Na segunda etapa da aula os alunos e professores, nomeiam as “cenas narrativo performáticas” por temas Um tema pode ser composto de vários conceitos E os conceitos
4.1. A Desconstrução e as intervenções performáticas Damião: Oi professora!
Carmen: Olá Damião! Como sempre o primeiro a chegar.
Damião: Não gosto de chegar atrasado, mas o pessoal vem chegando por aí. Pedro: Gosto de ver assim Damião! Animado para as nossas improvisações? Damião: Estou sim professor. Mas o que vamos fazer mesmo?
Pedro: Esperemos mais um pouquinho Damião, quando todos já estiverem aqui
esclareceremos e trocaremos ideias com todos sobre a nossa atividade de hoje. Está bem assim?
Damião: Está bem professor.
Montgomery: Trabalharemos hoje na cabana! O que acham?
Damião: Não podemos continuar as nossas atividades ao ar livre professor como
fizemos da vez anterior?
Carmen: Acho que seria muito bom o que sugere Damião, continuarmos nossos
trabalhos em espaços públicos.
Pedro: Também concordo.
Montgomery: E vocês o que acham da ideia do Damião?
Antônio: Acho ótima. A final de contas quando chegamos à vila o nosso propósito
era que a Cabana se expandisse para além das suas paredes.
Pietro: Eu acho um pouco arriscado estarmos constantemente em espaços
públicos. Estaremos muito expostos. Muito embora ache a ideia muito boa. Não sabemos as reações das pessoas por estarmos atuando pelas ruas. Mas acho que vale a pena tentar.
Carmen: Então podemos permanecer ao pé de tamarindo inicialmente e depois
migramos para outros locais.
Zaila: Boa tarde queridos professores! Olá amigo Damião!
Damião: Olá Zaila! Os comentários na escola não são outros. A sua carta. Carmen: Como você está Zaila?
Zaila: Preocupada professora. Mas feliz. Soube que a diretora da escola leu a
minha carta e não ficou nada satisfeita. E só se fala disso na escola. Mas não voltarei atrás.
Carmen: Algumas decisões muitas vezes são difíceis de tomar. Mas precisaremos
conversar com calma Zaila, pois também me preocupo com você e não quero que seja prejudicada por atitudes muitas vezes que tomamos impensadas.
Zaila: Fique tranquila professora, vou estar bem. E estou muito feliz de estar aqui. Norma: Então vamos continuar as nossas atividades no pé de tamarindo?! Que
bom!
Carmen: Vamos sim Norma. Montgomery: Estamos todos aqui? Norma: Só está faltando a Flora.
Antônio: Olha lá! Lá vem ela e até de lenço branco na cabeça. Flora: Boa tarde!
Carmen: Olá Flora! Estávamos de longe a te admirar com o lenço branco a
cabeça.
Flora: Obrigada professora. É tradição usarmos lenços em momentos de
comemoração e em nossas procissões. E como estar aqui com vocês é para mim um momento de grande alegria e celebração, resolvi colocar meu lenço.
Zaila: Na próxima vez vou colocar o meu também.
Carmen: Já que estamos todos aqui reunidos podemos começar. Vejo que todos já
trouxeram os seus materiais. Temos uma proposta para vocês acho que vão gostar. Damião hoje nos perguntou se não poderíamos dar continuidade as nossas atividades ao ar livre. Pela alegria que demonstram vejo que o que propomos foi então aprovado por todos. Que bom! O pé de tamarindo será nosso ponto de
encontro, está bem? Onde faremos nossos debates em conjunto, tiraremos dúvidas uns dos outros e conversaremos também com outras pessoas que por lá passem e queiram contribuir para a construção da nossa história.
Zaila: Então professora, estaremos no pé de tamarindo contando histórias? Carmem: Sim Zaila. Contando histórias à medida que vamos construindo uma
história composta dos relatos de cada um de vocês. Uma história feita de várias histórias. Passo a palavra a meu amigo Pietro.
Francisca: Fiquei com uma dúvida professora. Toda história é uma “narrativa”? Carmen: Não Francisca, nem toda história é uma “narrativa”. A nossa história é
uma narrativa porque é composta das experiências de cada um de vocês na construção desta mesma história.
