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3.3 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA EM SANTA CATARINA

3.3.4 A educação tecnológica de graduação em Florianópolis e região

Realizamos um levantamento dos cursos superiores de tecnologia em Florianópolis e região a partir das informações disponibilizadas pelo e-MEC. A coleta de dados demonstrou que a capital catarinense e região metropolitana59 possuem 26 instituições de educação superior com autorização do MEC para ofertar cursos superiores de tecnologia à comunidade – entre cursos presenciais (CST Pres) e cursos a distância (CST EaD). Algumas IES relacionadas possuem exclusivamente pólos de apoio presencial60 para o oferecimento de

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As informações foram coletadas diretamente nos sites do e-Mec, disponível em: <http://emec.mec.gov.br/> e da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina, disponível em <http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/>. Acessos em: 15 dez. 2010.

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As cidades catarinenses de São José, Palhoça e Biguaçu.

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Os pólos de apoio presencial são locais que possuem estrutura para o atendimento aos estudantes dos cursos a distância. Devem estar equipados com laboratório de informática e biblioteca local. Além disso, devem oferecer um ambiente para assistir aulas, realizar práticas de laboratório, entre outras facilidades. Os pólos precisam ainda disponibilizar tutores para o atendimento aos alunos.

cursos na modalidade EaD. O quadro 2 apresenta informações sobre essas instituições educacionais:

IES Natureza Jurídica Cidade CST

Pres CST EaD

Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN

Privada sem fins

lucrativos – Sociedade Fpolis – SC - 05 Centro Universitário de Maringá –

CESUMAR

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

São José – SC - 06

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

Fpolis – SC - 09

Centro Universitário para o Desenvolvi- mento do Alto Vale Do Itajaí - UNIDAVI

Privada sem fins

lucrativos – Fundação Fpolis – SC 01 - Escola Superior de Educação Corporativa –

ESEC

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

São José – SC 02 -

Faculdade Borges de Mendonça

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

Fpolis – SC 01 -

Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis – FCSF / CESUSC

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

Fpolis – SC 01 -

Faculdade de Tecnologia Internacional – FATEC INTERNACIONAL

Privada com fins lucrativos – Sociedade Civil

Fpolis – SC - 09

Faculdade de Tecnologia Senac

Florianópolis – SENAC FLORIANÓPOLIS

Privada sem fins

lucrativos – Sociedade Fpolis – SC 03 - Faculdade de Tecnologia Senai – SENAI-

SC

Privada sem fins lucrativos – Associação de Utilidade Pública Fpolis – SC São José – SC 04 01 - - Faculdade Energia de Administração e

Negócios – FEAN / ENERGIA

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

Fpolis – SC 02 -

Faculdades Integradas Associação de Ensino de Santa Catarina - FASSESC

Privada sem fins lucrativos – Associação de Utilidade Pública

Fpolis – SC 01 -

Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis – IESGF

Privada sem fins

lucrativos – Fundação São José – SC 16 - Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Santa Catarina - IF-SC Pública – Federal

Fpolis – SC São José – SC 08 01 - - Sociedade Educacional de Santa Catarina –

SOCIESC (ÚNICA / TUPY)

Privada sem fins

lucrativos – Sociedade Fpolis – SC 03 02 Universidade Anhembi Morumbi – UAM

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

Fpolis – SC - 03

Universidade Castelo Branco – UCB Privada sem fins

lucrativos – Fundação Fpolis – SC 04

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL

Privada sem fins

lucrativos – Fundação Palhoça – SC 06 16 Universidade do Tocantins - UNITINS Pública - Estadual Fpolis – SC 02

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI Privada sem fins lucrativos – Fundação Fpolis – SC São José – SC 04 06 - - Universidade do Vale do Rio dos Sinos –

UNISINOS

Privada sem fins lucrativos – Associação de Utilidade Pública

Fpolis – SC - 03

Universidade Estácio de Sá – UNESA

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

São José – SC 02 05 Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Privada sem fins

lucrativos – Sociedade Fpolis – SC - 06 Universidade Norte do Paraná – UNOPAR

Privada com fins lucrativos – Sociedade Mercantil ou Comercial

Fpolis – SC - 07

Universidade Paulista – UNIP

Privada sem fins lucrativos – Associação de Utilidade Pública

Fpolis – SC - 07

Universidade Salvador - UNIFACS

Privada com fins lucrativos – Sociedade Civil

Fpolis – SC - 03

TOTAL 62 87

Quadro 2 – Cursos Superiores de Tecnologia autorizados pelo MEC na cidade de Florianópolis-SC e região metropolitana.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir do e-MEC (2010).

