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Abaixo na vila, os professores preparam-se para realizarem uma intervenção performática na praça.

3.2 Intervenção Performática na praça - “Quem fica com o bebê?!”

Montgomery: Então? Todos prontos? Nos dividiremos na praça. Vamos lá? Carmen: Todos prontos Momery. Eu e Antônio saímos por detrás da igreja. Montgomery: Como sou o mendigo fico no banco da praça.

Pietro: E eu onde fico?

Antônio: Ficas por detrás de alguma árvore quando o chamarmos você vem. Onde está João? Ele ficou de trazer o radialista para nos anunciar. Olha ele ali. Olá João!

João: Olá amigos. Posso pedir para o radialista Nezinho anunciar a apresentação de vocês?

Montgomery: Pode sim João. Já estamos prontos.

Nezinho: Alô, Alô, rádio comunitária! Há poucos instantes vocês estarão

presenciando aqui na praça uma encenação com os professores da escola de arte Cabana e que estão na vila e com as portas abertas da escola para vos receber! Participem com eles da brincadeira aqui na praça e boa encenação!

Mendigo: Hoo, Hoo, Hoo, Hoo Homem: Psiiiiiiiiiiiii!

Mendigo: Vocês viram o padre? Homem: Não!

Mendigo: A senhora viu o padre? Senhora de Azul: Eu não vi.

Mendigo: Ele tem medo de ser castigado pelo padre. Senhora de Azul: O padre não castiga.

Mulher: Você viu o padre?

Damião: Acho que ele foi rezar missa em outra vila. Mulher: Você viu o padre?

José: Eu não. Mendigo: Olhem!

Mulher: Ali está o padre! Damião: Mas este não é o padre. Padre: Eu não sou o padre. Mulher: Não!!?

Padre: Não. Eu vim a mando do rei chamá-los para a assembleia, mas antes temos o baile.

Mulher: E o padre?!

Padre: Esqueçam o padre. Agora vamos ao baile. Coloquem as máscaras! Chamem as pessoas, chamem os nossos convidados! Venham todos! Vamos fazer um grande círculo!

Palhaça: Canta aquela música! Palhaço1: Qual? Não combina. Palhaça: E agora? Não temos música.

Palhaço1: Podemos improvisar com a bacia e o pinico. Damião: Eu sei uma música moça.

Palhaça: Pode cantar!

Damião: Passeava na jangada sob as ondas ao luar. Balançava, balançava e quase fui jogado em alto mar. Oh lua trás a tua força! Trás a tua força! O meu pai é muito pobre e minha mãe só faz rezar. Se você vier agora vou poder me

alimentar!

Palhaça: Então vamos! Todos juntos com Damião! Som dos tambores! Palhaço2: Ele vai me castigar!

Palhaço1: Vamos parar a música! E fazer um acordo!

Palhaça: Para quem for entrar para fazer parte da assembleia tem uma condição. Palhaço2: Qual?!

Palhaça: Fazer a gente acreditar que esse pano vermelho vira outra coisa. Se conseguir fazer a gente acreditar então pode ficar!

Palhaço2: Mas é o manto do rei! Ele vai me castigar!

Palhaça: Então vamos perguntar ao rei. Pela cara dele ele disse que sim. O que acham?

Mulher de Vermelho: Ele não tem boca.

Palhaço2: Vamos então montar um plano para pegarmos o manto do rei. Palhaço1: Opa! Você está me corrompendo satanás! Eu sou um anjo! Filho do sol!

Palhaço2: Psiiii!!

Palhaço1: Eu não acredito que eu anjo, estou me corrompendo com esta obra do demônio. Assaltar logo o rei!

Palhaço2: Luz do sol transforma este manto vermelho em alguma outra coisa! Palhaça: Jogue o manto!

Palhaço2: Segura! Palhaça: É um bebê!

Mendigo: Você acha que isto é um bebê?

Senhora de Azul: Sim. A fé remove montanhas e somente a fé pode transformar este pano em um bebê.

Palhaça: Você fica com ele? Deixei com ela para tomar conta.

Palhaço1: Pera aí! Eu não estou acreditando que isto aqui é um bebê. Palhaça: Pega lá o bebê! Tu esquecestes do bebê! Não acredito! Palhaço1: Isto aqui não é um bebê é um pano vermelho.

Palhaça: É um bebê! Você acha que isso é um bebê? Senhora de Azul: Sim.

Damião: Eu também acho.

Palhaça: Não disse a você! Eles acreditam!

Palhaço1: Esse bebê nem chora! Não esqueça que a tarefa de transformar isto num ser animado é daquele ali. Do Endemoniado.

Palhaça: Dá meu bebê! Ele pegou meu bebê! Me ajudem! Damião: Pega o bebê José e esconde!

Palhaço2: Me dá esse bebê! Palhaço1: Dê o bebê pra ela! Palhaço2: Não!

Palhaço1: Solta o bebê!

Palhaço2: Eu vou jogar uma praga!

Palhaço1: Deus solte um raio neste Endemoniado agora! Palhaço2: Que o rei acorde e jogue uma maldição em você! Palhaço1: Alguém me ajude!

Damião: Pega o bebê José e dá pra moça!

Mulher de Verde: A loucura foi grande, mas foi interessante.

Palhaço2: O que aconteceu aqui?! Acordem! Levantem! E tirem já essas máscaras! E vamos já trabalhar! Seu bando de preguiçosos. E por que meus chinelos estão jogados?! Vão trabalhar! E não olhem para trás!

