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A Educação em Roraima

No documento mariaedithromanosiems (páginas 73-77)

4 A PESQUISA NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL

5 O PROFESSOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL EM TEMPOS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA

5.1 O contexto de nosso campo de pesquisa

5.1.1 A Educação em Roraima

Em termos educacionais, os impactos da instalação da primeira estrutura de ensino superior, a Universidade Federal de Roraima, criada em setembro de 1991, só pôde ser mais intensamente percebida ao final da década de 2000. Em 2002, vem somar-se a esta Universidade, a FESUR – Fundação Estadual de Educação Superior e faculdades particulares que, nesta década se instalam no Estado, inclusive com o surgimento de pólos em municípios do interior. A presença do ensino superior em Roraima favorece o desenvolvimento de vários setores que até então só podiam contar com os profissionais que migrassem de outros locais e, em especial, contribuem com a elevação do nível de qualificação dos professores, já que os primeiros cursos instalados foram nas áreas de Licenciatura ou Pedagogia.

No sistema educacional o volume de vagas para docentes extrapola, até meados da década de 1990 o volume de profissionais disponíveis, sendo as contratações efetivadas sem concurso público e por indicações até 2001, quando realiza-se o primeiro concurso público em âmbito estadual para os professores da Educação Básica. Este concurso foi restrito às funções docentes e levou à contratação de um quantitativo de professores abaixo das reais necessidades da rede, mantida uma margem significativa de vagas preenchidas por contratações através de processo seletivo simplificado a cada inicio de ano letivo. Direções das escolas permanecem como cargos cuja ocupação é definida a partir de indicações com critérios desconhecidos da comunidade escolar, o que traz claras conseqüências nas relações profissionais vivenciadas nas escolas.

De maneira geral, o sistema escolar dispõem de estruturas físicas quantitativa e qualitativamente adequadas, mas das quais os profissionais – pelo caráter de transitoriedade de suas funções, associada à precariedade de suas vinculações contratuais – não se apropria, em uma perspectiva que se contrapõem ao que nos recomenda Vygotsky (2004, p. 455), quando aponta que: “o mestre deve viver na comunidade escolar como parte inalienável dela e, neste sentido, as suas relações com o aluno podem atingir tal força, transparência e elevação que não encontrarão nada igual na escala social das relações humanas”.

É de se supor, embora ainda seja necessária a realização de estudos e pesquisas mais consistentes, que esta mobilidade dos profissionais dificulte o aprofundamento do conhecimento dos professores e gestores acerca da comunidade em que as escolas estão instaladas e mesmo as relações entre os profissionais atuantes na escola e a comunidade e, que este modelo de organização do trabalho pedagógico, seja um dos fatores que contribui para que o rendimento educacional dos alunos da Educação Básica de Roraima ocupe um índice qualitativo extremamente baixo, em um país em que, de maneira geral, os indicadores de qualidade da educação já são preocupantes.

Na Educação Especial, temos uma trajetória peculiar em relação ao restante do país: enquanto na maior parte dos Estados brasileiros é da organização de familiares de crianças com deficiências que nascem as instituições educacionais e de assistência às pessoas com deficiência29, em Roraima essas instituições nascem vinculadas ao poder público, atendendo a solicitações da comunidade. Magalhães (2003) em monografia de Pós-graduação Lato Sensu em que estuda o perfil dos professores que atuam na Escola Estadual de Educação Especial de

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A exemplo das APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e Sociedades como a Pestalozzi e AACD entre outras.

Boa Vista30, traça uma trajetória da constituição destes serviços.

Em seu relato demarca a criação na Secretaria de Educação do (então) Território Federal de Roraima, de uma Coordenação de Educação Especial em 1975, com o início do atendimento a alunos com deficiência mental e auditiva, no ano seguinte, em instalações da Escola Monteiro Lobato, em caráter precário e já apontando alguns elementos que ainda encontramos como marcas das relações com as diferenças em nossas escolas:

As atividades começaram em uma sala de aula da Escola Monteiro Lobato que atendia 11 alunos, tendo como professoras Carlota Maria de Figueiredo Rodrigues e Clotilde Parima Rodrigues. As professoras exerciam as mais variadas funções: direção, inspeção de alunos, limpeza do espaço físico, etc., considerando que a Escola Monteiro Lobato não incluía a turma “especial” como parte de seus serviços técnico-administrativos, ocasionados na época, pelo preconceito que havia por parte da comunidade escolar em relação aos alunos portadores de deficiências. A merenda escolar era fornecida por outra instituição, a hoje extinta Escola Murilo Braga (MAGALHÃES, 2003, p. 42).