Os números apresentados no quadro 2 indicam especificamente as autorizações concedidas. Alguns cursos recentemente autorizados podem ainda não estar “disponíveis” à população da região.

A análise dos dados do e-MEC nos revelou algumas informações peculiares:

a) os cursos superiores de tecnologia mais ofertados são: Gestão de Recursos Humanos (8 IES), Processos Gerenciais (8 IES), Marketing (7 IES), Gestão Comercial (7 IES), Gestão Financeira (7 IES), Negócios Imobiliários (7 IES), Gestão da Tecnologia da Informação (5 IES), Análise e Desenvolvimento de Sistemas (5 IES) e Logística (4 IES). Os três primeiros cursos, excetuando Processos Gerenciais, são ofertados na modalidade EaD pela maioria das IES. Seria necessário realizar um estudo minucioso para entendermos os motivos que determinaram tal fenômeno. Importa saber que todos os seis primeiros cursos estão inseridos no eixo tecnológico Gestão e Negócios (Catálogo Nacional de CST). Isto denota uma preferência das IES para este eixo. O menor custo em equipamentos e infraestrutura laboratorial talvez seja um dos fatores que influenciam tanto a escolha do eixo quanto a modalidade de oferta (EaD) pelas IES61;

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Podemos citar como exemplo o eixo tecnológico Informação e Comunicação que exige maiores investimentos em laboratórios de informática e de manutenção de equipamentos.

b) os CST mais antigos de Florianópolis e região são: Processos Industriais (1999) – UNISUL, Automação Industrial (2000) – SENAI-SC62, Sistemas Eletrônicos (2002) – IF-SC, Mecatrônica Industrial (2002) – IF-SC, Design de Produtos (2002) – IF-SC, Redes de Computadores (2003) – SENAI-SC, Gestão da Tecnologia da Informação (2003) – SENAC- SC, Processo Gerenciais (2003) – SENAC-SC.

Percebemos na relação “cursos mais numerosos” versus “cursos mais antigos” uma mudança no perfil do eixo tecnológico. Os cursos ofertados em Florianópolis e região no início da década de 2000 estavam direcionados principalmente à área de processos industriais. Com o passar do tempo, particularmente após 2005, as IES começaram a oferecer cursos na área de gestão e negócios. Uma hipótese que poderíamos aventar relaciona a oferta dos CST às características da região de Florianópolis que, de um modo geral, valoriza o turismo e serviços. Algo que seria plausível, afinal os CST devem atender as demandas regionais e locais da comunidade. Outra possibilidade se relaciona à oferta de cursos na modalidade EaD. Os cursos de gestão e negócios podem mais facilmente ser ofertados nesta modalidade do que os de processos industriais ou informação e comunicação. Estes últimos exigem usualmente cursos presenciais com ampla infraestrutura e suporte docente para o atendimento da prática dos alunos. Analisando sob esta perspectiva, teríamos não a busca de soluções aos interesses da sociedade – ou mercado de trabalho, usando outra terminologia –, mas sim a obtenção de vantagens privadas com objetivos pecuniários.

Estas são questões que demandam aprofundamentos investigativos e que, por hora, podemos apenas denunciar.

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Há uma discrepância entre as informações fornecidas pela instituição e aquela disponibilizada no e-MEC. O sistema do MEC reporta que o CST em Automação Industrial do SENAI iniciou-se em 03 de fevereiro de 2000. Dados institucionais do SENAI creditam o ano de 1999.

4 PERFIL PROFISSIONAL DE CONCLUSÃO: DO ORDENAMENTO JURÍDICO AOS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS

No capítulo introdutório desta investigação alegamos que, apesar do crescente e expressivo número de trabalhos que versam sobre a educação profissional e tecnológica, são poucas as investigações que tomam o perfil profissional de conclusão como objeto central de análise. De modo geral o perfil profissional é tratado como assunto secundário às discussões propostas naquelas pesquisas.

Este capítulo, o último do trabalho, apresenta um movimento de síntese acerca daquilo que foi discutido nas seções precedentes. A construção teórica erigida anteriormente serviu de base ao procedimento analítico realizado nesta seção.

