• Nenhum resultado encontrado

A EMPRESA FARMACÊUTICA COMO INSTITUIÇÃO INOVADORA DE

5. INOVAÇÃO E I&D NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

5.4. A EMPRESA FARMACÊUTICA COMO INSTITUIÇÃO INOVADORA DE

Normalmente as empresas não investigam indiferentemente, mas sim, em áreas dos seus conhecimentos e aptidões (Pavitt, 1984). As empresas intensivas em investigação respondem a estímulos externos através do investimento em capitais para o desenvolvimento de novos produtos e processos, em antecipação a retornos consideráveis da sua comercialização.

As IRs são mais frequentemente sucessos comerciais do que as IIs, e mais lucrativas. Por isso, as empresas inovadoras podem despender mais em I&D para perpetuar a sua vantagem perante a concorrência que introduz IIs (Achilladelis & Antonakis, 2001). A introdução de IRs com sucesso comercial provoca um efeito de orientação no avanço científico e tecnológico, reforça a procura de mercado e incentiva a concorrência. Esta é uma importante razão para que cada vez mais empresas se especializem em ciência, tecnologia e mercados.

O sucesso comercial de uma IR é uma poderosa força condutora interna, que influencia fortemente a subsequente I&D, a inovação e os mercados. Foi apelidada de CTT (Achilladelis, 1973; Achilladelis et al., 1987, 1990) e define-se como a especialização de uma empresa na tecnologia, a sua sub ciência e os mercados dos produtos que daí derivam, accionado por um sucesso comercial de uma IR e seguida pela concentração de recursos, a especialização das suas equipas e a introdução de inovações relacionadas durante um longo período de tempo entre 20 a 40 anos.

5.4.1. CTTs, TTs e a condução das grandes ondas

Apesar de muitos laboratórios de produção e empresas farmacêuticas se terem unido ao longo de 200 anos de história da indústria farmacêutica, quase todas as grandes empresas dos dias de hoje, estão no mercado há um século, o que significa que ultrapassaram as crises associadas às tecnologias. O facto de conseguirem conduzir as grandes ondas,

relaciona-se com o facto de serem empresas multi-produto, tanto dentro como fora da indústria farmacêutica, não dependentes de apenas uma TT (Achilladelis & Antonakis, 2001).

A diversificação horizontal feita pela maioria das empresas intensivas em investigação foi levada a cabo pela sua própria investigação, mas também pela onda de fusões e aquisições (F&A) de companhias com CTT em mercados terapêuticos complementares. Esta política foi adoptada nos anos de 1940 a 1950 e particularmente entre 1980 a 1990 como demonstrado pelas super fusões, que criaram companhias globais com uma ampla margem de mercados terapêuticos.

Muitas empresas da indústria farmacêutica foram estabelecidas como ramos da química e tintas e foram desde o início membros de empresas multi-produto beneficiando em períodos de turbulência, causados pela sucessão das grandes ondas, dos cash flows gerados pelo negócio da química das empresas originárias. Mas só foi possível até aos anos 70, pois, de seguida, a indústria química começa a declinar. Outras empresas que começaram como boticários de produção (a maioria das americanas), mantiveram-se entre as guerras e no início do período pós guerra, com medicamentos over-the-counter (OTC), cosméticos e de higiene pessoal. Mas este negócio era modesto quando comparado com o da química e farmacêutica. Por isso as empresas americanas iniciam o processo de F&A no início dos anos 60 numa série de sectores. Este negócio apesar de menos intensivo em I&D, e menos lucrativo do que a indústria farmacêutica, levou as empresas americanas a elevadas taxas de crescimento. Esse retorno elevado permitiu às empresas farmacêuticas crescer e aumentar a sua despesa em I&D e inovação, num momento em que tiveram de enfrentar importantes barreiras tecnológicas. Esta diversificação permitiu às empresas americanas ultrapassar o período de 1960-1980 e chegar ao período de 1980 a 1990 em que a indústria farmacêutica garantia já tanto crescimento como lucros (Achilladelis & Antonakis, 2001).

Existem também inovações independentes da TT. Cerca de 70% ou menos estão relacionadas com o mercado terapêutico que deu origem a essa TT.

existe a familiaridade do consumo associado ao nome de marca e a experiência do médico com o produto (Achilladelis & Antonakis, 2001).

5.4.2. As grandes ondas, a Inovação e as despesas de I&D das maiores empresas farmacêuticas americanas

A indústria farmacêutica é um dos sectores mais lucrativos da produção. Ter I&D própria e a inovação é o trajecto de excelência para as empresas farmacêuticas terem lucro e crescerem em tamanho (Achilladelis & Antonakis, 2001; Busfield, 2003).

As maiores empresas hoje, foram as que mais inovaram desde 1930, e entre elas, algumas eram as mais inovadoras desde o virar do século XX. A Merck e a Lilly destacam-se entre as empresas americanas como as de recorde de inovações. Os takeovers por parte de outras relacionam-se com: as incertezas dos projectos, melhorias associadas às sucessivas gerações dos medicamentos, a inércia relacionada com a CTTs e o sucesso dos concorrentes, combinados com esforços frustrados de empresas em manter taxas de crescimento através da inovação (Achilladelis & Antonakis, 2001).

As empresas com grande despesa em I&D mostraram crescimento e as outras estagnaram ou desapareceram, muitas destas últimas foram tomadas em takeovers.

A percentagem de I&D em relação às vendas vai de 7,3 a 10,7 para as empresas de vendas de produtos éticos, e de 2,9 a 6,9 para as empresas que mais diversificam (considerando o período de análise de 1800 a 1930). As grandes empresas farmacêuticas conseguiram sobreviver às melhoras associadas às sucessivas gerações de tecnologias de medicamentos: pelo seu forte compromisso com a I&D e a inovação, pelo lucro dos novos produtos, pelo desenvolvimento de CTTs, e pela sua adaptabilidade ao ambiente concorrencial em mudança. Esta adaptabilidade ao mercado foi accionada por mudanças estruturais drásticas, incluindo as F&A. A relação forte relação entre cash flows e gastos em I&D, combinadas com o facto do custo médio em I&D de um novo produto ser da mesma proporção entre as empresas grandes, conta para o forte recorde de inovações destas

grandes empresas, ao contrário do que acontece com os pequenos concorrentes (mesmo que estes sejam mais intensivos em investigação, isto é, mesmo que gastem maior percentagem do seu retorno em I&D.

5.5. A VANTAGEM COMPETITIVA DA INDÚSTRIA