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4. Apresentação, análise e interpretação de dados

4.5. A dimensão “comunicar”

A comunicação é um dos aspetos mais importantes na vida de qualquer cidadão. Como tal, a escola deverá proporcionar momentos em que os alunos tenham a oportunidade de expressar as suas ideias aos outros. Foi esta ideia que tentei transmitir aos alunos, durante o meu período de estágio. Por isso, sempre que possível pedi aos alunos para apresentarem os trabalhos aos restantes elementos da turma. Da dimensão “comunicar” fazem parte duas subcategorias:

107 • partilhar de forma clara as aprendizagens resultantes dos trabalhos de

grupo;

Para se comunicar é necessário ter algo para se dizer, portanto, considerei que a preparação dos materiais a apresentar deveriam estar incluídos nesta dimensão, onde se pretende analisar se os alunos conseguem realizar comunicações aos colegas, de forma clara. Nesta dimensão é expectável que os alunos consigam preparar os materiais a apresentar e os saibam partilhar com os restantes colegas, utilizando as TIC.

Analisando a realidade em sala de aula, pude compreender que no início os alunos estavam habituados a ler as informações escritas num papel, resultantes de uma pesquisa que era realizada em casa.

A principal tarefa em que o computador foi utilizado como um meio de preparação de uma comunicação oral à turma foi a criação de um slide PowerPoint com as informações recolhidas acerca de cada um dos planetas. Em grupo, os alunos exploraram o programa e, com o meu auxílio, construíram uma apresentação digital. Neste momento, pude desfrutar do entusiasmo dos alunos. Contrariamente aos outros dias, conseguia-se perceber claramente que o burburinho instalado naquela sala de aula se devia à partilha de opiniões entre os elementos do grupo que se mostravam concentrados a trabalhar em cada um dos computadores. Nesse dia consegui arranjar oito computadores, de forma a que todos os grupos estivessem a trabalhar ao mesmo tempo. O simples facto de termos tido os oito computadores ao mesmo tempo criou uma dinâmica de trabalho muito diferente de quando os alunos tiveram de alternar a sua pesquisa entre os livros e os computadores, por estes não serem suficientes para todos os grupos. Ao ter todos os alunos envolvidos na mesma tarefa, permitiu-me circular mais calmamente por todos os grupos e dar mais apoio a cada um deles. Os alunos demonstraram um grande empenho na elaboração do slide e para além de escreverem as informações sobre o seu planeta, preocuparam-se com a dimensão estética, questionando-me como se poderiam colocar cores no texto, aumentar, diminuir e modificar o tipo de letra, entre outros.

Outra das tarefas em que os alunos tiveram de comunicar foi na apresentação dos slides realizados. Aquando da sua realização pude constatar, através da observação direta, que os alunos se organizaram de uma melhor forma, quando comparado com os trabalhos de pesquisa realizados anteriormente, o que me leva a crer que no início os alunos estavam demasiado entusiasmados para utilizar esta ferramenta e nem se conseguiam organizar, porque todos queriam mexer ao mesmo tempo, o que me leva a crer que se os computadores fossem ferramentas “habituais” nas salas de aula, os alunos, ao longo do

108 tempo, sabê-los-iam utilizar de forma autónoma e com bastante proveito para as suas aprendizagens.

Ainda na apresentação dos slides PowerPoint, pude verificar que os alunos transmitiram as informações de forma mais clara do que quando apresentaram pela primeira vez o Bilhete de Identidade dos animais. Desta vez, os alunos referiram cada campo e explicaram como tinham obtido algumas informações. Não obstante, considero que a apresentação das notícias não foi mais clara, porque os alunos não compreenderam bem o conteúdo destas, como já foi referido. Ainda assim, em todas as apresentações, os alunos referiram as informações que conseguiram obter de cada notícia.

No momento das apresentações os alunos que estavam a assistir participaram bastante, ao contrário do que eu tinha previsto. Numa fase inicial, aquando da apresentação da pesquisa sobre os animais, refleti com a PT, sobre a necessidade de criar uma tabela que resumisse todas as informações que estavam a ser apresentadas, de modo a que os alunos que estavam a assistir se mantivessem concentrados no que estava a ser transmitido. No entanto, depois de constatar que este instrumento afetava a qualidade e a dinâmica das apresentações, transformando-as num “ditado”, na temática dos astros, decidi não utilizar nenhum instrumento semelhante, deixando que os alunos que estavam a assistir participassem naturalmente nas apresentações. Depois de observar ambas as situações posso afirmar que a segunda situação se revelou mais produtiva, uma vez que os alunos respeitaram os colegas que estavam a apresentar e ainda participaram com dúvidas e opiniões. No desenrolar da atividade compreendi que os alunos estavam mais participativos, pois alguns colocaram questões acerca da informação descrita nos slides de apresentação: “que número esquisito é aquele?” [referindo-se à massa do planeta] (NC, maio, 2017). Julgo que o facto de a apresentação relacionada com os animais não ter tido um suporte que fornecesse informação aos alunos que estavam a assistir, prejudicou as apresentações, pois senti que os alunos não estavam tão envolvidos na tarefa, contrariamente àquilo que aconteceu na apresentação dos planetas. Neste caso, também por ser a segunda vez que os alunos experienciavam esta atividade, senti os alunos mais participativos, dando opiniões e fazendo comentários: “M. vocês pesquisaram essa imagem onde? é que até dá para ver a água e tudo! [referindo-se à imagem do planeta Terra]” (NC, maio, 2017).