Pietro: Como o nosso encontro será aqui na árvore e para que outras pessoas
possam participar dos nossos debates, já que muitas pessoas ainda passam aqui na árvore para fazer visitação, sugiro trazermos os nossos tambores. Podemos também ir chamando atenção das pessoas e as convidando para irem seguindo conosco pelas ruas da vila.
Montgomery: Então o que você sugere Pietro é que trabalhemos ainda em
grupos?
Pietro: Sim. Que inicialmente cada grupo tenha autonomia de trabalhar e
escolher um dos locais nos quais fizemos inicialmente os nossos passeios pela vila. E lá realizarmos essa segunda etapa das atividades, as improvisações. Embora ache um tanto arriscado estarmos atuando pelas ruas, podemos ir agindo com cautela. Mas mesmo assim, acredito que possamos obter grandes aprendizados nesta experiência. Agora é com você Momery. Passo-lhe a palavra.
Montgomery: Simão?
Simão: Então vamos acordar as ruas com os nossos tambores? Acho que elas
andam mesmo um tanto adormecidas.
Montgomery: De certa forma vamos sim Simão. Mas temos que ir com calma. Zaila: Até porque não se acorda ninguém aos gritos e com barulho. Mas com
carinho e atenção. Acho até professor, que não precisamos usar os tambores todas às vezes que sairmos às ruas. Podemos seguir em silencio e quando chegarmos ao nosso destino, aí sim a gente solta voz. Desculpa professor se falei demais.
Montgomery: Vocês nunca falam demais Zaila. Não esqueçam que a nossa
história construiremos juntos. Os comentários de vocês serão sempre bem-vindos. Então, dando continuidade as palavras de Pietro, permaneceremos em nossos grupos originais.
Antônio: Vamos precisar criar conexões entre o que estivermos trabalhando em
cada grupo, para assim irmos construindo os sentidos da nossa história. Mas vamos juntos fazer isto, quando aqui nos encontrarmos ao final da tarde e para realizarmos também os nossos debates. Pedro?
Pedro: Antes de seguirmos, tenho uma sugestão para vocês. De já iniciarmos aqui
as improvisações na busca da construção dos sentidos da nossa história.
Norma: Não faremos mais as improvisações nos locais escolhidos por cada grupo
professor?
Pedro: Faremos sim Norma. Estaremos apenas dando inicio a elas. Pois acho que
seria muito bom se estivermos todos juntos trabalhando aqui neste momento inicial. Não sei se lembras da pergunta que fez Francisca a Momery no nosso encontro anterior sobre o que seria a desconstrução e da sua dúvida e até
linhas e ao mesmo tempo sem reproduzi-lo. E tinha ficado uma pergunta para todos nós. O que são essas linhas?
Norma: Lembro sim professor.
Pedro: Cada um de vocês possuem frases que contém as falas dos personagens a
partir dos desenhos construídos por vocês, que por sua vez surgiram das imagens mentais elaboradas das memórias e lembranças do dia-a-dia de cada um e que também foram desmembradas em outras frases a partir do nosso passeio pela vila. E que por sua vez, vocês puderam nos relatar em uma história construída a partir dessas experiências. Também possuem materiais que trouxeram com vocês. A minha proposta é que a partir de um trabalho de desconstrução recontemos estas mesmas histórias a partir de sequencias de ações, improvisações, inicialmente individualizadas e depois de maneira a construir relacionamentos, ou seja, coletivamente. Desculpem amigos se já me antecipei.
Carmen: De maneira alguma Pedro. Acho que é importante que juntos já
discutamos e teçamos debates sobre a construção inicial de sentidos, antes mesmo de partirmos para as intervenções nos locais específicos de cada grupo. O que vocês acham?
Montgomery: Ótima ideia.
Pedro: Podes dar continuidade Momery a partir daqui?
Montgomery: Então vamos lá. Quem gostaria de arriscar falando um pouco do
que acham que seja recontar as mesmas histórias relatadas por vocês a partir de sequencias de ações? Sim Tadeu. Podes falar.
Tadeu: Acho que seria professor tornar o que relatamos um acontecimento. Montgomery: Como um acontecimento?
