores devem, dentro do limite de suas responsabilidades, respeitar as normas de segurança e higiene prescritas para prevenir e controlar os riscos para a saúde que comporta a exposição profissional ao amianto, bem como, para protegê-los desses riscos.

Art. 8º — Da mesma forma, os empregadores e os trabalhadores ou seus representantes deverão colaborar tão estreitamente quanto possível, em todos os níveis na empresa, no sentido de aplicação das medidas prescritas de acordo com a presente Convenção.

[...]

Art. 16 — Cada empregador deverá ser responsável pelo estabelecimento e implementação de medidas práticas para a prevenção e o controle das exposições dos trabalhadores ao amianto, e para sua proteção contra os riscos dela decorrentes. (BRASIL, 1991a, grifo nosso).

Quanto às medidas de proteção e prevenção no uso do amianto, a referida Convenção estabelece que a exposição ao amianto deverá ser evitada ou controlada pelo Estado-membro signatário, bem como que haja a substituição de produtos, e até mesmo, a proibição total ou parcial do amianto, visando proteger a saúde dos trabalhadores:

Art. 9º — A legislação nacional adotada de acordo com o Artigo 3 da presente Convenção deverá prever que a exposição ao amianto deverá ser evitada ou controlada por um ou mais dos meios a seguir:

a) a sujeição do trabalho suscetível de provocar a exposição do trabalhador ao amianto às disposições que prescrevem medidas técnicas de prevenção, bem como métodos de trabalho adequados, particularmente referentes à higiene do local de trabalho;

b) a prescrição de regras e de procedimentos especiais, entre os quais autorizações para o uso do amianto ou de certos tipos de amianto ou de certos produtos que contenham amianto, ou, ainda, para certos tipos de trabalho.

Art. 10 — Quando necessárias para proteger a saúde dos trabalhadores, e viáveis do ponto de vista técnico, as seguintes medidas deverão ser previstas pela legislação nacional:

a) sempre que possível, a substituição do amianto ou de certos tipos de amianto ou de certos produtos que contenham amianto por outros materiais ou produtos, ou, então, o uso de tecnologias alternativas desde que submetidas à avaliação científica pela autoridade competente e definidas como inofensivas ou menos perigosas; b) a proibição total ou parcial do uso do amianto ou de certos tipos de amianto ou de certos produtos que contenham amianto para certos tipos de trabalho. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1989).

Conforme observa Severo (2017), a redação da Convenção 162, acaba por autorizar o uso do amianto, ainda que com restrições, apontando claramente para a sua gradual eliminação, tem nas Convenções 139 e 155, importantes parâmetros para o limite máximo de exploração do trabalho, sem risco demasiado à saúde. As três convenções foram ratificadas pelo Brasil.

4.3 O BANIMENTO DO AMIANTO NO BRASIL CONFORME RECENTE DECISÃO

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