O grupo de alunos com as mais diversas deficiências, amplia-se dos 11 alunos iniciais em 1976, para 40 alunos em 1978. Para viabilizar esse atendimento, toma-se como opção a locação de imóveis adaptados em caráter precário para estes serviços, compondo um quadro que em 1983 contava com:

a) 06 (seis) Classes Especiais nas Unidades escolares do sistema de ensino de Boa Vista, atendendo a 81 (oitenta e um) alunos;

b) 01 (uma) Escola Especial no município de Boa Vista, atendendo a 82 (oitenta e dois) alunos;

c) 01 (um) Centro de Educação Especial no município de Caracaraí, atendendo a 17 (dezessete) alunos;

d) ensino itinerante escolar, prestando assistência aos deficientes de audiocomunicação e deficientes mentais integrados em classes comuns do Ensino Regular, sendo 08 deficientes auditivos e 01 (um) deficiente mental (MAGALHÃES, 2003, p. 43-44).

Ainda segundo nos apresenta Magalhães, em junho de 1984 é inaugurado o prédio do Centro de Educação Especial, criado por decreto em agosto de 1983. Em 1985, realiza-se um

30 A autora baseia-se na análise de “um documento redigido em 20 de setembro de 1983 pela então Diretora do Departamento de Educação Especial e Assistência ao Educando, Sra Maria Mirna Souto Maior Sarah e em relatos coletados com servidores que atuavam em Educação Especial na época de sua implantação” (MAGALHÃES, 2003, p. 41-48).

4º Ano Adicional em Educação Especial, na Escola de Formação de Professores, “a fim de capacitar os profissionais que já atuavam nas Escolas e Classes Especiais” – cursado por três das professoras participantes desta pesquisa. Na seqüência, criam-se as estruturas de apoio, na forma de salas de recurso para os deficientes visuais e a Escola de Audiocomunicação, aonde posteriormente veio a ser anexado o Centro de Avaliação Auditiva.

Com as discussões trazidas pela Resolução CNE/CEB 02/2001 (BRASIL, 2004) o Centro de Educação Especial altera sua constituição para Escola de Educação Especial atendendo a alunos a partir de 04 anos de idade que apresentam quadros de deficiência mais acentuados, em acordo com avaliação realizada pela Equipe de Triagem e Avaliação da Divisão de Educação Especial da Secretaria Estadual de Educação.

No Ensino Fundamental, segundo o Censo Escolar 2006, encontram-se matriculados nas turmas de ensino regular da rede pública31 de ensino da capital, campo de atuação de todas as participantes dessa pesquisa, 385 alunos categorizados, de acordo com os critérios deste Censo, como Incluídos e 202 alunos estão matriculados nas escolas especializadas, todas elas estaduais.

A Secretaria Estadual de Educação de Roraima conta em sua estrutura com uma Divisão de Educação Especial, que faz o encaminhamento dos alunos com deficiências às escolas, a partir de avaliações realizadas pelo seu Núcleo de Triagem e Avaliação, respondendo ainda pela Escola de Audiocomunicação destinada aos alunos com deficiência auditiva; pela Escola de Educação Especial, para onde são encaminhados os alunos com maior comprometimento em seu desenvolvimento mental ou com Paralisia Cerebral; o CAP – Centro de Apoio Pedagógico aos alunos cegos ou de baixa visão e o CAS – Centro de Apoio Pedagógico ao aluno Surdo ou de baixa audição, ambos com a função de oferecer apoio a professores e alunos nas questões específicas de comunicação. Além disso, uma equipe de assessores pedagógicos apóia as Escolas e professores do ensino regular com reuniões, palestras, encontros e outras atividades de Formação Continuada como cursos e seminários.

5.2 A pesquisa

No documento mariaedithromanosiems (páginas 73-77)