Tadeu: Fazer com que os personagens ganhem vida além da imaginação das
pessoas que estavam a nos ouvir a partir dos nossos relatos e passem a ser vistos como se fossem reais. Mesmo que saibamos que são apenas personagens de uma ficção.
Montgomery: Todos concordam?
Zaila: Acho que não seria apenas darmos vida ao que pertence a imaginação das
pessoas que nos ouviram, mas também a partir da nossa própria imaginação. E também me veio uma dúvida agora. Como podemos saber o que as pessoas imaginaram do que relatamos? As pessoas que me refiro aqui somos nós mesmos, que ouvimos os relatos uns dos outros. Só não sei como vamos fazer isto a partir do que o professor chama de sequencias de ações.
Montgomery: O que seria uma ação para vocês? Flora?
Flora: Ação é para mim, agir. Fazer com que algo aconteça. Quando a gente diz
para alguém: Haja! É para que ela se movimente, faça aquilo que imagina ou sonho tornar-se realidade. Muitas pessoas apenas falam, mas não fazem as coisas acontecerem, é como se essas coisas as quais se referem nunca pudessem existir. E como os professores vem nos chamando atenção, não é algo aleatório precisa ter uma razão de ser para existir, ter um sentido, mesmo que seja na ficção.
Montgomery: Simão?
Simão: Eu concordo em parte com Flora. Porque se já pensarmos os nossos
relatos como uma ficção porque são deles que surgem os personagens, e que por sua vez já vieram dos desenhos que construímos e da nossa imaginação, a ação e o acontecimento já existiam antes mesmo das sequencias de ações que vamos construir agora.
imaginar, não víamos acontecer. A não ser você que presenciou o que contou, assim como todos nós em nossos próprios relatos, outras pessoas que nos ouvissem apenas podiam imaginar. E tiveram coisas que nem vivenciamos
propriamente, mas que foram relatados a nós anteriormente, como as canções que ouvia da minha mãe e que eram por sua vez histórias de outras pessoas de um passado distante. E acho que o que o professor nos pede aqui com o que ele chama de sequencias de ações é que revivamos de certa forma estas coisas, trazendo o passado para o presente, reatualizando, tornando acontecimento.
Norma: Eu concordo professor com que os amigos falam e queria apenas
completar. Posso?
Montgomery: Claro que sim Norma. Queremos te ouvir.
Norma: Acho que precisamos que outras pessoas, além de nós mesmos, em nossos
relatos dividam conosco as nossas histórias. Que elas participem, sintam não sei se seria bem na pele, mas que elas percebam mais de perto os problemas que relatamos.
Montgomery: Quem são estas pessoas Norma?
Norma: As pessoas da vila professor. Precisamos fazer com que outras pessoas se
sintam convidadas a ouvir o que temos a dizer e também ao mesmo tempo precisamos ouvir o que elas têm a dizer dos nossos relatos a partir das ações dos personagens. Acho também arriscado, concordo com o professor Pietro, porque algumas pessoas não vão gostar de ouvir o que temos a dizer transformado em acontecimento. Mas como havia dito em meu relato, precisamos manter a chama da lamparina acesa e para isso ela precisa passar de mão em mão. Não pode ficar somente nas nossas. E quaisquer que sejam as consequências, eu acho que vale a pena tentarmos.
Montgomery: Então vamos dar partida daqui. Do que nos fala Tadeu, Zaila,
Flora, Simão e Norma e que nos trouxeram de suas dúvidas e comentários bons esclarecimentos, sem nem mesmo saberem ao certo do que faríamos e o que se seguiria como continuidade aos nossos trabalhos.Não partiremos de certezas, estaremos ainda imersos em dúvidas e que paradoxalmente é para nós um bom começo.
