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Neste capítulo, iremos discutir sobre um conceito estrutural que é de pouco conhecimento de alguns professores e pesquisadores brasileiros no que concerne ao ensino de ciências, conceito este que é: O Esquema da Base Orientadora Completa da Ação- (EBOCA). Este conceito, encontra subsidio na teoria de Galperin, da Formação Planejada das Ações Mentais e dos Conceitos (TFPAMC), através de uma concepção sistêmica da orientação da ação e da ideia de se constituir como uma orientação de referência no âmbito da Teoria da Atividade de Talízina.

Outro sim, a elaboração do EBOCA neste trabalho, consiste no conhecimento profissional desejável para o professor de ciências ensinar o conceito de plantas e seu metabolismo no ensino fundamental, dentro do aspecto da invariante da ação para apresentar a elaboração da orientação de referência da pesquisa e a exigência da experiência formativa.

3.1 O EBOCA COMO CONHECIMENTO PROFISISSIONAL DESEJÁVEL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS

Nesse amplo processo cognoscitivo de aprendizagem, seguindo uma linha tênue com os preceitos da Base Orientadora da Ação, ao momento que o estudante acaba dominando o objeto do conhecimento, ele acaba desenvolvendo através da BOA uma orientação subjetiva, mas valorativa no que concerne a sua realidade de aprendizagem.

Para Talízina (2000), na atividade da aprendizagem no contexto escolar, os estudantes precisam elaborar representações sobre suas ações para interagirem e se apropriarem dos objetos do conhecimento, algo que geralmente não se considera na atuação de muitos professores, a qual é pautada nas práticas tradicionais de ensino.

Acaba-se que os professores no processo de ensino aprendizagem, acabam dando pouca atenção ao aspecto operacional da psique, em vez do desenvolvimento da psique centram-se com uma maior preocupação nos conteúdo.

Desta maneira, Núnez et al (2018) traz críticas profundas sobre o ensino tradicional por ele trazer o desconhecimento do autêntico conteúdo do processo pelo qual se realiza a assimilação de conhecimentos, capacidades e hábitos, e ainda a ausência da formação de conexões condicionadas. E é graças a orientação da ação que os estudantes conseguem mais tarde encontrar o caminho para a realização da aprendizagem, além disso a orientação que

elaboram os estudantes sobre suas ações, lhes permitem antecipar, planejar, realizar e controlar as ações na aprendizagem no contexto escolar.

Assim se considera que a orientação que o sujeito elabora sobre a ação que deve realizar tem um papel decisivo em qualquer atividade e comunicação humana, em especial, durante o processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Nuñez et al (2018), se verificou que através da utilização de uma dada orientação da ação houve um grande aumento na motivação e nas aprendizagens dos estudantes do ensino fundamental que resolviam essas tarefas, atividades essas que eram elaboradas de forma compartilhada e de interação com outros, o que garantia uma melhor compreensão e a aplicação das aprendizagens. Além disso, evidenciou-se, que os professores preparados para ensinar desse modo avaliavam como muito positiva essa forma diferente de ensinar.

Assim, seus estudos ainda reforçam que é de fundamental importância que o profissional docente conheça as orientações que os seus alunos possuem sobre a suas ações a serem formadas, e que as utilize-as em sua essência, como uma condição necessária para o ensino e para a aprendizagem.

Desta maneira, devido a existência de várias variantes de base orientadora da ação, e também por todas terem uma determinada importância no processo de ensino- aprendizagem, porém cabe ao professor destacar qual pode funcionar como uma referência com potencial que venha contribuir no que concerne à solução de um amplo número de tarefas e que possua um alto poder de transferência a novas situações de atividades problemas. Mesmo que os estudantes elaborem diversas orientações para uma determinada ação, nem todas elas são totalmente adequadas e eficientes em sua estrutura, podendo apresentar algumas falhas em sua estrutura.

Em virtude disto, segundo Núñez (2018) relata que Galperin em 1992, introduz o conceito de Esquema da Base Orientadora Completa da Ação (EBOCA) como uma referência do professor para o ensino e dos estudantes para a aprendizagem. Neste caso, o EBOCA acaba funcionando enquanto conhecimento profissional desejado para o ensino de ciências.

Desta maneira o EBOCA segue o método da atividade de Talizina, o qual consiste em estabelecer através de uma base orientadora da ação um nível estrutural e funcional da ação e do conceito. Para Galperin (2001), em consequência a orientação para a atividade necessita de uma invariante, cuja invariante da atividade representa a orientação teórica da

assimilação de um conceito e garante um tipo de orientação completa, generalizada que se aplica a um conjunto de fenômenos e tarefas que resultam em uma execução da ação com poucos erros e máxima estabilidade, portanto, com maior possibilidade de transferência de aprendizagem.

Invariante essa que em outras palavras, é uma orientação representativa do objeto da ação em sua essência e que serve como elemento estruturador para o esquema da orientação geral em virtude da realização de condições essenciais e essenciais a execução, criação de hipóteses e também para a resolução de tarefas relacionadas para a generalização do conceito.

