• Nenhum resultado encontrado

3. Metodologia

3.2. Contexto de estudo

A Escola Básica N.º 3 da Quinta do Conde, integra-se no grupo de escolas que fazem parte do Agrupamento de Escolas Michel Giacometti, situado na freguesia da Quinta do Conde, que se localiza a nordeste do concelho de Sesimbra. Este agrupamento é composto pelo Jardim-de-Infância da Quinta do Conde e pela escola-sede, a Escola Secundária 2/3 Michel Giacometti.

Tendo em consideração as informações disponíveis no Projeto Educativo de 2013/2017 a localidade da Quinta do Conde sofreu um acentuado aumento demográfico, já que no ano de 1999 existiam 7958 habitantes e em 2011 esse número aumentou para 25606. Segundo os Censos de 2011, registou-se que mais de metade da população do Concelho reside na freguesia da Quinta do Conde, sendo que em 10 anos existiu um aumento da população em 55%. Como é explicitado neste documento este rápido aumento populacional relacionar-se-á com a crescente facilidade na ligação dos concelhos de Almada, Seixal, Palmela e Setúbal, associadas às ligações privilegiadas do

40 Concelho do Barreiro a Lisboa, através da autoestrada e da criação da estação ferroviária de Coina, que permitiu melhores condições de acesso a esta localidade.

Com este aumento populacional surge a necessidade de criar mais vagas no ensino público e, por isso, foram criados três agrupamentos escolares que dão respostas educativas a um total de 4400 alunos (pré-escolar e escolaridade obrigatória).

Relativamente ao Agrupamento de escolas Michel Giacometti, verifica-se que é aqui que existe um maior número de alunos matriculados – 65% do total de 1700 alunos, no ano letivo 2014/2015 (dados mais recentes).

A Escola N.º 3 da Quinta do Conde é constituída, no ano letivo 2014/2015, por 8 turmas do ensino pré-escolar e 17 turmas do 1.º ciclo.

Desenvolvi o período de estágio, no qual apliquei este projeto, numa turma do 3.º ano de escolaridade, com alunos com idades compreendidas entre os 8 e os 9 anos de idade. O período de estágio teve a duração de 12 semanas, iniciando-se no dia 6 de março de 2017 e terminando no dia 24 de maio de 2017, sendo que apliquei o meu projeto ao longo de vários momentos, uma vez que as planificações iam sendo ajustadas com a PT da turma. Na primeira semana de estágio – semana de observação – permanecemos em estágio durante os cinco dias da semana, a fim de compreender as dinâmicas da sala de aula e da escola. Nas semanas seguintes, permanecíamos em estágio apenas nos primeiros três dias da semana, sendo que os dois últimos se destinavam a sessões de orientação na ESE. Desenvolvi este período de estágio em cooperação com a minha colega de estágio, mas ambas desenvolvemos projetos independentes. No entanto, tanto as tarefas relativas ao tema dela, como as minhas se relacionavam com a área de Estudo do Meio.

Neste estudo participaram os 25 alunos2 da turma, exceto para a realização das entrevistas, nas quais foram selecionados apenas 8 alunos e a PT da turma. Para o presente estudo importa referir que, por uma questão ética, nenhum nome será revelado, sendo substituídos pela inicial do seu nome próprio.

Devido ao horário matinal em que decorriam as aulas (8h – 13h), alguns alunos chegavam atrasados, mas, de um modo geral, os elementos da turma eram assíduos e pontuais. Esta turma de 3.º ano caraterizava-se por ser muito participativa, apresentando alguma dificuldade em participar de forma ordeira. Assinalavam-se alguns problemas de comportamento, nomeadamente em alguns alunos em específico, que apresentavam dificuldades de concentração.

2 No início do período de estágio a turma era composta por 24 alunos, sendo que apenas mais tarde se juntou uma aluna que vinha do estrangeiro, completando a turma com 25 elementos.

41 Ao iniciar o período de estágio pareceu-me ser relevante compreender se os alunos estavam ou não habituados a contactar com recursos não formais, nomeadamente sobre o tema dos animais, uma vez que este era o primeiro tema a ser abordado, de modo a perceber a pertinência da minha intervenção, ao utilizar recursos não formais, na sala de aula. Para isso, realizei uma lista de verificação, sendo que ao longo das primeiras aulas, de um modo informal, de acordo com o tempo disponível, inquiri 24 alunos (ver apêndice 1). A tabela remete para cinco situações específicas: (i) ver programas televisivos sobre animais (ii) comprar ou pedir emprestado livros sobre animais (iii) ir a páginas de ciência, particularmente com informação sobre animais, na internet (iv) ouvir/ver notícias sobre animais e (v) visitar museus ou pavilhões com exposições sobre animais, em que os alunos tinham de responder com “sim”, “não” ou “às vezes”.