Primeiramente vamos tornar os relatos de cada um, um “acontecimento”, ao mesmo tempo construindo este conceito que para nós ainda está por se definir ou clarificar, a partir das ações dos personagens e que por sua vez possam adquirir o poder de transformação e de se fazer ouvir pela vila. Gostaria que cada um de vocês primeiramente individualmente, construa uma sequencia de ações a partir dos seus relatos, melhor dizendo, uma ação seguida por outra ação e que vocês possam utilizar os materiais que aqui nos trouxeram. Seguindo a estas ações seguirá a fala do personagem ou dos personagens caso em vossos relatos existam mais de um. Lembrem-se que as ações serão construídas de maneira a ir
construindo os sentidos para as suas falas. As falas virão após as sequencias de ações terem sido construídas. Então vocês precisam inicialmente selecionar as frases que contem as falas. Que grupo quer começar? Primeiramente cada componente do grupo faz individualmente e no momento que achar mais conveniente pode buscar interação com os demais colegas do grupo.
Bernadete: Uma dúvida professor. Faremos todos ao mesmo tempo? Sem nem
mesmo ensaiar?
Montgomery: Sim Bernadete. Cada grupo fará ao mesmo tempo com todos os
seus componentes. Não haverá ensaio. Queremos aqui presenciar um
bombo. Para o início e término da improvisação. E sintam-se a vontade para construírem outras falas além das que já trouxeram com vocês. Mas, não esqueçam que precisamos ter sequencias de ações anteriores às falas e que contribuam para a elaboração de sentidos na construção da história.
Flora: E se não conseguirmos preenchermos todo o tempo com ações e falas até o
toque do bombo professor?
Montgomery: Não se preocupem. O silencio e a imobilidade será bem-vinda desde
que sejam espontâneos, mas busquem construir sequencias de ações que se combinem com as respectivas falas até o toque do bombo, está bem?
Flora: Certo professor. Vamos tentar.
Montgomery: Que ótimo! Alguns visitantes se aproximam. Bom que vão
presenciar a atuação de vocês.
Carmen: Ótimo mesmo! Após as improvisações, vamos iniciar aos debates
seguindo a mesma ordem do nosso encontro anterior. Primeiramente o grupo de Montgomery, composto por Francisca e Dalva. Segundo grupo, o do professor Pedro composto por Bernadete e Flora. Terceiro grupo, o que está comigo composto por Darlene, José, Damião e Samira. O quarto grupo, o de Antonio, composto por Simão e Tadeu e por fim o quinto grupo composto por Janaina, Zaila e Norma. Então vamos lá! Podem começar!
Visitante1: Boa tarde. Desculpe estar atrapalhando. Vim aqui visitar o pé de
tamarindo com este grupo de amigos. Estamos de passagem pela vila e me chamou atenção o trabalho que estão apresentando aqui. Quem escreveu esta peça?
Carmen: O que vocês estão vendo é a construção de uma história a partir dos
relatos das experiências dos moradores da vila e que aqui estão conosco dividindo este momento. O que chama de peça está sendo escrito um pouco por todos nós. Vamos escrevendo à medida que vamos criando relações com as múltiplas partes e componentes desta escrita que constituem o dia-a-dia da vila e seus personagens.
Visitante1: Vocês que estão escrevendo a história da vila? Que bom! Vocês fazem
parte de um grupo de teatro?
Carmen: Estamos juntos na Cabana, a nossa escola de artes. Somos cinco
professores e estes são nossos alunos e posso lhes dizer que aprendemos mais com eles do que eles conosco. Mas vamos juntos aprendendo a aprender. Muita coisa ainda está por se escrever a partir do que está acontecendo agora com as improvisações dos alunos. O que apenas inicialmente foi escrito em papel foram algumas frases que continham algumas falas e nada mais. O prolongamento destas frases e que consequentemente está sendo escrito aqui e agora como vocês estão a presenciar, é com o corpo em ação e é a partir dele que estamos
escrevendo a nossa literatura e aprendendo com ela.
Visitante2: Vocês são professores de teatro?
Carmen: Uma pergunta difícil de responder. Somos. E também um pouco
diferentes. Mas se quiserem permanecer acompanhando e partilhando conosco da construção da nossa história será um grande prazer. Prefiro deixar esta pergunta para que vocês mesmos obtenham as respostas das suas percepções sobre o nosso trabalho. Vamos construindo conhecimento a partir da busca por elaboração de sentidos da história e como diz respeito às experiências de cada um e de todos ao mesmo tempo, chamamos estahistória de “narrativa”. Então? Topam ficar aqui conosco contribuindo com a nossa história?