O EBOCA em sua estrutura, caracteriza-se por uma orientação completa e desejável que serve de referência para termos comparativos com as bases orientadoras dos indivíduos, ele é estruturado pelo professor e atua como um esquema externo, acaba ainda também servindo enquanto uma referência para a BOA elaborada pelo estudante, a qual segue as condições essenciais para os processos de controle e execução da ação. Assim como a BOA, o EBOCA estrutura-se com base em três modelos: o do objeto (o que é a ação) - MO, o da ação (a estrutura de operações da ação) - MA e o de controle e regulação da ação (FAÇANHA; NÚNEZ, 2018).

Desta maneira, enquanto a BOA é a orientação real do estudante, uma unidade subjetiva, o EBOCA é a base de orientação desejada e estruturada pelo professor e a base de orientação materializada, e esquematizada pelo estudante, pela qual contém as condições essenciais para a adequada execução da ação e o controle. Esses tipos de esquemas são orientações externas, tanto dos professores como dos estudantes, em relação aos objetivos das disciplinas.

Para NÙÑEZ (2018), ao falar sobre a importância do EBOCA e sua elaboração, afirma que o EBOCA é um esquema externo que ajuda na elaboração ou na reconfiguração da base orientadora de cada estudante, para se constituir numa ferramenta de reflexão nesses processos.

Ao trabalhar nesta perspectiva entre, conceito e ação, acaba-se por permitir uma maior compreensão da ação necessária para se aprender, tratando-se assim, com uma “ferramenta intelectual”, que em relação com as ideia de Vygotsky, constitui-se como uma ferramenta psicológica da orientação da ação.

Contudo, para servir enquanto objeto de análise dos dados da pesquisa, foi elaborado pelo pesquisador um EBOCA, o qual servirá tanto para o professor quanto para o

aluno como um procedimento lógico sobre o conteúdo de plantas, necessitando-se também de um modelo do conceitual, e uma série de operações essenciais para à formulação deste conceito. Este EBOCA serviu como uma possibilidade no trabalho docente para a promoção da aprendizagem escolar dos estudante.

Em seguida, veremos no exemplo abaixo, o EBOCA realizado sobre o ensino do conteúdo de plantas, que traz o modelo do objeto - MO e o modelo da ação- MA:

Quadro 04: Modelo do EBOCA do Conteúdo de Plantas. CONCEITO: PLANTAS Modelo do Objeto - MO

(O que são plantas?)

Modelo da Ação - MA (Sistematização das operações)

Ser vivo que não se locomove, ocupa a posição de produtores na teia alimentar, é autotrófico e fotossintetizante e clorofilado, apresenta diversas características morfológicas e é fixado a determinado substrato.

O1- Observar a imobilidade da espécie e o substrato

que o fia (Solo arenoso, rocha, lajeiro e etc);

O2- Verificar se é autotrófico e fotossintetizante e as

suas características morfológicas;

O3- Identificar a presença de clorofila. Fonte: O Autor.

Este EBOCA, em sua estrutura representativa, foi elaborado e validado através de reuniões de pesquisa, com opiniões de especialistas da área do ensino de ciências e com base no livro didático do ensino fundamental. Cabe também ao professor neste processo, conhecer a invariante operacional - IO para caracterizar seu domínio em função dos níveis de sua sistematização.

Em função disto, de acordo com Núñez (2018) “o EBOCA fornece aos estudantes uma ferramenta cultural para a generalização teórica, que permite a compreensão de um conjunto de situações ou de um dado domínio do conhecimento que define seus limites de aplicação ou o grau de generalização”.

Diante do exposto, o EBOCA nesta pesquisa, consistirá no conhecimento profissional desejável para o professor de ciências ensinar o conceito dentro do aspecto da invariante da ação, onde o EBOCA funciona como uma referência didática para o professor dar aula e em virtude é realizado o diagnóstico para comprar o diagnóstico inicial dos alunos em relação com o MO e o MA e para se elaborar o sistema didático, cujas tarefas precisam estarem associadas também ao MO e MA, para que assim os alunos elaborem uma orientação em consonância com o EBOCA para que ele aproxime a sua orientação para a orientação

que o estudante necessita dispor em sua estrutura mental, a partir do olhar e do trabalho do professor.

Além disso, ao trabalhar com o EBOCA, ele funciona com uma espécie de ferramenta social mediadora da elaboração da orientação para ação, possibilita conferir um caráter negociado ao processo, numa dialética entre o individual e o coletivo.

Para Núñez (2018), ao falar sobre o EBOCA e suas ações no processo, ele afirma que:

As ações desenvolvidas e apoiadas nos EBOCAs possibilitam contrastar, conscientemente, os esquemas mentais e as bases de orientação dos estudantes com os esquemas que representam os modelos pedagógico e didático que constituem a referência da orientação, definidos nos objetivos da disciplina e essenciais para a autorregulação da aprendizagem.

Com isso, o EBOCA no seu processo de aprendizagem, possibilita ao estudante a criação de atividades colaborativas e interativas junto com a colaboração do professor, onde o EBOCA do estudantes, passa a ser mediado pelo EBOCA de referência do professor, tornando-se uma ação mental de orientação, o que representa a base orientadora da ação do estudante. Onde o EBOCA, acaba nesta pesquisa se configurando como uma possibilidade no trabalho docente.

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