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CAPÍTULO IV: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

4.4 Os Procedimentos de Recolha e de Análise de Dados

4.4.1 Procedimentos de Recolha de Dados

4.4.1.2 A Observação não participante

A observação constitui-se uma técnica fundamental na recolha de dados para a pesquisa, pode ser utilizada conjugada a outras técnicas ou utilizada de forma exclusiva.

Segundo Selltiz et al. (1967, p. 225 apud GIL, 2011),

A observação nada mais é que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o cotidiano. Pode, porém, ser utilizada como procedimento científico, a medida que:

a) serve a um objetivo formulado de pesquisa; b) é sistematicamente planejada;

c) é submetida a verificação e controles de validade e precisão.

Marconi e Lakatos (2013) consideram que a técnica de observação na coleta de dados constitui-se de grande relevância no processo de investigação, pois utilizam-se os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. “Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar” (idem, p. 76).

Vale recordar que o trabalho de campo lembra algo ligado à terra, pois esta é a forma que a maioria dos investigadores de cunho qualitativo utiliza para recolha de seus dados. Encontram-se com os sujeitos, passando muito tempo juntos em seus territórios. “Trata-se de locais onde os sujeitos se entregam às suas tarefas quotidianas, sendo estes ambientes naturais por excelência, o objeto de estudo dos investigadores” (BOGDAN; BIKLEN, 2010, p. 113).

Para os referidos autores, se por um lado, “o investigador entra no mundo do sujeito, por outro, continua a estar do lado de fora” (idem, p. 113). Registra e recolhe os acontecimentos de forma não intrusiva e simultaneamente recolhe outros dados descritivos.

Na observação não participante, o pesquisador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de fora.

Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a observação não seja consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado. O procedimento tem caráter sistemático.

O pesquisador limita-se a observar e a recolher informações, não interagindo nem intervindo com o grupo em estudo.

Quivy e Campenhoudt (1998, p. 198 apud MORGADO, 2012, p. 91) consideram como principal característica desta modalidade “o facto de o investigador não participar na vida do grupo que, portanto, observa ‘do exterior’”, num processo que pode ser de longa como de curta duração.

Utilizámos em nossa pesquisa a observação naturalista não participante das aulas dos professores um de cada disciplina: língua portuguesa, matemática, geografia, história, ciências e artes, de uma turma do 9º ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública estadual do município de Manaus. O local onde foi realizada foi a escola, especificamente a sala de aula, onde convivemos por um determinado tempo com os sujeitos, professores e gestor da escola, tivemos a possibilidade de observar, recolher informações dos fatos e dos fenômenos, no caso específico as aulas ministradas pelos professores em suas respectivas disciplinas, registramos as informações recolhidas em nosso diário de campo.

Na observação naturalista não participante das aulas utilizamos um guião de observação (Anexo G) que nos ajudou na recolha de dados dos fenômenos observados.

O guião de observação possuía os seguintes tópicos: tema, objetivos, metodologias e conteúdos a serem observados.

Em relação ao tema temos:

Tema: Observação naturalista não participante de aulas dos professores um de cada disciplina: Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História, Ciências e Artes, objetivando conhecer como são desenvolvidas as aulas do ensino de educação ambiental nos referidos componentes curriculares.

Esta observação naturalista não participante teve como objetivos os seguintes:

- Conhecer como são abordados os conteúdos de Educação Ambiental em sala de aula, identificando se tais conteúdos contemplavam os objetivos e as competências a desenvolver na disciplina;

- Identificar quais eram as metodologias educativas aplicadas no ensino de educação ambiental, averiguando se tais metodologias promoviam a participação dos alunos nas aulas.

- Verificar se os conteúdos de educação ambiental desenvolvidos atendiam às propostas curriculares do ensino de educação ambiental;

- Identificar como as temáticas regionais eram integradas nas práticas de ensino das referidas disciplinas no que respeita à educação ambiental;

- Averiguar se os conteúdos de educação ambiental trabalhados em sala de aula, despertavam os alunos para práticas sustentáveis.

Da metodologia serão observados os seguintes aspectos:

Verificar se as atividades desenvolvidas seguem um fio condutor lógico: início, meio e fim. Após a explanação da aula e explicação dos conteúdos, os alunos são motivados a interagir? Quais as estratégias propostas aos alunos: individual ou em grupo? Como são divididas as atividades entre os membros dos grupos? Quais os recursos materiais e humanos utilizados na execução das atividades? São utilizadas metodologias interdisciplinares? Como?

Dos conteúdos, foram observados os seguintes pontos:

Os conteúdos trabalhados seguiam as propostas curriculares do 9º Ano do Ensino Fundamental? Como era feita a contextualização dos conteúdos no ambiente? Os temas abordados partiam do conhecimento e ou da realidade do aluno (sua vivência cotidiana)? Como os alunos eram integrados nas temáticas ambientais trabalhadas? E como participavam dessa integração? Eram articuladas questões ambientais locais ou universais?

Iniciámos a nossa observação naturalista não participante de aulas no período que compreendeu: 20/10/2014 a 10/12/2014, no horário matutino com início 7: 00h e término 11h 25min, tendo seguido o horário de aula. O tempo de cada aula correspondeu a 50 minutos, pelo que utilizámos, para cada aula observada, 50 minutos, à exceção quando havia dois tempos seguidos de aula na disciplina.

Observámos setenta e sete aulas, das quais em apenas dezesseis aulas foram desenvolvidas temáticas ambientais. Porém, importa registrar que os planos de aulas dos professores continham a temática do meio ambiente para ser trabalhado na transversalidade nas setenta e sete aulas observadas.

O planejamento bimestral – 6º ao 9 ano – 2014 que nos fora apresentado continha os seguintes tópicos: Tema gerador: Educação para os direitos humanos e cidadania; objetivo geral: Reconhecer o papel da escola na construção da cidadania e na preservação dos Direitos Humanos da Cidadania; Conteúdos; Objetivos Específicos; Métodos/Técnicas; Recursos; Instrumentos Aval. /; Transversalidade.

O referido planejamento bimestral foi feito para ser trabalhado no período: 06/10/2014 a 19/10/2014 e correspondeu ao 4º bimestre escolar. Ressalta-se que a partir do dia 10 de dezembro até o dia 19 de dezembro houve várias atividades nas escolas como pré- conselho de classe, recuperação, preparação para a VI Mostra de Gestão. A pesquisadora participou de todas as atividades educativas envolvendo professores, alunos, gestor e corpo técnico.