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A escola cooperante, o grupo de Educação Física e o Núcleo de

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.4. A escola cooperante, o grupo de Educação Física e o Núcleo de

O EP foi realizado na escola sede de um dos agrupamentos de escolas cooperantes da região do grande Porto, onde o grande lema é “Educar para o século XXI”. Este é um agrupamento que valoriza a cidadania ativa através de aprendizagens de qualidade, e da sua participação e abertura à comunidade envolvente. Entre diversos princípios que devem pautar a atuação de todos os

estabelecimentos de ensino reforço, neste em especial, a exigência, a flexibilidade e a inovação.

Em linha com Carvalho (2006), a escola não deve ser um simples transmissor da cultura exterior onde se insere, deve sim, ser detentora de uma cultura própria. Essa cultura, tal como afirmam Pol et al. (2007), está relacionada com as relações que as pessoas estabelecem dentro da escola, tal como a partilha de normas e valores designados. Certo é que a escola assume um papel fundamental na perpetuação da sua própria cultura, pois ao acompanhar os alunos no seu desenvolvimento transmite-lhes uma “herança cultural” que, posteriormente, será demonstrada na sociedade. Então, se por um lado a escola reflete as ideologias exteriores, por outro reinterpreta e adapta essa ideologia levando a uma (re)construção cultural.

Nesta escola cooperante os princípios que orientam as relações entre os atores educativos são baseados na confiança pelo trabalho desenvolvido por todos os intervenientes, a exigência no cumprimento das normas e o rigor na realização das diversas tarefas e objetivos traçados. É sentida uma cultura de transparência nas regras e condutas, de respeito pelos colegas docentes e não docentes, de solidariedade e de igualdade perante todos os membros da comunidade, criando assim um ambiente propício ao desenrolar de um bom trabalho. É procurada a inclusão de todos os alunos na vida ativa do agrupamento, assim como responsabilização de toda a comunidade na concretização da missão do agrupamento.

A comunidade educativa do agrupamento é composta por cerca de 2780 alunos, entre os quais cerca de 1630 estão matriculados na escola sede. No que diz respeito ao número de docentes, são cerca de 250 os que exercem funções profissionais, sendo que cerca de 70% fazem parte dos Quadros de Agrupamento.

As infraestruturas da escola sede foram alvo de um processo de intervenção e modernização, concluído no ano de 2010 pelo que as instalações são recentes e modernas. São quatro os espaços disponíveis para as aulas de EF, assumindo-se a existência de um quinto espaço que varia entre pequenos locais próximos do pavilhão ou pela caixa de areia existente. São variados os

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materiais desportivos, no entanto, a sua qualidade impede que eles durem tanto tempo quanto desejado, tendo em conta a sua utilização regular. Naturalmente, existem modalidades privilegiadas em detrimento de outras, realçando-se a variedade de materiais para a Ginástica, o andebol e o voleibol. O material disponível para estas modalidades permite aulas dinâmicas e com elevado nível de atividade. Por outro lado, os níveis de desgaste das bolas de futebol e de basquetebol são evidentes.

Através de uma análise SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats), atualizada em 2016, o agrupamento identifica como pontos fortes os resultados ao nível da avaliação interna e externa, a diversificação da oferta educativa, o dinamismo do agrupamento, entre outras. Por outro lado, como pontos fracos, são assinalados aspetos como a indisciplina de alguns alunos, a adaptação do corpo docente às práticas instituídas, assim como a adequação das práticas pedagógicas às especificidades da população alvo. Esta análise do Projeto Educativo encontra eco na ideia de Canário (2008), que afirma que o funcionamento interno da escola se tem revelado incompatível com a diversidade de alunos e com as missões que lhe são atribuídas. Por outro lado, entendo que o problema reside, tal como descrito anteriormente no documento referido, na visão que os professores têm acerca do seu papel na escola.

O grupo de EF que exerce funções na escola cooperante é composto por 15 docentes, com uma diversidade enorme de gostos, interesses e comportamentos. Tal como é decorrente em diversas escolas, cada professor tem o seu desporto de eleição. Neste núcleo, essas preferências eram variadíssimas, o que permitiu pedir alguns conselhos durante o ano letivo e reter alguns conhecimentos e curiosidades abrangentes a cada um deles. Os desportos de eleição eram o futebol, do surf, a ginástica, a dança e as atividades da natureza. No que concerne às dinâmicas do grupo, a minha descrição não seria totalmente positiva, principalmente no que diz respeito à interação entre alguns dos seus elementos e na relação com outros grupos disciplinares. Apesar de tudo, foi positivo conviver com o grupo, pois fez-me perceber que nem todos os grupos de EF são descontraídos, bem-dispostos e comunicativos. Nas reuniões de Departamento foram claras e frequentes as

atitudes passivas e de desinteresse. A propósito, recordo um dos meus extratos diários a este respeito:

“Formar pessoas apenas à luz do conhecimento prático que temos originado pela “escola da vida”, é válido? Como iremos avaliar ou ensinar, se não estão claros os critérios e se não estamos a par deles? São questões que me ocorreram ao estar presente nesta reunião que visava rever os critérios de avaliação da disciplina. Os professores, na sua maioria, limitavam-se a ouvir a transmissão de informação, sem terem uma opinião ou uma palavra a dizer. No entanto, quando alguém que está a par do assunto e o estudou, intervinha, aí já toda gente tinha uma palavra a dizer. Nem que fosse baixinho só para o colega do lado ouvir, ou para dizer que as horas da escola não dão para tudo.” – Reflexão semanal nº 8, 23 de outubro de 2018

No que ao núcleo de estágio diz respeito, é inevitável tecer-lhe alguns elogios. O mesmo era constituído apenas por mim e pela minha colega Mafalda, coadjuvado pela Professora Cooperante e a Professora Orientadora da faculdade, o que foi bastante positivo, permitindo-me estabelecer contactos e relações muito mais construtivas. Foram frequentes os debates acerca de diversos temas e estratégias com os desafios que nos iam sendo colocados pelas diferentes turmas, partilhada ou residente. A existência de opiniões e conceções diferentes, tornou as reuniões e os debates muito mais enriquecedores.