Carmen: Então, sintam-se em casa, ou melhor, na Cabana! Antônio: Acho que Carmen esqueceu que tem que tocar o bombo. Montgomery: Carmen, precisas tocar o bombo. Já passamos do tempo.
Carmen: Nossa! Esqueci! Amigos esperem só um momento que o pessoal precisa
ouvir a toada do bombo. Mas sejam bem-vindos!
Francisca: Professora! A senhora não sabe como me senti feliz quando tocou o
bombo. Porque teve um momento em que não sabia mais o que fazer. Deu um branco geral.
Carmen: Desculpem! Mas os “brancos” podem ser preenchidos. Realmente me
perdi conversando com nossos amigos visitantes que vieram aqui ao pé de tamarindo. Mas não pensem que estávamos sem prestar atenção ao que estavam fazendo. E foi mais um desafio para vocês. Aprendemos com os obstáculos não é mesmo?
Francisca: E até com os “brancos”, não é professora?
Carmen: Isso mesmo Francisca. Estamos aqui para preenchê-los de sentidos.
Então começaremos com você e Dalva. É com você Montgomery já que este é o seu grupo.
Montgomery: O que sentiram da experiência de vivenciar este acontecimento que
inicialmente pertencia a cada uma de vocês e que passou a pertencer as duas? Dalva?
Dalva: O momento em que começamos a falarmos juntas inicialmente parecia não
fazer sentido algum, mas com a repetição das ações e do seu prolongamento da interação com Francisca me vi fazendo parte também da sua história. O silêncio do seu marido se contrapunha a fala do meu filho que insistia em perguntar sobre o que não entendia dos livros. Como eu fazia ao mesmo tempo os dois
personagens, eu e o meu filho, a minha sequencia de ações era quase a mesma para mim e para o menino, eu só virava o meu corpo e já trocava de um
personagem para outro. A voz repetida insistente de Francisca parecia fazer voz única com o menino que queria que esclarecesse o que nada compreendia do livro. Quando rasguei o bloco de notas e joguei tudo para o alto não percebi que Francisca vinha por trás de mim e neste momento Francisca me amarrou.
Francisca: Amarrei Dalva e sai puxando e quanto mais eu perguntava a
Soledade: “O que ouve Soledade? Fala alguma coisa!” Dalva impedia o meu movimento puxando a corda para trás. Quando o bombo tocou estávamos
exaustas e não conseguíamos mais sair do mesmo local e não sabíamos mais o que fazer. Ficamos ali paradas presas no silencio daquele branco.
Visitante2: Posso fazer um comentário professor? Montgomery: Claro que sim.
Visitante2: Achei interessante como algumas imagens rapidamente se
transformam em outras e os personagens passam a serem outros. Quando Dalva é amarrada pela corda e puxada por Francisca, para mim é como se ela estivesse sendo arrastada pelo Tião e não pelo personagem de Francisca que seria uma mulher. Mas o que na minha concepção dominou o tempo inteiro a cena, foi o papel de dominação imposto pelo homem, no caso os maridos de ambas as mulheres. O menininho parecia uma vítima de um contexto de dominação.
Visitante1: Sim de dominação, mas também de resistência. Em nenhum momento
elas se deixam abater. Elas exigem uma resposta que nem mesmo os livros podem dar. A mulher não deixa ser arrastada pela mão que puxa a corda. Até que as forças de alguma maneira se equilibram.
Visitante4: As mulheres aqui na vila são oprimidas, existe uma ânsia de liberdade,
sentimos isso ao passar pelas casas e conversar com as pessoas.
Carmen: Trazendo aqui para a realidade da vila, como podemos fazer para que
estas forças se equilibrem? E como obter as respostas para os anseios das
mulheres? Obrigada pela participação de vocês e continuem conosco. Passaremos para o próximo grupo. Pedro podes então dar continuidade com o seu grupo?
Pedro: Posso sim. Vamos lá com Bernadete e Flora. Flora: Posso começar professor?
Pedro: Pode sim Flora.
Flora: Eu queria que as minhas falas surgissem da minha canção já que ela conta
uma história de trabalho, esperança, liberdade, persistência e determinação. As palavras que colei as mudas do pé de tamarindo. Trabalhando e cantando, a