Damião: Ei moça! Ei moça!

Carmen: Damião! É esse seu nome não é? Que bom te ver! E você participou, eu achei ótimo!

Damião: Este é meu amigo José.

Carmen: Olá José! Então gostaram da encenação?

Damião: Nós gostamos de proteger o bebê para fugir do Endemoniado. Mas aquele que chegou ao final da história era quem? Eu fiquei sem entender. José: Era o rei, Damião! O rei malvado.

Pedro: Vamos Carmen! Estamos indo!

Carmen: Estou indo Pedro! Apareça na escola Damião. Leve seu amigo também. Até mais ver!

Montgomery: Então Carmen o que achou?

Carmen: Foi muito bom porque todos participaram, mas fiquei um pouco de dor na consciência.

Montgomery: Mas por quê?!

Carmen: Porque eles são muito religiosos e pareceu-me que estávamos brincando com a fé deles. Acho que estou um tanto arrependida de termos nos apresentado assim. Ou talvez estejamos desvirtuando os propósitos do nosso trabalho. Montgomery: Não sei por que esta preocupação?! Não estou conseguindo entender você. Era uma forma de nos apresentarmos de forma mais descontraída. Essas pessoas vivem muito presas as suas crenças Carmen, sacralizando até mesmo a sua liberdade de se divertir e de ver o mundo. Conseguimos juntar as pessoas para cantar uma música aprendida no acontecimento daquele instante e isto foi muito bom. O menininho foi quem criou a música Carmen! Sabe de quem ele é filho? De João! E o outro seu amigo, é filho de Tião.

Carmen: Eu já o conhecia Montgomery. Eu o conheci na procissão. Montgomery: Então tira estas coisas da cabeça, que amanhã temos muito trabalho a ser feito na Cabana. Arte Carmen não pode ter censura!! Estás lembrada?! Olha que aprendi isso com você. Confiança é a palavra Carmen. Confiança!

vontade de fazer e aprender com o que fazemos.

Montgomery: É isso aí. Vamos lá! Olha só quem vem ali. Foi só falar nele que ele apareceu.

Damião: Moça! Moça! Desculpa. Qual seu nome mesmo?

Carmen: Olá Damião! Que ouve?!Está tudo bem? Eu sou Carmen e este é meu amigo Momery.

Damião: Voltei porque sai e não perguntei se as nossas aulas de arte começam amanhã mesmo. Meu pai falou que vai ser lá na rua do pé de tamarindo, na cabana e disse para eu levar meus amigos. Posso chamar meus amigos e minhas amigas?

Carmen: Pode sim Damião chame todos. Vamos nos encontrar no final da tarde. Até amanhã.

Montgomery: Olha aí. Os nossos primeiros alunos!

Carmen: Você acha que precisaremos criar turmas variadas?

Montgomery: Acho que podemos iniciar os trabalhos juntos e aos poucos vamos redistribuindo as tarefas.

Pedro: Como somos cinco podemos cada um ficar com uma turma, mas trabalharmos de forma integrada.

Antônio: Opa! Que reunião é essa? Reunião secreta? E nem nos chamaram?! Pietro: Olá! Estamos atrasados?

Carmen: De forma alguma! Estávamos começando a conversar sobre como seria o inicio dos nossos trabalhos amanhã. Mas sem vocês claro que seria incompleto, estávamos os aguardando.

Pietro: O Damião passou por nós acelerado e gritando: Até amanhã!

Carmen: Ele está muito animado e disse que vai levar muitos amigos e amigas para Cabana.

Montgomery: Estava sugerindo que como amanhã vai ser o primeiro dia, estarmos juntos ao mesmo tempo com os alunos e depois ir distribuindo as atividades. Podem existir entre estudantes faixa etárias bem diferentes. O que acham?

Antônio: Mas será que as faixas etárias serão mesmo importantes? Você fala para a distribuição de turmas?

Montgomery: Sim. O que ensinamos para os alunos de uma faixa etária não pode ser o mesmo para os alunos de outra faixa etária.

Antônio: Mas Momery, não precisa que fiquemos presos a isto. A final de contas é com a construção de uma “narrativa” que trabalharemos e ela surge de uma narração de histórias que diz respeito às experiências de cada um e de todos. Montgomery: Sim Antônio. Mas o nível de debate não é o mesmo. Não podemos trocar ideias com crianças de 12 anos utilizando o mesmo discurso de uma criança de 14 anos.

Antônio: Mas Momery o nosso discurso é perceptivo, então acho quase impossível que não estejamos trabalhando respeitando as faixas etárias de cada um. Você sugere o que então? Dividirmos os trechos da história? Para depois irmos buscando as conexões?

Montgomery: Sinceramente, ainda não sei Antônio.

Pietro: O conselho que eu dou é que comecemos o nosso trabalho. Só assim podemos descobrir. Também é importante se errar para se aprender com os erros.

Carmen: Concordo. Afinal de contas a base do nosso trabalho é a experiência. Pedro: Sabem de uma coisa. O melhor que temos a fazer agora é irmos descansar que amanhã temos muito trabalho a ser feito. Aquele ali não é o Nezinho?

Montgomery: O próprio em pessoa.

Pedro: Apressem os passos! Tive uma ideia. Podemos pedir para ele anunciar na Rádio Comunitária o inicio das nossas aulas. Corram! Nezinho!

Os professores se apresentam aos habitantes da vila através da intervenção performática.

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