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Procuro um caminho: não de respostas, mas da construção do meu Ser. Não para ser diferente, mas para agir diferentemente naquilo que realmente posso sustentar. Ou até onde posso sustentar.

Esta frase foi expressa como um dos objetivos ao entrar na formação da Dinâmica Energética do Psiquismo (DEP), iniciado em Fortaleza no ano de 2004:

encontrar um caminho. Aos poucos, descobri que o caminho estava próximo ou sempre esteve no seu tempo e lugar, mas a consciência do percurso desse caminho tinha de aprender com significado e coração.

Com uma abordagem integral e multireferencial de tradições filosóficas e sagradas como o budismo, o hinduísmo e o cristianismo, e de ensinamentos da ciência ocidental, como a psicanálise, a gestalterapia e o psicodrama, a DEP é uma escola que atua na formação de profissionais para a área terapêutica, educativa e de recursos humanos em empresa. Tem como foco central a corporificação da consciência e suas manifestações no mundo físico e não-físico, especialmente na integração da multidimensionalidade da experiência humana, ou seja, na experiência existencial de cada um de nós.

Para a DEP consciência é tudo aquilo que é o Ser na sua totalidade; e nós, assim como todas as coisas que existem no mundo físico e não-físico, somos as manifestações individualizadas com as quais temos uma relação holográfica, ou seja, inserida na relação de uma parte com o todo.

Nós, seres humanos somos consciência corporificada, o que significa que somos consciência, porém no limite de nossa expressão nesta experiência de vida, neste momento. Nossa essência está inconscientemente em nós mesmos. Nossas possibilidades de Ser não se manifestam em sua plenitude devido às limitações de expressão do mundo físico. As possibilidades estão em nós e são nossas, porém apenas conseguimos manifestá-las parcialmente. (PUSTILNIK, 2000, p. 68).

A escola da DEP encontra-se voltada para o desenvolvimento pessoal, facilitando o despertar do Ser pessoal para o Ser essencial, fornecendo ao participante toda uma reflexão que tem como sentido o despertar do Curador Interno para, então, atuar como terapeuta centrado no ser. O Curador Interno representa um encontro, um despertar do Ser essencial em sua totalidade.

Este encontro com o curador interno torna o participante capaz de desenvolver sua cura pessoal. E ao estar aberto ao seu próprio Ser, ele pode ao final do percurso, reconhecer o mesmo processo em outra pessoa. E assim, acompanhar aqueles que estão como ele, buscando o despertar de seu próprio Ser.

A escola trabalha com a consciência corporal e com a experiência de vida pessoal. Tomar consciência do próprio corpo e do que acontece com ele é a porta de entrada para o curador interno ou para o terapeuta do Ser, pois o mesmo representa a sede de todas as nossas experiências profundas e superficiais do passado, do presente e do futuro. O corpo é onde se encontram as impregnações e as marcas desde a fecundação. Para a DEP, as impregnações, sejam elas emocionais, sociais ou espirituais, nos modelam e podem se transformar em dons e felicidade, ou em bloqueios e impedimento ao livre fluxo da energia viva e consciente.

O trabalho desenvolvido durante os módulos através da atenção, intenção e a respiração trazem a consciência, liberando o fluxo das marcas e impregnações e memórias, permitindo novos caminhos para a energia. As impregnações trabalhadas ao longo da formação tornam-se conscientes, experimentadas, questionadas, desvendadas e integradas, gerando uma mudança transformadora na consciência da pessoa e, consequentemente, na sua própria existência. Desta forma, é essencial o registro das vivências durante os encontros ou classes, bem como o aprofundamento das mesmas. Para isso, a escola utiliza a cartografia como recurso.

A cartografia é um instrumento metodológico da DEP que permite o registro simbólico daquilo que é experimentado, das recordações e da consciência como um diagnóstico que mostra o essencial. Conforme Basso (2007), é possível reconhecer muitos aspectos da pessoa através da cartografia. É possível diagnosticar e mesmo reconhecer doenças e dificuldades. Durante as classes a cartografia é um recurso para o aprofundamento das vivências, do sentir e da desmistificação do que não é essencial. Através do aprofundamento em torno da cartografia a pessoa registra as sensações e se reconecta com seu corpo através de sensações, sentimentos e percepções de si mesmo e de suas profundezas.

A cartografia representa o corpo como um território simbólico, com seus sonhos e memórias. Na DEP constitui uma folha impressa com uma figura humana do homem vitruviano, de Leonardo da Vinci (ver Figura I). Ao exercitar o aprofundamento, a respiração e o processo do fluxo de energia registrávamos, através de pincéis coloridos, os pontos em que eram recorrentes as sensações, os incômodos e os impedimentos ao fluxo, bem como os caminhos da energia na figura. A qualquer momento, ainda na classe, éramos convidados a partilhar a experiência com um

acompanhante, em grupo ou sozinhos, para vivenciar o aprofundamento tornado uma nova experiência. Era a vivência refletida.

A DEP representou um campo e um espaço de acesso ao meu Curador Interno e sustentação para olhar o outro e perceber os romeiros e seus níveis de busca e alcance de cura como um lugar de aprendizado de transformação referenciado pela fé, pelos rituais e pelos sofrimentos. As romarias, historicamente, representam um lugar de busca e, neste aspecto, senti que a fé pura e transformadora dos romeiros ora me alimentava ora me assustava, como um reflexo das minhas crenças cartesianas. Afinal, encontrava-me em um campo reverberado também por minha busca de cura e de fé. Retomo, então, a discussão do meu encontro com os romeiros e a Medicina como um instrumento de retorno a toda essa discussão em torno da busca e do alcance de cura.