Posso concluir que as apresentações surtiram um efeito positivo nos alunos, uma vez que depois das pesquisas terem sido realizadas na sala de aula, muitas foram as vezes em que os alunos me questionaram acerca da possibilidade de apresentar um tema à

109 turma. “Podemos ir pesquisar sobre os pontos cardeais todos e apresentar à turma?” (NC, 03/05/17), através destas perguntas posso concluir que o facto de os alunos pesquisarem e apresentarem temas aos colegas contribuiu de forma significativa para as suas aprendizagens e sentem-se confortáveis para o fazer mais vezes. Este tipo de reação foi, de certa forma, generalizado, pois até alguns alunos que no princípio se mostraram mais reservados, agora já me faziam pedidos semelhantes.

Através da análise das fichas de autoavaliação foi possível compreender de que forma os alunos encararam a realização de um slide, em formato PowerPoint, que serviu como base de apresentação das caraterísticas de um planeta, aos restantes elementos da turma.

Dimensão de

análise Temas

Alíneas das fichas de “autoavaliação” Resultados NC20 CCA CSA CMB 5. Comunicar Animais _______________ ___ ___ ___ ___ Astros - Realizar o PowerPoint com a informação adequada 2 5 5 10 Notícia “Lince Ibérico” _______________ ___ ___ ___ ___

Tabela 5 - Categoria "Comunicar" - autoavaliação dos alunos

Com base nos dados expressos na tabela acima conseguimos verificar que dez alunos da turma escolheram a opção “consegui muito bem” no que toca à realização do slide, com a informação adequada. De entre os 22 alunos, apenas dois referiram que não conseguiram elaborar o slide. Todos os planetas foram apresentados tendo o slide como base de apresentação, por isso, não temos informação suficiente para perceber se estes dois alunos, não conseguiram concretizar esta tarefa por falta de capacidades ou porque as funções dentro do grupo de trabalho não foram bem distribuídas e, por isso, sentem que não foram parte ativa desta tarefa.

Analisando as entrevistas realizadas aos oito alunos no final do período de estágio, pode-se concluir que o gosto pela apresentação de trabalhos foi uma das atividades mais mencionada. No entanto, nenhum aluno refere a utilização das TIC. Talvez, devido à minha inexperiência em conduzir entrevistas, alguns tópicos tenham ficado por

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Legenda: NC – Não consegui; CCA – Consegui com ajuda; CSA – Consegui sem ajuda; CMB – Consegui muito bem

110 desenvolver. É o que acontece no exemplo a seguir em que uma aluna fala sobre a utilização das TIC para apresentar um trabalho e eu ao invés de tentar perceber mais sobre o assunto, introduzi uma nova pergunta, quebrando o diálogo sobre o tópico em questão. Julgo que poderia ter tentado compreender de que modo a aluna se sentiu ao apresentar um trabalho, tendo como suporte algo a que não está habituada.

“P.E.: Então nunca tinhas feito um slide no PowerPoint, foi só agora que

fizeste?

M.: Sim, foi só agora.

P.E.: Já tinhas realizado alguma apresentação de trabalhos à tua turma

mesmo que não fosse com o computador?

M.: Já, foi um que era de adivinhas.

P.E.: E tu gostas de fazer essas apresentações? M.: Gosto!”

(entrevista, aluna M., 22 junho, 2017) De acordo com a análise das entrevistas, a vergonha, o nervosismo e a dificuldade em expressar-se foram alguns dos sentimentos que quase todos os alunos demonstraram ter aquando a apresentação de trabalhos à turma.

“P.E.: E quais é que são as principais dificuldades que tens quando estás

a apresentar um trabalho à tua turma?

A.: Fico um bocado nervoso.”

(entrevista, aluno S., 21 junho, 2017)

“P.E.: E quais são as principais dificuldades que tu tens quando estás a

apresentar um trabalho aos teus colegas?

S.: É… eu não tenho dificuldades a apresentar, é só ler uma coisa e depois

mostrar.

P.E.: Mas tu gostas de fazer isso?

S.: Mais ou menos, tenho um bocado de vergonha.”

(entrevista, aluno M., 21 junho, 2017) Em suma, a comunicação é algo que demora algum tempo até que os alunos encontrem estratégias próprias, adequadas à sua personalidade que lhes permitam fazer comunicações orais de forma prazerosa e que seja clara para aqueles que estão a assistir. Por isso, julgo que os alunos só encontrarão estas estratégias, praticando, por isso é que se torna tão importante que atividades deste âmbito sejam desenvolvidas ao longo do percurso académico do aluno. É experimentando que os alunos conseguirão melhorar a capacidade de comunicar.

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