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4 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO E A METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 A EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA NA BAHIA E EM SALVADOR

Obedecendo à legislação, as instituições que queiram atuar com EAD têm, necessariamente, que estar credenciadas junto ao MEC. Além do credenciamento das instituições e, no caso das faculdades, que não tem autonomia para criação de cursos sem autorização, o mesmo procedimento para cada curso; as IES precisam credenciar seus pólos de apoio para os encontros presenciais. Exigência legal para EAD nacional desde 1998 – Decreto nº 2.494.

A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para as avaliações de estudantes, estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinentes; defesa de trabalhos de conclusão de curso e atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso (INEP -MEC, 2008).

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O Nordeste do país, até o último Censo (2008), era a região mais carente em números proporcionais de Instituições de Ensino Superior (presencial e EaD) e a que, até o mesmo ano, teve o menor número de vagas oferecidas na Educação a Distância e, por conseguinte, o menor número de inscrições e de matrícula; apesar de ter tido o 3º maior número de concluintes do país, de 2008 para 2009, foi a única região que teve um incremento no número de IES, recebendo 10 novas instituições. O que nos leva a crer que essa diferença tende a se atenuar e que a concorrência que hoje é mais evidente nos estados do sul e sudeste, já chega por aqui.

Com o intuito de fazermos uma comparação dos números de IES entre Brasil/Nordeste e Bahia, construímos a Tabela 1. Nela podemos observar que a Bahia é o estado do Nordeste com maior número de IES e o maior número de pólos autorizados, 43% dos pólos da região, de nove estados, estão credenciados para a Bahia, o que proporcionalmente representa um superávit de 15,6% em relação à região que pertence e até de 2,2% em relação ao país, apesar de, também, apresentar o mesmo valor em déficit no número de IES. Mesmo assim, muito inferior aos 8.8% do Nordeste.

Tabela 1 - Comparação entre dados populacionais regionais X IES e polos – Elaborada pela autora

BRASIL

REGIÃO POPULAÇÃO % PAÍS nº de Polos % PAÍS Comp* Nº Total de IES % PAÍS Comp"

Cento‐O 12.000.000 6,7% 581 10% 4% 242 10,7% 4,0% Nordeste 50.000.000 27,9% 1.293 23% ‐5% 432 19,2% ‐8,8% Norte 14.000.000 7,8% 392 7% ‐1% 139 6,2% ‐1,6% Sudeste 77.000.000 43,0% 2.133 38% ‐5% 1.069 47,5% 4,5% Sul 26.000.000 14,5% 1.238 22% 7% 370 16,4% 1,9% TOTAL BR 179.000.000 100% 5637 100% 2252 100% 0%

% NE %NE Comp %NE Comp

Bahia 14.080.654 28,2% 566 43,8% 15,6% 125 28,9% 0,8%

%BR %BR %BR

7,9% 10,0% 2,2% 5,6% ‐2,3%

Comp*= comparativo entre % populacional e % de Polos autorizados

Comp"= comparativo entre % populacional e % de Instituições de Ensino Superior Fonte: Censo INEP 2008 – Elaborada pela autora

Apesar de ser um estado com proporções e população semelhantes à de alguns países, com 415 municípios e mais de 14.000.000 de habitantes, a grande maioria das IES, que atuam no estado, priorizaram as suas operações na capital. Hoje, 23 Instituições que ofertam EAD estão credenciadas para atuarem em Salvador, com autorizações para 68 pólos de apoio para os encontros presenciais dos projetos de EAD (alguns poucos ainda sem atividade, porém, na mesma proporção existem outros funcionando sem a devida autorização).

O número de IES baianas credenciadas para oferta de curso a distância é onze. Dessas, cinco são IES privadas, sendo que uma delas tem autorização para funcionar somente em algumas cidades do interior. Das quatro que podem atuar em Salvador, uma optou por não levar a frente o seu projeto de EAD e jamais atuou nesta modalidade de ensino.

As outras três IESP que investiram na área, cada uma do seu modo e a seu tempo, conseguiram se firmar nesse competitivo mercado com relativo êxito.

Com estratégias e históricos distintos, hoje, essas três IESP, que neste trabalho denominaremos IESPEAD-A; IESPEAD-B e IESPEAD-C, levaram seus programas de educação superior a distância com êxito, durante um período em que as maiores instituições do sul do país chegaram à Bahia com mais experiência, mais recursos e maiores números.

As IESP baianas criaram seus projetos de EAD com o objetivo claro de expandir os negócios de grandes instituições com experiência e atuação no ensino presencial, e em todos os casos, a educação a distância, a cada ano que passa, representa uma parcela cada vez mais significativa dos negócios dessas organizações. Em uma das IESP- (a IESP –B), a EAD não só cumpriu esse papel, como ultrapassou em quase quatro vezes o número de alunos da já extensa rede presencial, chegando a ter mais de 60.000 discentes e se tornando uma das cinco maiores IESP de EAD do Brasil.

A IESPEAD-A, apesar de ter sido a primeira instituição credenciada para EAD na Bahia, nos seis primeiros anos de atuação, focou seu projeto no atendimento ao setor público e, em parceria com o governo do estado, formou mais de 5.000 professores em várias cidades da Bahia, se firmando como importante veículo para disseminação da educação Superior no estado, e como formava

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professores, influenciando diretamente na melhoria da educação da Bahia. Somente a partir de 2006, esta IES começou a realizar Processos Seletivos abertos ao público, quando já enfrentou a concorrência da IESPEAD-B e de outras tantas IES, provenientes de outros estados da federação.

O terceiro projeto, bem mais recente (iniciado em 2008), em seus dois anos de atuação, somente na capital baiana e com um número relativamente reduzido de cursos, cinco (até junho de 2010), conseguiu um expressivo contingente de alunos, visibilidade na área e, segundo dados extra-oficiais, em termos de matrículas, se equiparou ou ultrapassou a IESPA.

Com modelos pedagógicos, tempo de atuação e estratégias de expansão distintas, os três projetos EAD baianos têm como pontos de convergência não só o fato de pertencerem a três dos cinco maiores grupos que atuam no Ensino Superior Baiano, mas também o mérito de conseguirem ocupar posição de destaque nesta área da educação, que neste momento é foco de atenção e investimento das maiores e melhores instituições do país e até do exterior.

Por motivos operacionais e éticos (no período de realização deste estudo, a pesquisadora atuava na IES pesquisada), o trabalho de pesquisa foi realizado na IESP-A.

Entendemos que, ao estudar um desses projetos, poderemos, por extensão, entender alguns dos motivos que levaram essas IESPEAD baianas a conseguirem esse feito; de forma empírica, mensurar a influência das instituições presenciais (invariavelmente a mãe desses projetos de EaD) na escolha de um projeto de EaD; e como o projeto analisado em 2009 recebeu o prêmio de melhor EaD baiana na opinião dos seus alunos, poderemos aproveitar o resultado deste trabalho para avaliar a opinião dos novos alunos conquistados, após a outra pesquisa. As informações geradas poderão também servir de base para melhorias na comunicação e nos serviços prestados aos públicos pela instituição pesquisada e outras que atuam ou desejam atuar nesse mercado.

4.2 O PROJETO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ESCOLHIDO – HISTÓRICO E