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A diversidade cultural religiosa

No documento Open Ensino Religioso: problemas e desafios (páginas 49-52)

1.2. O fenômeno religioso à luz da Ciência

1.2.2. A diversidade cultural religiosa

Quando pensamos em grandes religiões mundiais, nos reportamos logo para o cristianismo, islamismo, judaísmo, budismo e hinduísmo.

Para muitos estudiosos, o número de religiões existentes no mundo inteiro está em torno de quarenta a cinquenta mil e muitas são consideradas seitas do próprio cristianismo. Embora muitas dessas religiões tenham vida curta. Há de se considerar que centenas e até mesmo milhares delas surgem e desaparecem a cada ano, por isso nunca teremos um número definitivo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acompanhado pelo Instituto de Estudos de Religiões (ISER), organização que reúne estudiosos sobre o fenômeno religioso, em seu último censo demográfico, cuja entrevista apontou para uma pergunta. Segundo Guerriero (2006, p 20),

Qual a sua religião ou culto? Portanto uma pergunta aberta colheu-se trinta e cinco mil respostas distintas [...] agrupou todas essas denominações em mais de cento e vinte classificações que podem ser distribuídas em nove grandes blocos.

A partir dessas grandes religiões citadas anteriormente é que foram surgindo novas religiões, com novas mensagens e princípios e daí nasceram novos grupos em busca de caminhos diferentes para chegar à salvação. Temos que levar em consideração que essas religiões não surgiram do nada, mas sim embasadas a partir daquelas existentes, por uma simples divergência ou por acreditarem que essas religiões já não são fiéis aos seus princípios e valores.

Este autor (Ibidem, p.21) afirma:

Todas as religiões estão enraizadas em uma dada sociedade e são expressões das visões de mundo e da maneira de viver de grupos sociais concretos. Nesse sentido, não podemos dizer que existam verdadeiras ou religiões falsas. Afirmações dessa natureza têm contribuído para muitas desavenças entre povos, levando, às vezes, à segregação ou até mesmo a guerras e alimentando o ódio, muitas vezes presente, contra as seitas em geral. Por mais estranhas ou exóticas que possam parecer, todas as formas religiosas são coerentes com o modo de vida de um povo. Isso não quer dizer que devamos aceitar, de olhos fechados, o que elas fazem. Claro que há distorções no meio de tantas novas religiões.

Podemos respeitar a posição de cada religião, porém isso não quer dizer que devamos concordar com os seus dogmas, mas tratá-las de maneira coerente para que possamos compreendê-la e reconhecê-la dentro de suas diferenças e daí a

compreensão do outro a partir da tolerância, do respeito e do diálogo. A paz no mundo só se construirá quando houver esse entendimento entre as pessoas e as tradições religiosas, sendo essa uma prática do ER.

Atualmente, o respeito à diversidade constitui-se como um fator de desenvolvimento pessoal e social, bem como um caminho para a sustentabilidade ambiental do Planeta. Nessa diversidade inclui-se o ser humano como um ser que precisa ser respeitado pelas suas diferenças, tais como racial, social, cultural e religiosa.

Por muito tempo os novos movimentos religiosos foram definidos a partir das crises sociais, pela intolerância de outras religiões, que geraram insatisfações de alguns grupos religiosos e com isso foram surgindo novas religiões, provocando mudanças internas e rupturas que geraram um reflexo dessas crises sociais.

Apesar da globalização da religião que tem uma porta aberta através da Internet, elas sempre superaram as barreiras e fronteiras através de quatro paredes e com isso atinge mais de oitenta por cento da população que vive na cidade como também no mundo inteiro, gerando assim maiores possibilidades de troca de informações dentro das diversidades religiosas, provocando, dessa maneira, um reflexo sobre as mudanças para que venha corresponder aos anseios do ser humano e principalmente do ser religioso.

Esse crescimento facilitou o surgimento de novas religiões. Isso só veio acontecer no Brasil a partir de 1970, por ser um País onde existe uma diversidade religiosa muito grande, por isso é considerado “Estado Brasileiro laico”, em que tem o dever de garantir a liberdade religiosa de acordo com o Artigo 5º, inciso VI da Constituição do Brasil 1988. Essa liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, conforme afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Essa diversidade não deixa de ser um desafio para os pesquisadores das religiões, pois revelam uma grande dificuldade de natureza teórica.

Conforme Sanchez (2005, p.105):

As diferentes formas de tipologia do campo religioso brasileiro revelam a dificuldade, no âmbito teórico, para classificá-lo. Essa dificuldade teórica advém da própria constituição da realidade das religiões no Brasil. Se do ponto de vista cultural podemos afirmar que o Brasil é um grande mosaico formado por diferentes cores e contornos quando observado de perto, e que tem a sua beleza plural quando observado a distância, o mesmo ocorre com o campo religioso brasileiro. [...] São diferentes agentes religiosos com suas visões do sagrado, [...] são diferentes formas de compreender as religiões e as suas relações com o mundo e com outras religiões.

Esse pluralismo construído pelas várias raças, culturas e religiões, a começar pela origem do povo brasileiro, citado anteriormente, com suas diferenças, permite certamente maior possibilidade de servir de exemplo para o mundo. Quando se fala de diversidade religiosa é necessário pensar no respeito às diferenças, no diálogo e na tolerância, em que a liberdade religiosa possa promover o diálogo inter-religioso, pois cada religião é considerada um pequeno mundo à parte, onde as pessoas que a praticam vivem suas dimensões religiosas e fazem delas o seu mundo.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Artigo XVIII6: Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Atualmente, há uma bandeira de luta pelo direito à diferença, o que vem a despertar nas pessoas reivindicações pela igualdade, liberdade e fraternidade.

Hoje, pesquisas já mostram o quanto esse universo religioso se expandiu. Existem as várias denominações religiosas cristãs protestantes, que deram entrada em meados do século XIX em nosso País e que vêm alargando espaço na sociedade brasileira, o que permitiu uma grande diversificação do campo religioso. Por outro lado, muitos grupos são excluídos por serem ainda desconhecidos, pois a cada dia surgem novas Igrejas que fazem parte de uma onda de Igrejas neopentecostais, centradas na teologia da prosperidade, as quais realizam rituais de exorcismo. Essa diversidade em nada alterou para os indígenas e negros, que continuaram com suas características ritualísticas para com o sagrado e, por isso, até hoje são demonizadas pelas tradições cristãs.

As religiões orientais tais como as maiores: Islamismo, Judaísmo, Budismo, Hinduísmo, sendo esta última a religião mais praticada na Índia, com adeptos no mundo inteiro, é representada por alguns templos no Brasil como o Ramakrishna Vedanta Ashrama, de São Paulo, o Seminários Teológicos de Caruaru – PE (Apêndice C) e de Campina Grande – PB (Apêndice C), entre outras religiões que também foram surgindo e hoje estão se destacando no campo religioso brasileiro, voltadas para o misticismo.

O esoterismo também tomou o seu espaço como uma filosofia ou doutrina, é o significado mais profundo das coisas, que geralmente escapa à percepção superficial do indivíduo, tendo como práticas esotéricas que são exercícios ou filosofias de vida que chegam a um alto grau de relaxamento muscular e mental. Geralmente está vinculado aos costumes orientais bem como às religiões indígenas. Entre outros, destaca-se o tarô, a numerologia, a astrologia e a quiromancia. Observamos que tudo faz parte do objeto de estudo do ER, é o que descrevemos nesta pesquisa.

No documento Open Ensino Religioso: problemas e desafios (páginas 49-52)