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CAPÍTULO IV: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

4.4 Os Procedimentos de Recolha e de Análise de Dados

4.4.1 Procedimentos de Recolha de Dados

4.4.1.1 A Entrevista

A entrevista é um instrumento de trabalho importante no estudo de caso, haja vista a riqueza de informações obtidas nos diferentes pontos de vista dos entrevistados sobre o mesmo assunto e ou fato.

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

Assim, para Selltiz et al. (1965 apud GIL, 2009, p. 63),

[...] a entrevista é adequada para obter informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer ou fizeram, bem como acerca das explicações ou razões acerca das coisas precedentes. Seria muito difícil, portanto, imaginar um estudo de caso que tivesse sido realizado sem o concurso de entrevistas.

Bogdan e Biklen (2010, p. 134), ao se posicionarem sobre a utilização das entrevistas em investigação qualitativa, dizem que as mesmas podem ser utilizadas de duas formas:

Podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com a observação participante, análise de documentos e outras técnicas. Em todas as situações, a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo..

Existem diferentes tipos de entrevistas, classificadas de entrevistas estruturadas a entrevistas não estruturadas, pois “as entrevistas qualitativas variam quanto ao grau de estruturação”. (BOGDAN; BIKLEN, 2010, p. 135).

Em nossa pesquisa optámos por utilizar o modelo de entrevista semiestruturada como técnica de recolha de dados, pois uma das vantagens reside na natureza da mesma configurar- se em uma espécie de diálogo e ou conversa informal entre o entrevistador e entrevistado, bem como “fica-se com a certeza de se obter dados comparáveis entre os sujeitos” (BOGDAN; BIKLEN, 2010, p. 135).

As entrevistas semiestruturadas (ou semidirigidas) não são inteiramente abertas nem muito direcionadas através de perguntas precisas. Nesse tipo de entrevista, o investigador pode dispor de um conjunto de “perguntas guias”, relativamente abertas, com as quais pretende orientar a recolha de informação do entrevistado (MORGADO, 2012).

Bogdan e Biklen (2010, p. 134) ressaltam que “ nas entrevistas semiestruturadas fica- se com a certeza de se obter dados comparáveis entre os vários sujeitos, embora se perca a oportunidade de compreender como é que os próprios sujeitos estruturam o tópico em

questão”, completam dizendo que a escolha do tipo de entrevista deve estar baseada no objetivo da investigação.

Para alguns tipos de pesquisa qualitativa, a entrevista semiestruturada é um dos principais meios que tem o investigador para realizar a coleta de dados. A entrevista semiestruturada valoriza a presença do investigador, bem como oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias da investigação. (TRIVIÑOS, 2013).

A entrevista semiestruturada pode ser entendida, em geral, como sendo

aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa (Idem, 2013, p. 146).

Triviños (2013) esclarece que essas perguntas fundamentais que constituem, em parte, a entrevista semiestruturada, no enfoque qualitativo, não nasceram a priori. Elas são resultados não só da teoria que alimenta a ação do investigador, mas também de toda a informação que ele já recolheu sobre o fenômeno social que interessa, não sendo menos importantes seus contatos, inclusive, realizados na escolha das pessoas que serão entrevistadas.

Vale registrar o que diz Morgado (2012, p. 72) sobre a entrevista como importante instrumento de recolha de dados, o mesmo assim diz:

Embora, no sentido comum do termo, a palavra entrevista assuma um significado não restritivo e não unívoco, existe um denominador comum aos vários tipos de entrevistas – o investigador faz as perguntas e o(s) sujeito(s) da investigação facultam as respostas. Em qualquer dos casos, convém lembrar tanto o guião da entrevista como as orientações a que o entrevistador pretende imprimir nesse processo devem estar em consonância com o objeto do estudo e com o quadro teórico que lhe serviu de suporte.

Para a nossa pesquisa, a entrevista semi-estruturada aos professores da escola pública do estado do Amazonas teve como objetivos os seguintes:

• Recolher informação que contribua para caracterizar as práticas pedagógicas de professores de educação ambiental.

• Verificar a aplicação das metodologias educacionais no ensino de educação ambiental. • Conhecer as propostas curriculares de educação ambiental referentes ao 9º Ano do Ensino

Fundamental.

• Identificar a compreensão dos professores sobre o ensino de educação ambiental. Já a entrevista semi-estruturada ao gestor da escola teve como objetivos os seguintes:

• Recolher informação que contribua para caracterizar o papel do gestor(a) escolar no que tange as decisões tomadas às práticas de ensino e de aprendizagens de educação ambiental.

• Verificar se a temática da educação está inserida no Projeto Político-Pedagógico e se contempla as propostas curriculares de educação ambiental.

• Recolher opiniões do gestor sobre se os conteúdos do ensino de educação ambiental tem possibilitado mudanças de postura no trato com o meio ambiente no cotidiano escolar.

Assim, as entrevistas semiestruturadas foram construídas baseadas nas questões norteadoras desta investigação, incluindo questões abertas e fechadas. Por isso, elaborámos um guião de entrevista para o gestor da escola e um guião da entrevista para os professores. Com vista a garantirmos que os mesmos continham questões pertinentes face aos objetivos das entrevistas, que as questões eram claras e a necessidade de acrescentar ou de retirar alguma questão, procedemos à validação dos referidos guiões das entrevistas. Para isso, realizámos uma entrevista aos professores de uma turma do 9º ano do ensino fundamental e à gestora da escola que não iriam participar de nossa pesquisa. Após o recolhimento de dados, dialogámos com os professores e com o gestor da escola indagando-os se as perguntas do guião estavam bem formuladas, se o vocabulário, a linguagem, se as questões estavam bem colocadas no que se refere à educação ambiental e às práticas de ensino de educação ambiental. Obtivemos respostas positivas, que as questões estavam bem formuladas, claras e precisas, portanto sem motivos para fazer alguma alteração nas mesmas.

Assim, iniciámos a entrevista semiestruturada aos professores e gestora pertencentes a uma escola pública estadual de ensino fundamental, todos os professores trabalhavam no 9º ano, esta aplicação foi realizada em junho de 2014, na cidade de Manaus. Na entrevista por nós realizada incluímos questões abertas e questões fechadas, conforme (Anexo A).

Em relação a execução das entrevistas semiestruturadas feitas aos professores e ao gestor da escola investigada, organizamos um calendário de entrevistas de acordo com a

disponibilidade de cada entrevistado. As entrevistas tiveram, em média, a duração de uma hora cada.

Efetuámos as entrevistas com a utilização de um guião de entrevista contendo os objetivos, os temas e as questões formuladas com base no objetivo do estudo, expusemos nossos objetivos aos entrevistados e o trabalho foi executado em um clima bem descontraído. Também foi utilizado um gravador para as entrevistas com a autorização prévia dos entrevistados.

Após a realização do trabalho relacionado às entrevistas com os sujeitos de nossa pesquisa, fizemos as transcrições das entrevistas, procurando sermos fiéis aos seus discursos.