É importante destacar que os documentos levados à análise foram condensados em dois grupos distintos: a) aquele formado por documentos do ordenamento jurídico (dois pareceres e uma resolução do Conselho Nacional de Educação); b) aquele formado pelos projetos pedagógicos dos cursos das instituições de educação superior.

Antes, porém, de objetivamente apresentarmos as análises realizadas nos documentos oficiais e nos documentos institucionais eleitos nesta pesquisa, cabe reiterar que temos ciência dos limites impostos ao pesquisador na utilização do material selecionado. Shiroma, Campos e Garcia (2005, p. 430) advertem que as recomendações apresentadas nos documentos de política educacional, hoje divulgados por meio de materiais impressos e pela internet, não são assimiladas e aplicadas prontamente. É preciso que haja uma tradução, interpretação e adaptação em consonância com os elementos constitutivos da realidade política, econômica, social, entre outros fatores que influenciam o campo educacional em “cada país, região, localidade”. São as “táticas cotidianas”, diria Certeau (1998), desviacionismos não submetidos à lei do lugar e que procuram manipular e alterar as operações produzidas, mapeadas e impostas pelas estratégias instituídas.

Ao estudioso importa compreender a racionalidade desta dinâmica que se manifesta nas diversas reelaborações dos sujeitos praticantes. Shiroma, Campos e Garcia (2005, p. 431) prelecionam que ao empreendermos a análise de

[...] uma política ou um texto não devemos esquecer de outras políticas e textos que estão em circulação coetaneamente e que a implementação de uma pode inibir ou contrariar a de outra, pois a política educacional interage com as políticas de outros campos.

Nesse sentido, Bowe, Ball e Gold (1992) aconselham que os textos da política – e por analogia os textos das instituições educacionais examinados neste relatório – podem se apresentar aparentemente contraditórios e devem ser lidos e interpretados em relação ao tempo, lugar e contextos particulares de produção.

Estas recomendações estiveram sempre presentes em nossa mente durante o exercício de análise dos documentos escolhidos.

Outro aspecto de ordem metodológica que vale a pena relembrar é que a centralidade de nossa reflexão no capítulo foi determinada a partir dos eixos teóricos delineados por meio das categorias originadas no processo de leitura, organização metódica e análise do material selecionado. A construção das categorias procurou evidenciar as relações, aproximações ou afastamentos entre as unidades de registro, palavras-chave e conceitos norteadores. Essa categorização culminou no agrupamento dos elementos textuais analisados em eixos teóricos que possibilitaram as inferências aqui propostas. Esta decomposição-recomposição possibilitou a definição de correspondências entre “as mensagens e a realidade subjacente” (BARDIN, 2009, p. 147). As inferências e apontamentos foram efetuados a partir da reconstrução do material analisado.

Na busca do conceito (ou conceitos) de tecnologia efetivado na análise do material coletado procuramos ultrapassar os limites da simples constatação semântica do termo. O interesse precípuo foi promover uma crítica teórica fundamentada principalmente nos trabalhos de Pinto (2005). Utilizamos a classificação apresentada pelo filósofo brasileiro para o conceito de tecnologia como base para análise do material documental. Dessa forma, os eixos teóricos ficaram assim estabelecidos (tecnologia entendida como): epistemologia da técnica, sinonímia da técnica, conjunto de técnicas e ideologia da técnica.

No intuito de evitarmos a ameaça do reducionismo interpretativo decorrente do estabelecimento de eixos teóricos definidos a priori – em outros termos, forçar a mensagem a se “encaixar” aos interesses subjetivos do pesquisador – foram realizadas observações ampliadas à luz de outras perspectivas teóricas sobre o conceito de tecnologia. Nesse sentido, convidamos ao diálogo os filósofos Feenberg (2002, 2003) e Marx (1985, 1996) que à luz do materialismo dialético forneceram um arcabouço teórico complementar e necessário à análise sistemática do material coletado.

Ao optar por este direcionamento analítico, buscamos fundamentalmente evidenciar as possibilidades conceituais do termo tecnologia no ordenamento jurídico (resolução e pareceres emitidos pelo CNE) e nos PPCs das instituições educacionais (com especial atenção aos perfis profissionais de conclusão).

Apresentadas as ressalvas sobre os procedimentos analíticos e metodológicos e tendo em vista os limites impostos ao estudo – além daqueles inerentes ao pesquisador – discutimos na sequência os resultados da investigação.