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A cultura e o turismo criativo na experiência integral em Janeiro de Cima

Janeiro de Cima Festas Religiosas

6.4 A cultura e o turismo criativo na experiência integral em Janeiro de Cima

Este estudo exploratório permite delinear algumas ideias sobre a premência em se apostar em experiências únicas e criativas em Janeiro de Cima, tendo por base os seus recursos culturais locais, e envolvendo os AO e os residentes. Estamos perante uma comunidade unida, com total sentido da marca ‘Aldeias do Xisto’, enquanto selo de qualidade de Janeiro de Cima que, de forma conjunta, promove esta aldeia no seu dia-a-dia ao receber visitantes, vindos de qualquer parte, com um sorriso e total sentido de acolhimento. É também desta forma que Janeiro de Cima está a construir o seu destino turístico rural de

excelência em que a imponência da sua paisagem e do seu enquadramento natural, a componente arquitetónica distinta, o xisto e a pedra rolada enquanto elementos

distintivos na arquitetura local, o rio e a sua total integração na aldeia têm permitido que este território se distinga e cresça no panorama do turismo rural nacional. Os produtos

locais, a gastronomia e a restauração, a arquitetura e o património, as pessoas, a cultura

e a tradição, o saber-fazer e a preservação dos costumes são grandes destaques enquanto fatores de desenvolvimento das Aldeias do Xisto, e, em concreto, em Janeiro de Cima.

Com o turismo criativo aliado às experiências turísticas pretende apostar-se na qualidade das experiências oferecidas sem que seja necessário investir e construir infraestruturas de suporte. Perante tal, o que é realmente importante é realçar os recursos culturais

existentes (tradições, património imaterial, artes) e rentabilizar os espaços na aldeia. A

criação de experiências rurais criativas é uma mais-valia para os destinos, uma vez que permite valorizar e maximizar recursos locais, promover maior dinamismo económico e social nas aldeias, decorrente da procura turística, contribuir para uma maior competitividade dos destinos, contrariando, assim, a sazonalidade e o turismo de massas (Richards&Wilson, 2006; Richards, 2011; Williams, 2007). Além disso, as experiências criativas fomentam a revitalização dos valores locais, o sentido de comunidade e a coesão da vertente cultural e turística do destino (Binkhorst, 2007; Cloke, 2007; Richards, 2011).

Janeiro de Cima contempla uma grande diversidade de recursos culturais que justificam a

sua integração e maximização na oferta turística deste destino rural. Como forma de revitalizar a atividade turística na aldeia, é fundamental apostar numa oferta integrada em que os elementos distintivos se relacionem entre si e fomentem o desenvolvimento de

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experiências diferenciadas. Uma leitura prévia da figura 33 é necessária antes de serem apresentadas várias propostas de ação em que os elementos culturais assumem um lugar de destaque em total confluência com os stakeholders do destino. Esta figura reúne os

principais atrativos que se destacam na aldeia (circundados a laranja), segundo a

perspetiva dos visitantes, da população, dos AO e dos APD, assim como as principais

estratégias (círculos preenchidos a azul) que poderão contribuir para maximizar a

atratividade do destino, através de atividades integradas (circundados a azul). Os

produtos associados estão circundados a amarelo. A criatividade surge, no contexto da aldeia, como forma de impulsionar a criação de experiências co-criativas, assumindo, por

isso, um papel de destaque na figura apresentada. A sua relação com o conceito de co- criação surge aqui reforçado, na medida em que a implementação de experiências criativas subentende uma postura co-criativa por parte de todos os intervenientes, com especial destaque para os visitantes, que encontram na criatividade, proporcionada pela oferta turística local, a oportunidade de se envolverem ativamente e desempenharem um papel co-criativo na experiência turística que vivenciam em contexto rural.

A criação de workshops temáticos, na vertente da agricultura, da gastronomia e das artes

locais, assim como a aposta na criação de passeios interpretativos orientados por guias locais e a criação de postais, por parte de visitantes e residentes, são atividades que têm

por base elementos que se destacam na aldeia pelo seu caráter identitário. Exemplo disso são a agricultura e os produtos locais, os pratos típicos, os saberes locais no domínio das técnicas de construção da barca e de reconstrução dos edifícios em xisto, o património construído, os elementos que retratam a interação ser humano/ Natureza e as tradições e festas, que revelam um sentido de comunidade preservado. A Casa das Tecedeiras, enquanto espaço temático de referência na aldeia e na Rede Aldeias do Xisto, deve ser promovida no contexto local e integrada na rede de Casas da Floresta, da qual faz parte. A este espaço estão associados produtos locais, dos quais se destacam o linho, o mel e os

produtos artesanais, que se constituem como marca identitária da aldeia, representando

a genuinidade, a autenticidade e a tradição. É com base nestas características que estes produtos assumem, no contexto da Casa das Tecedeiras e a nível local, um papel de destaque na oferta turística da aldeia. Os produtos agrícolas merecem, igualmente, realce, não só por estarem associados a uma atividade agrícola de subsistência, na qual estão também patentes as marcas identitárias da aldeia, mas também pelo facto de reunirem

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potencial para a criação, no âmbito da oferta turística da aldeia, de atividades co-criativas, nomeadamente workshops agrícolas e de culinária.

Como forma de captar potenciais clientes e de reforçar a diversidade da oferta turística da aldeia, surgem, na figura 35, estratégias de promoção dessa oferta com base em elementos já promovidos em Janeiro de Cima, nomeadamente a venda de produtos locais na Loja Aldeias do Xisto e a promoção da carta gastronómica, através do restaurante local e de uma publicação sobre a gastronomia nas Aldeias do Xisto.

O trabalho em rede e o envolvimento dos stakeholders do destino em todas as ações são condição-chave para o sucesso da sua implementação.

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Figura 35 – A cultura e o turismo criativo na experiência integral em Janeiro de Cima Fonte: elaboração própria

Co-criação