Este foi um instrumento que me permitiu ter uma noção de como os alunos encaravam a pesquisa por temas científicos e, através dele, pude concluir que os alunos não utilizavam o computador para realizar pesquisas sobre informação pertinente e não visitavam com regularidade centros de ciência ou exposições sobre os animais. No entanto, os alunos mostraram-se interessados pelas atividades que se podem fazer em casa como ver programas, ler livros e, ainda, ouvir/ver notícias sobre animais. Não obstante, é importante referir que este não poderá ser considerado como um instrumento de recolha de dados muito fiável, uma vez que aqui são apenas consideradas os comportamentos demonstrados pelos alunos que, por vezes, poderão não corresponder totalmente ao que na realidade acontece, sendo que apenas nos proporciona uma noção geral dos hábitos e interesses dos alunos.

O interesse pela área das ciências foi também demonstrado logo ao início do estágio, quando os 24 alunos foram inquiridos acerca da sua área preferida, num questionário de caráter geral, realizado por mim e pela minha colega de estágio (ver apêndice 2), em que os resultados da primeira questão “qual é a disciplina de que mais gostas” resultam num valor mais elevado das Expressões (12) e do Estudo do Meio (6), em oposição à Matemática e ao Português que apenas contam com 4 e 2 votos, respetivamente. A partir deste questionário também foi possível apurar as dificuldades sentidas pelos alunos que escolheram a Matemática (16) e o Português (3) como as duas áreas onde sentem mais dificuldade. A área que elegeram como sendo a mais fácil foi as Expressões e, logo a seguir, o Estudo do Meio. Esta questão surge igualmente quando nos debruçamos numa análise crítica sobre os manuais escolares, uma vez que os temas abordados em Estudo do Meio, tendem a ser simples e, por isso, também pouco

42 explorados. Esta situação leva-me a crer que é este o motivo pelo qual os alunos consideram a área do Estudo do Meio como aquela em que sentem menos dificuldade.

Ainda a partir dos dados fornecidos por este questionário foi possível aferir que os alunos gostam de trabalhar em grupo, já que 13 alunos confirmaram esta preferência em oposição a 3 que demonstraram o seu desagrado em trabalhar colaborativamente; 8 alunos escolheram não responder a esta questão. Por isso, analisando estes dados, posso verificar que a maioria dos alunos se sente confortável em trabalhar em grupo, provavelmente por, desta forma, terem oportunidade partilhar os seus conhecimentos e também as suas dúvidas.

A última pergunta deste questionário relacionava-se com a possibilidade dos alunos utilizarem outros recursos para estudarem, para além do manual escolar, sendo que 6 alunos apontaram a internet como um complemento ao seu estudo, em oposição a 14 que referiram que o manual escolar era o seu único recurso quando se preparavam para os momentos de avaliação; dois alunos não responderam à questão.

Com esta análise foi possível verificar que os próprios alunos tinham uma grande relação de dependência do manual escolar e são poucos aqueles que complementam os seus momentos de estudo com recursos diversificados. Ainda que não tenha sido realizado, considero que teria sido pertinente, aplicar o mesmo questionário, no final do período de estágio, de modo a puder comparar as respostas iniciais e finais dos alunos.

Relativamente ao modo de desenvolvimento do período de estágio, a PT mostrou- se totalmente disponível, com uma atitude de solicitude e auxílio perante as nossas dificuldades. Uma vez que permanecíamos três dias por semana em estágio, a PT deu- nos total liberdade para planificarmos as atividades desenvolvidas nesses dias, sendo que nos outros dias as atividades planificadas eram da responsabilidade dela. Desta forma, foi promovido um trabalho articulado, pois na semana anterior realizávamos uma reunião, de modo a planificar os conteúdos e as tarefas a desenvolver na semana seguinte. A professora acompanhou-nos em todo o período de estágio, orientando-nos na planificação das atividades e realizando reflexões cooperadas sobre os aspetos positivos e os aspetos a melhorar.

Todas as aulas decorreram na sala de aula estipulada, com exceção de algumas atividades, planificadas por nós, que decorreram no recreio e na biblioteca da escola. A sala de aula estava equipada com um computador com acesso à Internet, através de wireless, o que contribuiu positivamente para o desenvolvimento das atividades incluídas neste projeto.

43